A Civilização Roma De pequena aldeia a coração de um império Escultura de bronze, do século XIII, representa a loba que teria amamentado os gêmeos Rômulo e Remo após retirá-los das águas do rio Tibre. Segundo a lenda, Rômulo teria fundado Roma em 753 a.C. depois de matar seu irmão. Roma Gato, gato, cat, chat, gatto. Em português, espanhol, inglês, francês e italiano, a palavra “gato”, assim como outras, tem semelhanças. O motivo disso está na origem da palavra, ela vem do latim, idioma falado em Roma há mais de 2 mil anos. A partir do século II a.C., Roma conquistou territórios na Europa, na África e na Ásia, misturando seu idioma com as línguas locais e dando origem às chamadas línguas modernas. Observe nessa fotografia tirada em Madri, na Espanha, como é possível entender o que está escrito na placa. As Origens de Roma Antes dos romanos, a península Itálica era habitada por agricultores divididos em sete tribos: sabinos, équos, oscos, úmbrios, volscos, samnitas e latinos. A partir do milênio I a.C., os etrustos, povo originário da Ásia Menor, se estabeleceram na região central da península. Temendo uma invasão, os latinos construíram uma fortaleza próxima ao rio Tibre e lá fundaram aldeias que prosperaram com o comércio. Por volta do século VII a.C., os etruscos conquistaram os latinos, invadiram a região do Lácio e unificaram as aldeias. Assim teve origem a cidade-Estado de Roma. A Evolução Política de Roma Roma passou por diferentes formas de organização política, por isso sua história na Antiguidade é dividida entre os períodos da Monarquia, da República e do Império. Monarquia Origem: quando os etruscos unificaram as aldeias foi escolhido um rei para governar Roma. O Rei era auxiliado por um conselho de anciãos, chamado de Senado. O Poder era exercido por grandes proprietários de terra que comandavam a cidade e o exército, conduziam a religião e eram os juízes. A monarquia não era hereditária. Quando um rei morria, outro era escolhido pelo Senado. A indicação do rei deveria ser aprovada pela Assembleia Curiata, formada por membros das famílias livres de Roma. A Evolução Política de Roma Em 509 a.C., com a expulsão do rei Tarquínio II, foi escolhido um novo regime político: a república. As características principais desse regime eram a escolha do governante por meio de eleições e o cargo não ser vitalício. Magistratura Cuidava das questões administrativas, do comando do exército, da segurança e da realização dos censos. Senado República Dirigia a política interna e externa, propunha leis às assembleias e controlava as finanças públicas. Cônsul Censor Questor Edis Tribal Assembleias Comícios Centuriatus Conselho dos plebeus Linha do Tempo 49 a.C. Júlio César, político e militar romano, marcha com seus exércitos contra Roma, dando início a uma guerra civil. Após derrotar os inimigos, Júlio César assume o poder sozinho. 46 a.C. 44 a.C. nova guerra civil 27 a.C. Otávio, sobrinho e filho adotivo de César, assume o poder como primeiro imperador. Júlio César é assassinado pelo Senado. O Império Romano As conquistas territoriais iniciadas na República atingiram o ápice durante o Império. Em 395 d.C., o imperador Teodósio dividiu o império em dois: • Império Romano do Ocidente, com capital em Milão. • Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla. A intenção de Teodósio era dividir o império para fortalecer as fronteiras. Durante o século V, o Império Romano do Ocidente foi invadido por diversos povos e, consequentemente, desagregado. O Império Romano do Oriente perdurou até o século XV. O Império Romano em 114 A Sociedade Romana A sociedade romana era dividida entre escravos e pessoas livres. Entre os livres, havia três grupos sociais: Patrícios Grandes proprietários de terras. Detinham o maior poder. Plebeus Compunham a maior parte da população: eram artesãos, pastores, pequenos agricultores e comerciantes. Não tinham direitos políticos e não podiam casar-se com patrícios. Clientes Ex-escravos ou filhos de escravos nascidos livres. Tinham ligações com os patrícios, de quem recebiam proteção e terras para cultivar. Em troca, deveriam respeitar os patrícios e substituí-los nos campos de batalha. Os escravos eram pessoas capturadas durante as guerras e plebeus que não conseguiam saldar suas dívidas. Eles não tinham direitos e seus donos tinham poder sobre a vida e a morte deles. Roma Reconstruída Vista geral da reconstrução digital de Roma: Palatino à esquerda, Coliseu à direita e, à frente, os aquedutos que abasteciam os palácios do Palatino. Roma Reconstruída • Para resolver os problemas de abastecimento de água na cidade, os romanos desenvolveram um complexo sistema de aquedutos e fontes públicas. • Roma chegou a ter 11 aquedutos e 1300 fontes públicas. • Não havia desperdício de água. A água que não era utilizada nas fontes era destinada aos banhos públicos, para lavar as latrinas públicas ou ia para o esgoto para receber os dejetos e as águas pluviais. Os banhos públicos, ou termas, eram locais de socialização, frequentados por pessoas de todas as classes sociais. Os ricos banhavam-se entre as 2 e 4 horas da tarde, depois era a vez dos trabalhadores. Ruínas das Termas de Caracalla, onde estavam os banhos públicos de Roma. As Construções Romanas No século IV, havia em Roma cerca de 7 mil edificações. No centro das cidades, ficavam os edifícios públicos importantes: fórum (centro comercial), basílica (repartições administrativas e judiciárias), templos, teatros, latrinas e termas. Lojas, tavernas, padarias, açougues e mercearias estavam dispersos pela cidade. Na periferia ficavam os locais de treinamento físico, os depósitos de lixo e as hortas. Fora do perímetro urbano, perto das vias de acesso às cidades, ficavam os cemitérios. Por acreditar em vida após a morte, os romanos construíam necrópoles (cidades dos mortos), sepulturas grandes e adequadas para que a alma encontrasse paz. As Construções Romanas Havia diferentes tipos de moradias: Os ricos viviam em casas térreas, amplas e luxuosas, com vários cômodos. As pessoas entravam pelo átrio, um pátio que dava acesso a outros cômodos, que às vezes continham jardins e fontes. Eles também tinham suas próprias termas e eram beneficiados com sistema de esgoto. Os pobres moravam em ínsulas, prédios que chegavam a ter cinco andares. Cada ínsula tinha vários apartamentos que se abriam para um corredor interno ou para a rua. O térreo da ínsula era ocupado por lojas e oficinas cujos donos moravam nos fundos ou no andar de cima. Átrio de casa do século I, em Herculano. O Cotidiano da População A vida nas cidades romanas era agitada: • as pessoas se levantavam com os primeiros raios de sol; • o desjejum era à base de carnes e pães; • às 8 horas da manhã eram abertas todas as lojas e estabelecimentos públicos; • no período da manhã as crianças se dedicavam aos estudos: as crianças pobres iam para a escola, as ricas tinham professores particulares; • ao meio-dia todos os estabelecimentos fechavam para o almoço, que era à base de pães, queijos, nozes, figos secos e azeitonas. Quem não podia comer em casa levava uma marmita e almoçava na rua ou no anfiteatro. Pintura representando a preparação de refeições em uma cozinha romana, c. 50 d.C. O Cotidiano da População • no verão as pessoas faziam a sesta, ou seja, dormiam após o almoço; • terminada a sesta, as pessoas voltavam ao trabalho, onde ficavam até o meio da tarde; • ao final da tarde todos faziam a ceia, a principal refeição do dia. Os mais pobres se alimentavam de vegetais, pão e vinho. Os mais ricos promoviam banquetes que duravam horas e continham variadas carnes, frutas frescas, queijos e doces. Afresco mostrando homens participando de um banquete, séc. I. A Religião Os romanos eram politeístas. Sua devoção aos ancestrais e aos deuses se dava por meio de oferendas depositadas nos templos e nos altares domésticos, cerimônias e rituais religiosos. Quando Roma iniciou sua expansão, entrou em contato com diversas religiões e culturas, chegando a incorporar características de algumas delas. Dos gregos eles foram influenciados na arquitetura, na filosofia e também na religião. Estátua de mármore do deus Apolo, semelhante ao grego. A Religião Principais deuses greco-romanos Nome grego Nome romano Atributos Zeus Júpiter Rei dos deuses, deus do céu. Hera Juno Esposa de Júpiter e rainha dos deuses; protetora das esposas e mães. Afrodite Vênus Deusa do amor. Ares Marte Deus da guerra. Deméter Ceres Deusa da fertilidade da terra, da vegetação e da colheita. Apolo Apolo Protetor das artes, deus da luz. Atena Minerva Deusa da sabedoria. Hermes Mercúrio Protetor dos comerciantes, dos ladrões e dos viajantes; deus das estradas e mensageiro dos deuses. Ártemis Diana Deusa da caça. Hefesto Vulcano Deus do fogo; protetor dos ferreiros. Héstia Vesta Deusa protetora da família, das cidades e do fogo doméstico. Posêidon Netuno Deus dos mares. Dioniso Baco Deus do vinho. A Religião Nos primeiros séculos da Era Cristã havia também um culto aos imperadores, que foi gradualmente extinto com a expansão do cristianismo. Os cristãos foram perseguidos pelos romanos desde a origem da religião, até que, em 313 d.C., o imperador Constantino concedeu a liberdade de celebração pública das cerimônias cristãs. Em 392 d.C., o imperador Teodósio declarou o cristianismo a religião oficial do Império Romano. Catacumbas de São Paulo em Rabat, ilha de Malta, onde os primeiros cristãos sepultavam os mortos. O Circo Romano A principal diversão dos romanos eram os espetáculos promovidos em circos e anfiteatros. Nesses locais, os governantes patrocinavam violentas lutas e corridas. Os jogos prediletos eram os combates de arena entre gladiadores. Esses combates eram tão violentos que costumavam terminar somente com a morte de um dos lutadores. Relevo do século I representando uma luta entre gladiadores e duas feras . O Circo Romano O anfiteatro era uma construção especial para esse tipo de torneio. O mais famoso é o Coliseu, construído em Roma em 80 d.C., com capacidade para mais de 50 mil espectadores. Outra construção importante foi o Circo Máximo. Com capacidade de 250 mil espectadores, ele foi utilizado para festivais, jogos e corridas de bigas do século II a.C. até 549 d.C. Detalhe de Roma reconstruída mostrando o Coliseu. A Grande Expansão Uma das consequências da expansão romana foi a fundação de cidades fora da península Itálica, como Lisboa, Barcelona, Monique e Londres. Outra, foi a difusão da cultura e símbolos, como o Arco de Constantino, também chamado de Arco do Triunfo, presente em diversos países atuais, mas que outrora pertenceram ao Império Romano. Arco de Constantino (312-315), Roma.