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Deus ama as suas criaturas até ao extremo.
Identificado na cruz com todos os derrotados
e crucificados da história.
Deus arrasta-nos para Si mesmo,
a uma vida liberta do mal na qual já não haverá morte,
nem penas, nem pranto, nem dor.
Tudo isto terá passado para sempre.
Por toda a eternidade, Deus fará o mesmo que fazia o seu Filho
pelos caminhos da Galileia: enxugar as lágrimas dos nossos olhos
e encher o nosso coração de felicidade plena.
O que torna feliz a Deus é ver-nos felizes, desde agora e para sempre.
Esta é a Boa Notícia que nos foi revelada em Jesus Cristo:
Deus dá-Se-nos a Si mesmo como o que é:
AMOR
José Antonio Pagola.
“Jesús: uma abordagem histórica”.
João 12, 20-33. V domingo de Quaresma –B- // 29 março 2009
Naquele tempo, alguns gregos que tinham vindo a Jerusalém para
adorar nos dias de festa,
O texto dos gregos que procuram Jesus só aparece no quarto Evangelho.
Representam todos os seres humanos. Todos somos buscadores de: felicidade,
amor, sentido, esperança, respostas, plenitude, verdade, beleza... Todas as pessoas
buscam uma referência que sirva de orientação, que aclare o seu horizonte, que
motive o seu esforço, que marque a direcção da meta e que seja capaz de despertar
o entusiasmo, a confiança, a utopia...
Jesus é a resposta. Oferece o caminho e o modo de caminhar.
Para Ele se dirigem as inquietações dos buscadores.
Foram ter com Filipe, de Betsaida da Galileia, e fizeram-lhe este pedido:
–Senhor, nós queríamos ver Jesus.
No meio do nosso trabalho,
das nossas celebrações,
das nossas relações e compromissos
da nossa vida quotidiana,
podemos encontrar pessoas que nos façam
esse mesmo pedido:
é possível ver Jesus?
Por favor, podes-me mostrá-l’O?
Saberemos satisfazer esse desejo?
Os discípulos não construiram um discurso
sobre a necessidade de orientação moral.
Apresentaram-nos a Jesus.
Desejo ver Jesus? Onde O procuro? Em quem O vejo?
Que faço pessoalmente e como comunidade
para que outros vejam Jesus?
Filipe foi dizê-lo a André; e então André e Filipe foram dizê-lo a Jesus.
Jesus respondeu-lhes:
–Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado. Em
verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, lançado à terra, não
morrer, fica só: mas se morrer, dará muito fruto.
Chegou a hora. Hora difícil, mas também hora decisiva de triunfo e de glória.
Jesus aplica à vida dos discípulos o que diz de si mesmo. Oferece-Se como
referência.
Há “horas” também na nossa vida. Nelas se joga a nossa condição de discípulos.
Trata-se de viver, em todos os momentos e circunstâncias da vida, com a coerência
de Jesus.
A quê teremos de morrer para produzir fruto abundante?
Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem
despreza a sua vida neste mundo
conservá-la-á para a vida eterna. Se
alguém Me quiser servir, que Me siga, e
onde Eu estiver, ali estará também o meu
servo. E se alguém me servir, meu Pai o
honrará.
Típico «paradoxo» do Evangelho: perder a vida por amor é a forma de a ganhar
para os valores definitivos; morrer para si mesmo é a verdadeira maneira de viver,
dar a vida é a melhor forma de a receber…
Captar a «aparente contradição»: perder-ganhar, morrer-viver, entregar-reter,
dar-receber… é descobrir a Boa Notícia.
O que caracteriza os seguidores de Jesus é acompanhá-l’O no seu caminho, com a
certeza de que este caminho sempre conduz à Vida plena. Como o seu.
Agora a minha alma está perturbada. E que hei-de dizer? Pai,
salva-me desta hora? Mas por causa disto é que Eu cheguei a
esta hora. Pai, glorifica o teu nome.
Jesus assume todo o humano.
Se Ele chora, não é só para partilhar as lágrimas, mas para lhes tirar o seu amargo.
Se Ele grita, não é só para se solidarizar com os destroços humanos, mas para
transformar o grito em prece confiante. A sua morte é a nossa vida e convida-nos a
viver de um modo novo, sem egoísmo, entregando-nos aos outros, tratando de pôr
fim a todas as mortes gratuitas, a tudo o que não deixa viver com liberdade e
dignidade e dificulta a vida das pessoas.
Veio então do céu uma voz que dizia::
–Já o glorifiquei e tornarei a glorificá-l’O.
A multidão que estava presente e ouvira dizia ter sido um trovão.
Outros afirmavam:
–Foi um anjo que Lhe falou.
O Pai faz-nos sentir o seu amor, o seu Espírito. O Espírito consola, conforta, enche
de vida: és meu filho, estou contigo, os teus sofrimentos têm sentido. Converterte-ás na Páscoa que não passa, na luz que não se apaga, em iman de toda a ânsia, em
meta de todo o caminho, em Ressurreição.
O Pai continua a manifestar-Se, aqui e agora, para que sintamos a sua salvação e a
sua glória, para que escutemos a sua voz, estejamos atentos aos sinais dos tempos
e acolhamos e caminhemos com todas as pessoas que anseiam e buscam.
Disse Jesus:
–Não foi por minha causa que esta voz se fez ouvir; foi por vossa causa. Chegou a
hora em que este mundo vai ser julgado. Chegou a hora em que vai ser expulso o
príncipe deste mundo. E quando Eu for elevado da terra, atrairei todos a Mim.
Falava deste modo, para indicar de que morte ia morrer.
O Pai dirige-nos a su voz anunciando que o julgamento divino, revelado e manifestado em
Jesus, é acolhimento e graça, a nossa total libertação.
Começaram os tempos novos. O tempo do ódio já não tem o exclusivo.
Começou o tempo do amor. O egoísmo e tudo o que escraviza, é lançado fora. Triunfa o amor,
característica essencial de Deus, personificada em Jesus.
A morte é para Jesus, e para nós, a chave da verdadeira vida. A chegada a Casa. Essa é a sua
promessa e a nossa esperança.
Penso alguma vez na morte? Na minha morte? Com temor, com resignação, com esperança?
Prefiro não pensar?
É só um desejo, mas quando os desejos
são belos, levam-nos a Ti.
O Espírito é o que faz nascer
os desejos no coração.
A Ti, Jesus, agradam-Te os desejos
de quem Te quer ver.
Quando Te encontras com alguém
que Te procura, detens o teu caminho
e olhas-lo.
Quero ver-Te, Jesus.
Quero conhecer-Te.
Quero ter experiência da tua amizade.
Quero participar da tua Vida.
Diz-me a tua Palavra, Jesus.
Mostra-me o teu rosto.
AMÉN
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