Infecção e colonização por Klebsiella pneumoniae resistente aos carbapenêmicos Renato S Grinbaum Antonino Adriano Neto Hospital do Servidor Público Estadual Introdução • Apresentar um surto de bactéria multirresistente • Apresentar a investigação de rotina – Raciocínio – Questionamento básico das medidas mais freqüentes • Ênfase: Investigação rotineira é a base mais importante Início • Janeiro: recebe 3 hemoculturas com Klebsiella pneumoniae resistente aos carbapenêmicos. • Não há relato prévio no hospital. • Configura surto. MLH • • • • • • • • • 44a, F, Hipertiroidismo + pneumonia UTI 06/12 Entubada, CVC, Sonda Ceftriaxona, PipTazo, Claritromicina, Vancomicina, Imipenem, Fluconazol 15/12: K.pneumoniae no sangue, S 22/12: K.pneumoniae na urina, S 25/12: K.pneumoniae no cateter, S (?) 25/12: K.pneumoniae no sangue, CBP-R 1/1: Óbito, em uso de Vanco + imipenem + fluconazol APT • • • • • • • • 66a, F, AVC, permanência por 15 dias no HSM ITU + septicemia Direto para a UTI Entubada, CVC, Sonda Cefepime prévio 29/12: K.pneumoniae no sangue, CBP-R Iniciou Vanco + imipenem (7/1) 15/1: Polimixina CN • • • • • • • 67a, M, IAPC, múltiplas internações, correção de aneurisma UTI somente na internação prévia, poucos dias Cefuroxima, Clindamicina, Ciprofloxacina Infecção do cateter e ITU 1/1: K.pneumoniae no sangue, CBP-R Em uso de cipro Alta para o ambulatório de urologia dia 7/1 Questão 1 • Deve ser instituído isolamento de contato para pacientes identificados? Isolamento • Isolamento, interdição limpeza terminal são freqüentemente empregados nesta fase. • Devem ser pesados – Riscos da infecção (transmissibilidade do agente, procedimentos e pacientes envolvidos). – Riscos das medidas mais drásticas (indisponibilidade de leitos essenciais). Medidas de controle ERV 30 Quarto privativo Quarto privativo Luvas Luvas Avental 25 Quarto privativo Luvas Avental 20 Prevalências - cultura 15 VAN B epidêmico VAN A epidêmico VAN B esporádico VAN A esporádico 10 5 0 1 3 5 1991 7 9 11 1 3 5 7 1992 9 11 1 3 5 7 9 11 1 1993 3 5 Boyce, J. et al. - Controlling VRE. - ICHE 1995; 16(11): 634-637. Controle do ERV Quarto privativo Luvas 3 Doxiciclina Rifampicina 2 1 0 1 2 3 Jan 92 4 1 2 4 Fev 92 3 4 1 2 3 Mar 92 4 1 2 Abr 92 3 4 Dembry, LM et al. Control of endemic glycopeptide-resistant Enterococci. ICHE 1996; 17(5): 286. Descrição 1 2 3 4 5 1- 6- 11- 16- 21- 26- 31- 5- 10- 15- 20- 25- 30- 5- 10- 15- 20- 25- 30- 4- 9- 14out out out out out out out nov nov nov nov nov nov dez dez dez dez dez dez jan jan jan Descrição 1 2 Permanência prévia curta 3 4 5 1- 6- 11- 16- 21- 26- 31- 5- 10- 15- 20- 25- 30- 5- 10- 15- 20- 25- 30- 4- 9- 14out out out out out out out nov nov nov nov nov nov dez dez dez dez dez dez jan jan jan Descrição 1 2 UTI do 7. andar UTI do 6. andar 3 4 5 1- 6- 11- 16- 21- 26- 31- 5- 10- 15- 20- 25- 30- 5- 10- 15- 20- 25- 30- 4- 9- 14out out out out out out out nov nov nov nov nov nov dez dez dez dez dez dez jan jan jan Dúvidas 1. Porque um paciente com período tão curto de permanência, numa outra unidade, tem o mesmo agente? 1. Foco primário? Não. 2. Fonte comum? Improvável. 3. Profissionais em comum? Provável. 2. Porque tão precocemente foram identificados casos em duas unidades? Isolamento e precauções • É uma medida útil • Não deve ser hipertrofiada • Deve haver um raciocínio epidemiológico Conduta inicial • • • • Isolamento de contato Área não foi interditada Limpeza terminal não foi realizada Bactérias enviadas para UNIFESP Questão 2 • Devem ser feitas culturas de vigilância sempre? • Devem ser feitas culturas de vigilância em todos os pacientes? Colonização 188 pacientes Uma semana: 78 pacientes 30 dias: >80% Cultura de vigilância semanal - swab retal Pena - J Hosp Infect 1997; 35(1): 9 63 excluídos 416 pacientes em UTI 333 avaliáveis Resistência à ceftazidima em isolados clínicos: E. Cloacae: 38% P. Aeruginosa: 8% K. pneumoniae:4% 60(8%) Colonizados por Gresistentes à ceftazidima 3(5%) Desenvolveram infecção por G- resistentes à ceftazidima D´Agata – Crit Care Med 1999; 27(6): 1090 Cultura de vigilância - ERV • • • • • Surto por ERV Coleta de coprocultura semanal 1458 amostras de 724 pacientes de risco 187 ERV de 61 pacientes 8% colonizados após 6 meses Tipo isolamento n Óbitos Fezes+clínico 30 7 Fezes 29 0 Clínico 2 1 Total 61 8 Wells, CL et al. - Clin Infect Dis 1995; 21 (1): 45. Culturas de vigilância • Rotineiramente, não têm maior relevância • Surtos: culturas para investigação • Não devem ser feitas às cegas Culturas de vigilância • Hipóteses – Intensa colonização precedeu casos clínicos • Explicaria o caso 2 • Se colonização intensa, podem ser cogitados bloqueio da área, ou isolamento dos não portadores e admitidos (!!!) – Colonização de menor intensidade • Introdução recente • Isolamento dos casos clínicos, e ocasionais colonizados Questão 3 • Há sempre foco único? • Devo coletar culturas ambientais? Descrição 1 2 3 4 5 1- 6- 11- 16- 21- 26- 31- 5- 10- 15- 20- 25- 30- 5- 10- 15- 20- 25- 30- 4- 9- 14out out out out out out out nov nov nov nov nov nov dez dez dez dez dez dez jan jan jan Questão 4 • Como procurar fontes? Fontes • Consulta em literatura Medidas iniciais Infecção da corrente sangüínea • Avalie se existem profissionais em comum – Quem manipula o acesso • Avalie se existe um procedimento predominante – Um tipo de acesso • Procure se há soluções em comum – NPP – Heparina – Hemoderivados • Inspecione as soluções mais utilizadas • Reveja a técnica de cuidados com os acessos • Reveja o tipo de acesso Fontes comuns de surtos Bacilos aeróbios gram-negativo Bactéria Fonte P. aeruginosa e B.cepacea Contaminação intrínseca do PVP-I Problemas de esterilização (bombas, escópios) Enterobacter spp NPP, heparina, hemoderivados, fluidos em geral Serratia marscecens Balão intra-aórtico, transdutores Acinetobacter spp Fluidos, monitores de oxigênio, colchões, luvas, cortinas equipamentos de terapia respiratória Medeiros - EA - Investigação e Controle de Epidemias Hospitalares in: Infecções Hospitalares - Prevenção e Controle Reservatórios ambientais Local estudado Contaminação Reservatórios UTI 12% Pacientes s/diarréia 15% Pacientes c/diarréia Monitores, maçanetas Aventais, roupa de cama, cama 46% Como acima mais monitores, mesas, chão, esfigmo, esteto, oxímetro. porta do banheiro Quartos Após terminal 29% 8% Diversos 7-37% Weber & Rutala - ICHE 1997; 18(5): 306-309. Aventais, camas, roupas, maçanetas, fio de ECG, banheiro, etc Culturas ambientais • Quase sempre um desperdício • Devem ser priorizadas – Material suspeito ou em comum – Precedido de investigação – Particularmente útil quando surto se prolonga Klebsiella pneumoniae • • • • • Gel de ultrassom Bacia para banho de RNs Mãos Líquidos Portadores • Principal reservatório: pacientes Klebsiella pneumoniae • Fatores de risco – Permanência – Unidade com consumo elevado de CEF III – Sobrecarga de trabalho/superlotação Fontes • Persistência de casos novos, mesmo com medidas iniciais • Consulta em literatura • Questionário inicial – Suspeita de materiais em comum • Caso controle – Evidência de fonte Investigação • Questionário inicial – Ausência de fluidos ou materiais em comum – Profissionais em comum: diversos • Vários cuidaram dos pacientes • Não foi possível determinar uma ligação direta • Total de 8 casos clínicos – 6 hemoculturas – 2 uroculturas • 6 colonizados inicialmente Foco único • A partir de suspeita do questionário • Profissionais ou materiais apontados como predominantes – Mesmo profissional que inseriu um cateter, ou cuidou dos pacientes – Mesmo lote de medicamentos • Biologia molecular Questão 5 • A biologia molecular é obrigatória? Biologia molecular • Desejável – Ajuda a elucidar foco único – Foca casos – Particularmente útil quando surto se prolonga • Dificuldade – Operacionalização – Resultados muitas vezes tardio Investigação • Monoclonal • Produtoras de IMP-1 Investigação • Novembro e dezembro: fornecimento • Janeiro: Regularização • Culturas de vigilância feitas durante o mês de fevereiro: redução gradual até o desaparecimento • Ano de 2004 e 2005: sem novos casos clínicos Conclusão • Surto por cepa bacteriana nova • Foco único: aparentemente não existiu, mas investigação detalhada não foi demandada • Hipótese: provável surgimento novo de resistência, e transmissão da cepa através das mãos de diversos profissionais • Resolução espontânea, com normalização do fornecimento