A crise da saúde no Brasil Novembro de 2015 I FÓRUM GAÚCHO DE SAÚDE SUPLEMENTAR Cenários • 66% dos brasileiros se dizem insatisfeitos com as políticas e as ações na área da saúde no País. A população reivindica mais acesso e mais qualidade no sistema de saúde. (Pesquisa CNI-IBOPE de junho de 2013); • No RS o pior problema do Estado é a saúde (32%), seguido pela violência (21%) e drogas (7,4%). Instituto de Pesquisa Rosenfield, março/2014. Cenários • Em 1995 a União aplicou 11,72% da Receita Corrente Bruta na saúde; • Em 2012 a União aplicou 6,93%; • Hoje, está em torno de 6%; • Os municípios devem aplicar 15% (EC 29). Em 2009, no RS, a média foi de 21,9%; • Os estados devem aplicar 12%. No RS o percentual aplicado vem aumentando, mas questionam-se os dados e os critérios de inclusão adotados. Cenários • A saúde representa 9% do Produto Interno Bruto (PIB) do país – OMS/2011; • Gera 4,3 milhões de empregos diretos – IBGE/2009; • O marco regulatório da saúde no Brasil é amplo e complexo. Existem mais de 90 mil normas relacionadas à saúde. Cenários Segundo o Banco Mundial: •Em 2011 o Brasil dedicou 8,9% do PIB para a saúde. USA: 17,85% França: 11,63% Espanha: 9,44% Gasto médio mundial: 10,05% Cenários Conforme o Banco Mundial: •Em 2011, o gasto do setor privado em saúde foi de 54,3% e o gasto do setor público foi de 45,7%; •Dos 190 milhões de brasileiros 76% são dependentes dos serviços públicos de saúde, ou seja, o setor privado investe mais para uma população bem menor. Cenários • O Brasil apresentou em 2011 um dos menores gastos públicos (Federal, Estadual e Municipal) com saúde em relação ao percentual do PIB (4,1%), quando comparado aos países da OCDE (7,6%). Exemplos: Holanda 9,5% Bélgica 8,0 Canadá 7,4% Itália 7,0% Cenários • A tributação representa mais do que um terço do valor final dos produtos para a saúde; • As despesas com assistência à saúde consomem 5,9% do orçamento familiar; • A inflação da saúde é maior que a inflação, em termos gerais. Em 2013, a Variação do Custo Médico-hospitalar (VCMH) foi de 17% e a variação do IPCA foi de 7% (IBGE/IESS). Dilemas • Para cada R$ 100,00 que os hospitais filantrópicos gastam, o SUS repassa R$ 65,00; • A resultante é uma grande dívida para as entidades, que atingiu 15 bilhões de reais em 2013. Dilemas : Subfinanciamento, conforme Federação das Santas Casas de São Paulo Procedimentos Valor total SUS Custo médio Variação (%) Tratamento AVC 463,21 1.668,90 -260 Tratamento de pneumonias 582,42 1.634,06 -181 Parto normal 433,40 1.252,67 -183 Tratamento Insuficiência cardíaca 699,46 1.526,70 -118 Dilemas • Ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro: “O que se aponta é uma situação inadministrável. Aprovado o Projeto da Lei Orçamentária da forma como foi enviado ao Congresso, os recursos para pagar as despesas hospitalares, UPAs, transplantes, diálises, análises clínicas, ambulâncias e atendimentos médicos chegariam ao fim em setembro de 2016, deixando 3 meses descobertos. Essa é uma situação que nunca foi vivida pelo SUS nos seus 25 anos. Ela aponta para um verdadeiro colapso na área”. (Entrevista ao Estado de São Paulo, 28/09/2015) Dilemas • Ministro da Saúde, Marcelo Castro: “ O que hoje está ruim vai piorar. O financiamento para saúde deve trazer um déficit de 7,5 bilhões de reais. A previsão é que 50% da verba destinada para a média e alta complexidade e farmácia popular que deverá ser paga em 10/12/2015, só será paga em janeiro de 2016, comprometendo mais o orçamento insuficiente de 2016. Se o orçamento deste ano não tem dinheiro para pagar tudo, e se o ano que vem é menor, como vai ser?” Dilemas • Ministro da Saúde, Marcelo Castro: “O problema de 2016 é que, pela nova sistemática determinada pela Emenda Constitucional 86, de 17/03/15 (orçamento impositivo), mudou o financiamento para a saúde, e o governo está sendo obrigado a gastar em saúde 13,2% da Receita Corrente Líquida. Isto gera um orçamento de 100,2 bilhões de reais. Mantida a metodologia anterior seria de 107,7 bilhões de reais. Daí o déficit de 7,5 bilhões para 2016.” (Entrevista à Folha de São Paulo em 29/10/2015) Perspectivas: estratégias integradas para a saúde Quatro eixos resumem problemas reais, apontam caminhos e se constituem no Mapa Estratégico de Referência, conforme a OMS: •Acesso •Gestão •Qualidade assistencial •Financiamento Acesso • Qualificar e intensificar a atenção básica; • Definir política de regulação com foco na garantia de acesso e qualidade da assistência; • Acesso à média e alta complexidade; • Acesso às especialidades médicas; • Garantir a continuidade do cuidado, desde o ambulatorial, hospitalar e atendimento domiciliar; • Atenção integral de saúde mental, aos pacientes psiquiátricos e aos dependentes de álcool e drogas. Gestão • Fortalecer o SUS, estimulando a coordenação e a integração entre os setores público e privado; • Ampliar a participação do setor privado na formulação e implantação das Políticas Nacionais de Saúde; • Fomentar a inovação científica e tecnológica em saúde; • Investir em infraestrutura e tecnologia adequadas à evolução da medicina e aos novos perfis dos pacientes; • Desenvolver um plano de ação público-privado para informatização, integração e interoperabilidade dos sistemas de informação; • Capacitação e qualificação gerencial. Qualidade assistencial • Desenvolver redes assistenciais integradas entre os setores público e privado; • Criar um sistema nacional de avaliação da qualidade em saúde; • Melhorar a formação, a distribuição e a produtividade dos recursos humanos; • Estimular políticas justas de remuneração de serviços de saúde e vinculadas à qualidade e ao desempenho assistencial; • Desenvolver um modelo assistencial integrado com foco no paciente, na sua segurança e na continuidade dos cuidados. Financiamento • Aumentar o volume e a eficiência na aplicação de recursos públicos para a saúde; • Aumentar para 18% da Receita Corrente Líquida o montante da União a ser aplicado em saúde (o que equivaleria a 10% da Receita Corrente Bruta). A EC 86 determina que o percentual será de 15% da Receita Corrente Líquida, mas somente em 2020; • Incentivar o investimento privado na área da saúde (linhas de crédito, incentivos, desoneração tributária). Principais fontes de consulta • Fórum Temático da Saúde, Agenda 2020. Sumário Executivo, setembro de 2014. • Livro Branco, Brasil Saúde 2015. Publicação da Associação Nacional dos Hospitais Privados (ANAHP). • Folha de São Paulo. • O Estado de São Paulo.