TRAÇANDO O CAMINHO DAS ROCHAS A IMPORTÂNCIA DAS ROCHAS INDUSTRIAIS GEOL. ERNESTO F. ALVES DA SILVA I Semana de Engenharia de Minas e Petróleo EPUFBa Salvador 12 a 15/05/2008 ROTEIRO - Considerações introdutórias - Rochas: constituintes da crosta terrestre - Rochas Industriais: conceitos e abrangências ● Rochas ornamentais ● Calcários e dolomitos - Considerações Finais CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS - Agradecimentos - Escopo da apresentação ROCHAS CONSTITUINTES DA CROSTA TERRESTRE O QUE SÃO ROCHAS? - Por definição, as rochas são produtos consolidados, resultantes da união natural de minerais. Diferente dos elementos, por exemplo areia de praia (um conjunto de minerais soltos), as rochas têm os seus cristais ou grãos constituintes muito bem unidos. ROCHAS CONSTITUINTES DA CROSTA TERRESTRE CLASSIFICAÇÃO GENÉTICA DAS ROCHAS - Classificar as rochas significa usar critérios que permitam agrupá-las segundo características semelhantes. Uma das principais classificações é a genética, em que as rochas são agrupadas de acordo com o seu modo de formação na natureza. Sob este aspecto, as rochas se dividem em três grandes grupos: ROCHAS CONSTITUINTES DA CROSTA TERRESTRE ÍGNEAS OU MAGMÁTICAS - Estas rochas resultam do resfriamento de material rochoso fundido, chamado magma. Quando o resfriamento ocorrer no interior do globo terrestre, a rocha resultante será do tipo ígnea intrusiva. Se o magma conseguir chegar à superfície, a rocha resultante será do tipo ígnea extrusiva, também chamada de vulcânica. - O granito é a rocha ígnea intrusiva mais abundante na crosta terrestre. ROCHAS CONSTITUINTES DA CROSTA TERRESTRE SEDIMENTARES - Parte das rochas sedimentares é formada a partir da compactação e/ou cimentação de fragmentos produzidos pela ação dos agentes de intemperismo e pedogênese sobre uma rocha preexistente (protólito), e após serem transportados pela ação dos ventos, das águas que escoam pela superfície, ou pelo gelo, do ponto de origem até o ponto de deposição. ROCHAS CONSTITUINTES DA CROSTA TERRESTRE METAMÓRFICAS - As rochas metamórficas resultam da transformação de uma rocha preexistente (protólito) no estado sólido. O processo geológico de transformação se dá por aumento de pressão e/ou temperatura sobre a rocha preexistente, sem que o ponto de fusão dos minerais seja atingido. ROCHAS CONSTITUINTES DA CROSTA TERRESTRE O CICLO DAS ROCHAS ROCHAS INDUSTRIAIS: CONCEITOS E ABRANGÊNCIA - Minério: é um mineral que pode economicamente. (Maranhão, R. J. L., 1982) ser utilizado - Mineral-minério: são minerais que são recuperados e aproveitados economicamente. Ganga são minerais sem valor econômico. (Maranhão, R. J. L., 1982) -Minerais industriais: são aqueles dos quais podem ser extraídos metais e ligas metálicas. (Sinha, R. K., 1882) - Minerais e rochas industriais: são todos aqueles utilizados pela indústria, excluindo os minerais metálicos e os combustíveis fósseis. (Donadello, M. D., 1994) ROCHAS INDUSTRIAIS: CONCEITOS E ABRANGÊNCIA Rochas industriais: são aquelas substâncias minerais utilizadas em processos industriais diretamente, ou mediante uma preparação adequada, em função das propriedades físicas e químicas, e não em função das substâncias potencialmente extratíveis das mesmas nem de sua energia. (Riguera, 1996) OBS: Regueiro (1996), comenta que os conceitos de minerais e rochas industriais ainda não estão claramente definidos, e cita os exemplos do calcário dolomítico e da magnesita utilizados tanto no estado natural como calcinado e somente uma parte da produção seria considerada como minério, já que se destina a produção de magnésio. ROCHAS ORNAMENTAIS HISTÓRICO E CONCEITO Desde os primórdios da história da humanidade nossos antepassados utilizavam a pedra natural em praças e jardins, e embora a ciência não possa estabelecer cronologicamente com precisão, sabemos que desde a mais remota préhistória o homem já utilizava a pedra para a construção de templos religiosos. ROCHAS ORNAMENTAIS HISTÓRICO E CONCEITO Portanto, embora a utilização da Pedra Natural pelo homem em todo o mundo tenha uma larga história, todavia é recente seu enquadramento como uma atividade industrial. A Pedra Natural, como um produto industrial, são aquelas rochas que diretamente ou com um simples processo de elaboração estão aptas para serem utilizadas como materiais nobres de construção, elementos de ornamentação, arte funerária, escultura, objetos artísticos e variados, observando-se, integralmente, sua composição, textura e característica físico-químicas. ROCHAS ORNAMENTAIS PRINCIPAIS TIPOS DE ROCHAS ORNAMENTAIS - As Pedras Naturais, de maior interesse comercial e econômico, são aquelas que por suas características de beleza, propriedades físico-mecânicas e aptidão para o polimento no caso das ardósias se considera a fissilidade para o quebramento, constituem a matéria prima que proporciona o desenvolvimento da chamada Indústria da Pedra Natural. ROCHAS ORNAMENTAIS CLASSIFICAÇÃO As rochas ornamentais compreendem os mármores, granitos e outras rochas de revestimento, classificadas, segundo conceituações comerciais, como: Mármores: rochas calcárias ou dolomíticas, sedimentares ou metamórficas, que possam receber desdobramento, polimento, apicotamento ou flameamento Mármore Pérola Bahia ROCHAS ORNAMENTAIS CLASSIFICAÇÃO Granitos: qualquer rocha não calcária ou dolomítica, que apresenta boas condições de desdobramento, de polimento, apicotamento ou flameamento. Rochas de Revestimento: compreendem outros materiais de revestimento na construção civil, não sujeitos a processo industrial de desdobramento de blocos, tais como: ardósias, arenitos, basaltos, gnaisses, quartzitos, serpentinitos, além de outras passíveis de serem extraídas já em forma laminada ou que sejam utilizadas em revestimento independente da mencionada forma (ConDet, 1999). Granito Verde Fontein Quartzito Azul Macaúbas ROCHAS ORNAMENTAIS DIRETRIZES DE CARACTERIZAÇÃO DAS ROCHAS ORNAMENTAIS A utilização de rochas ornamentais, conforme o seu uso projetado, torna indispensável o conhecimento das suas características petrológicas, químicas e mecânicas além dos aspectos cromáticos e texturais, pois estas propriedades são, em última análise, as diretrizes básicas que norteiam e determinam seu emprego. ROCHAS ORNAMENTAIS ESPECIFICIDADES DAS ROCHAS ORNAMENTAIS - A composição química, a composição mineralógica e o arranjo dos cristais (textura), são características que definem as propriedades fundamentais de natureza física, mecânica e térmica das rochas ornamentais. O conjunto dessas propriedades determina uma série de especificações básicas que devem ser conhecidas na escolha dos materiais para diferentes finalidades. ROCHAS ORNAMENTAIS FEIÇÕES ESTRUTURAIS E TEXTURAIS (1) - É difícil traçar uma distinção nítida entre os termos estrutura e textura. Em geral, contudo, o termo estrutura refere-se aos aspectos de grande escala reconhecíveis no campo, tais como a disposição em camadas ou bandas, a foliação, a lineação, as fraturas e a vesiculação. - Por outro lado, a palavra textura refere-se ao grau de cristalização, a cristalinidade ao tamanho e forma dos grãos minerais (granulação), e às relações mútuas entre eles. ROCHAS ORNAMENTAIS FEIÇÕES ESTRUTURAIS E TEXTURAIS (2) Para as rochas ígneas a distinção entre a estrutura e a textura é mais nítida uma vez que os aspectos texturais estão direta e unicamente relacionados aos aspectos originais de cristalização dessas litologias. Em contrapartida, para as rochas metamórficas, tanto os aspectos da estrutura como da textura, estão vinculados aos processos metamórfico-deformacionais envolvidos na formação dessas rochas. ROCHAS ORNAMENTAIS TRAMA E PADRÃO ESTÉTICO Os aspectos da estrutura e da textura juntas compõem o que é denominada petrograficamente a TRAMA da rocha ou em outras palavras são, os elementos que definem o seu desenho geométrico e que juntamente com o padrão cromático que a rocha exibe, resultante das cores dos seus diferentes minerais constituintes, são os atributos que irão definir o PADRÃO ESTÉTICO de uma rocha ornamental. ROCHAS ORNAMENTAIS TIPOS E CARACTERÍSTICAS DE JAZIDAS DE ROCHAS ORNAMENTAIS (1) Existem basicamente dois tipos de jazidas de Rochas Ornamentais: subterrâneas e a céu aberto. As primeiras, ocorrem em maior freqüência e podem também ser subdivididas em dois grandes grupos: as de maciço e as de matacão. ROCHAS ORNAMENTAIS TIPOS E CARACTERÍSTICAS DE JAZIDAS DE ROCHAS ORNAMENTAIS (2) As primeiras apresentam maior incidência e estão instaladas como o próprio nome indica diretamente no contexto dos maciços rochosos, o qual é definido como o conjunto formado pela matriz rochosa e por todas as descontinuidades nela contidas. ROCHAS ORNAMENTAIS Figura 1 – Maciço ROCHAS ORNAMENTAIS JAZIDAS/PEDREIRAS A CÉU ABERTO - As jazidas e suas conseqüentes pedreiras a céu aberto, instaladas em maciços rochosos são agrupadas em: • pedreiras em cava sobre terrenos planos; • pedreiras em encostas de terrenos inclinados e • pedreiras de nivelamento ROCHAS ORNAMENTAIS Figura 02 – Jazida/Pedreira em Cava sobre terrenos planos. ROCHAS ORNAMENTAIS Figura 03 – Jazidas/Pedreira em encosta de terreno inclinados. ROCHAS ORNAMENTAIS Figura 04 – Jazida/Pedreira de nivelamento. ROCHAS ORNAMENTAIS JAZIDAS/PEDREIRAS EM MATAÇÕES - As jazidas em matacões, correspondem ao aproveitamento de grandes blocos naturais de rocha, dispostos sobre os maciços rochosos. São jazidas de mais fácil aproveitamento pois a porção da rocha a ser explotada já se encontra desmembrada do maciço. Entretanto, as dimensões dos blocos a serem obtidas ficam subordinadas ao tamanho dos matacões. ROCHAS ORNAMENTAIS Figura 05 – Matacões ROCHAS ORNAMENTAIS JAZIDAS/PEDREIRAS SUBTERRANEAS - As Pedreiras subterrâneas, estão se desenvolvendo cada vez mais, sobretudo na Europa, devido a três razões: • Econômicas • Meio Ambiente • Climatologia ROCHAS ORNAMENTAIS Figura 06 – Cratera de mármore subterrânea CALCÁRIOS E DOLOMITOS - Definição: os termos calcário e dolomito são usados para designarem uma variedade de rochas carbonáticas que ocorrem na crosta terrestre com porcentagem de carbonato de cálcio ou carbonato duplo de cálcio e magnésio superiores a 50%. CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS CALCÁRIAS MOMENCLATURA Calcário Calcário Magnesiano Calcário Dolomítico Calcário Calcítico Dolomito Teor (%) Calcita >= 95 90 – 95 10 -50 50 – 90 <= 10 Dolomita >= 5 10 – 5 90 – 50 40 – 10 >= 90 CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA DAS ROCHAS CALCÁRIAS MgO 0 – 1.1 % 1.1 – 2.1 % 2.1 – 10.8 % 10.8 – 19.5 % 19.5 – 21.6 % ROCHA Calcário Calcário Magnesiano Calcário Dolomítico Dolomito Calcíto Dolomito CALCÁRIOS E DOLOMITOS PRINCIPAIS APLICAÇÕES - Indústria cimenteira. - Indústria da cal. - Calcário moído ou micronizado para a indústria. - Pó calcário/dolomito para corretivo de solo. - Brita. CALCÁRIOS E DOLOMITOS INDÚSTRIA CIMENTEIRA - Cimento: todo material com propriedades adesivas e coesivas capaz de ligar fragmentos de minerais entre si de modo a formar um todo compacto. - O cimento Portland (cru) comum: é constituído por minerais anidros de CaO+SiO2+Al2O3+Fe2O3 em proporções variadas (a depender das composições e proporções da mistura inicial calcário + argila). CALCÁRIOS E DOLOMITOS HISTÓRICO - Egípcios usavam gesso impuro calcinado. - Gregos usavam calcário calcinado e desenvolveram uma mistura cal, água, areia e pedra britada, tijolos ou telhas em metalhas (primeiro congreto da história). - Romanos trituravam calcário com cinzas vulcânicas ou telhas de argila queimadas finamente moídas (cimento pozolânico – Pozzuoli) CALCÁRIOS E DOLOMITOS MATÉRIAS PRIMAS PARA O CIMENTO (1) 1) Calcários (preferencialmente puros): fonte de CaO; • Podem ser silicosos ou aluminosos (argilosos), desde que em proporções regulares, é importante que o magnésio seja inferior 5% no cimento; CALCÁRIOS E DOLOMITOS MATÉRIAS PRIMAS PARA O CIMENTO (2) 2) Argilas (preferencialmente caulnitícas): fonte de Al2O3 SiO2; • As argilas não devem ter Fe (para cimento branco); as cloritas, em grande quantidade, são indesejáveis (contém Mg), a presença de illita e montmorinita (em proporções menores) não são prejudiciais (aumenta um pouco o teor de álcalis e Fe), há restrição para fluor, sulfatos e fosfato. CALCÁRIOS E DOLOMITOS MATÉRIAS PRIMAS PARA O CIMENTO (3) 3) Gipsita (CaSO4); 4) Outros matérias: escórias, resíduos aluminosos, resíduos cálcio-silicatados, bauxita (fonte de Al2O3), areias (fontes de SiO2) . CALCÁRIOS E DOLOMITOS FORMULAÇÃO DAS MATÉRIAS PRIMAS PARA O CIMENTO COMUM - As matérias primas (devidamente analisadas) são misturadas de maneira a obedecer determinados parâmetros que ditam a composição química final do cimento e a proporção dos minerais que lhe dão resistência. CALCÁRIOS E DOLOMITOS FARINHA • Mistura moída das matérias-primas. • Via úmida ou via seca. • Módulo de Saturação = CaO x 100/2,8 (SiO2 + Al2O3 + 0,65 Fe2O3) • Módulo de sílica = SiO2/Al2O3 + Fe2O3 • Módulo de alumina = Al2O3/Fe2O3 CALCÁRIOS E DOLOMITOS ETAPAS DO PROCESO DE FABRICAÇÃO DO CIMENTO (1) • PEDREIRA: após extração, trituração e hogeneização (pré-homo). • MOAGEM DE CRU: matérias-primas, com a adição de argilas e corretivos, secas e moídas até obtenção de um pó muito fino (farinha), que é depois armazenado e homogeneizado. • QUEIMA: tratamento térmico, farinha, ciclones, descarbonatação, forno, temperatura de queima e clínquer, resfriamento. CALCÁRIOS E DOLOMITOS ETAPAS DO PROCESO DE FABRICAÇÃO DO CIMENTO (2) • MOAGEM DE CIMENTO: moagem, gipsita, eventuais aditivos, dos diversos tipos de cimento. • ENSILAGEM E EXPEDIÇÃO: cimento é ensilado, granel ou ensacado, paletes ou pacotões, expedição, por caminhão, trem ou navio. CLINQUER • COMBINAÇÃO DA SILICA + ÓXIDO DE FERRO + ALUMINA+ CALCÁRIO = REAGEM FORMANDO O CLINQUER • COMPOSTOS PRINCIPAIS DO CLINQUER (forma abreviada de representar) - SILICATO TRICÁLCICO 3CaOSiO2 (C3S) - SILICATO DICÁLCICO 2CaOSiO2 (C2S) - ALUMINATO TRICÁLCICO 3CaOAl2O3 (C3A) - FERRO ALUMINATO TETRACÁLCICO 4CaOAl2O3 Fe2O3 (C4AF) CALCÁRIOS E DOLOMITOS OUTROS TIPOS DE CIMENTO • O cimento de alta alumina, fabricado com bauxita e calcário (é deficiente em sílica), sem gipsita, tão forte quanto o cimento comum; • O cimento rápido é fabricado como o cimento comum, mas é muído mais fino, endurecendo mais rapidamente; • O cimento branco é como o cimento comum, sem ferro (usa argila branca, caulínica); • O cimento pozolânico, usa cal e sílica + alumina reativa (proveniente de rochas vilcânicas, argilas calcinadas, etc), imitando o processo original de fabricação do cimento pelos romanos. TRAÇANDO O CAMINHO DAS ROCHAS A IMPORTÂNCIA DAS ROCHAS INDUSTRIAIS CONSIDERAÇÕES FINAIS • A importância geológica e econômica dessas rochas para o Estado da Bahia.