EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA

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LESÃO MEDULAR
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Condição adquirida resultante de um trauma, tumor,
lesão por arma de fogo, queda, explosivo ou acidente de
carro.
Pode atingir qualquer ser humano. Alto impacto sócio
econômico.
Portanto, paraplegia ou tetraplegia é uma fatalidade para
o portador da lesão, para os familiares e para a sociedade.
INCIDÊNCIA

Mundial anual 15 a 40 casos por milhão de habitantes.
EUA 12.000 novos casos por ano (4.000 vão a óbito antes de
chegarem ao hospital e 1.000 falecem durante a
hospitalização). BRASIL estima-se 10.000 casos novos por ano.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
AACD recebe 300 novos pacientes/ano: 70% paraplégicos e
30% tetraplégicos (maioria jovens, sexo masculino, vítimas
principalmente - projéteis de arma de fogo, acidente
automobilístico e mergulho).
COLUNA VERTEBRAL
Dividida em 5 regiões:





Cervical (7 vértebras).
Torácicas (12 vértebras).
Lombar (5 vértebras).
Sacral (5 vértebras).
Coccígena (fusão de 4 a 5
vértebras).
31 pares de nervos espinhais:

8 cervicais (C1 a C8): controlam a
sensibilidade e o movimento da região
cervical e dos MMSS.

12 torácicos (T1 a T12): controlam o
tórax, abdome e parte dos MMSS.

5 lombares (L1 a L5): relacionados com
movimentos e sensibilidade de MMII.

5 sacros (S1 a S5): controlam parte dos
MMII, sensibilidade da região genital e
funcionamento da bexiga e intestino.
FUNÇÕES DA COLUNA
1. Protege a medula espinhal e os nervos espinhais.
2. Suporta o peso do corpo.
3. Exerce papel importante na postura e locomoção.
4. Porporciona flexibilidade para o corpo (fletir-se para
frente, para trás e para os lados e ainda girar sobre seu
eixo).
FUNÇÃO DA MEDULA ESPINHAL
Atua como um canal por onde os impulsos transitam,
indo e vindo do cérebro.
OBS: a medula não se regenera após ter sofrido uma
lesão e as funções motoras e sensitivas permanecem
comprometidas.
Após saber tipo de lesão pode-se traçar metas ao processo de
reabilitação e consequentemente sessões de atividades físicas
adequadas, observando:
1. quais músculos ainda podem ser usados.
2. quantidade de força desses músculos.
3. o que pode ser feito por esses músculos (funcionalmente)
em termos de movimentos e de habilidades motoras.
Para a prática esportiva: necessário conhecer o nível
da lesão e apenas praticar esportes de rendimento
aqueles que já se encontram no estágio final do
processo de reabilitação após a lesão.
NÍVEL DA LESÃO: QUANDO ATINGE

os segmentos cervicais da medula espinal provoca a
tetraplegia (os 4 membros são afetados).

nos segmentos torácicos, lombares ou sacrais
determina a paraplegia (são afetados principalmente
os membros inferiores).
GRAU DA LESÃO: CONSIDERADA

Completa: existe ausência de função motora e
sensitiva.

Incompleta: existe algum tipo de sensibilidade e/ou
movimentação voluntária abaixo do nível neurológico,
incluindo os segmentos sacrais (sensibilidade anal e/ou
contração voluntária do esfíncter anal).
FATORES QUE INTERFEREM NO
PROGNÓSTICO
1.Nível e grau da lesão: interferem diretamente na
funcionalidade (lesões altas ou baixas, completas ou
incompletas).
2.Idade/Sexo: deambulação mostra-se mais eficaz em jovens
do sexo masculino.
3.Resistência física:
sedentarismo.
atividades
físicas
regulares
X
4. Peso: obesidade diminui a eficácia da deambulação.
5. Deformidades estruturadas.
6. Recursos financeiros.
7. Motivação.
CUIDADOS: PELE




falta de sensibilidade.
perda ou diminuição da movimentação voluntária.
higiene precária.
deficiência nutricional do paciente = facilitam a formação de
úlceras de pressão ou “escaras”.
Circulação adequada de sangue no corpo é fundamental para
manter a pele viva, quando esta é interrompida por tempo
prolongado, as células morrem e surgem as úlceras
(desenvolvem-se preferentemente nas regiões com saliências
ósseas que ficam pressionadas contra a superfície de apoio:
cama, cadeira, órteses, etc).
PARA EVITAR

manter a pele sempre seca, limpa e hidratada.

usar colchão e assento d’água ou de ar.

deitado, mudar de decúbito a cada 2 horas. Mantendo as roupas
de cama sempre esticadas, limpas, secas e sem irregularidade.

sentado, usar assento d’água ou de ar e fazer “push-up” a cada 15’
e quando não conseguirem por causa de déficit de força muscular
de membros superiores (MMSS) realizarem inclinação do tronco.

fazer alimentações equilibradas.

evitar contato com água e objetos aquecidos.

nunca se expor ao sol nas horas de maior calor (15’).

tomar cuidado ao cortar as unhas.

evitar roupas/sapatos apertados.

observar o corpo para detectar possíveis áreas afetadas.
TRATAMENTO: ÚLCERAS
1.
2.
3.
4.
5.
lavar a úlcera com líquido anti-séptico e soro fisiológico.
aplicar pomadas para estimular o processo de cicatrização.
proteger a úlcera com gazes e compressas esterilizadas.
trocar o curativo 1 vez ao dia quando não apresenta
secreção e aumentar conforme a necessidade.
evitar apoio sobre a úlcera ou lesão de pele.
OBS: este tratamento pode ser feito nas úlceras de Grau I, II e
III. Na IV torna-se necessária intervenção cirúrgica.
GRAUS
Grau I: a lesão atinge somente a epiderme.
Grau II: atinge a derme até o tecido adiposo subcutâneo.
Grau III: compromete o tecido adiposo até a fáscia muscular.
Grau IV: atinge todos os planos, inclusive o ósseo.
CUIDADOS: INTESTINAIS
Recuperar o ritmo diário ou dias alternados, em horários prédeterminados, para isso, torna-se necessário:





alimentação rica em fibras.
boa hidratação.
uso de laxantes.
massagem abdominal circular.
uso de supositório, se necessário.
FASES PSICOLÓGICAS
1.Fase de choque: confusão mental (rompimento com o meio).
Profissional tem participação.
2.Fase de negação: distorção da realidade, na tentativa de
preservar sua personalidade. Profissional fornece informações,
esclarecimentos e toma decisões se necessárias.
3.Fase de reconhecimento: tem início o processo de
conscientização de suas reais limitações (pode emergir
comportamentos saudáveis ou auto destrutivos). Profissional
estimula a participação e ajuda a reorganizar a personalidade e a
adquirir equilíbrio psicológico.
4.Fase
de
adaptação:
visualiza
seu
potencial
e
consequentemente resultados de seu empenho. Profissional dá
autonomia.
ADEQUAÇÃO POSTURAL EM CR
“Se o sapato estiver apertado causará bolhas, se for maior não
dará estabilidade!!
Imagine.....ficar o dia inteiro sentado em uma CR que não foi feita
para as suas necessidades!!”
Conforto+segurança+posicionamento correto =
melhor desempenho físico =
reabilitação.
OBJETIVOS: ADEQUAÇÃO

ser confortável.

distribuir o peso corporal (aliviando pontos de pressão).

prevenir deformidades.

segurança e interação no convívio social.

melhorar a função motora, respiratória e deglutição.

facilitar transferências e mobilidade.
POSIÇÃO ANATÔMICA
Cabeça: voltada para frente.
MMSS: paralelos ao tronco com 90 de flexão do cotovelo e
antebraço e mão pronados.
Coluna: seguindo as curvaturas fisiológicas.
MMII: quadril, joelho e tornozelo a 90.
Pés: paralelos e neutros.
Pelve: nivelada com leve inclinação para frente.
TIPOS
1.
2.
3.
4.
Manuais padrão.
Manuais para esporte.
Motorizadas.
Higiênicas.
PONTOS A SEREM OBSERVADOS

Altura do encosto: não deve ser mais alto que o ângulo inferior
da escápula (prejudica os MMSS para impulsionar a CR).

Largura do assento: deve ter um vão livre em cada lado de até
2,5 cm para não causar pressão, também não pode ser mais
largo porque poderá prejudicar o equilíbrio do tronco.

Profundidade do assento: o quadril deve ficar posicionado de
forma adequada na parte posterior do assento, sendo
distribuído de maneira adequada sobre os glúteos e coxas.

Altura do assento: entre 50 e 53,5 cm e mais 5 a 10 cm com a
colocação da almofada.

Altura do apoio dos pés: deve estar a pelo menos 5 cm do chão,
para que o manejo esteja livre de obstáculos.

Altura do suporte para braço: os ombros não podem ficar
elevados ou deprimidos.
ALMOFADAS
D’água: colocando a válvula para baixo (aumenta o peso da CR
dificultando impulsão e podendo prejudicar o equilíbrio).
Ar: não deve ser insuflada completamente, prejudica o equilíbrio do
tronco, mas é bem leve facilitando a impulsão.
Marcas mais usadas:
Nacionais: Jaguaribe e Ortobrás.
Importadas: Quickie e Otto Bock.
Testar: sentado colocar a mão entre assento e almofada, se sentir o
apoio do ísquio tem pouca água/ar; se não sentir o apoio do ísquio
quantidade adequada.
TRATAMENTO
Nível Neurológico C4:





Principais músculos inervados: pescoço e diafragma.
Possíveis movimentos: controle da cabeça e resistência respiratória
limitada.
Exercícios de alongamento e posicionamento correto no leito e na
CR devem ser enfatizados com o objetivo de prevenir
deformidades.
Poderão ser desenvolvidas atividades como leitura, pintura, escrita à
máquina elétrica, fazendo uso de capacete com ponteira ou
ponteira oral. Dependente nas demais atividades.
Cadeira de rodas (CR) será independente se a mesma for
motorizada e adaptada para controle cefálico ou oral.
Nível Neurológico C5:
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


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Principais músculos inervados: parcialmente o ombro e o bíceps.
Possíveis movimentos: abdução de ombro e flexão do cotovelo.
Exercícios passivos para estiramento suave e posicionamento
correto dos MMSS no leito e CR.
Poderá atingir independência na alimentação com uma barra de
punho e talher angulado e na higiene oral, escrita à máquina e
digitação de computador acoplando uma ponteira na barra de punho.
CR motorizada é independente com adaptação manual, e poderá
impulsionar CR comum com pinos sobre os aros no plano e curtas
distâncias.
Nível Neurológico C6:





Principais músculos inervados: maior parte do ombro e extensores do
punho.
Possíveis movimentos: abdução e flexão dos braços; extensão do punho e
possivelmente uma preensão fraca.
Além dos exercícios e atividades anteriormente citadas, enfatiza-se o
fortalecimento do músculo extensor radial que devido à sua ação de
tenodese (mecanismo sinérgico = extensão do punho facilita o fechamento
da mão, enquanto flexão do punho facilita a abertura da mão),
proporcionando a preensão palmar e a pinça da chave com objetos leves.
Poderá atingir independência na alimentação com talher de cabo
engrossado e na higiene oral, escrita à máquina e digitação de computador
substituindo a preensão. Em Educação Física pode adaptar o golfe.
Poderá impulsionar CR comum com pinos sobre os aros no plano e longas
distâncias, alguns conseguem impulsão em rampas de pequena inclinação.
Nível Neurológico C7:
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Principais músculos inervados: tríceps e extensão e flexão dos dedos.
Possíveis movimentos: estabilização e extensão do braço à altura do
cotovelo; preensão e soltura melhores, mas ainda fracas.
Músculo tríceps deverá ser fortalecido ao máximo, pois auxilia nas
atividades de transferência e na realização do push-up.
Independente na alimentação e na higiene sem adaptações. Para a
escrita manual faz-se necessário o uso de adaptação com cabo
engrossado. É possível independência em vestuário. Na higiene
básica, o uso de escovas com cabo longo podem auxiliar. Em
Educação Física pode praticar o arco e flecha e tênis de mesa.
Poderá impulsionar CR será independente para planos e rampas, e
auxiliará ou poderá ser totalmente independente nas atividades de
transferências.
Nível Neurológico C8:

Principais músculos inervados: estão comprometidos os grupos
intrínsecos (responsáveis pelos movimentos seletivos). Exercícios
específicos e direcionados a essa musculatura, assim como
treinamento da destreza manual.
Nível Neurológico T1:

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
Principais músculos inervados: todos os músculos dos membros
superiores.
Possíveis movimentos: toda parte superior do corpo não tem
estabilidade; não tem resistência respiratória.
Independente na CR, na cama, em transferências, ao comer, arrumarse, vestir-se e ir ao banheiro. Consegue deambular com assistência
usando longos suportes para as pernas, faixa pélvica e muletas. Em
Educação Física pode praticar quaisquer atividades em CR.
Nível Neurológico T6:



Principais músculos inervados: músculos da parte superior do tronco.
Possíveis movimentos: estabilidade de tronco; melhor resistência respiratória.
Ergue objetos mais pesados por causa da melhor estabilidade de tronco.
Consegue por os suportes para as pernas sozinho. Consegue deambular
usando faixa pélvica, suportes longos para as pernas e muletas, mas ainda
depende da CR como principal meio de locomoção. Em Educação Física por
praticar atletismo, boliche e halterofilismo.
Nível Neurológico T12:



Principais músculos inervados: músculos abdominais e parte inferior das
costas.
Possíveis movimentos: maior estabilidade de tronco; todos os músculos
necessários à resistência respiratória.
Pode deambular sozinho (inclusive em escadas e guias) com suportes longos
para as pernas. Usa CR somente por conveniência. Em Educação Física por
praticar natação competitiva.
Nível Neurológico L4:



Principais músculos inervados: parte inferior das costas e flexores de
quadril e quadríceps.
Possíveis movimentos: estabilidade total de tronco; capacidade de
flexionar o quadril e erguer a perna.
Consegue andar sozinho usando suportes curtos para as pernas e muletas
bilaterais. Em Educação Física por praticar algumas atividades em pé.
Nível Neurológico S1:



Principais músculos inervados: posterior da coxa.
Possíveis movimentos: flexionar o joelho; puxar o pé para cima.
Consegue andar sozinho sem muletas. Pode precisar de suportes para o
tornozelo e/ou sapatos ortopédicos. Em Educação Física por praticar
qualquer atividade.
BARREIRAS ARQUITETÔNICAS
Para desenvolvimento integral (necessário ter acesso aos
locais de educação, saúde, recreação e lazer).
Governo e sociedade, esquecem de facilitar o acesso dessas
pessoas a situações de vida comum. Embora exista legislação
que determina normas de construção de prédios públicos que
permitam o acesso as pessoas portadoras de deficiências
motoras (falta divulgação e incentivo).
Símbolo Internacional de Acesso aparece em
qualque lugar do mundo onde tenham sido removidas as
barreiras ambientais (escadas, portas estreitas, degraus de
calçadas, banheiro estreito e sem apoio, telefones, meios de
transporte, estacionamentos, etc).
Nas escolas e centros esportivos, o profissional de Educação
Física deve reconhecer as barreiras e procurar superá-las
facilitando o acesso deste aluno/cliente.
ATIVIDADES FÍSICAS
Profissional deve verificar:

falta de flexibilidade.

incapacidade de sustentar atividade aeróbia.

falta de força e resistência em erguer o corpo (transferí-lo de forma
independente, erguê-lo prevenindo úlceras de decúbito e
impulsionar CR).

porcentagem de gordura corporal excessiva incompatível com uma
boa saúde.
Objetivos principais:



melhora da flexibilidade em todas as articulações (reduzindo a
espasticidade nos músculos não mais inervados).
força MMSS e nos músculos do tronco.
desenvolvimento da resistência respiratória.
Objetivos amplos:





proporcionar maior independência e capacidade de iniciativa para
realização das atividades diárias.
contribuir para a aquisição de hábitos de vida saudáveis.
controlar a porcentagem de gordura, evitando ganho anormal de peso.
preparar o indivíduo para reassumir deu papel na família e sociedade.
praticar atividades físicas.
Com atividades direcionadas o EF colabora na mudança da
atitude negativa (gostar mais do corpo sentindo-se seguro
para desenvolver qualquer tarefa).
Participar de atividades físicas = submeter a avaliação
médica!!
Existem fatores que podem torná-lo inapto: infecções, febre,
dor sem causa conhecida, escaras, alterações acentuadas de
temperatura corporal, rupturas ligamentares, período de
recuperação após cirurgias, fraturas.
Modalidades esportivas com adaptações de regras








basquete
vôlei
atletismo
arco e flecha
bocha
esgrima
tiro ao alvo
tênis de mesa
Modalidades para os que podem se libertar da CR

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
vôlei sentado
natação
halterofilismo
dança
Modalidades criadas exclusivamente para dependente da
CR

rugby
NATAÇÃO
Contribui de forma prazerosa, lúdica, diminuindo a ação da
gravidade (temperatura média 34ºC).
Efeitos fisiológicos:




aumento da temperatura global.
aumento do retorno venoso.
aumento da frequência cardíaca.
aumento da frequência respiratória.
Efeitos terapêuticos:



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
alívio da dor.
prevenção de contraturas.
ampliação da capacidade respiratória.
relaxamento e redução de tensões.
fortalecimento da musculatura não afetada.
correção postural.
independência no meio líquido de acordo com sua
potencialidade.
iniciação ao nado.
domínio corporal.
convívio com outras pessoas.
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