O TEATRO ROMANO • O teatro romano, apesar de não deixar relevante legado para a História posterior, teve diferentes gêneros. Os romanos tinham uma forma embrionária de teatro, de influência etrusca, espécie de representações religiosas de caráter sério ou satírico (curiosamente de forma semelhante ao aparecimento do teatro grego), que eram apresentadas em ocasiões especiais, como cerimônias e casamentos. • Quando entraram em contato com a Grécia, o evento significou a morte do primitivo teatro romano, que imediatamente copiou as formas gregas (tragédia, comédia). • Começaram por traduzir peças gregas (séc. III AC); depois, estrangeiros radicados em Roma e romanos escreveram peças, adaptando temas gregos, ou inventando mesmo temas romanos (normalmente baseados na História); o apogeu do teatro romano se dá no séc. III-II a.C., com Plauto e Terêncio. Titus Maccus Plautus • Em sua maior parte, o teatro romano foi inteiramente calcado na tradição grega. Seu declínio, que causou um vácuo de quatro séculos na produção teatral, parece ter sido mais significativo para a história da cultura ocidental do que sua própria existência. • No ano 240 a.C. foi apresentada pela primeira vez uma peça traduzida do grego durante os jogos romanos. • O primeiro autor teatral romano a produzir uma obra de qualidade, que estreou em 235 a.C., foi Cneu Nevius. O teatro histórico foi a primeira criação original desse autor, que incorporou às suas peças, mordazes e francas, críticas à aristocracia romana, pelo que parece ter sido preso ou exilado. Atores de Teatro Romano • Talvez em vista dessas circunstâncias, seu sucessor, o grande poeta Quintus Enius, tenha adaptado seu talento às exigências do momento e se dedicou à tradução das tragédias gregas. • A verdadeira comédia latina surgiu apenas no final do século II a.C. • As representações teatrais eram parte do entretenimento gratuito oferecido nos festivais públicos. • Desde o início, no entanto, o teatro romano dependeu do gosto popular, de uma forma que nunca havia ocorrido na Grécia. Caso uma peça não agradasse ao público, o promotor do festival era obrigado a devolver parte do subsídio que recebera. • Por isso, mesmo durante a República, havia certa ansiedade em oferecer à platéia algo que a agradasse, o que logo se comprovou ser o sensacional, o espetacular e o grosseiro. • Principalmente durante o declínio do Império, os imperadores romanos fizeram um uso perverso desse fato, provendo "pão e circo", segundo a famosa frase do satirista Juvenal, para que o povo se distraísse de suas miseráveis condições de vida. • O grandioso Coliseu e outros anfiteatros espalhados por todo o império atestam o poder e a grandeza de Roma, mas não sua energia artística. Não há razões para crer que tais construções se destinavam a outra coisa que não espetáculos banais e degradantes. Coliseu, Roma, Itália. • Os romanos construíram vários teatros (especificamente para representações), mas, na maioria dos casos, nas pequenas cidades, direcionavam os edifícios para vários outros usos (anfiteatros), como espetáculos de gladiadores, corridas, representações. Ruínas do Teatro Romano de Mérida, atual Espanha • As arenas foram totalmente ocupadas por gladiadores em combates mortais, feras espicaçadas até se fazerem em pedaços, cristãos cobertos de piche usados como tochas humanas. • Não é de se admirar que tanto os escritores, quanto o público de outra índole, passassem a considerar o teatro como manifestação indigna e aviltante. Cena de Gladiadores de Roma Antiga • Ainda durante a República, a mímica e a pantomima tornaram-se as formas teatrais mais populares. • Baseadas nas improvisações e agilidade física dos atores, ofereciam ampla oportunidade para a audaciosa apresentação de cenas imorais e pornográficas. • O público preferia os espetáculos de mimos e pantomimas devido, dentre outros motivos, à dificuldade dos latinos menos instruídos de compreenderem peças complexas, e preferirem espetáculos simples e que apelassem aos sentidos. • Durante o período imperial, surgiram as tragédias para pequenos recintos privados ou para declamação sem encenação. • São desse tipo as obras de Sêneca, filósofo estóico e principal conselheiro de Nero, as quais exerceram enorme influência durante o Renascimento, sobretudo na Inglaterra. A Morte de Sêneca, de Rubens. • Ficaram conhecidos imperadores com uma enorme paixão pelo teatro. Nero é o mais conhecido: adorava espetáculos de mimos (acabou por casar com uma atriz depois de se livrar de Pompéia), e representava ele próprio; dado o baixo estatuto dos atores (normalmente escravos ou exescravos), isso foi motivo de escândalo. Nero, que tentou envenenar várias vezes a própria mãe, Agripina; assassinou duas de suas esposas; e condenou ao suicídio seu preceptor e antigo conselheiro, o filósofo Sêneca. • Dedicar-se ao teatro era muito mal visto: os atores eram, normalmente, escravos ou exescravos; raramente mulheres representavam, tendo má reputação as que o faziam (os papéis femininos eram feitos por homens). Cômicos • Deve-se notar, também, que vários imperadores apresentados como cruéis ordenavam que os os espetáculos se tornassem “realistas”: quando aparecia no guia que o personagem era morto, substituía-se o ator por um condenado à morte (existe registrado o caso de uma representação de uma peça que relatava a união entre Europa e Zeus, sob a forma de touro, e uma condenada à morte foi, de fato, unida a um touro). • Quer a comédia, quer a tragédia romanas, tinham diferenças com os seus modelos gregos: insistiam mais no horror e na violência no palco em que era representadas, grande preocupação com a moral, discursos elaborados; e mesmo do ponto de vista formal, existiam diferenças (na divisão em atos, em lugar de episódios; no coro; etc). • Com o tempo (principalmente, ao final da República), a grande massa do público perdeu o interesse pelo teatro tradicional, pois a concorrência dos espetáculos com mais ação (gladiadores, corridas de carros), e a preferência por gêneros teatrais mais simples, como as pantomimas e mimos, levaram ao seu quase abandono. Espetáculos de Gladiadores. • No período do Império, se na parte oriental continuaram a representar as peças tradicionais (sobretudo de autores da chamada “nova comédia”, como Menandro, e não Ésquilo e Sófocles), no ocidente naufragaram as tentativas de autores como Sêneca de ressuscitar o gênero. • Até 56 a.C. as encenações teatrais romanas são feitas em teatros de madeira; depois, surgem construções de mármore e alvenaria, no centro da cidade. Teatro Romano de Aspendos, atual Turquia. Teatro Romano de Aspendos, Turquia, sob outro ângulo. • Assim, em Roma predomina a comédia. Durante o Império Romano (de 27 a.C. a 476 d.C.) a cena foi dominada por exibições acrobáticas, jogos circenses e pantomimas em que apenas um ator representava todos os papéis, acompanhado por músicos e pelo coro, usando máscaras para interpretar personagens. • As diferenças fundamentais entre o teatro romano e grego podem ser expressas do seguinte modo: • 1) Toda representação do teatro romano desenrolava-se no palco, ficando a orquestra reduzida a um semicírculo, reservado para os senadores e convidados ilustres. 2) O teatro grego, pela natureza de sua construção, necessitava de uma depressão no terreno, enquanto o romano, construído sob galerias abobadadas, poderia ser levantado em qualquer terreno plano. • No tempo da perseguição aos cristãos, sob Nero e Domitianus, a fé cristã era ridicularizada. Depois do triunfo do cristianismo, as apresentações teatrais foram proibidas. • Com o advento da Igreja Cristã, os gêneros artísticos passaram a ser vistos com maus olhos porque, ou se referiam a deuses pagãos, ou troçavam abertamente dela (como os espetáculos de mimos), levando à sua progressiva perseguição, além dos aspectos que considerava imorais (representação de cenas licenciosas ou mesmo nudez). • A última referência que existe de uma representação de uma peça de teatro é do séc. VI d.C. (e sabe-se que Teodora, a imperatriz esposa de Justiniano, fôra atriz de teatro). Depois disso, só se ouve falar dos artistas de teatro pelas proibições sucessivas e sermões de membros da Igreja que se referem aos “mimos que andam de terra em terra espalhando a • Por volta do século III d.C., o império romano começa a atravessar uma enorme crise econômica e política. A corrupção dentro do governo e os gastos com luxo retiraram recursos para o investimento no exército romano. Com o fim das conquistas territoriais, diminuiu o número de escravos, provocando uma queda na produção agrícola. Na mesma proporção, caía o pagamento de tributos originados das províncias. Bacanais Romanos • Em crise e com o exército enfraquecido, as fronteiras ficavam a cada dia mais desprotegidas. Muitos soldados, sem receber salário, deixavam suas obrigações militares. • Com o crescimento urbano vieram também os problemas sociais para Roma. A escravidão gerou muito desemprego na zona rural, pois muitos camponeses perderam seus empregos. • Esta massa de desempregados migrou para as cidades romanas em busca de empregos e melhores condições de vida. • Receoso de que pudesse acontecer alguma revolta de desempregados, o Imperador criou a famosa política do “Pão e Circo”. • Esta consistia em oferecer aos plebeus alimentação e diversão. Quase todos os dias ocorriam lutas de gladiadores nos estádios (o mais famoso foi o Coliseu de Roma), onde também eram distribuídos alimentos. Desta forma, a população carente acabava esquecendo os problemas da vida, diminuindo as chances de revolta. Gladiadores. • Dos autores que se pode mencionar, destacam-se Sêneca, advogado, famoso orador, que chegou a ser Senador, e não tinha ambições como dramaturgo, mas que, entretanto, escreveu nove tragédias; • Titus Maccus Plautus, comediante que reforçou características tipicamente romanas em suas peças e alcançou distinção; e Terêncio, de gosto refinado e influência grega, que produziu principalmente para uma platéia das altas classes. • Sobre cada um desses autores, deve-se estudar separadamente. Fontes de Pesquisa • GASSNER, John. Mestres do Teatro I. São Paulo: Editora Perspectiva, 1987. • GRIMMAL, Pierre. O Teatro Antigo. Lisboa: Edições 70, s/a.