Agenda Setting

Propaganda
1. Natureza
especificidades
agendas temáticas
e
das
Agenda
Mediática
Jornalismo: Definidor da Agenda?
Conceito de Jornalismo;
Construção Social da Realidade;
Por que é que as Notícias são como
são?;
Agenda Setting;
Tematização.
Jornalismo: Definidor da Agenda?



O conceito de jornalismo / Construção
Social da Realidade;
O papel dos media na sociedade;
Por que é que as notícias são como são?:
visão de Michael Schudson sobre o
newsmaking.
Conceito de Jornalismo

“Por jornalismo entendemos conjuntos de materiais
escritos ou impressos, falados ou visuais, muitas
vezes em combinação, que de uma forma
documental, descrevem a realidade social actual,
especialmente a de importância universal, e que
através da multiplicação por diversos meios de
comunicação social têm impacte de massas sobre
um público diferenciado” (Vladimir Hudec, 1980:
36).
Vladimir Hudec (1980). O que é o jornalismo?. Lisboa: Editorial
Caminho.
Conceito de Jornalismo
“O jornalismo é feito de idealismo, de
energia pessoal e de perguntas, além de
uma dose de conhecimentos diversos
visando informar bem o leitor”.
“O jornalismo é o mais poderoso meio de comunicação
social. O conhecimento do homem pelo homem, de suas
conquistas e aspirações, de suas tragédias e alegrias,
das descobertas mais sensacionais, tudo isso faz parte
do dia-a-dia do leitor interessado em melhorar sua
vivência com o próximo, através da leitura rápida e
simples das notícias”.
A. Vivaldo de Azevedo (1979). Noções de Jornalismo
Aplicado. Rio de janeiro: Ed. Ouro.
Conceito de Jornalismo
Atributos do Jornalismo:
 Atualidade;
 Periodicidade;
 Universalidade;
 Fidelização ao Facto;
 Rapidez;
 Difusão;
 Publicidade.
Conceito de Jornalismo

“Numa sociedade de classes o jornalismo tem
sempre um carácter de classe e exprime os
interesses de diversos grupos políticos, é uma
tribuna para os seus pontos de vista políticos e
ideológicos, é um dos mais importantes canais de
propaganda de massas e participa efectivamente
nas actividades sociais” (Vladimir Hudec, 1980:
36).
O Conceito de Jornalismo

O Jornalismo apresenta concepções de
natureza social, ideológica e cultural.
Orientação do conceito de jornalismo:
 Democratização das sociedades;
 Criação
de
uma
esfera
pública
(Habermas);
 Participação em assuntos cívicos;
 Desenvolvimento da identidade nacional
e cultural;
 Promoção da livre expressão e diálogo.
Conceito de Jornalismo

Intervenção do Estado é necessária para organizar e/ou regular a atividade
dos media.

No binómio liberdade / responsabilidade, há que contemplar a auto-regulação
e a hetero-regulação.

A auto-regulação é esperada dos jornalistas, dos profissionais da
Comunicação Social, “no pressuposto de que dão corpo e voz ao direito
fundamental (e universal) à liberdade de expressão mas, simultaneamente,
devem dar resposta ao não menos fundamental direito de todos os cidadãos
a uma informação completa, rigorosa, fiável e independente” (Fidalgo, 2007:
199). No edifício auto-regulador, há que considerar o público. Pois, a
“responsabilidade dos media é uma responsabilidade “para com” alguém e,
nesse sentido, o imperativo de prestação de contas (ou accountability) à
sociedade por aquilo que se faz, como se faz, acaba por ser o corolário
obrigatório de uma postura efetivamente responsável (ibid.: 200).

No caso da hetero-regulação, a entidade não está ligada ao governo nem aos
atores diretamente envolvidos com o tema (Silva, 2008: 2-4). No caso
português, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
Construção social da realidade (Gaye
Tuchman)
Berger e Luckmann (1976) são os principais responsáveis pelo
alargamento do campo teórico da comunicação à sociologia
interpretativa, pois ao desenvolverem uma nova corrente
designada por construção social da realidade, introduziram
novidades no objecto e método de pesquisa.
Gaye Tuchman, em 1978, com base na observação participante,
enfatizou o papel do jornalismo para a construção social da realidade.
Destacou que, em grande medida, são as rotinas produtivas a configurar
os conteúdos da informação e que as notícias nos indicam como observar
e interpretar a realidade.
Gaye Tuchamn (1978). Making News. A Study in the Construction of Reality. New York: The
Free Press.
Peter L. Berger, Thomas Luckmann (2011). The Social Construction of Reality: A Treatise in
the Sociology of Knowledge. Open Road.
Construção social da realidade (Gaye Tuchman)

Mundo social e noticiabilidade; Rede de contactos e
fontes de informação: Secções temáticas dos media

Conhecimento
da
rotina
dos
jornalistas:
Credibilidade das fontes e noticiabilidade

Media legitimam acontecimentos, movimentos e
significados sociais: Formas estandardizadas de ver a
realidade
A notícia é uma realidade construída e uma forma de
conhecimento.
Construção Social da Realidade

Formatos e temáticas para organização da informação;

Conteúdos e consciência social;

Observação indireta do mundo e seus fenómenos;

Fontes de informação e orientação temática das notícias;

Rotinas e relação entre jornalista e fonte.
Construção social da realidade (Gaye
Tuchman)
“O ato de produzir a notícia é o ato de
construir a própria realidade e não tanto a
imagem da realidade”.

Gaye Tuchman (1978). Making News. A Study in the Construction of Reality.
New York: The Free Press.
Por que é que as notícias são como são?


Visão de Michael Schudson sobre o newsmaking:
“As explicações para as notícias serem o que são só têm
interesse se pressupomos que não é óbvio as notícias serem o
que são. (...) Se estivermos convencidos de que as notícias
apenas espelham o mundo exterior ou que elas simplesmente
imprimem os pontos de vista da classe dominante, nesse caso
não é necessária mais nenhuma explicação” (Schudson,
1988:17).
M. Schudson (1988). “Porque é que as Notícias são como são”, Jornalismos –
Revista de Comunicação e Linguagens, 8: 17-27
Ação Pessoal



“As notícias são um produto das pessoas e das suas
intenções”.
A construção da notícia é um processo que ultrapassa cada
pessoa em particular, especialmente quando se integra num
grupo.
As notícias têm sempre a marca da ação pessoal de quem
as produz, embora temperada por outras forças que
influenciam essa produção.
Ação Social

“As notícias são um
constrangimentos.”

Dados do Segundo Inquérito Nacional aos Jornalistas Portugueses
(1997), dirigido por José Luís Garcia:


produto
das
organizações
e
dos
seus
90,6% dos jornalistas inquiridos afirmou já ter sofrido pressões no
exercício da atividade: “muitas vezes” - 30,3% /“poucas vezes” - 60,3%
43,2% dos jornalistas inquiridos afirmou que existem tantas pressões
internas como externas:
Pressões externas: grupos de interesse político-partidários (85,8%);
empresariais (61,5%); governamentais (57,1%); desportivos (41,6%);
religiosos (20,8%) e jornalísticos (20,4%).
Pressões internas: administração (47,1%); direção de informação (43,4%) e
chefias (41,2%).
Ação Social


Ver: Relatório da Comissão de Ética,
Sociedade e Cultura:
http://www.parlamento.pt/ArquivoDocumentacao/Docume
nts/coleccoes_relatorio.pdf


Ação Cultural
“As notícias são um produto da cultura e
os limites do concebível que uma cultura
impõe.”
A abordagem pela ação cultural dá
menos atenção às relações sociais
particulares e destaca a importância da
história e tradições da sociedade na qual
se desenvolvem as relações sociais.
Bibliografia


Dennis McQuail (2003). Teoria da
Comunicação
de
Massas.
Porto:
Fundação Calouste Gulbenkian.
Jorge Pedro Sousa (2000). As Notícias e os
Seus Efeitos. As Teorias do Jornalismo e dos
Efeitos Sociais dos Media Jornalísticos,
Coimbra: Minerva Editora.
Hipótese do Agenda Setting
Tobias Peucer: 1690
Walter Lippman: “Public Opinion” (1922)
Robert Ezra Park: tematização – agendamento: na sua obra
“The city” (1925) assinala o poder dos meios de comunicação
no estabelecimento de prioridades temáticas.
Hipótese do Agenda Setting

Jorge Pedro Sousa esclarece a observação de Lippman: “abordavase pela primeira vez a questão da representação da realidade
social através da imprensa: os meios jornalísticos não
reproduziam a realidade, antes tenderiam a representar
estereotipadamente essa realidade, criando, assim, um “pseudoambiente” (para usar a expressão de Lippman) dissonante da
realidade em si mas referencial para as pessoas, que o veriam
como o verdadeiro “ambiente””.
Jorge Pedro Sousa (1999). “As Notícias e os seus Efeitos. “As “Teorias”
do Jornalismo e dos Efeitos Sociais dos Media Jornalísticos”.
Universidade
Fernando
Pessoa.
bocc.
http://bocc.ubi.pt/pag/_texto.php?html2=sousa-pedro-jorgenoticias-efeitos.html
Hipótese do Agenda Setting

Maxwell McCombs e Donald Shaw são os pioneiros na
apresentação da hipótese do agendamento no seu artigo
intitulado The Agenda Setting Function of Mass Media (1972).
Hipótese do Agenda Setting
“Os mass media centram a atenção em
certas questões. Constroem imagens
públicas de figuras políticas. Apresentam
constantemente objetos que sugerem em
que deveríamos pensar, o que deveríamos
saber e o que deveríamos sentir ... Os
materiais que os meios de comunicação
selecionam
podem
nos
dar
uma
semelhança de um 'conhecimento' do
mundo político.”
K. Lang, G. Lang (1966). “Los mass media y las elecciones”. In: M. de Moragas (ed)
(1985). Sociologia de la Comunicación de Masas: propaganda política y opinión pública.
Barcelona: Gustavo Gili. 3v, pp. 89-90.
Hipótese do Agenda Setting
A hipótese do agenda setting:
Analisa os efeitos da agenda mediática na
opinião pública;
Objectivos: (1) Entender a natureza das notícias.
Analisar as suas principais características; (2)
Analisar a apropriação dos acontecimentos pelos
media;
Apresenta os meios de comunicação social
como a instituição que indica ao público aquilo
sobre o que deve estar informado, uma visão do
mundo e da realidade de carácter subjectivo,
pela mediação que exerce.
Molotch e Lester (1974): As notícias dão a
conhecer às pessoas aquilo a que não puderam
assistir directamente – “creating a second hand
reality”
Hipótese do Agenda Setting
•
•


Agenda-setting é composta por (ponto de vista dos
media):
(1) Agenda Pública: diz respeito ao conjunto de temas
que a sociedade estabelece como relevante e lhe dá
prioridade. Esta agenda atende às questões mais
debatidas e importantes para o público.
(2) Agenda dos Media: pode ser definida pela
prossecução dos seus interesses próprios, pela
orientação editorial e alargamento da sua difusão.
Tome-se, como exemplo, o fomento do sensacionalismo,
de forma a assegurar maior tiragem e proveitos
publicitários.
(3) Agenda Política: define-se pelo espaço reservado
pelos media aos temas de natureza política. Há uma
preocupação com as acções políticas. Os media são o
alvo prioritário de uma campanha política, pois, através
destes, os políticos conseguem atingir, em vasta escala,
a população.
Hipótese do Agenda Setting

Patterson e McClure, 1976, sobre campanha
presidencial norte-americana de 72: para os
consumidores de informação televisiva, o aumento de
consumo não se traduz num maior efeito de agendasetting, contrariamente ao que acontece com os
grandes consumidores de informação escrita.

Diferentes efeitos de agendamento consoante o
medium: As notícias televisivas são demasiado
breves, rápidas, heterogéneas e acumuladas numa
dimensão temporal limitada, i.e., são demasiado
fragmentárias para terem um efeito de agenda
significativo.
Hipótese do Agenda Setting

Patterson; McClure, 1976: Os temas principais do
confronto político são secundados por tópicos do
andamento e enfeites da campanha. Tudo no
sentido de manter a maior audiência possível.
T. Patterson, R. McClure (1976). The Unseeing Eye. The Myth of Television Power
in National Polities. New York: Putnam.
Hipótese do Agenda Setting



Fases:
1. Focalização: relevo concedido pelos media a um
acontecimento, ação, grupo, personalidade, etc.,
que eles passam para um primeiro plano.
2. Framing: O objeto focalizado pela atenção dos
media deve ser enquadrado, deve ser interpretado
à luz de um qualquer tipo de problema que ele
simboliza: o quadro interpretativo.
Hipótese do Agenda Setting


3. Associação pelos media de acontecimentos pouco
importantes, descontínuos a uma vivência constante, que se
desenrola como solução de continuidade: ligação entre o
objeto ou acontecimento e um sistema simbólico, de modo a
que o objeto se torna parte de um panorama social e
político reconhecido.
4. Personificação dos temas: o tema adquire peso se tiver
um porta-voz que seja catalisador da atenção dos media,
num processo de empolamento que volta a propor o ciclo
de fases.
Lang, Lang (1981). “Watergate and Explorations of Agenda Setting Building
Process”. In: Wilhoit (ed.). Mass Communication Review Yearbook, vol. 2.
Beverly Hills: Sage 465.
Teoria da Tematização


Conceito apresentado por Niklas Luhmann (1978) e
pretendia
traduzir
o
processo
de
definição,
estabelecimento e reconhecimento público dos grandes
temas através da comunicação social, dos grandes
problemas políticos que constituem a opinião pública
através dos meios de comunicação social” (Saperas, 1993:
88).
“processo de selecção e de valorização de determinados
temas de interesse introduzidos de forma contingente [isto
é, incerta] na opinião pública, entendida como estrutura
temática contingente, que reduz a complexidade social
dos diversos subsistemas ou sistemas parciais em que
opera” (Saperas, 1993: 94).
Teoria da Tematização



A investigação, em torno da tematização, encontra-se
orientada para a compreensão e avaliação dos efeitos
sócio-cognitivos da comunicação social nas sociedades
pós-industriais, partindo da ideia de que se precisa de
encontrar um novo conceito de opinião pública que se
ajuste à complexa sociedade atual (Saperas, 1993).
Assim, para Agostini (1984), a tematização corresponde:
“Um processo que se realiza na relação estabelecida entre o
sistema político e a opinião pública, através da mediação dos
mass media. Desta maneira (e esta é uma diferença
fundamental em relação à teoria do agenda-setting) os meios
de comunicação têm sido considerados não como os
protagonistas, mas só, precisamente, como os mediadores desta
relação.”
Teoria da Tematização


“A opinião pública já não se define pela
livre discussão de opiniões sobre temas,
mas sim através de uma actividade
selectiva exercida pelos meios de
comunicação
que
atribuem
certa
relevância a determinados temas na
comunicação pública.”
E. Saperas (1993). Os Efeitos Cognitivos da Comunicação de Massas.
Porto: Asa
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