ANTIGUIDADE ORIENTAL E OCIDENTAL PROF- GIOVANNA RIBAS Vivemos em uma sociedade científica e tecnológica, onde as coisas simples parecem ter perdido o sentido. Estudar a história antiga é reviver um pouco esse hábito de valorizar as pequenas coisas. Não podemos esquecer que as “maravilhas” de hoje não seriam possíveis se o homem não tivesse atravessado um longo caminho de descobertas e invenções: a escrita, a roda, a religião, o tempo, a história e outras coisas que hoje são tão familiares e simples foram as causas do desenvolvimento atual. Estudar a história antiga é, sem dúvidas, entender alguns dos conflitos recentes, é perceber que o homem ainda é essencialmente o mesmo de sempre e que se não precisamos reinventar o mundo a cada geração, precisamos aprender que é o homem quem faz a história e não a história que faz o homem. Se hoje temos um mundo virtual, cibernético é porque há pelo menos 5000 anos atrás o homem arou a terra e domesticou um animal. As mais antigas civilizações humanas tiveram origem no oriente. Surgem com o sedentarismo humano, com a organização social dos grupos cada vez maiores e mais complexos e também da necessidade de administrar os excedentes da produção agrícola. Civilizações – são reuniões de famílias, ou tribos, em torno de terrenos férteis, banhados por rios, e adequados para a agropecuária. São grupos que partilham uma mesma língua e uma mesma visão de mundo. Para uma civilização, implica o aparecimento de melhores condições de vida como: moradias, melhores alimentos, melhores agasalhos, etc. Um melhor desenvolvimento no domínio das ciências, das artes, da religião, da educação, da política, dos costumes, das leis, etc. Todas as civilizações contribuíram em maior ou menor grau para a construção do mundo contemporâneo. Os rios, pela sua importância econômica, são o centro dessas civilizações antigas, a ponto dessas civilizações serem associadas aos respectivos rios: Egito – Rio Nilo; Mesopotâmia – Rios Tigre e Eufrates; Hebreus – Rio Jordão, entre outros. Nesse ponto da história humana surge o início da civilização contemporânea, nos inventos simples como a roda, ou sofisticados como a escrita.Assim o homem sai da primitividade. Os homens possuem características comuns, como a escrita, a arquitetura monumental, a agricultura extensiva, a domesticação de animais, a metalurgia, a escultura, a pintura em cerâmica, a divisão da sociedade em classes e a religião organizada. De modo geral, a forma de governo da maioria das sociedades é a Monarquia teocrática e hereditária A religião é politeísta e o deus Sol, um dos mais importantes. As exceções são os hebreus, único povo monoteísta da Antiguidade, e os persas, que acreditam na existência de duas forças divinas - o bem e o mal. A arte também recebe uma forte influência religiosa e tem como temas mais constantes as divindades, os reis, as batalhas e os aspectos da vida cotidiana. A arquitetura é monumental, com edifícios religiosos e governamentais de grande porte. Essas civilizações deixam importantes contribuições, como o alfabeto, a Bíblia, as pirâmides, as técnicas de irrigação, os conhecimentos de astronomia, de astrologia, os sistemas de pesos e medidas e os calendários lunares e solares. EGÍPCIOS A civilização egípcia antiga desenvolveu-se no nordeste africano às margens do rio Nilo entre 3200 a.c. a 32 a.c. Como a região era formada pelo deserto do Saara, o rio Nilo ganhou uma extrema importância para os egípcios. O rio era utilizado como via de transporte de mercadorias e pessoas. As águas do rio Nilo também eram utilizadas para beber, pescar e fertilizar as margens nas épocas de cheias, favorecendo a agricultura. A sociedade egípcia estava dividida em várias camadas, sendo o FARAÓ a autoridade máxima, chegando a ser considerado um Deus na Terra. Sacerdotes, militares e escribas também ganharam importância na sociedade. A sociedade era sustentada pelo trabalho e impostos pagos pelos camponeses, artesãos e pequenos comerciantes. Os escravos também compunham a sociedade egípcia e eram pessoas capturadas de guerra A agricultura e o comércio de produtos naturais são a base da economia. Desenvolvem técnicas de irrigação e construção de barcos. A agricultura local produzia trigo, cevada, algodão,, papiro e linho. Criavam animais como cabras, carneiros e gansos. Evidentemente que o rio Nilo possibilitava também uma atividade pesqueira. Com a unificação, a propriedade da terra passa dos clãs ao faraó, aos nobres e aos sacerdotes. Os membros dos clãs são transformados em servos, que trabalham nas minas, na construção de palácios, templos e monumentais pirâmides de pedra (túmulos dos faraós). Empregam a técnica de mumificação de corpos, fazem o primeiro calendário lunar e destacam-se na astronomia, na engenharia e nas artes. A religião egípcia era POLITEíSTA. Muitos de seus deuses tinham o corpo formado por parte de ser humano e parte de um animal sagrado–ANTROPO-ZOOMÓRFICA Estes Deuses interferiam na vida das pessoas. As oferendas e festas em homenagem aos deuses tinham como objetivo agradar aos seres superiores, deixando-os felizes para que ajudassem nas guerras, colheitas e momentos da vida. Cada cidade possuía seu Deus protetor e templos religiosos em sua homenagem. Como acreditavam na vida após a morte, mumificavam os cadáveres dos faraós colocando-os em pirâmides, com o objetivo de preservar o corpo. A vida após a morte seria definida pelo Deus OSIRIS em seu tribunal de julgamento. O coração era pesado pelo deus da morte. Se o coração estava pesado iria para a escuridão e se o coração estava leve iria para a vida boa de luz. Muitos animais eram considerados sagrados de acordo com as características que apresentavam: Chacal (esperteza noturna)- Gato (agilidade) – Carneiro (reprodução) – Jacaré (agilidade nos rios e pântanos) – Serpente (poder de ataque) – Águia (capacidade de voar) – Escaravelho (ligado à ressurreição) Lançam os fundamentos da geometria e do cálculo e criam a escrita hieroglífica (com ideogramas). POVOS MESOPOTÂMICOS A palavra mesopotâmia tem origem grega e significa “terra entre rios”. Essa região localiza-se entre os rios Tigre e Eufrates no Oriente Médio, onde atualmente é o Iraque. Esta civilização é considerada uma das mais antigas da história. Vários povos habitaram esta região: Babilônios, Assírios, Sumérios, Caldeus, Amoritas e Acádios. Estes povos buscavam regiões férteis para se desenvolverem. Eram povos politeístas e acreditavam em diversos deuses ligados à natureza. O governo era centralizado onde apenas o imperador ou rei comandava tudo. A economia destes povos era baseada na agricultura e no comércio nômade de caravanas. Sumérios Desenvolvem a agricultura com técnicas de irrigação e drenagem de solo, construção de canais, diques e reservatórios, utilizando instrumentos de tração animal. Constroem templos de elaborada arquitetura, que servem como centro político, religioso e econômico. São politeístas e veneram divindades da natureza e deuses ligados aos sentimentos. O rei é o chefe supremo. Criam a escrita cuneiforme (gravação de figuras com estilete sobre tábua de argila) e fazem cerâmica e escultura de pedra e metal. Na matemática, desenvolvem o método de dividir o círculo em seis partes iguais. Construíram várias cidades importantes como, por exemplo: Ur, Nipur, Lagash e Eridu. Excelentes arquitetos e construtores, desenvolveram os ZIGURATES, construções em formato de pirâmides que serviam aos ritos religiosos e como locais de armazenamento de produtos agrícolas e também como templos religiosos. BABILÔNICOS Os babilônicos possuíam um Estado centralizado. Seguiam o CÓDIGO HAMURABI, o mais antigo código penal da história que baseava-se nas LEIS DE TALIÃO (olho por olho e dente por dente). O progresso econômico levou ao embelezamento das cidades, com a construção de palácios, templos, da Torre de Babel e dos Jardins Suspensos da Babilônia - considerados uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. Instituíram impostos em benefício de construções públicas. Criaram a astrologia e a astronomia e aperfeiçoaram a matemática com a invenção do círculo de 360 graus e a hora de 60 minutos. Eram politeístas e divinizavam o rei. Criaram um calendário para conhecer as cheias do rio Eufrates para a agricultura. Código de Hamurábi Torre de Babel ASSÍRIOS Formam o primeiro Exército organizado e o mais poderoso até então. Desenvolvem armas de ferro e carros de combate puxados a cavalo. Impõem práticas cruéis aos vencidos, como a mutilação. Os guerreiros e sacerdotes desfrutam grandes privilégios: não pagam tributos e são grandes proprietários de terra. A população, formada por camponeses e artesãos, é sujeita ao serviço forçado na construção de imensos palácios e estradas e ainda paga altos tributos. Os assírios implantam a horticultura e aperfeiçoam o arado. São politeístas e possuem um deus supremo, Assur. FENÍCIOS Instalaram-se no Mediterrâneo por volta de 3000 a.c. onde hoje é o Líbano e parte da Síria. Eram organizados em CidadesEstado independentes. A principal atividade econômica é o comércio marítimo. Realizam um grande intercâmbio com as cidades gregas e egípcias e as tribos litorâneas da África e da Península Ibérica, no Mediterrâneo. Possuem uma poderosa classe de comerciantes ricos e utilizam o trabalho escravo. A base da organização política são os clãs familiares, detentores da riqueza e do poder militar. Cada cidade-estado é governada por um rei, indicado pelas famílias mais poderosas. Três cidades-estado se sobressaíram: Biblos , Sidon e Tiro. Criam técnicas de navegação e de fabricação de barco, vidro, tecido e artesanato metalúrgico. Criam um alfabeto de 22 letras, posteriormente adotado com modificações pelos gregos e romano e a partir do qual é criado o alfabeto latino. Sua religião é politeísta, com cultos e sacrifícios humanos. Alfabeto Fenício O intenso comércio marítimo HEBREUS Sua origem é na Mesopotâmia e emigraram para a região da Palestina, onde se localiza o atual estado de Israel. Uma das principais fontes para conhecer o povo Hebreu é o Antigo Testamento. Os 5 primeiros livros constituem o TORÁ texto sagrado no qual os hebreus (futuramente chamados de judeus) regem suas vidas. Em 2000 a.c., os Hebreus habitavam a região de Ur (atual Iraque). Segundo a tradição, por volta de 1800 a.c. , Abraão teria ouvido uma mensagem divina pedindo que ele conduzisse seu povo à Terra Prometida (Canaã na Palestina). Por volta de 1700 a.c. muitos Hebreus migraram para o Egito devido a uma grande fome e lá foram escravizados por muitos faraós. Moisés os conduziu à liberdade, fazendo a travessia do Mar Vermelho e andando pela Península do Sinai, onde recebeu as Tábuas da Lei com as inscrições dos DEZ MANDAMENTOS Entre os Dez Mandamentos encontra-se a proibição de matar e a proibição de adorar outro Deus que não fosse Javé. Os Hebreus foram um dos primeiros povos de caráter monoteísta (adoração a um só Deus), influenciando a cultura ocidental. Praticam a agricultura, o pastoreio, o artesanato e o comércio. Têm por base social o trabalho de escravos e servos. As tribos são dirigidas de forma absoluta pelos chefes de família (patriarcas), que acumulam as funções de sacerdote, juiz e chefe militar. Com a unificação destas, a partir de 1010 a.C., elegem juízes para vigiar o cumprimento do culto e da lei. Produzem uma literatura dispersa, mas importante, contida em parte na Bíblia. Criam a primeira religião monoteísta da história, o Judaísmo, baseada nos Dez Mandamentos revelados a Moisés no Monte Sinai. Moisés: os 10 mandamentos cristãos. PERSAS Praticam a agricultura, a pecuária, o artesanato, a metalurgia e a mineração de metais e pedras preciosas. Realizam intensos intercâmbios comerciais, constroem estradas de pedra e canais para facilitar o transporte, as trocas e o correio a cavalo. Implantam uma economia monetária e um sistema de pesos e medidas, e instituem impostos fixos. No topo da estrutura social está a nobreza territorial, militar e burocrática e, na base, servos e escravos. Em 539 a.C., com Ciro II, passam a viver sob Monarquia absoluta. Os persas tinham técnicas militares muito eficientes. Organizaram-se em Satrápias, espécie de províncias, que respondiam diretamente ao rei, mas tinham grande liberdade de ação. Os povos dominados de aceitassem a dominação, tinham as tradições locais respeitadas. Essa forma de administração foi muito eficiente para conseguir sustentar um império tão vasto. Os persas construíram a Estrada Real com mais de 2000 Km, facilitando a comunicação entre as satrápias e o deslocamento de tropas e caravanas. O persas rejeitavam sacrifícios de sangue e o politeísmo, já que para eles aqueles que seguissem o bem haveriam de ter recompensa futura. O gigantesco Império Persa não conseguiu dominar os gregos e foram sucumbidos diante do império macedônico, liderado por Alexandre , o Grande, em 330 a.c.. Apesar de terem sido dominados, a forma de dominação persa e as bases de sua administração foram incorporadas pelo império macedônico. Guerreiros persas