o mundo romano - Bem Vindo À Letras Unip 2010

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O MUNDO ROMANO
COMO TUDO COMEÇOU........
PROF. FLÁVIO CARLOS
PAGLIUCA
A história de Roma Antiga é fascinante em função da
cultura desenvolvida e dos avanços conseguidos por
esta civilização.
De uma pequena cidade, tornou-se um dos maiores
impérios da antiguidade.
Dos romanos, herdamos uma série de características
culturais. O direito romano, até os dias de hoje está
presente na cultura ocidental, assim como o latim, que
deu origem à língua portuguesa, francesa, italiana e
espanhola.
A Itália é uma península européia que penetra
profundamente na parte central do Mar
Mediterrâneo. No século IV a.C. encontravam-se
os primitivos habitantes da Itália distribuídos
em: ao norte, os gauleses; ao centro, etruscos e
latinos; ao sul, os gregos (Magna Grécia).
Sobre a fundação de Roma, tem-se conservado
uma lenda, segundo a qual Enéias, príncipe
troiano fugido de sua cidade destruída pelos
gregos, teria chegado ao Lácio (antigo nome de
Roma) e casado com a filha de um rei latino.
Origem de Roma : explicação mitológica
Os romanos explicavam a origem de sua cidade através do
mito de Rômulo e Remo.
Segundo a mitologia romana, os gêmeos foram jogados no
rio Tibre, na Itália.
Resgatados por uma loba, que os amamentou, foram
criados posteriormente por um casal de pastores.
Adultos, retornam a cidade natal de Alba Longa e ganham
terras para fundar uma nova cidade que seria Roma.
O latim foi primeiramente o idioma falado
numa pequena zona da Itália Central, à
margem esquerda do Rio Tibre. A cidade
principal dessa minúscula região, chamada
Lácio, foi e é Roma, fundada, segundo
consta, por Rômulo em 21 de abril de 753
a.C..
Essa língua do Lácio, seguindo as conquistas dos
exércitos de Roma, implantou-se primeiramente na
Itália Central, depois em toda a Itália, na
Espanha, em Portugal, no Norte da África, nas
Gálias (França, Suíça, Bélgica, regiões alemãs
ao longo do Reno), na Récia e no Nórico
(Áustria), na Dácia (Romênia e Hungria) e,
menos profundamente, na Grã-Bretanha, na
Frísia (Holanda), na Dalmácia e na Ilíria (exIugoslávia), e na Panônia (Hungria).
O mais antigo documento da língua latina é uma
inscrição do 6° século a.C., mas os mais antigos
textos literários que chegaram até nós, pertencem
ao 3° século antes de nossa Era.
Mas que é o latim? Desde o primeiro texto em
latim, a Fíbula de Preneste, do século VII a.C.
o latim desenvolveu-se como qualquer língua,
deixando seus traços em autores antigos, os quais
conhecemos apenas por fragmentos de suas
obras: Lívio Andronico, Névio e Ênio.
Origens de Roma : explicação histórica e Monarquia
Romana (753 a.C a 509 a.C).
De acordo com os historiadores, a fundação de Roma
resulta da mistura de três povos que foram habitar a
região da península itálica : gregos, etruscos e italiotas.
Desenvolveram na região uma economia baseada na
agricultura e nas atividades pastoris.
A sociedade, nesta época, era formada por patrícios
( nobres proprietários de terras ) e plebeus (
comerciantes, artesãos e pequenos proprietários ).
ETRUSCOS
 Quando
os antigos gregos, em sua
aventura de expansão comercial e
colonizadora, aportaram, no início do
século VIII a.C., nas costas do
Mediterrâneo, onde hoje é a Itália, esta
era considerada uma região bárbara.
Os gregos chamaram esse povo de tirreno
e com esse nome ficaram conhecidos os
etruscos na Antigüidade. Naquela época,
eles ainda viviam em aldeias, não
conheciam a escrita, e possuíam uma arte
rudimentar.
Muito rapidamente foram se desenvolvendo
e expandindo seus territórios até conquistar
Roma.
Quem eram os Etruscos? No século I a.C., o
grego, Dionísio de Halicarnasso, escreveu
Antiguidades romanas, no qual expunha as
diferentes hipóteses que conhecia sobre a
origem dos etruscos: umas apontavam para
suas raízes orientais e outras, como a do
historiador grego Heródoto, afirmavam que
eles teriam vindo da Lídia, na Ásia Menor, e
se misturado aos autóctones.
Etrúria não significa necessariamente
uma nação, mas uma cultura comum,
uma língua, uma religião. No entanto,
vez ou outra tropeça-se numa questão
importante: o idioma. O número de
textos é pequeno e nada se sabe sobre a
origem da língua, pois ela não é
aparentada a nenhuma outra.
Mesmo sendo um povo de origens incertas, sua
história é contada pelas necrópoles que
deixaram. A Etrúria desenvolveu-se na Itália
central, a oeste da Cordilheira dos Apeninos,
basicamente onde hoje é a Toscana. Seu
território se limitava ao norte pelo Rio Arno, a
leste e sul pelo Rio Tibre e a oeste pelo Mar
Tirreno, assim chamado porque era com esse
nome que se denominava os etruscos.
A partir de 850ª.C. difundiram seus
domínios submetendo os povos locais,
ocupando vastas áreas da planície do rio e
fundaram cidades que existem até hoje. Em
direção ao sul, tomaram Roma - então uma
aglomerado de aldeias - e transformaram-na
em uma cidade cercada de muros. Acreditase que os Tarquínios - uma dinastia de reis
etruscos - governaram Roma por volta de
616 a.C. a 509 a.C.
Durante o processo de expansão, os etruscos
atingiram até a região da Campânia, onde
fundaram Cápua que, desde o início do século
VI a.C., representou um centro comercial capaz
de rivalizar com as colônias vizinhas gregas:
Cuma e Neápolis (Nápoles). Por volta de 540
a.C., aliados aos cartagineses, derrotam os Fócios
da Córsega. Essa vitória assegurou-lhes o
controle da ilha e marcou o apogeu da expansão
territorial.
É claro que o fenômeno da urbanização não
se produziu de uma só vez. Segundo alguns
registros históricos, Roma teria surgido em
753 a.C. essa é a data mais aceita, embora
com ressalvas e, nessa mesma época, os
etruscos fundaram Veio, Cere, Tarquínia
e Vulci e, depois, Populonia, Vetulonia e,
talvez, Orvieto.
Por volta de 600 a.C., foi exatamente essa a
época de maior esplendor e máxima
expansão da civilização etrusca, quando
também Roma se tornou etrusca. A essa
altura, os tirrenos eram os senhores de boa
parte da península, na área que se estendia
da Campania, no sul, até o Vale do Pó,
ao norte.
Assim, depois de rápido florescimento
no século VII a.C. e um breve e
brilhante período de expansão
imperialista durante o século VI a.C.,
seguiu-se uma série de insucessos
iniciados com sua expulsão de Roma
em 509 a.C. Com isso caíram as rotas
de comunicação por terra entre a
Etrúria e a Campania.
O poderio naval etrusco também sofreu um
duríssimo golpe algum tempo depois,
quando, em 474 a.C., seus navios, aliados
com a frota cartaginesa, enfrentaram os
gregos conduzidos por Hieron de Siracusa,
e foram destroçados na batalha de Cumas.
Mais adiante, foram expulsos de Cápua e
de outras cidades do sul. Até que
finalmente, em 400 a.C., também
perderam as cidades do norte para os
gauleses.
Ao mesmo tempo, os romanos
marchavam sobre o centro da
península, conquistando as cidades
etruscas. No século V a.C., Veio foi
destruída e, no decorrer do século IV
a.C., toda a Etrúria capitulou. Em 270
a.C., já era parte da federação romana.
Sem dúvida, surgia um novo mundo no qual a
Etrúria tinha de se integrar, ainda que sacudida
por rebeliões contra a nova ordem estabelecida.
Se durante o século III a.C. Roma fundou
colônias em pleno território etrusco, como
Cosa ou Castro Novum, e lenta mas,
implacavelmente, foi introduzindo a língua e os
costumes romanos, o processo de romanização da
Etrúria recebeu o golpe definitivo em 90 a.C.,
quando a Lei Júlia converteu em cidadãos
romanos todos os itálicos.
A partir de então se tornaria muito difícil e
complicado separar o etrusco da história
romana.
Era o fim de um povo alegre e amante dos
prazeres, que procurava a felicidade na vida
cotidiana. Ao menos é a impressão que se tem ao
examinar as pinturas das tumbas etruscas,
especialmente as datadas dos séculos VIII a V
a.C., que retratavam banquetes, jogos atléticos e
homens pescando e mergulhando no mar.
Mas o que distinguiu a cultura etrusca das outras
foi um conjunto de crenças e rituais que
recebeu o nome de disciplina etrusca. Tratavase de uma concepção religiosa da natureza e do
mundo na qual todos os entes naturais contêm a
manifestação da vontade divina. Para eles, os
desígnios divinos se manifestavam por meio da
natureza, bastando observá-la atentamente e
interpretá-la para conhecer o futuro e as formas
de modificá-lo.
O que restou dos etruscos além de esculturas,
pinturas, inscrições e tumbas? Quem sabe,
descendentes. Eles podem ser os 2 000
habitantes da pequena Murlo, na província de
Siena. Ao menos é a hipótese levantada pela
equipe do professor Alberto Piazza, diretor do
departamento de Genética da Universidade de
Turim, Itália. Examinando amostras de 150
murlenses, acabou determinando o patrimônio
genético parecido com os dos antigos habitantes
da Toscana.
A ARTE ETRUSCA
A arte etrusca refere-se à arte da antiga
civilização da Etrúria localizada na
Itália central (atual Toscana) e que teve
o seu apogeu artístico entre os século
VIII e II a.C..
As origens deste povo e, consequentemente
do estilo, remontam aos povos que
habitavam a região (ou a partir dela se
deslocaram) da Ásia menor durante a Idade
do bronze e Idade do ferro, mas também
outras culturas influenciaram a sua arte (por
proximidade ou contato comercial), como a
grega, fenícia, egípcia, assíria e a oriental.
Mas o seu aparente caráter helenístico
simples (visto o seu florescimento coincidir
com o período arcaico grego) esconde um
estilo único e inovador de características
muito próprias que viria a influenciar
profundamente a arte romana e pela qual
estaria já totalmente absorvido no século I
a.C..
De um modo geral pode-se afirmar que os
artistas etruscos eram artesãos de grande
habilidade. Executavam peças (estatuária,
vasos, espelhos, caixas etc) de grande
qualidade e maestria em terracota, barro,
bronze e metal, e desenvolviam também
peças de joalharia (em ouro, prata e
marfim) e uma cerâmica negra (designada
Bucchero).
Arquitetura e Urbanismo

Além de uma grande variedade de artes decorativas
os etruscos desenvolveram também a construção
arquitetônica da qual muito pouco sobreviveu.
Modelos à escala permitem ter uma ideia do templo
religioso (com base de pedra, estrutura de madeira e
revestimento em barro na arquitrave e beirais) que,
em grande parte, se assemelharia ao grego simples,
mas sem a sua elegância: pelo lado sul e subindo os
degraus do podium ganhava-se acesso a um pórtico
com duas filas de quatro colunas cada e,
consequentemente, à cella no seu interior.
Construíram também palácios, edifícios
públicos, aquedutos, pontes, esgotos,
muralhas defensivas e desenvolveram
projetos de urbanismo onde a cidade se
articulava a partir de um centro, resultado
da intersecção das duas vias principais
(cardo, sentido norte-sul e decumanos,
sentido este-oeste).
Também importante de referir é a utilização
do arco de volta-perfeita (semi-círculo) a
novas tipologias que não sejam as de caráter
puramente utilitário, como já tinha
acontecido anteriormente na Mesopotâmia,
Egito e naturalmente na Grécia, como em
túmulos, outras estruturas subterrâneas ou
portas de cidades. Agora, pela primeira vez,
o arco surge inserido no vocabulário das
ordens arquitetóicas(palavra grega) gregas.
Quando se fala a respeito de latim, uma das mais
difundidas noções é a de que "latim é língua morta". De
fato, esse pré-conceito evidencia idéias muito primárias a
respeito do que sejam língua, latim, língua morta.
O que chamam de língua morta não se pode considerar
como sendo todo o latim. É, na verdade, uma pequena,
mas significativa parte dele.
O que está morto, ou seja, não mais em uso, é o latim
dos textos literários, o latim dos tratados filosóficos, o
latim dos documentos oficiais, o latim falado pelas
pessoas escolarizadas. Está morto aquele estilo de bem
falar e escrever corretamente em latim.
Observe-se que o português, o francês, o
italiano, o espanhol, o romeno etc. são a
sobrevivência de uma variante de latim, o
latim das camadas populares. Isso mostra
que, em todos os sentidos, o latim está vivo.
Falamos, com certeza, uma versão
atualizada de latim.
Foi no primeiro século da Era Cristã e
no século precedente que a língua
latina teve seu maior esplendor.
Pertencem a este período, chamado
"idade de ouro", os maiores escritores
latinos (os clássicos).
Um dos historiadores mais
representativos desse período foi: Tito
Lívio.
Dois filósofos importantíssimos
contribuíram de maneira determinante
para os rumos da Igreja na Idade Média:
Santo Agostinho e São Jerônimo.
O sistema político era a monarquia, já que a
cidade era governada por um rei de origem
patrícia.
A religião neste período era politeísta, adotando
deuses semelhantes aos dos gregos, porém com
nomes diferentes.
Nas artes destacava-se a pintura de afrescos,
murais decorativos e esculturas com influências
gregas.
República Romana (509 a.C. a 27 a.C).
Durante o período republicano, o senado Romano ganhou
grande poder político.
Os senadores, de origem patrícia, cuidavam das finanças
públicas, da administração e da política externa.
As atividades executivas eram exercidas pelos cônsules e
pelos tribunos da plebe.
A criação dos tribunos da plebe está ligada às lutas dos
plebeus por uma maior participação política e melhores
condições de vida.
Em 367 a.C, foi aprovada a Lei Licínia, que
garantia a participação dos plebeus no
Consulado (dois cônsules eram eleitos: um
patrício e um plebeu).
Esta lei também acabou com a escravidão por
dívidas (válida somente para cidadãos
romanos).
Formação e Expansão do Império Romano
Após dominar toda a península itálica, os romanos
partiram para as conquistas de outros territórios.
Com um exército bem preparado e muitos recursos,
venceram os cartagineses nas Guerras Púnicas (século III
a.C).
Esta vitória foi muito importante, pois garantiu a
supremacia romana no Mar Mediterrâneo.
Os romanos passaram a chamar o Mediterrâneo de Mare
Nostrum.
Após dominar Cartago, Roma ampliou suas conquistas,
dominando a Grécia, o Egito, a Macedônia, a Gália, a
Germânia, a Trácia, a Síria e a Palestina.
Com as conquistas, a vida e a estrutura de Roma passaram
por significativas mudanças.
O império romano passou a ser muito mais comercial do
que agrário. Povos conquistados foram escravizados ou
passaram a pagar impostos para o império.
As províncias (regiões controladas por Roma) renderam
grandes recursos para Roma. A capital do Império
Romano enriqueceu e a vida dos romanos mudou.
Pão
e
Circo
(
“Panis
et
circensis”).
Com o crescimento urbano vieram também os problemas
sociais para Roma.
A escravidão gerou muito desemprego na zona rural, pois
muitos camponeses perderam seus empregos.
Esta massa de desempregados migrou para as cidades
romanas em busca de empregos e melhores condições de
vida.
Receoso de que pudesse acontecer alguma revolta de
desempregados, o imperador criou a política do “Pão e
Circo” (“Panis et Circensis”).
Esta consistia em oferecer
alimentação e diversão.
aos
romanos
Quase todos os dias ocorriam lutas de gladiadores
nos estádios ( o mais famoso foi o Coliseu de
Roma ), onde eram distribuídos alimentos.
Desta forma, a população carente acabava
esquecendo os problemas da vida, diminuindo as
chances de revolta.
Cultura Romana
A cultura romana foi muito influenciada pela cultura
grega.
Os romanos "copiaram" muitos aspectos da arte,
pintura e arquitetura grega.
Os balneários romanos espalharam-se pelas grandes
cidades.
Eram locais onde os senadores e membros da
aristocracia romana iam para discutirem política e
ampliar seus relacionamentos pessoais.
A língua romana era o latim, que depois de um tempo
espalhou-se pelos quatro cantos do império, dando
origem na Idade Média, ao português, francês, italiano,
espanhol e romeno.
A mitologia romana representava formas de explicação
da realidade que os romanos não conseguiam explicar de
forma científica.
Trata também da origem de seu povo e da cidade que deu
origem ao império.
Entre os principais mitos romanos, podemos destacar:
Rômulo e Remo e O rapto de Proserpina.
LITERATURA :VIRGÍLIO E A ENEIDA

Um dos maiores nomes da literatura latina é
VIRGÍLIO. PUBLIUS VERGILIUS MARO,
nascido em 70 a.C. e morreu em 19 a.C.
 O poeta já era renomado pelas “Bucólicas”,
conjunto de poemas pastoris, e pelas “Geórgicas”,
um poema didático, quando dedicou-se a escrever
a grande epopéia “Eneida”, por solicitação do
Imperador Augusto.
A “ENEIDA” é uma obra grandiosa,
comparável à ILÍADA e à ODISSÉIA, ambas
do poeta Grego Homero, que visa a celebrar a
origem, o desenvolvimento e o poder do
Império Romano.
Trata-se da lenda, segundo a qual Enéas,
príncipe troiano, após ter conseguido escapar
da destruição de Tróia, erra durante vários
anos até fundar uma colônia troiana no Lácio.
A seguir, os primeiros versos da obra:
“Arma virumque cano, Troiae qui primus ab oris
Italiam, fato profugus, Laviniaque venit
Litora, multum ille et terris iactatus et alto
Vi superum saevae memorem lunonis ob iram;
Multa quoque et bello passus, dum conderet urbem...”
“EU CANTO AS ARMAS E O BARÃO PRIMEIRO,
QUE, PRÓFUGO DE TRÓIA POR DESTINO,
À ITÁLIA E DE LAVÍNIO ÀS PRAIAS VEIO.
MUITO POR MAR E TERRA CONTRASTADO......”
CATULO E SUA AMADA LÉSBIA
 Catulo (84-54 a.C.) é um dos maiores
poetas líricos da literatura latina. Em sua
coletânea de 116 poemas, há uma grande
variedade de assuntos, mas Catulo é
conhecido principalmente por seus poemas
em que demonstra a relação de amor e ódio
com sua amante Lésbia, pseudônimo
baseado na poetisa grega Safo, natural da
ilha de Lesbos
Em alguns poemas Catulo demonstra verdadeira
adoração por Lésbia, em outros, uma grande
desilusão e profunda tristeza. Talvez o poema que
melhor ilustre essa conturbada relação seja o poema
85:
“Odi et amo. Quare id faciam fortasse requiris
Nescio sed fieri sentio et excrucior”.
(“Odeio e amo. Talvez você pergunte por que faço isso.
Não sei. Mas sinto que acontece e me crucifico”). (
Trad. Beatris R. Gratti).
HORÁCIO E A TEMÁTICA DO “CARPE
DIEM”.
Você já ouviu a expressão Carpe Diem com toda
a certeza. Conhecida muitas vezes pelo filme
“Sociedade dos poetas mortos”(1989), a máxima
é traduzida por “colha o dia” ou “aproveite o
dia”.
Trata-se de um posicionamento diante da vida
de forma a aproveitá-la ao máximo, livre de
preocupações sobre o futuro, de inlfuência da
filosofia grega epicurista (Epicuro).
A expressão aparece no poema 11 das ODES
do poeta Horácio : “...spem longam reseces
dum loquimur, fugerit invida aetas: carpe diem,
quam minimum credula postero”.
“....foge, enquanto falamos, a invejosa idade.
O dia de hoje colhe, e a mínima no dia de
amanhã confiança escores”.
(Trad. Filinto Elísio).
CULTIVARAM OS ROMANOS, SOB A
INSPIRAÇÃO HELÊNICA, O DRAMA TRÁGICO, A
COMÉDIA, A POESIA ÉPICA (VIRGÍLIO) E A
POESIA LÍRICA (CATULO, HORÁCIO, OVÍDIO).
NA SÁTIRA, OS ROMANOS FORAM ORIGINAIS.
SURGEM FIGURAS COMO PLAUTO E TERÊNCIO.
POESIA ÉPICA E LÍRICA . OS PRIMEIROS
ESCRITORES ROMANOS RECOLHERAM AS
LENDAS E AS TRADIÇÕES ANTIGAS E
NARRARAM OS FEITOS DOS SEUS
CONTEMPORÂNEOS.
DESTACARAM-SE NA POESIA ÉPICA E LÍRICA :
LÍVIO ANDRÔNICO (SEC.III a.C.). Grego de origem,
tinha sido escravo e representava ele próprio em suas
obras. Traduziu a “ ODISSÉIA” DE HOMERO para o
latim. Foi um dos primeiros poetas épicos de Roma.
VIRGÍLIO virá depois com a “ENEIDA”.
LUCRÉCIO (96 a 53 a.C.). Autor de um poema
intitulado “DA NATUREZA DAS COISAS” (“ DE
RERUM NATURA”), no qual expôs a doutrina
de EPICURO, filósofo grego de sua admiração.
Os heróis do seu poema foram os ÁTOMOS.
VIRGÍLIO (71 a 19 a.C.). Sem dúvida, o mais
notável e conhecido dos poetas latinos. Autor de
“ENEÍDA”, “BUCÓLICAS” E “GEÓRGIAS”,
que estudaremos mais adiante.
CATULO (87 a 54 a.C.). Nascido em Verona –
Itália – autor de poesias elegantes e sinceras.
Escreveu “AS BODAS DE TÉTIS E DE PELEU”.
HORÁCIO (65 a 8 a.C.). Amigo de Virgílio,
autor de “ODES”, “SÁTIRAS” e “EPÍSTOLAS”.
Reconhecidamente, um dos grandes poetas
latinos.
OVÍDIO (43 a 16 a.C.). Grande poeta latino da
trilogia com Horácio e Virgílio, é autor de “A
ARTE DE AMAR” e “METAMORFOSES”.
POESIA SATÍRICA : Gênero em que os
romanos foram originais, teve como
representantes :
JUVENAL (50 a 13 a.C.). Romano, partidário
das antigas virtudes, autor de “SÁTIRAS”.
HORÁCIO, já mencionado anteriormente,
atacou, com suavidade e moderação, a corrupção
dos seus contemporâneos.
TEATRO : os primeiros que escreveram comédias
em língua latina foram :
PLAUTO (250 a 184 a.C.). Poeta cômico, pintor
inimitável dos costumes populares. Escreveu “O
ANFITRIÃO”, “OS CATIVOS”, “O SOLDADO
FANFARÃO”, “AULULARIA”.
TERÊNCIO ( 194 a 159 a.C.). Poeta cômico
latino, nascido em Cartago, escravo liberto.
Escreveu “ADRIANA”, “O EUNUCO’, “OS
ADELFOS” (“OS IRMÃOS”).
HISTÓRIA. Os primeiros historiadores
romanos surgiram no século I a.C. Os mais
notáveis foram :
JÚLIO CÉSAR (102 a 44.a.C.). Grande general
romano, escreveu “DE BELLO GALLICO”
(“COMENTÁRIOS DAS GUERRAS DAS
GÁLIAS”), que ele mesmo vivenciou muito bem.
SALÚSTIO (86 a 34 a.C.). Autor de “VIDA DE
JUGURTA”, “CONJURAÇÃO DE CATILINA”.
Seu modelo era o grego TUCÍDIDES.
TITO LÍVIO (59 a l7 a.C.). Muito
conhecido por ser o autor de “HISTÓRIA
DE ROMA”, uma verdadeira obra prima.
Obrigatória para qualquer aluno interessado
na área.
TÁCITO (55 a 12 a.C.). Notável
historiador latino, autor de “VIDA DE
AGRÍCOLA”, “GERMÂNIA” e “ANAIS”.
SUETÔNIO (69 a 14 a.C.). Secretário particular
do imperador Adriano, é o autor do conhecido
“VIDA DOS DOZE CÉSARES”.
PLÍNIO, O JOVEM (62 a 13 a.C.). Autor de
“‘AS CARTAS”.
PLUTARCO (45 a 12 a.C.). Nascido na Grécia,
autor do também conhecido e famoso “VIDAS
PARALELAS”.
MARCO AURÉLIO, imperador romano de 121 a
181 d.C., autor de “PENSAMENTOS”.
ORATÓRIA. Representantes : Tibério e Caio
Graco (os Irmãos Gracos), Marcus Licínius
Crassus, Marco Antônio, Catão, o Censor e
Cícero, o mais proeminente e “afiado” de todos
eles.
FÁBULA: FEDRO (30 a.C. a 44 d.C.) foi o
grande representante latino.
Retomemos, então, pela ordem, o grande
poeta Virgílio.
Públio Virgílio Marão , às vezes chamado
de Vergílio, foi um poeta romano.
Sua obra mais conhecida é a ENEIDA.
Foi considerado, ainda em vida, como o
grande poeta romano e expoente da
literatura latina.
Seu trabalho foi uma vigorosa expressão das
tradições de uma nação que urgia pela
afirmação histórica, saída de um período
turbulento de cerca de dez anos, durante os
quais as revoluções prevaleceram.
Considerado o maior poeta latino. Era
natural da região de Mântua(70 a 19 a.C..)
e filho de uma família de camponeses
A obra de Virgílio compreende, além de poemas
menores, compostos na juventude, as Bucólicas
ou Éclogas, em número de dez, em que reflete a
influência do gênero pastoril criado pelo grego
Teócrito.
As Geórgicas dedicadas ao seu protetor
Mecenas, constam de quatro livros, tratando da
agricultura.
Trata-se de uma obra de implicações políticas
indiretas, embora bem definidas: ao fazer a
apologia da vida do campo, o poeta serve o ideal
político-social da dignificação da classe rural.
Sua obra reflete a influência dos gregos Hesíodo e
Lucrécio.
Literariamente, as Geórgicas é considerada a sua
obra mais perfeita.
E finalmente, a Eneida, que o poeta considerou
inacabada, a ponto de pedir, no leito de morte, que
fosse queimada, constitui a epopéia nacional.
Esta refere-se à lenda do guerreiro Enéias, que,
após a célebre guerra, teria fugido de Tróia ,
saqueada e incendiada, e chegado à Itália, onde se
tornou o antepassado do povo romano.
Epopéia erudita, a Eneida tem como objetivo dar aos
romanos uma ascendência não-grega, formulando a
cultura latina como original e não tributária da cultura
helênica.
O poema consta de doze livros e a sua construção serviu
de modelo definitivo às grandes epopéias do
renascimento, nomeadamente para Os Lusíadas, de Luiz
Vaz de Camões, o que se percebe claramente
comparando o primeiro verso das duas epopéias:
Eneida: “Arma uirumque cano”... que significa: "As
armas e o varão(herói) eu canto"; com
Lusíadas: “As armas e os barões assinalados...”
Virgílio realizou uma viagem a Brindísio e, mais tarde,
tendo viajado para Mégara, foi vítima de insolação por
causa do calor abrasante. Resolveu, então, regressar a
Atenas, mas por insistência do Imperador Augusto, volta
à Itália. Mas, falece no dia 22 de setembro do ano 19
a.C., no consulado de Gneu Sêncio e Quinto Lucrécio. O
seu corpo foi transportado para Nápoles e, antes de
morrer, o poeta deixou redigido o seu próprio epitáfio:
Mântua me genuit, Calabri rapuere, tenet nunc
Parthenope; cecini pascua, rura, duces.
Mântua me gerou, a Calábria me arrebatou, Partênope
hoje me possui; cantei as pastagens, os campos, os
chefes.
Em sua primeira Bucólica, o poeta alude aos
acontecimentos políticos e sociais desencadeados após a
vitória de Filipos, em 41, onde foram repartidas aos
veteranos de terras na Gália Cisalpina, Cremona e
Mântua; dentre essas terras, estava a propriedade de
Virgílio. Mas Asínio Polião, amigo e protetor do
poeta, conseguiu obter a revogação da sua expropriação,
junto ao Imperador Augusto. Assim, o poeta, em seus
versos, aponta para a triste situação de seus conterrâneos,
a dor e a miséria dos deserdados e a sua feliz sorte de ter
tido as suas terras poupadas.
En unquam patrios longo post tempore finis,
pauperis et tuguri congestum caespite culmen,
post aliquot, mea regna uidens, mirabor aristas?
Impius haec tam culta noualia miles habebit?
Barbarus has segetes? En quo discordia ciuis
produxit miseros! His nos conseuimus agros!
Buc. I, 67-72
Será que um dia, após longo tempo, reverei os
territórios pátrios,
o teto da minha pobre choupana coberto de colmo e,
mais tarde
revendo os meus domínios, encontrarei, surpreso,
algumas espigas?
Um soldado ímpio possuirá estas terras tão cultivadas?
Um bárbaro, estas searas? Eis até onde a discórdia
levou os cidadãos
infelizes! Para esses nós semeamos os campos!
Fortunate senex, ergo tua rura manebunt!
Buc. I, 46
Velho afortunado, então os teus campos permanecerão
teus!
Na IV Bucólica, o poeta fala-nos da Idade de Ouro
ligada ao nascimento de um menino. O poeta dirige-se ao
cônsul Polião, anunciando o nascimento de uma criança,
que governará e trará a Idade de Ouro a Roma.
magnus ab integro saeclorum nascitur ordo.
Iam redit et Virgo, redeunt Saturnia regna;
iam noua progenies caelo demittitur alto.
Tu modo nascenti puero, quo ferrea primum
desinet ac toto surget gens aurea mundo,
casta, faue, Lucina: tuus iam regnat Apollo.
Teque adeo decus hoc aeui ,te consule, inibit,
Pollio, et incipient magni procedere menses
te duce. (Buc. IV, 5-12)
“a grande série de séculos recomeça.
Já também retorna a Virgem, voltam os reinos de Saturno;
do alto céu já é enviada uma nova geração.
Tu somente, casta Lucina, favorece ao menino que nasce,
sob o qual primeiramente desaparecerá a raça de ferro
e surgirá no mundo inteiro a raça de ouro, já reina o teu
Apolo.
E esta honra do tempo começará e os grandes meses
começarão
a suceder-se primeiramente sob o teu consulado, ó Polião,
sob o teu comando.”
Écloga é um pequeno poema pastoral que apresenta, na
maioria das vezes, a forma de um diálogo entre pastores ou
de um solilóquio .
A écloga também foi cultivada em língua vernácula, no século XVI.
O bucolismo português do século XVI está profundamente marcado
pelo tom elegíaco, no rasto da elegia pastoral, e pela expressão da
vivência do sofrimento e desengano amoroso das éclogas de
Bernardim à Crisfal (6), tornando-se a sua expressão extensiva a
sentimentos relacionados com o discernimento e a consciência crítica
sobre a acontecimentos sociais, as doenças como a inveja e a cobiça,
nas éclogas de Sá de Miranda (7); à possibilidade de refúgio no amor
divino, nas éclogas de Frei Agostinho da Cruz. As éclogas de
António Ferreira (8) visam sobretudo objetos estéticos.
A importância de Virgílio mostra-se crucial e
simultaneamente complexa. As Bucólicas chegam
ao Renascimento filtradas por séculos de
interpretações e glosas que a tendência para o
racionalismo, no período, não consegue, de todo,
extinguir. A tradição medieval acrescenta aos
textos sentidos impossíveis de ignorar,
estabelecendo, deste modo, regras não escritas
mas que estariam na mente dos seus utilizadores e
leitores.
Como exemplo – e a partir das "Bucólicas I" e IV,
as mais conhecidas – encontra-se o encorajar do
uso contínuo da écloga como panegírico político, o
fato de esta poder ser lida como manifestação
auto-biográfica, e ainda o poder retratar problemas
de caráter político social. O potencial bucólico
para apresentar uma Idade de Ouro é usado como
processo irônico de descrição dos mais variados
sofrimentos humanos, individuais ou colectivos.
Oh Cristais derretidos
Que estas Veigas ditosas
Como cintas de prata ides cercando!
[...]
Aqui hum pouco descansar quisera;
Aqui entre estas flores,
Doce campo direi vossos louvores.
(vv.11-13)
E seus campos fiéis
Antepoem aos doceis
Laurados de ouro fino, & rica
prata,
E seu arado duro
A purpura real, ao cetro puro.
(vv.35-39)
Os temas de Virgílio, tanto panegíricos como
religiosos – a "Écloga IV"‚ aceite como uma
profecia do nascimento de Cristo pelos Padres da
Igreja – associam-se a um cenário mitológico
tornado familiar pelas Metamorfoses de Ovídio
(também ele vivo através da IdadeMédia), está
presente na tradição bucólica portuguesa, e em
Tagarro (pequena aldeia portuguesa,
próxima à Lisboa, essencialmente rural). A
dimensão e quantidade destas influências
generalizadas são fáceis de provar.
A partir da interpretação cristianizada da "Écloga
IV" de Virgílio que se desencadeia a voga de
éclogas tendo por tema a Natividade,
especialmente a anunciação aos pastores,
estabelecendo-se, por aqui, uma fusão entre as
tradições clássica e medieval. Recordemos que Gil
Vicente inicia a sua atividade com o Monólogo
do Vaqueiro que obedece àquela temática.
A ENEIDA


LIVRO I
Proêmio da “Eneida”. O poeta dirige a invocação
às Musas:
 “As armas canto e o varão que, fugindo das plagas
de Tróia por injunções do Destino , instalou-se na
Itália primeiro e de Lavínio nas praias. A impulso dos
deuses por muito tempo nos mares e em terras vagou
sob as iras de Juno, guerras sem fim sustentou para
as bases lançar da Cidade e ao Lácio os deuses
trazer _ o começo da gente latina, dos pais albanos
primevos e os muros de Roma Altanados.
Assim tem início o canto sobre a saga do herói Enéias na
“Eneida”. Primeiro o poeta Virgílio canta as glórias do
pio Enéias, em seguida faz a invocação às Musas.
A divindade inimiga do herói é a deusa Juno (esposa
de Júpiter e mãe de Marte), dona das terras da Itália, além
de protetora da cidade de Cartago, ao norte da África.
Com efeito, para a deusa, Enéias é um invasor que deve
ser combatido; apesar de Juno conhecer, desde o início da
épica, as tramas que as Parcas já haviam tecido contra os
inimigos do herói troiano: “Juno potente, a sangrar-lhe no
peito a ferida, conversa consigo mesma: _ Aceitar o
fracasso no início da empresa, sem conseguir afastar
dessa Itália o caudilho troiano?...”
Enquanto isso, no Olimpo, a deusa Vênus, angustiada,
roga ao pai dos deuses - Júpiter - que ponha fim aos
trabalhos infindáveis e aos sofrimentos do povo troiano.
Júpiter, tranqüilizando a filha Vênus, promete:
“Acalma-te, Citeréia: imutáveis encontram-se os Fados.
Ainda verás a cidade e as muralhas da forte Lavínio,
como te disse, e até aos astros o nome elevar-se de Enéias
de alma sublime. Mudança não houve no meu
pensamento. Mas, uma vez que tais cuidos te agitam,
tomando de longe vou revolver o futuro e os arcanos do
Fado mostrar-te. Guerras terríveis ele há de enfrentar...”
(p.15)
LIVRO II
Então, todos se calaram na corte de Dido, e
Enéias deu início à sua narrativa.
Contou a história do cavalo de Tróia e como os
adivinhos troianos procuravam encontrar a razão
para o surgimento repentino do gigantesco cavalo
no reino de Tróia. Teria sido trabalho de quem? E
com qual intuito teria sido enviado à Tróia?
Dentre os adivinhos, apenas Laocoonte desvendou
o segredo. Dirigiu-se aos troianos, dizendo o
seguinte:
“Cidadãos infelizes, que insânia vos cega?
Imaginais porventura que os gregos já
foram de volta, ou que seus dons sejam
limpos? A Ulisses, então, a tal ponto
desconheceis? Ou esconde esta máquina
muitos guerreiros, ou fabricada ela foi para
dano de nossas muralhas, e devassar
nossas casas ou do alto cair na cidade.
Qualquer insídia contém. Não confieis no
cavalo , troianos!” (p.30)
O pai, Anquises, num primeiro momento, recusa-se a fugir
com o filho. Enéias tenta convencer o pai que Tróia não
tem mais salvação. Então Anquises foi surpreendido por
um augúrio feliz: repentinamente da cabeça do neto
Ascânio alçava uma chama, lambendo-lhe os cabelos.
Anquises, convencido do aviso dos deuses, põe-se em fuga
junto à nora, ao neto e ao filho:
“Pronto! partamos! agora! depressa! para onde
quiserdes! Ó pátrios deuses, guardai esta casa, salvai
meu netinho. O agoiro é vosso; sob vossa potência está
Tróia segura. Não mais resisto, meu filho, nem faço
objeção em seguir-te.”
Quinto Horácio Flaco ( Quintus Horatius
Flaccus) foi um poeta lírico e satírico romano,
além de filósofo. É conhecido por ser um dos
maiores poetas da Roma Antiga.
Epicurista
Dentre suas características literárias, destaca-se a
importância em se aproveitar o presente sem
demonstrar muita preocupação com o futuro.
Pelo reconhecimento da brevidade da vida, essa
era a forma de Horácio pensar, que é uma idéia
semelhante aos pensamentos do filósofo grego
Epicuro.
Outro ponto a destacar são as necessidades
surgidas a partir da idéia de aproveitar cada
momento antes da morte, como o amor e outras
questões sociais. (“Carpe diem”).
“CARPE DIEM”

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


“Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi
finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios
temptaris numeros. ut melius, quidquid erit, pati.
seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam,
quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare
Tyrrhenum: sapias, uina liques et spatio breui
spem longam reseces. dum loquimur, fugerit inuida
aetas: carpe diem quam minimum credula postero.”
“COLHA O DIA”

Não queiras, Leuconoê - é ímpio - conhecer o fim que
a mim, a ti, deram os deuses, e nem tentes os cálculos
dos babilônios. Quão melhor suportar o que quer que
virá! Sejam vários invernos, ou seja o último que
Júpiter nos concede, e que agora enfraquece o mar
Tirreno contra as pedras; sejas sábia, filtres os
vinhos, e corte todas as longas esperanças, sendo
nosso tempo breve. Enquanto nos falamos fogem os
nossos instantes, invejosos: colha os dias,
confiando o mínimo no futuro.
Graças à amizade entre Horácio e Mecenas, o
poeta pôde conseguir sua ascensão, visitando
frequentemente o palácio imperial, se tornando
também amigo do imperador.
Horácio se tornou o primeiro literato profissional
de Roma.
Mecenas ainda concedeu a Horácio uma casa de
campo, próxima a Tibur, hoje Tívoli. Daí em
diante Horácio dedicou-se totalmente à poesia,
chegando a recusar o pedido de Augusto para ser
seu secretário particular.
Dessa forma passou o resto de sua vida, se
dedicando às suas obras e gozando de
visitas de amigos e intelectuais que iam até
sua casa. Morreu em 27 de novembro do
ano de 8 a.C., pouco tempo após a morte de
seu amigo Mecenas.
Horácio ficou conhecido como o Deus da
Poesia
Bibliografia. Sua obra pode ser dividida em
quatro gêneros:
Sátiras ou sermones — Retrata ironia de seu
tempo dividida em dois livros escritos em
hexâmetros (poesia), baseado em assuntos
literários ou morais, discute questões éticas.
Odes ou Carminas — Divididos em quatro livros
de longos poemas líricos sobre assuntos diversos,
geralmente sobre mitologia. Também em
hexâmetros.
A sátira se caracteriza também por intensa
dramaticidade; observa-se a
movimentação, pode-se dizer cênica dos
personagens. Como exemplo, nota-se a
utilização de um recurso da comédia, o
chamado cômico de gestos, no momento
em que o poeta encontra um amigo que
talvez o livrasse da embaraçosa situação:
vejamos a seguir :
.............................................Vellere coepi
et prensare manu lentissima bracchia, nutans,
distorquens oculos, ut me eriperet. Male salsus
ridens dissimulare; meum iecur urere bilis.
(“Comecei a cutucar e agarrar com a mão os seus
braços insensíveis, fazendo sinal com a cabeça e
piscando os olhos, para que me livrasse dele. Sem
graça, rindo, ele disfarçava e a bílis queimava
meu fígado.” v. 63-66)
É fácil se imaginar a expressão fisionômica do
poeta!
O “poeta-herói” é finalmente libertado. Surge um
adversário do importuno. Apolo o salva:
........................Casu uenit obuius illi
aduersarius et: “Quo tu, turpissime?” magna
inclamat uoce, et: “Licet antestari?” Ego uero
oppono auriculam; rapit in ius; clamor utrimque,
undique concursus. Sic me seruauit Apollo.
(“Por sorte, o adversário daquele vem ao meu
encontro: ‘Para onde vais, ó grande patife?’ Eu,
na verdade, apresentei a orelha. Ele o levou ao
tribunal; clamor e ajuntamento de todos os
lados. Assim Apolo me salvou”. v. 74-78)
Epístolas ou cartas — Dois livros feitos de
coleções de cartas sobre vários assuntos.
Dentre elas destaca-se a maior, a Epístola aos
Pisões, conhecida como Arte Poética.
Epodos ou iambos — Um livro somente, com 17
pequenos poemas líricos escritos na mocidade
sobre assuntos de Roma e imitava, tanto na
métrica quanto no estilo satírico, o poeta
Arquíloco.
A epístola Ad Pisones, na plenitude da estética
moderna, é uma resenha modesta de opiniões
literárias. Mas os princípios dela estão nos
alicerces da preceptiva de todos os tempos.
Horácio argamassou-os na massa eterna do natural
e do humano.
Esta epístola deve ter sido uma das últimas obras
do poeta. Foi uma espécie de testamento. Se valeu,
como um código, até o movimento romântico, hoje
anda quase esquecida, com o mais clássico do
nosso moribundo humanismo.
Levantei um monumento mais duradouro do que o
bronze; mais alto do que as pirâmides, obra suntuosa de
reis; monumento que a chuva não corroerá, que não será
derrubado pelo aquilão (vento norte)furioso, que
resistirá, através do tempo, a sucessão dos séculos sem
fim. Eu já não morro completamente...
"Exegi monumentum aere perennius.
Regalique situ pyramidum altius.
Quod non imber edax, non A'quilo impotens,
Possit diruere aut innumerabilis,
Annorum series et fuga temporum.
Non omnis moriar... (Ode XXX, liv. III)
FLORILÉGIO
A Epístola aos Pisões ou Arte poética tem
476 versos. François Richard, tradutor e anotador
de Horácio, discrimina o assunto em três grandes
desenvolvimentos:
1) preceitos gerais, do começo até o verso 72;
2) estudo dos diferentes gêneros, em particular da
poesia dramática, versos 73-294;
3) conselhos aos poetas, no seu procedimento
literário, versos 295-476.
1. Risum teneatis, amici?
O riso conteríeis, meus amigos?
2. Pictoribus atque poetis, quidlibet audendi semprer fui
aequa potestas. Aos pintores e aos poetas sempre
coube o direito de tudo ousar.
3. Amphora coepit institui: currente rota, cur urceus
exit?
Se começou a modelar uma ânfora, porque, andando a
roda, sai uma bilha?
4. Maxima pars vatum decipimur specie recti.
A maior parte dos poetas, enganamo-nos com a
aparência do bem.
Publius Ovidius Naso, poeta latino, é mais
conhecido nos países de língua portuguesa por Ovídio.
Nasceu em 20 de março de 43a.C. em Sulmo, atual
Sulmona, em Abruzos, Itália.
Vivia uma vida boêmia, sendo admirado como um
grande poeta.
No ano 8, foi banido de Roma pelo imperador
Augusto por causa de seu livro A arte de amar (Ars
Amatoria), considerada imoral por Otávio Augusto, o
que lhe causou um profundo desgosto até o final de
sua vida.
Foi nessa época que Ovídio escreveu a sua obra
mais famosa: Metamorfoses (Metamorphoses),
escrita em hexâmetro dactílico, métrica comum
aos poemas épicos de Homero e Virgílio.
Faleceu no ano l7 em Tomis, atual Constanta,
na Romênia.
Ovídio influenciou com seus versos, cheios de
suavidade e harmonia, autores tão diversos
como Dante, Milton e Shakespeare.
Ovídio é um clássico que exerceu grande
influência na revitalização da poesia bucólica e
mitológica do Renascimento.
Apreciado como um dos maiores poetas da
latinidade, Ovídio permanece ao lado de
Virgílio até os dias atuais.
Se outros escritores latinos continuam citados,
como Cícero, estes dois têm edições de suas
obras principais sempre publicadas e com
novas traduções em diferentes países do
Planeta.
O poeta Virgílio, de Eneida, mais com suas
“Bucólicas”; o poeta de Tristia, Ovídio, mais com seu
“Ars Amatória”.
O livro, escrito nos primeiros anos desta era, se
compõe de três partes.
Os poemas tratam de técnicas de conquista por parte
das mulheres, e nisso o Poeta trata da apresentação
social, pintura, postura no andar, no falar e até em
escrever cartas.
Vale, portanto, ser lido e apreciado em vários de seus
aspectos literários e mesmo históricos.
O segundo livro é dirigido ao sexo
masculino, que assim termina:”A todos
aqueles que felizes venceram, / com a
ajuda do gládio que de mim receberam, /
uma bela amazona, nos seus troféus
inscrevam: Ovídio foi meu mestre.”
No mesmo “Arte de Amar”, entre tantas
“tiradas” sobre o amor e o amar, esta é
brilhante: “Abomino a mulher que se
entregou / apenas porque tem de se
entregar e que nenhum prazer
experimentando / frigidamente faz amor
pensando / no novelo de lá.” (op. cit.)
Seus poemas podem ser líricos, libertinos,
irônicos.
A ARTE DE AMAR

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua
alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
1 "Tudo
serve de pretexto para mostrar tua solicitude. (...)
Será mais fácil que os pássaros emudeçam na primavera
ou as cigarras no verão (...) do que uma mulher resistir à
carinhosa solicitude de um homem."
2 "Tens de agir como apaixonado e tuas palavras devem
dar a sensação de que estás perdido de amor. (...) Como
toda mulher se julga digna de ser amada, ser-te-á fácil ser
acreditado."
3 "Quando tiveres razão para julgar conveniente que vá
sentir saudades tuas, e que a tua ausência lhe cause
inquietação, dá-lhe um descanso. (...) Cuida, todavia, que
a tua ausência seja breve; com o tempo a saudade
diminui, apaga-se a lembrança do ausente e um novo
amor se insinua."
4 "Não ostentes em vão teus recursos, nem faças alarde
da eloqüência. Elimina do teu falar todo o acento de
pedantismo. Poderá alguém que esteja no seu juízo
declamar seu amor com palavras complicadas à sua
amada? (...) Escreve de modo natural, com palavras
comuns mas ternas, escreve como se estivesses falando."
5 "Nada tens a perder se a deixares convencida de que
tem grande poder sobre ti."
6 "Promete sem timidez, pois as promessas prendem as
mulheres!"
7 "Aos homens só convém uma beleza sem enfeites. (...)
Devem agradar apenas pela elegância discreta. (...) Não
cries o hábito de frisar o cabelo a ferro, nem alises com
pedras-pomes as pernas."
Por motivos ainda não bem definidos, o
Poeta de “Tristia” e de “Metamorfose”
foi exilado de seu país. Freqüentava o
palácio do Imperador Augusto onde,
como até hoje, imperam fofocas, intrigas,
amores.
Tristia, Os Tristes/As Coisas Tristes, ele relata a
noite trágica do exílio num de seus mais bonitos
momentos poéticos: “Quum subit illius tristissima
noctis imago / quae mihi supremum tempus in
Urbe fuit: / quum repeto noctem, qua tot mihi
cara reliqui, / labitur ex oculis nunc quoque
gutta meis.” (Quando recordo a tristíssima
imagem daquela noite, para mim o derradeiro
instante na Cidade (Roma), quando recordo a noite
em que deixei tantas pessoas queridas, corre ainda
neste instante uma lágrima de meus olhos.”
METAMORFOSE
Est tamen humani generis iactura dolori omnibus, et,
quae sit terrae mortabilibus orbae forma futura, rogant,
quis sit laturus in aras tura, ferisne paret populandas
tradere terras. Talia quaerentes (sibi enim fore cetera
curae) rex superum trepidadre uetat sobolemque priori
dissimulem populo promittit origine mira.
(Da triste humanidade o fim lhes custa: perguntam qual
será da terra, a face, qual forma a sua, dos mortais vazia?
Quem irá às aras ministrar incenso? Será talvez o mundo
entregue às feras? O que foi dos homens será entregue aos
brutos?) Ovídio - Metamorfose, verso 245-250.
E as censuras e comentários sobre suas
criações tidas como licenciosas acabaram
por levar o Imperador a decidir pelo
banimento de Ovídio para o Ponto
Euxino, costa do Mar Negro, região
distante de Roma.
De lá de onde ele jamais voltou,
escrevendo sempre a sua esposa, amigos e
ao mesmo Imperador.
OVÍDIO E O TRÁGICO
MÁRCIA REGINA DE FARIA DA SILVA
(FFP-UERJ E UERJ)

Ovídio, poeta latino do século I a.C., compôs muitas
obras das quais a grande maioria era em versos
elegíacos. Apesar de escrever elegias, consideradas
entre as composições poéticas do gênero lírico, ele
deu uma conotação trágica muito acentuada a pelo
menos uma de suas obras: as “Heroides”, cartas de
heroínas do mito ou da história a seus amados
ausentes. Como as cartas tratam da perda amorosa,
podemos delinear, por trás dos versos elegíacos, a
trajetória trágica das personagens.
A poesia lírica, inicialmente, designava todo
poema que não era para ser recitado, mas
cantado ao som da lira. Na Grécia, era
considerado lírico todo poema cantado
acompanhado de um instrumento musical de
corda ou sopro. A lírica alexandrina é
caracterizada pelo culto à forma, pela busca
da expressão rara e pelo distanciamento da
linguagem coloquial, proporcionados pelos
anseios de erudição.
O período alexandrino inspirou os poetas
romanos do século I a.C., descontentes com
os modelos de Homero e dos trágicos,
imitados por Névio e Ênio, Era o momento
do lirismo em Roma.
A elegia, em sua origem, era uma poesia
composta dos chamados dísticos elegíacos,
ou seja, um hexâmetro e um pentâmetro.
No período de Augusto, especialmente, com
Tibulo, Propércio e Ovídio, a elegia ganha
caráter de um gênero elevado que quer a
imortalidade. Esses poetas escrevem livros
inteiros de elegias, normalmente dedicados a
uma mulher, como Délia, em Tibulo e
Cíntia, em Propércio, sendo que esses
pseudônimos não deixam transparecer a
identidade de suas amadas.
Ovídio inicia a composição do primeiro
período de sua obra intitulado, por Ettore
Paratore, de ciclo erótico, todo escrito
em dísticos elegíacos. Primeiramente,
escreveu os “Amores” que são poemas nos
quais o poeta canta sua paixão por Corina,
personagem representativa de todas as
mulheres que ele amou. Essa obra possuía,
inicialmente, cinco livros, sendo resumida a
três pelo poeta.
Sua obra seguinte foi as “Heroides”, cartas
imaginárias enviadas por heroínas gregas e
romanas a seus amantes, procedente de
diversas fontes; teve influência da retórica e
logrou bastante sucesso na época. A “Ars
Amandi” ou “Ars Amatoria”, em três livros,
explica a arte de amar, poema licencioso e,
por isso, acredita-se que tenha contribuído
para o exílio do poeta, devido à moral
imposta por Augusto.
Depois começou a escrever os “Fastos”, que
deveriam ter 12 livros, porém só 6 ficaram
prontos, pois foi desterrado; essa obra é uma
explicação em versos elegíacos do calendário
romano. Iniciam-se aqui as composições do
desterro, onde escreveu “Ibis”, durante a viagem,
poema imitado de Calímaco; “Tristia”, em 5
livros, elegias lastimando o desterro e pedindo
perdão; “Epistulae ex Ponto”, em 4 livros, tendo a
mesma temática anterior, porém possuindo o
nome do destinatário.
Escreveu ainda, após observar os costumes em
Tomos, a “Halieutica”, obra didática sobre os
peixes do Mar Negro. Pode-se, portanto, notar
que Ovídio ampliou os temas elegíacos romanos.
Iniciou com as elegias amorosas para uma
determinada mulher, em Amores; depois abordou
o amor de personagens míticas, nas “Heroides”;
transferiu o eixo do amor para a conquista
amorosa, em “Ars Amandi”; e, finalmente,
inaugurou uma elegia intimista sem ligação com a
temática amorosa, em “Tristia e Pontica”.
Exatamente por isso Ovídio é testemunha de
sua época. Seus predecessores haviam sido
em larga medida testemunhas de si mesmos.
Ovídio, ao contrário, representa fielmente a
opinião de seus contemporâneos sobre o
amor, a idéia que faziam de seu papel na
vida das criaturas, da parte que convinha lhe
atribuir, dos objetivos que ele perseguia.
OS FASTOS (AS FESTAS)
 Eram
os Fastos de Ovídio uma obra em
doze Livros, de que só ficaram os
primeiros seis. Tinham por objeto
descrever e explicar as principais festas
religiosas pagãs de cada um dos doze
meses; a origem arqueológica de cada
uma delas; e a sua coincidência com as
revoluções astronômicas.
Eis aqui o como ele propõe a totalidade do
seu plano:
Festas do Lácio ano, origens, suas
quais astros vão, quais vêm, dirão meus
versos.
Há nos Fastos muitas e mui belas provas do
que eu há pouco vos dizia: do amor que o
bom do Ovídio tinha à vida campestre.
Final do seu mês de Janeiro. FESTA DAS
SEMENTEIRAS:
Nos Anais, onde as festas vêm marcadas,
festas em vão busquei das sementeiras.
Vendo-me a folhear, cuidoso, assíduo,
e entendendo-me o empenho, – "Em balde as
buscas
rindo a Musa me diz; – "festas mudáveis
"das fixas no registro achar querias?
“Têm marcada estação, e o dia incerto;
"celebram-se no prazo em que estão
prenhes
"de sementes os chãos. Gozai do ócio
"à farta manjedoura, ó bois coroados;
"lá virá logo a ativa Primavera,
"à cerviz repousada impondo jugo,
"com a renascente lida afadigar-vos.
"No abrigo do casal durma por ora
"a cansada charrua (arado); a terra fria
"não deseja, não sofre, o ser rasgada."
Agora, que jaz finda a sementeira,
lavradores, dai folga ao solo, aos braços;
lustrem colonos sua aldeia em festa,
dêem a seus fogos a anual fogaça.
Télus e Ceres, madres das searas
já com seus mesmos grãos se propiciem,
já com as entranhas da suína fêmea.
“De entre ambas nasce o grão que nos
sustenta:
“Ceres no-lo produz; mantém-no a Terra.
........................................................................
“Lavradores, por vós tais são meus rogos.
“Com os rogos meus os vossos se misturem,
“por que uma e outra deusa os ratifiquem.
Ouvi-lhe agora a narração da festa, que em seu
tempo se fazia no mês de Fevereiro, em honra do
deus Término, ou Termo.
Este deus não era mais nem menos que um marco,
de pedra ou pau, que extremava os prédios. Com
razão lhe davam aquele culto; nada mais
respeitável, que a propriedade; nada mais
judicioso, que santificá-la.
FESTA DO DEUS TÉRMINO
“Finda a noite, alvoreça a costumada
festa do deus que nos comparte os campos.
“Quer tosca pedra, ó Término, te embleme,
quer tronco informe pela mão de antigos
enterrado no chão, sempre és deidade.
“Para ti donos dois, de opostas partes,
coroa e coroa te cingem; bolo e bolo
te vem de cá, de lá; como à porfia,
aí se te engenhou ara campestre.
...........................................................................................................
Salve, ó Término sacro, ó tu, que extremas
bairros, cidades, reinos! cada campo
fora sem ti um campo de batalha.
“Manténs, desambicioso, insubornável,
as herdades em paz das Leis à sombra.
“Se a terra Thireátide te houvera,
não ceifaria a morte heróis seiscentos
de Argos e Esparta no fatal duelo;
não se lera de Othriades o nome
num vão troféu de mentirosas armas,
que inda à Pátria infeliz custou mais sangue.
“
“Mantêm pois sempre, ó sacra sentinela,
mantém pois sempre, ó Término, teu posto.
“Despreza os rogos do vizinho avaro;
não lhe concedas do terreno um ponto.
“Ceder a humanos quem resiste a Jove?!
“Vem bater-te enxadão, pulsar-te arado?
proclama a vozes: "Meus confins são estes;
"de além, tu; de aquém, ele; ambos coíbo.
"e em coibir aos dois aos dois protejo."
Uma estrada une Roma aos Laurentinos,
reino que o Teucro prófugo buscara;
lá, dos marcos o sexto em honra tua
vê que lanosa vítima se imola.
“Término, já que aceitas cultos nossos,
ampara-nos; sustenta o nosso Império.
“De cada povo o espaço é circunscrito;
são de Roma os confins confins do globo.”
“
Lúcio Aneu Sêneca (em latim: Lucius
Annaeus Seneca; Corduba, 4 a.C. — Roma, 65
d.C.) foi um dos mais célebres escritores e
intelectuais do Império Romano. Conhecido
também como Sêneca, o Moço, o Filósofo, ou
ainda, o Jovem, sua obra literária e filosófica,
tida como modelo do pensador estóico durante o
Renascimento, inspirou o desenvolvimento da
tragédia na dramaturgia européia renascentista.
Ainda criança, foi enviado a Roma para estudar oratória
e filosofia. Com a saúde abalada pelo rigor dos estudos,
passou uma temporada no Egito para se recuperar e
regressou a Roma por volta do ano 31 da era cristã.
Nessa ocasião, iniciou carreira como orador e advogado
e logo chegou ao Senado.
Por influência de Agripina, a jovem, sobrinha do
imperador e uma das mulheres com quem este se casou,
Sêneca retornou a Roma em 49. Agripina tornou-o
preceptor de seu filho, o jovem Nero, e elevou-o a pretor
em 50. Seneca contraiu matrimônio com Pompéia
Paulina e organizou um poderoso grupo de amigos.
Logo após a morte de Cláudio, ocorrida em 54, o
escritor vingou-se com um escrito que foi
considerado obra-prima das sátiras romanas,
Apocolocyntosis divi Claudii ("Transformação em
abóbora do divino Cláudio").
Nessa obra, Sêneca critica o autoritarismo do
imperador e narra como ele é recusado pelos
deuses.
Sêneca retirou-se da vida pública em 62. Entre
seus últimos textos estão a compilação científica
Naturales quaestiones ("Problemas naturais"), os
tratados De tranquillitate animi (Sobre a
tranquilidade da alma), De vita beata (Sobre a
vida beata) e, talvez sua obra mais profunda, as
Epistolae morales dirigidas a Lucílio, em que
reúne conselhos estóicos e elementos epicuristas
na pregação de uma fraternidade universal mais
tarde considerada próxima ao cristianismo.
Contemporâneo de Cristo
Apesar de ter sido contemporâneo de
Cristo, Sêneca não fez quaisquer relatos
significativos de fenômenos milagrosos
que, aparentemente, anunciavam o
despertar de uma poderosa nova religião.
Entretanto, há indícios de uma possível
troca de correspondências com Paulo de
Tarso (apóstolo, com cidadania romana,
também conhecido por Saulo).
Constata-se que os cristãos, por intermédio de
Lúcio Aneu Sêneca, assimilaram os princípios
estóicos, utilizando inclusive as mesmas
metáforas estóicas na Bíblia.
Um fato tanto mais curioso quanto a Sêneca,
como filósofo, foi o interesse por todos os
fenômenos da natureza, resultando nas cartas
intituladas posteriormente Questões da natureza,
como observou Edward Gibbon, historiador
representativo do iluminismo do século XVIII,
perito na história do Império Romano e autor do
aclamado livro História do Declínio e Queda do
Império Romano, uma referência ainda hoje.
A filosofia de Sêneca
 Sêneca
ocupava-se da forma correta de
viver a vida, ou seja, da ética, fisica e da
lógica. Via o sereno estoicismo como a
maior virtude, o que lhe permitiu praticar a
imperturbabilidade da alma, denominada
ataraxia (termo utilizado a primeira vez por
Demócrito em 400 a.C.). Juntamente com
Marco Aurélio e Cícero, conta-se entre os
mais importantes representantes da
intelectualidade romana.
Sêneca via no cumprimento do dever
um serviço à humanidade. Procurava
aplicar a sua filosofia à prática. Deste
modo, apesar de ser rico, vivia
modestamente: bebia apenas água,
comia pouco, dormia sobre um colchão
duro. Sêneca não viu nenhuma
contradição entre a sua filosofia, estóica,
e a sua riqueza material: dizia que o
sábio não estava obrigado à pobreza,
desde que o seu dinheiro tivesse sido
ganho de forma honesta. No entanto,
devia ser capaz de abdicar dele.
Para Sêneca, o destino é uma realidade. O
homem pode apenas aceitá-lo ou rejeitá-lo.
Se o aceitar de livre vontade, goza de
liberdade. A morte é um dado natural. O
suicídio não é categoricamente excluído por
Sêneca.
Sêneca influenciaria profundamente o
pensamento de João Calvino. O primeiro
livro de Calvino foi um comentário ao De
Clementia, de Sêneca.
A FUNÇÃO DIDÁTICA DAS TRAGÉDIAS
DE SÊNECA
Zelia de Almeida Cardoso (USP)
Embora inspiradas nas tragédias gregas, principalmente
nas de Eurípides, as obras trágicas de Sêneca
apresentam traços bastante originais: os mitos,
trabalhados de forma especial, perdem em parte seu
caráter sagrado; a progressão da ação é regulada
sobretudo pelos dramas psicológicos, vividos pelas
personagens; as figuras são construídas com tal vigor
que, frequentemente, se assemelham a caricaturas
trágicas, desenhadas com traços nítidos e seguros.
A linguagem é rica, elaborada e
ornamentada, por vezes rebuscada e
afetada, própria de uma época de acentuado
gosto pela retórica e pela opulência em
recursos estilísticos. Ao lado dessas
características, verificamos nas tragédias
senequianas a presença insistente de
elementos filosóficos, o que lhes confere
um caráter didático dificilmente
contestável.
Entre os que discutiram esse caráter,
lembramos Florence Dupont (Dupont, 1995,
p. 9), que, em seu livro, intitulado Les
monstres de Sénèque, ao propor uma
“dramaturgia das tragédias de Sêneca” refuta
a idéia de que o teatrólogo tivesse composto
textos trágicos apenas para a leitura e neles
não vê nenhuma função didática (idem, p.
20).
Se na obra de Eurípides já podemos
encontrar elementos filosóficos, nos textos
trágicos de Sêneca eles se apresentam com
mais força e freqüência.
Não se pode dizer a rigor que Sêneca
tenha sido propriamente um filósofo. As
questões referentes à “filosofia de Sêneca”,
assim como à de outras figuras do mundo
latino, a exemplo de Lucrécio ou Cícero,
foram exaustivamente estudadas em todos
os tempos.
Os romanos – e Sêneca entre eles – se
interessaram principalmente pela ética
estóica. Sêneca, como vimos, se considerava
discípulo dos estóicos e, embora procurasse
manter sua liberdade de julgar e, por vezes,
se aproveitasse de idéias filosóficas não
estóicas que lhe parecessem boas, sua obra é
marcada pela presença de elementos
estóicos. Esses elementos, sem dúvida,
foram elaborados à sua maneira.
Conhecendo ampla e profundamente a doutrina estóica,
Sêneca não somente a divulgou em seus tratados e cartas
como também aproveitou todas as oportunidades para
apresentá-la, de alguma forma, em suas tragédias.
Em Fedra, mais que em algumas outras, as
ocasiões favoráveis à exploração do estoicismo se
multiplicam pois que o próprio mito contribui para isso.
A história de Fedra é essencialmente exemplar. Por seu
intermédio podemos verificar como a paixão não
dominada, sobrepondo-se à razão, determina o
desencadeamento de catástrofes e compromete a ordem
universal.
O amor da rainha por seu enteado jovem e belo é
uma transgressão que violenta o equilíbrio. Uma
vez rompido esse equilíbrio, as desgraças se
sobrepõem umas às outras e não se pode mais
interromper a avalanche provocada.
Nas três ações básicas que se imbricam,
compõem a urdidura da tragédia e determinam a
eclosão do evento trágico (o amor de Fedra por
Hipólito, a calúnia, a maldição de Teseu), a
paixão domina a razão, a ordem natural é
transgredida e o mal se instaura de forma
irreversível.
A ama de Fedra, em suas primeiras intervenções,
faz grandes esforços para reconduzir o espírito
enlouquecido da rainha ao caminho do dever e da
razão e evitar que a desgraça se consume. Exerce,
portanto, a mesma função que tantas vezes as
nutrizes exerceram nas tragédias clássicas:
encarna o bom senso, que se opõe ao
desenfreamento dos sentimentos, e representa o
alter ego da personagem principal, possibilitando
a exibição do conflito que se estabelece na mente
conturbada, determinado por um dualismo
natural.
Nas primeiras palavras que dirige a Fedra, procurando
reconduzir a rainha enamorada ao caminho da virtude, a
ama emprega uma argumentação de caráter estóico:
“Esposa de Teseu, descendência ilustre de Júpiter,
arranca o mais depressa possível de teu casto peito esse
amor nefasto, extingue as chamas e não te deixes
dominar por uma esperança funesta. Quem contraria e
combate o amor, desde o início, tem a segurança da
vitória; quem nutre o mal, acarinhando-o docemente,
muito tarde se recusa a suportar o jugo que sofre” (Phae.
129-135).
).
Não faltam na linguagem da ama nem as máximas
morais, nem as reflexões filosóficas, nem as
ponderações que encerram um conteúdo estóico:
“O primeiro grau do pudor é desejar coisas
honestas: o segundo é conhecer a extensão do
erro” (140- 141); “O crime é maior que a
monstruosidade; a monstruosidade é imputada ao
destino, o crime à imoralidade”(143-144); “Há
mulheres que cometem crimes impunemente;
nenhuma os comete com espírito tranqüilo”
(164).
Também apresenta sabor estóico a contra-argumentação
que utiliza quando se opõe ao arrazoado de Fedra que
procura atenuar sua culpa, atribuindo aos deuses a maior
responsabilidade por seu desvario.
A rainha se desculpa com palavras eloquentes,
construindo uma imagem de seu mundo interior, onde se
estabelece o conflito entre a paixão e a razão:
“Sei que o que lembras é verdade, minha nutriz, mas a
loucura me faz seguir o caminho pior. Mesmo consciente
minha alma se dirige ao abismo e volta, buscando
inutilmente uma inspiração saudável”.
Para as paixões desvairadas e inconsequentes a
ama tem uma explicação racional, não as
atribuindo à ação divina. Não é o deus-menino
quem atinge as almas e as faz mergulhar na
loucura e na cegueira, sem permitir-lhes que
meçam a extensão e a gravidade de seus crimes.
Se alguém ou algo deve assumir a
responsabilidade, que a assuma a vida fácil e fútil
que se leva nos palácios, onde o corpo se
acostuma aos vícios decorrentes dos prazeres
materiais que debilitam os sentidos e ofuscam a
razão:
“Quem vive exultante no meio de coisas
excessivamente favoráveis e se entrega ao
luxo, acaba desejando aquilo que é insólito.
Surgem então os desejos ilícitos,
companheiros da grande riqueza. Já não são
suficientes os alimentos costumeiros, as
saudáveis moradias usuais e as taças
comuns. Por que razão raramente sobrevém,
nos lares modestos, a desgraça que escolhe
as casas elegantes?
Por que o amor casto habita as moradas
humildes e a camada popular tem
inclinações sadias, sabendo conter-se com
moderação? Por que, inversamente, aqueles
que são ricos e dominam o reino não podem
desejar as coisas lícitas? Quem pode muito
quer poder também o que não pode” (204215).
Em Fedra são numerosos os passos em que há
referências ao ciclo natural das coisas e às forças
cósmicas que comandam a vida. O que por vezes
poderia ser considerado como imagem poética –
como ocorre no Prólogo (12-13), quando Hipólito
se refere ao zéfiro que acaricia os prados
orvalhados, fazendo brotar as ervas primaveris –
pode ser também uma alusão à idéia de ciclo
temporal: todas as coisas têm seu tempo. Algo se
inicia e algo termina constantemente,
continuamente.
A paixão de Fedra, como todas as paixões
desenfreadas, prossegue em sua ação
demolidora. Havia vencido inicialmente a
rainha, destruindo sua virtude e seu senso de
dever. Vence agora as convicções da ama,
incapaz de suportar a idéia de vir a
presenciar um final desastrado para o amor
proibido e a morte da mulher enamorada.
Como último recurso, a anciã se aproxima de
Hipólito, tentando persuadi-lo da
necessidade de amar:
“Lembra-te de tua idade e arranca as
preocupações de teu espírito. Ergue tua tocha
para participares de festins noturnos. Baco
dissipa os cuidados. Aproveita a tua juventude,
pois que ela costuma fugir em carreira veloz. Teu
coração é jovem: é agora que os prazeres de
Vênus te serão agradáveis. Que teu espírito possa
alegrar-se com isso. Por que repousas sozinho em
teu leito?”
“Põe um fim a essa vida austera, toma teu
caminho, solta tuas rédeas, não permitas que se
percam os melhores tempos de tua existência. Um
deus estabeleceu o que é próprio de cada época,
construindo os diferentes degraus: a alegria se
adapta bem ao moço; o rosto severo ao velho.
Por que te coíbes e matas teus instintos
legítimos?” (443-454).
Depois de recriminá-lo por malbaratar sua
juventude, vivendo com austeridade e
desdenhando o amor, a anciã constrói a imagem
de um mundo sem Vênus, desolado e devastado,
com o mar sem peixes, o ar sem pássaros, os
bosques sem feras e o vento, somente o vento,
soprando no éter sem fim (455-480).
A nutriz conclui sua exposição: “Por todas estas
razões, segue a natureza que é guia da vida;
frequenta a cidade; procura a companhia de teus
concidadãos” (481-482) .
[.
Se na tragédia grega o fatum (destino) é
freqüentemente responsável pelo final trágico,
nas peças de Sêneca a grande responsabilidade
cabe aos homens. A vitória das paixões sobre a
razão determina a desgraça. Das opções humanas
depende o que virá. Inserindo esses elementos no
corpo de seus dramas, Sêneca nos faz pensar em
uma das metas que talvez tivesse querido alcançar
ao compô-los.
Ao lado de conferir-lhes um caráter
rigorosamente literário, de construir
personagens bem trabalhadas em suas
qualidades psicológicas e de abordar os
mitos de forma original, é possível que haja
também procurado escrever tragédias
didáticas, capazes de induzir espectadores e
leitores a encontrar nos textos a ilustração
dos princípios básicos da doutrina estóica.
A POESIA ELEGÍACA : Sextus Propertius
(43 a. C. - 17 d. C.)

Propércio é um nome que ficou ligado para
sempre à elegia latina. Como Ovídio e Tíbulo,
dois outros expoentes do gênero, soube com
muita arte imprimir ao verso elegíaco a marca
do seu talento, cantando, sobretudo, o amor
por Cíntia, sua grande musa inspiradora. Além
do amor, que aliou muitas vezes à mitologia,
exaltou também a grandeza de Roma,
consolidada, depois de Júlio César, com as
novas conquistas e vitórias do imperador
Augusto Otaviano.
A ELEGIA: A elegia, na Grécia, estava
associada a uma forma métrica, o dístico
elegíaco, composto de um hexâmetro e de um
pentâmetro. Servia este metro para expressar os
mais diversos estados d’alma e era usado nos
cantos fúnebres, exaltação da pátria,
epigramas, epitáfios, sátiras e em outras
formas de expressão poética. Em Roma, a
elegia adquiriu estatuto de gênero literário, com
Tíbulo, Propércio e Ovídio, que empregaram o
metro grego para cantar, sobretudo, o amor.
VIDA E OBRA: Propércio (Sextus
Propertius), poeta elegíaco que viveu no
século de Augusto, nasceu na Úmbria,
talvez na cidade de Assis, por volta de 47
ou 46 a. C., e morreu em torno de 14 a. C.
Pertencia a uma família de proprietários
arruinados, cujas terras foram confiscadas e
repartidas entre os veteranos da guerra de
Filipos, ocorrida em 41 a. C.
Foi também vítima de outro infortúnio: a guerra de
Perúsia, que destruiu completamente sua pátria,
semeando em sua família o luto e a tristeza. As
amarguras deixadas por esse funesto episódio se
refletirão também em sua poesia. Após esse
acontecimento, ainda jovem, já órfão de pai, iniciou-se
na carreira da advocacia e, por consequência, nos
exercícios da oratória. Todavia, a pobreza a que ficou
reduzido e, certamente, sua veia poética, não lhe
permitiram continuar com os estudos forenses, tendo, por
isso, enveredado pelo caminho da poesia.
Na Roma dos Césares, conheceu seu primeiro amor, uma
escrava de nome Licínia. Mas seu romance com ela foi
passageiro, durando apenas alguns meses. Licínia não foi
totalmente esquecida, sendo lembrada pelo poeta em uma
de suas elegias.
Entretanto, só dois anos mais tarde, é que Propércio viria
a conhecer a mulher que seria a verdadeira paixão de sua
vida, Cíntia. Pertencia à alta aristocracia. Era uma
mulher casada, de vida livre, mas não uma cortesã.
Encantadora bailarina, também conhecia música e poesia.
Dona de uma rara beleza, Cíntia teve muitos amantes,
dentre os quais Propércio.
Após haver conhecido Cíntia, com quem
viveu durante cinco anos um grande amor,
Propércio publicará, por volta de 28 ou 29 a.
C., seu primeiro livro de elegias, o
Monobiblos ou Livro de Cíntia, dedicado
inteiramente à sua musa. Nele, o poeta canta
o amor como um sentimento puro e sincero.
Com sua publicação, tornou-se célebre,
sendo imediatamente reconhecido e acolhido
por Mecenas e Augusto.
Após a consagração de seu nome, escreveu
mais três livros de elegias. No segundo, tal
como no primeiro, também predomina a
temática amorosa, e Cíntia continua
sendo a figura central de seus versos. Em
ambos, são freqüentes as referências
mitológicas. Não constituem elas apenas
um traço da erudição de Propércio, mas
servem, sobretudo, de exemplo para
respaldar o sentimento amoroso.
No terceiro livro, de temática mais variada,
diminui, consideravelmente, o percentual de
elegias dedicadas a Cíntia. Nele, Propércio,
que antes tornara Cíntia a musa inspiradora
de seus primeiros versos, começa a ceder
lugar também para as elegias fúnebres,
bem como para as de temática nacionalista,
reservando outro tanto delas para as
reflexões sobre a poesia e sua arte.
Na era de Augusto, o contexto histórico
vivenciado por Propércio,o estoicismo é o sistema
mais difundido. Essa teoria filosófica cujo ideal é
a ataraxia, o equilíbrio perfeito da alma é
amplamente difundida, especialmente entre as
classes superiores da sociedade romana. Não
satisfaz, no entanto, àqueles que buscam
consolação na filosofia.
O gosto pelo ócio entra definitiva e triunfalmente
nos costumes romanos. Os poetas cantam a vida
citadina, a grandeza de Roma, suas antigas
virtudes, os novos costumes e as leis.
Esses temas aparecem na poesia de Vergílio,
Horácio e Propércio, que pertencem ao círculo de
Mecenas. Mecenas é um ministro de Augusto,
rico, generoso e requintado, que forma em torno
dele um círculo literário, do qual fazem parte
poetas das mais diversas convicções políticas.
Propércio, em um trecho da elegia VIII do livro I,
declara indiretamente seu amor a Roma, que
parece ser tão grande quanto o amor que tem por
sua amada, Cíntia, vejamos:
“Vicimus: assiduas non tulit illa preces.
Falsa licet cupidus deponat gaudia liuor:
Destitit ire nouas Cynthia nostra uias.
Illi carus ego et per carissima Roma
Dicitur et sine me dulcia regna negat11;”
(PROPERCE, 1929, p. 16)
“Vencemos: ela não suportou meus pedidos
constantes. Que a inveja ansiosa abandone as
falsas alegrias: nossa Cíntia desistiu de ir por
novos caminhos. Eu sou caro a ela e, por mim,
Roma lhe é caríssima e sem mim, diz-se, nega
que haja doces reinos;”
Na poesia elegíaca, podemos observar
uma submissão por parte do eu-lírico, que
se entrega à amada e espera ser atendido em
seus pedidos e, por isso, se entrega ao jogo
amoroso descaradamente.
Observemos, a seguir, no próximo slide, um
trecho da elegia I do Livro I de Propércio:
“At uos, deductae quibus est fallacia lunae
Et labor in magicis sacra piare focis,
En agedum dominae mentem conuertite nostrae
Et facite illa meo palleat ore magis.” (PROPERCE,
1939, p.11)
“Vós, porém, que tendes o encantamento para
controlar a lua e, cujo trabalho é fazer sacrifício
em altares mágicos, ei, coragem, atrai a atenção
da nossa dona (minha senhora) e fazei com que
seu rosto empalideça mais do que o meu.”
A elegia Grega Arcaica :“ao buscarmos a
essência da elegia a partir dos cânones da
Poética Antiga, toda a elegia grega arcaica
é baseada em relação a uma forma préestabelecida, herdeira da épica de Homero
e Hesíodo, já que o metro e o dialeto se
aproximam da criação poética precedente”.
Assim, a poesia elegíaca se distingue de outras
formas de poesia por ser composta por dísticos
elegíacos, ou seja, um hexâmetro e um
pentâmetro. Além dessa característica, é
interessante notarmos que, durante certo tempo, o
dístico elegíaco foi usado em inscrições e em
poemas cantados ao som da flauta; no entanto,
com o decorrer dos séculos, ele desliga-se da
música e torna-se apenas um poema destinado à
recitação e à leitura. (PESSANHA, 1988, p.91).
Em Roma, é Catulo o primeiro a compor
elegias. Inspirando-se em Calímaco,
escreve três poemas, o 65, 66 e 68, que já
revelam a essência da elegia latina. O
poeta latino soube imprimir um intenso
subjetivismo aos ditames da nova escola,
fazendo anunciar o que seria a elegia
amorosa romana posterior. Observemos, a
seguir, um trecho da elegia 68 de Catulo:
“Nec tamem illa mihi dextra deducta paterna
Fragrantem Assyrio uenit odore domum
Sed furtiua dedit mira munuscula nocte,
Ipsius ex ipso dempta uiri gremio... “
(Tradução)
“Ela não veio, trazida pelo braço paterno, para
minha casa, perfumada com essências assírias,
mas deu-me furtivos prazeres, roubados dos
braços do próprio marido, numa noite
admirável.”
No I século a.C, após a vitória de Augusto, temse em Roma um período de paz. Portanto, como
já dissemos, é, nesse período, que floresce, no
Império, a Elegia Latina, uma poesia que fala,
principalmente, de amor, e que é a expressão de
jovens poetas, como Tíbulo, Propércio e
Ovídio. Esses poetas buscam, no fazer poético,
a imortalidade; cantam o amor em primeira
pessoa e escrevem livros inteiros dedicados a
uma mulher.
Por ser cantada em primeira pessoa, a elegia romana
suscita várias discussões e opiniões a respeito de sua
subjetividade. A interpretação romântica deu às relações
entre os poetas e as amadas ares de verdade, que de
certo modo não condizem com a mentalidade amorosa
da época; por outro lado Paul Veyne, em sua obra A
elegia erótica romana, acusa os elegíacos latinos,
principalmente Propércio, de não imprimirem
sentimento a sua poesia, diz ele: “Os elegíacos não são
sérios; comportam-se como se fossem cenaristas de
sentimentos que fingem viver em seu próprio nome”.
(VEYNE, 1983, p.61).
Se não se pode afirmar que a elegia nasceu romana, fato
é que a elegia em Roma ganhará novo fôlego, trará parte
da tradição em seu bojo, assim como algumas
perspectivas novas, fazendo uma releitura da poesia
grega. Com poetas como Tíbulo, Ovídio e Propércio,
ela alcançará extraordinária perfeição de forma e de
conteúdo.
Na poesia properciana, observa-se a alta perfeição
formal: na escolha vocabular, na construção em períodos
que se alongam de forma tortuosa e na natureza
mitológica que expõe, demonstrando grande nível de
erudição.
Segundo Zélia de Almeida Cardoso, “das
noventa e duas elegias que Propércio
compôs, setenta e três se ocupam do amor
e, na maioria delas, a figura de Cíntia
domina o texto”. Pode-se, então, dizer que
o tema principal da poesia properciana é o
amor e que sua musa inspiradora é
Cíntia, muito embora o poeta também
tenha composto elegias com a temática
patriótica.
Vejamos um trecho da Elegia I do Livro I de
Propércio:
“Cynthia prima suis miserum me cepit ocellis,
Contactum nullis ante cupidinibus.
Tum mihi constantis deiecit lumina fastus
Et caput impositis pressit Amor pedibus,
Donec me docuit castas odisse puellas
Improbus et nullo uiuere consilio.”
(PROPERCE, 1929, p. 6)
Vejamos a tradução a seguir no próximo slide :
Tradução: “primeiro, com seus olhinhos,
Cíntia cativou-me, infeliz de mim, nunca
antes tocado pelo desejo amoroso. Então,
o Amor abaixou os olhos constantemente
altivos e oprimiu-me a cabeça tão logo
tocou me com os pés, enquanto ensinoume a odiar as meninas castas e, ímprobo,
viver sem nenhuma prudência.”
Junto aos dois outros elegíacos, Tíbulo e
Ovídio, Propércio forma a tríade que
encerrará o longo caminho literário que o
gênero elegíaco percorre tanto na Grécia
quanto em Roma, onde o gênero obtém
popularidade e dá fama àqueles que o
adotam como forma de expressão.
Aulus Albius Tibulus, o Tíbulo


Poeta latino nascido provavelmente em Roma, em
55ª.C.e faleceu em 19 a.C. ou nos arredores da cidade
eterna, tido como o segundo na clássica sequência dos
grandes escritores de elegias que se estende até
Ovídio. Juntamente com Propércio e Catulo, figuram
como os maiores cultores do gênero introduzido na
literatura latina- a Elegia - que recebeu influências da
escola alexandrina.
De origem nobre, teria perdido parte da fortuna nas
guerras civis naquele momento da vida política de
Roma (41 a. C.), em conseqüência do confisco de suas
propriedades por Marco Antônio e Otávio.
Protegido por Messala Corvino, estadista
e incentivador das artes, o poeta
frequentou o círculo desse ilustre patrício,
donde faziam parte muitos talentos jovens.
Tornou-se proeminente membro do seu
círculo literário e, mesmo detestando as
guerras, pois era um amante da paz,
acompanhou seu amigo ao Oriente por
dever de solidariedade, nas suas
expedições à Gália e à Grécia.
Esteve com Messala numa expedição à
Aquitânia (27), porém a doença impediu-o
de prosseguir viagem, ficando em Corcira
(29 a. C.).
Então retirou-se para sua casa de campo,
onde se dedicou integralmente à poesia.
Parte de sua obra foi reunida no Corpus
Tibullianum, produção do círculo de
Messala.
Foi considerado por Quintiliano como o maior
dos líricos, e influenciou, no Renascimento,
Ronsard e seus discípulos. O Seu dileto amigo
Messala mereceu lugar de relevo nas elegias do
poeta. Nas elegias tibulianas, duas mulheres,
Délia e Nêmesis, merecem destaque. A primeira,
identificada como Plânia, foi exemplo de amor
espiritual e puro; a segunda representou o amor
sensual e epidérmico, uma reles cortesã,
dilapidadora de bens alheios, ávida de interesses
materiais.
A sua devoção rural se combinou com seu amor da
natureza. Ele não mais tinha alguma crença. Ele
não explorou os detalhes da mitologia da religião
para valorizar suas composições com a erudição,
como faziam os poetas de Alexandria e seus
imitadores.
As superstições de Tíbulo eram uma
parte da própria natureza que ele associava com o
mesmo sentimento de ternura e de arte. Ele morreu
ainda jovem, aos 36 anos de idade. Mereceu a
homenagem fúnebre de Ovídio em Amores, III, 9.
Com essa posição, ele fortificou a tendência da
literatura da época com uma guinada no modo de
pensar, fazendo admitir o declínio da religião do
politeísmo ao submetê-la a um tratamento
poético.
Ele honrava seu protetor Messala com uma
estima
mais real do que tiveram Mecenas e os últimos
protetores da cultura. Mas ele foi sobretudo um
amante da poesia. Em resumo, pode-se dizer que
ele foi o poeta da cultura e do lazer.
Além de sua alta posição na história da poesia
elegíaca latina, ele foi particularmente
apreciado pela literatura posterior por causa do
fim prematuro de sua vida e de seu original
talento. Ele é celebrado numa das mais suaves
elegias de Ovídio.
A HERANÇA POÉTICA DE TÍBULO
 A estrutura
do livro I de Tíbulo: as elegias
dedicadas a Délia e a Márato, e as presenças
de Messala e da Paz; a organização do livro II:
as elegias dedicadas a Némese e a outros
temas; a temática e as características gerais da
obra de Tíbulo: a poesia elegíaca como opção
de vida contrária aos valores predominantes na
sociedade; a construção de um sonho; a
presença de Messala na poesia de Tibulo.
A relação do poeta com a ideologia
augustana; o campo e a religiosidade
campestre; a urbanitas tibuliana; o
carinho e a argúcia no cotejamento; a
dimensão eroticamente didascálica
(preceitos) de certos passos; a ausência
de mitologia; o desinteresse por
questões de poética; a evasão da
realidade e os “mitos” tibulianos.
Tíbulo, igualmente, repudia os temas bélicos,
preferindo tanger sua lira naqueles de amor, como
confessa na seguinte passagem da elegia I, 1, v.
53-55: “Te bellare decet terra, Messalla,
marique,
ut domus hostiles praeferat exuuias:
me retinent uinctum formosae uincla puellae.”
“A ti, ó Messala, convém guerrear, na terra e no
mar,
para que a tua casa ostente os despojos
inimigos:
a mim retêm, cativo, os vínculos de uma formosa
mulher.”
As elegias de Tíbulo constituíram peça
valiosa a enriquecer a literatura latina,
conferindo a esta um posicionamento
privilegiado no gênero elegíaco, que chegou a
suplantar, por vezes, a própria elegia grega, a
despeito das influências da escola alexandrina
se terem mostrado evidentes. A linguagem
cristalina e o rigor da perfeição métrica
conferiram ao poeta os méritos de ser um dos
maiores nomes da elegia em Roma.
A POESIA DIDÁTICA:LUCRÉCIO
Titus Lucretius Carus (ou Tito Lucrécio
Caro, na forma portuguesa), poeta e filósofo
latino que viveu no século I a.C. As datas exatas
de seu nascimento e morte não são conhecidas,
mas geralmente são situadas entre 99 e 55 a.C.
Pouco se sabe de sua vida. É provável, contudo,
que tenha nascido em Roma, onde foi educado.
Sua fama decorre do poema De rerum natura
(Sobre a natureza das coisas), onde expõe a
filosofia de Epicuro de Samos.
Para Lucrécio, o epicurismo era a chave que
poderia desvendar os segredos do universo e
garantir a felicidade humana. Tão entusiasmado
ficou que se propôs a tarefa de libertar os romanos
do domínio religioso através do conhecimento da
filosofia epicurista.
Em De rerum natura Lucrécio apresenta a
teoria de que a luz visível seria composta de
pequenas partículas. Teoria incompleta, apesar de
bastante consistente, é uma espécie de visão antiga
da atual teoria dos fótons.
Também neste poema, Lucrécio sustenta a idéia
da existência de criaturas vivas que, apesar de
invisíveis, teriam a capacidade de causar doenças.
Esta idéia representa na realidade a base da
microbiologia.
Lucrécio matou-se em 55 a.C. e seu poema foi
escrito em intervalos de ataques de loucura. A
bem da verdade, as "circunstâncias da vida e da
morte de Lucrécio são desconhecidas. A habitual
informação de que ele se suicidou em razão de
crises de loucura, acrescidas de perturbações
amorosas, não é plenamente confiável.
Só há um registro nesse sentido, transmitido
por São Jerônimo, que, em seu tempo, foi
um grande opositor de Epicuro e do
epicurismo” (SPINELLI, Miguel. "O
devotamento de Lucrécio a Epicuro e ao
epicurismo". In Os Caminhos de Epicuro.
São Paulo: Loyola, 2009, p.215ss).
Além de Epicuro, Empédocles é seu grande
orientador espiritual, e a este deve Lucrécio
muito de suas concepções. Quanto à
linguagem o seu grande mestre foi Ênio.
O Poema
De Rerum Natura é composto em seis cânticos. O
primeiro é a Invocação de
Vênus; princípio de toda a vida:
Mimosa Vênus, mãe de Eneide Roma,
Prazer dos homens e numes! Tu alentas
Os astros, que dos céus no âmbito giram,
as férteis terras, o naval oceano.
Por ti, todo o animal recebe a vida!
Logo ao nascer, na luz do sol atenta...
Em seguida, expõe as leis de Demócrito e de
Epicuro a respeito do Universo e termina
mostrando, segundo seu conceito, quais as
etapas que o homem e a civilização devem
percorrer antes de alcançar a sabedoria, fim
supremo da existência. Lucrécio descreve
todos os fenômenos da natureza
explicando-os por causas naturais.
Além de fonte preciosa para o conhecimento
do epicurismo – comenta-se que,
modernamente, é muito mais estudado do
que o próprio Epicuro - o poema de Lucrécio
tem grande importância literária. Seus
versos consagram o autor como um dos
maiores poetas latino e sua obra como o
maior poema filosófico de todos os tempos.
Alguns Pensamentos de Lucrécio
"A ninguém foi dada a posse da vida, a todos foi
dado o usufruto."
"Na verdade, aqueles suplícios que dizem existir
No profundo Inferno, estão todos aqui, nas nossas
vidas."
"Assim como as crianças, que no escuro tremem
de medo e temem tudo,
Nós, na claridade, às vezes temos receio de
certas coisas.
Que não são mais terríveis do que aquelas que as
crianças temem
No escuro e pensam que acontecerão a elas."
"É preciso afugentar com ímpeto esse medo do Inferno
Que perturba profundamente a vida do homem,
Estendendo sobre tudo a lúgubre sombra de morte
E não deixando existir nenhuma alegria serena e
inteira."
"Para quem vive segundo os verdadeiros princípios,
A grande riqueza seria viver com pouco,
Serenamente: o que é pouco nunca é escasso."
"Nada pode nascer
Do nada."
I, 127-131, 136-148
Temos de perscrutar com sério estudo
das eternas regiões as leis constantes,
os eclipses do sol, da lua as fases,
e as causas dos fenômenos terrestres;
mas antes vamos com sagaz finura
entrar na construção do ânimo e da alma
(...)
Eu não ignoro quão difícil seja
dignamente ilustrar em canto ausônio
as invenções recônditas dos gregos;
e agora muito mais que me constrangem
matérias novas, e escassez de língua
a criar palavras, que ninguém conhece.
Porém as tuas ínclitas (nobres) virtudes,
e o gosto que acho em infundir verdades
num amigo, qual tu, que me és tão doce,
me animam arrostar com árdua empresa.
De noite apraz-me na mudez tranqüila
as frases escolher, dar alma aos versos,
que te iluminem de fulgor brilhante,
e o seio oculto do universo te abram:
com o raio solar, com a luz diurna
tais trevas, tal terror não se dissipa;
mas com o estudo tenaz da natureza.
(Trad. Antonio José de Lima leitão (1851-1853
Caio Valério Catulo (84 a.C. - 54 a.C.) foi um
sofisticado e controverso poeta veronense que
viveu em Roma, durante o final do período
republicano.
Catulo se liga a um círculo de poetas de ideais
estéticos comuns, os quais, Cícero chama de
poetas novos (modernos), termo este, carregado
de sentido pejorativo. Esse grupo de poetas
rompia com o passado literário romano
(mitológico), passando, entre outras
características, a utilizar uma temática
considerada “menor” pelos seus críticos.
Sua obra se perpetuou
através dos séculos que
se seguiram, foi exemplo
para grandes nomes que
vieram depois como
Propércio e Tibulo.
Também foi muito lido
por poetas como T. S.
Eliot e Charles
Baudelaire.
Para Catulo, a verdadeira cidade devia assentar-se na
sodalitas(companhia-convivência) dos amigos, com
suas leis, amizades e inimizades.
O poeta, no entanto, coloca diante de si uma mulher
pública, envolvida com a política da época, chamada por
ele de Lésbia, conforme os cânones da poesia
alexandrina.
Lésbia será o centro do universo poético preconizado
pelo poeta, o qual também pertenciam os seus amigos.
A paixão imedida de Catulo levou-o a uma vida agitada,
dissoluta, envolvida por tantas paixões e contrastes,
terminando por arruinar-lhe a saúde e lhe trazendo a morte
quando contava com apenas 30 anos.
QUEM FOI LÉSBIA?
Lésbia (Clódia) foi mulher de Quintus Metellus
Celer, filha de Appius Claudius Pulcher. Lésbia
era um falsum nomen, segundo Ovídio.
Sic sua lasciuo cantata est saepe Catullo
Femina cui falsum Lesbia nomen erat.
(Tristes II, 427-428)
“Assim foi freqüentemente celebrada em versos
pelo lascivo Catulo
A mulher cujo pseudônimo era Lésbia.”
Não foi difícil tirar tal conclusão, tendo em vista a
admiração do poeta pela poetisa de Lesbos Safo. Além disso, Apuleio (séc. I d.C.) diz que
Lésbia é Clódia, pois os poetas elegíacos
escolhiam um pseudônimo que tivesse o número
de letras igual ao do nome verdadeiro, conforme
os cânones da poesia alexandrina (Lesbia/Clodia).
Eodem igitur opera accusent C.Catullum
Quod Lesbiam pro Clodia nominarit.
(Apologia 10)
A Lésbia dos poemas catulianos, pesava-lhe a
suspeita de ter causado a morte de seu marido e
que, após se tornar viúva, se amantizara com
Caelus Rufus (cf. c. 77), pondo de lado Catulo,
amante que tivera durante a vida com o marido.
Rufe, mihi frustra ac nequiquam credite amice,
(v.1)
“Rufo!, que à toa e em vão pensei ser meu amigo”.
O romance estabelecido entre o poeta e Clódia é a
fonte de inspiração de toda a arte catuliana.
Segundo estudos críticos, talvez a relação
amorosa do poeta tenha começado por volta
de 61-60, em Verona, época em que o marido
de Clódia era governador da Gália Cisalpina.
O primeiro encontro do poeta com essa
patrícia, muito mais velha do que ele, deu-se
no banquete de Lucullus, personagem do
poema 4, no ano 63.
O poema 68 fala-nos de alguns encontros
furtivos proporcionados na casa de um
amigo comum, situação freqüente nas classes
superiores.
...isque domum nobis isque dedit dominam,
atque ubi communes exerceremus amores.
(v.68-69)
“...me deu morada e deu-me à sua dona,
e lá comuns nós praticávamos amores.”
Como todos os poetas líricos, Catulo identifica-se
perfeitamente com a tríade amor, mulher e
poesia. A formosura de sua amada foi a todo
momento celebrada, a ponto de comparar Cibele e
Quíntia com Lésbia, pois o encanto físico foi
determinante no seu amor (cf. c.51).
...et enum uenuste
magno Caecilio incohata mater.
(c.35, 17-18)
...bela está
Cibele em versos de Cecílio, grande
Quintia formosa est multis, mihi candida, longa,
recta est. Haec ego sic singula confiteor
(c.86, 1-2)
“Para muitos Quíntia é bela, para mim é
clara, esguia, bem feita; isto eu aceito.”
No entanto, a beleza de tais mulheres não são comparáveis
à beleza de sua Lésbia.
Lesbia formosa est, quae cum pulcerrima tota est,
tum omnibus una omnis subripuit ueneres.
(c.86, 5-6)
“Lésbia sim é linda: toda belíssima,
só ela a todas roubou toda a graça.”
O AMOR EM ROMA
Em Roma, os antigos romanos consideravam o amor
como uma loucura ou um delírio passageiro. A paixão
amorosa era uma doença. Isto porque a paixão alienava a
vontade própria e tornava o ser apaixonado dependente de
outra pessoa. Sob o domínio da paixão, o homem perde
seu poder, escraviza-se e aliena-se.
Confiava-se à mulher (matrona) a responsabilidade da
fecundidade, pois a mesma encarnava os ideais de
segurança, estabilidade, permanência e perpetuação da
raça, além de gozar na domus uma veneração tal qual à
dedicada publicamente a Vênus.
As Matronalia, celebração das mulheres
casadas, e a Bona Dea remetem-nos aos
ritos de fecundidade da Roma antiga.
Estamos diante de uma sociedade viril, em
que o caráter religioso da fecundidade está
baseado na união mulher e homem. O amor
conjugal é visto essencialmente numa
perspectiva do "amor fecundo", ou seja, o
homem ao desposar uma mulher vai
naturalmente torná-la mãe.
Daí haver uma preocupação, por parte do homem
romano, de proteger as suas esposas das paixões ou
outras forças maléficas que pudessem comprometer a
estabilidade amorosa.
O amor, como sentimento fundado no desejo carnal, foi
uma situação social menosprezada pelos costumes
romanos.
A relação conjugal estava baseada na fides do
matrimonium, ou seja, na lealdade da mulher ao
marido, já que este podia lançar mão das cortesãs,
instrumentos do prazer, cuja feminilidade, em princípio,
fora profanada.
Catulo foi um dos poetas latinos que mais cultivou a
amizade, ao lado do amor, sendo estes temas de
inspiração artística, desenvolvidos conforme a tradição
grega: amizades vivas, porém acidentadas por rivalidades
e traições.
Dos 116 poemas do Liber, 68 referem-se a amizades
e inimizades de personagens do relacionamento do poeta.
Um dos seus confidentes foi Cornifício, ao qual Catulo
lhe expressa a dor que perpassa a sua alma devido às
infidelidades de sua amada Lésbia e chega a lhe pedir
uma palavra de consolo. Já Alfeno Varo é um dos seus
falsos amigos, pois lhe rouba a amada.
Malest, Cornifici, tuo Catullo,
malest, me hercule, est laboriose,
et magis magis in dies et horas,
quem tu, quod minimum facillimumque est,
qua solatus est allocutione?
Irascor tibi. Sic meos amores?
Paulum quid lubet allocutionis,
maestius lacrimis Somonideis.
“Vai mal, Cornifício, o teu Catulo,
vai mal e - por Hércules -, padece demais,
muito
mais, a cada dia, a cada hora.
E tu - se era nuga, se era nada que consolo deste, que palavras?
Sinto ódio. Assim, és meus amores?
Só poucas palavras, certas, mais
tristes que o lamento de Simônides.”
Lésbia prometeu a Catulo um amorem iucundum
perpetuumque - amor delicioso e perpétuo. No
entanto, o poeta não se contenta e suplica aos
deuses para que as palavras de Lésbia sejam
sinceras ao ponto de elevar este amor a um
aeternum foedus amicitiae - um pacto recíproco
de afeição.
Viuamos, mea Lesbia, atque amemus,
rumoresque senum seueriorum
omnes unius aestimamus assis.
Vamos viver, minha Lésbia, e amar,
e aos rumores dos velhos mais severos,
a todos, voz nem vez vamos dar.
Iocundum, mea uita, mihi proponis amorem
hunc nostrum inter nos perpetuumque fore.
Dei magni, facite ut uere promittere possit,
atque id sincere dicat et ex animo,
ut liceat nobis tota perducere uita
aeternum hoc sanctae foedus amicitiae.
“Minha vida!, me dizes que este nosso amor
será feliz aos dois, será eterno.
Deuses grandes, fazei que prometa a
verdade,
que sincera e de coração o diga
e que nos seja dado, a vida inteira, sempre
este pacto viver de amor sagrado.”
No poema 87, o poeta mostra que o seu amor é
verdadeiro, permanente e leal, afirmando que nenhuma
mulher foi tão sinceramente amada como a sua Lésbia.
Nulla potest mulier tantum se dicere amatam
uere, quantum a me Lesbia amata mea es.
Nulla fides nullo fuit umquam foedere tanta,
quanta in amore tuo ex parte reperta mea est.
(v.1-4)
“Mulher alguma pode se dizer bastante
amada quanto amada é por mim Lésbia.
Em pacto algum jamais houve tanta confiança
quanto a que em mim se viu em teu amor.”
Já no poema 85, o amor é expresso no paradoxo odi e
amo. E, no segundo verso, com a palavra excrucior (
palavra que significa "submeter ao castigo da cruz", pena
reservada apenas para os escravos e, por isso,
considerada infame), o poeta apresenta um desespero,
um tormento acompanhado de sentimentos de culpa por
ter alimentado ao longo dos anos um amor vão.
Odi et amo. Quare id faciam, fortasse requiris.
Nescio, sed fieri sentio et excrucior.
(v.1-2)
“Odeio e amo. Talvez queiras saber "como?"
Não sei. Só sei que sinto e crucifico-me.”
Para Catulo, a felicidade do amor se realiza
quando os seres "amam e são amados com
igual ardor".
Mutuis animis amant, amantur.
(c.45, 20)
“...com mútuas almas amam-se um ao
outro.”
Segundo Catulo, através do matrimonium, o
homem e a mulher devem ser o exemplo de
fraternidade universal.
E, em seu poema 62, exorta a que se valorize
o casamento, pois o casamento feliz, fundado
no amor, é exigente.
Et tu nei pugna cum tali coniuge, uirgo.
Non aequom est pugnare, pater cui tradidit
ipse, (c.62, 59-60)
“E com marido assim não lutes, noiva, é
injusto lutares contra aquele a quem te deu teu
pai...”
Lésbia nega-se ao casamento porque renuncia ao verdadeiro amor
conjugal. E isto leva Catulo a uma situação de tortura em relação ao
comportamento da amada que foge do aperfeiçoamento amoroso.
Miser Catulle, desinas ineptire,
et quod uides perisse perditum ducas.
............................................................
Nunc iam illa non uolt; tu quoque, inpotens, noli,
nec quae fugit sectare, nec miser uiue,
sed obstinata mente perfer, obdura.
Vale, puella. Iam Catullus obdurat,
...........................................................
Scelesta, uae te; quae tibi manet uita!
...........................................................
At tu, Catulle, destinatus obdura.
Infeliz Catulo, deixa de loucura,
e o que pereceu considera perdido.
.......................................................
Agora ela não quer: tu, louco, não queiras
nem busques quem foge nem vivas aflito,
porém duramente suporta, resiste.
Vai, menina, adeus, Catulo já resiste,
..........................................................
Ai de ti, maldita, que vida te resta?
..........................................................
Mas tu, Catulo, resoluto, resiste.”
“
A Lésbia da poesia catuliana é a personificação da
Clódia Metelo, protótipo as mulheres dos fins da
República, desejosa de prazer, sendo mais
importante a busca do amor carnal que conduz à
depravação dos costumes do que o dever prescrito
pela moral institucional do casamento.
Frontem tabernae sopionibus scribam.
Puella nam mei, quae meo sinu fugit,
amata tantum quantum amabitur nulla,
pro qua mihi sunt magna bella pugnata,
consedit istic. Hanc boni beatique
omnes amatis, et quidem, quod indignum est,
“...nessa taberna vou grafar grafitos
pois a menina, que a meu peito foge,
amada quanto ninguém mais será
por quem tão grandes guerras já pugnei,
senta-se aí. E ela, ledos, lestos,
todos amais, é certo, e o que é indigno,”
Finalmente, perdido tudo, resta-lhe esperar apenas
pela morte enquanto Lésbia se diverte com os
seus amantes (cf. c.11).
Cum suis uiuat ualeatque moechis,
quos simul complexa tenet trecentos
nullum amans uere, sed identidem omnium
ilia rumpens;
nec meum respectet, ut ante, amorem,
qui illius culpa cecidit uelut prati
ultimi flos, praetereunte postquam
tactus aratro est.
“Vá viver e gozar com seus amantes,
que, juntos, uns trezentos ela agarra
nenhum de fato amando mas os membros
rompendo em todos
e não se volte mais ao meu amor
que caiu por sua culpa como a flor
do último prado, em que, passando, o arado
então tocou.”
CONCLUSÃO
Esta análise nos faz concluir que o Liber de Catulo se
organiza em torno da temática central do amor.
Nos poemas amorosos de Catulo, podemos distinguir dois
ciclos: um ciclo em que o poeta fala dos felizes momentos
amorosos, e um outro relativo à cisão, reflexões do poeta e
rompimento final, após o seu desencanto pela mulher
amada.
Catulo foi o poeta latino que, com mais sinceridade e
verdade, expressou o sentimento amoroso, através de uma
linguagem extremamente metafórica. Suas composições
receberam grande influência de Arquíloco e Safo.
Lésbia foi a inspiração dos poemas catulianos. Famosa
por seus deleites amorosos, Lésbia, pseudônimo de
Clódia, mulher do cônsul Metelus Celer, do ano 60,
despertou no poeta uma paixão ardente que o fez sofrer
muito, levando-o até mesmo a travar uma guerra
sentimental. E, o próprio poeta, em seus poemas afirma
que Difficile est longum subito deponere amore
(c.76,13) - é difícil abandonar subitamente um longo
amor e ...quam Catullus uanm/ plus quam se atque suos
amauit omnes (c.58, 2-3) - aquela, única que Catulo
amou mais que a si e todos os seus.
Além de declarar a sua paixão pela musa
sedutora, o poeta também ataca os amantes
da amada e a vida dissoluta que caíra.
Catulo quis praticamente assentar a sua
relação com Lésbia, no entanto, a pietas, a
fides, o hospitis officium, o sanctum
foedus e o bene uelle foram todos traídos.
Da leitura do Liber catuliano, podemos
inferir que o poeta aspirava o amor do
matrimonium, um amor que
considera o outro um complemento
positivo do seu próprio ser. No entanto,
tanto Catulo quanto Lésbia não se
descobrem verdadeiramente: amam e
são amados de maneira diferente.
O TEATRO LATINO: Plauto e Terêncio
 Tito
Mácio Plauto (em latim Titus
Maccius Plautus; Sarsina, cerca de 230
a.C. - 180 a.C.) foi um dramaturgo
romano, que viveu durante o período
republicano. As 21 peças suas que se
preservaram até os dias atuais datam do
período entre os anos de 205 a.C. e 184
a.C..
Suas
comédias estão entre as obras mais
antigas em latim preservadas integralmente
até os dias de hoje, são quase todas
adaptações de modelos gregos para o público
romano, tal como ocorria na mitologia e na
arquitetura romanas. Seus trabalhos foram
também fonte de inspiração para muitos
renomados escritores, tais como
Shakespeare, Molière e outros.
Personagens
Os personagens de Plauto - muitos dos quais
aparecem repetidamente em diversas de suas
peças - também parecem ter vindo dos textos
gregos, embora também tenham recebido
algumas inovações. A própria adaptação destas
peças impossibilitaria a utilização de tipos
diferentes de personagens, pela onipresença de
tipos como escravos, concubinas, soldados e
velhos.
Aulularia, ou A Comédia da Marmita, é
uma comédia latina da autoria de Plauto, escrita
no período de maturidade deste autor (entre 194 e
191 a.C.) Pensa-se que o original grego é da
autoria de Menandro; o título do modelo,
contudo, continua a ser muito discutido. Tendo
como protagonista um velho avarento que faz
tudo por tudo para guardar uma marmita cheia de
ouro que encontrara em sua casa, esta peça é uma
das mais divulgadas de Plauto. É uma comédia de
intriga.
AULULARIA: ATO IV
Cena IX
EVC: Estou perdido, liquidado, morto! Para onde
correrei? Para onde não correrei? Pega, Pega!
(Pega) quem? Quem (pegará)? Não sei, nada vejo,
ando cego e, sem dúvida, não posso saber com
exatidão com a cabeça (perturbada), para onde
vou, ou onde estou, ou quem sou. Eu vos peço,
rogo, suplico que venhais me socorrer e (me)
mostreis o homem que a roubou. Que dizes tu? É
certo que acredito em ti; na verdade, vejo que (tu),
pela aparência, pareces bom.
O que há? Por que estais rindo? Conheço todos: sei que
existem vários ladrões aqui, que se escondem sob uma
roupa branca e ficam sentados, como se fossem santinhos.
Ah! Nenhum de vós está com (ela)? Mataste-me. Dize,
então, quem está com (ela)? Não sabes? Ai, pobre de
mim! Estou inteiramente perdido, terrivelmente perdido!
Pessimamente assistido ando, tanto pranto, (tanto) mal e
(tanta) aflição, fome e pobreza este dia me trouxe! Eu sou
o mais arruinado de todos (os homens) na terra. Na
verdade, de que vale a vida para mim? (Para mim), [que]
perdi tanto ouro, o qual guardei com tanto cuidado, com
(tanto) zelo!
Eu mesmo me lesei, (acabei com) minha vida e meu
prazer de viver; agora, conclusão, os outros se divertem
com a minha desgraça, com a (minha) ruína. Não posso
agüentar.
LYC: Quem (é) este homem aflito, lamentando-se e se
queixando diante de nossa casa? Mas, como suponho,
certamente este é Euclião. Eu estou completamente
perdido; o caso torna-se notório. (Ele) já sabe, como eu
suponho, que sua filha teve um filho meu. Agora estou
em dúvida. O que fazer? Ir embora ou ficar...? Ir lá falar
com ele ou fugir? Por Pólux, não sei o que fazer.
RECURSOS EXPRESSIVOS
DA LINGUAGEM AFETIVA NA AULULARIA
- Seleção vocabular
A escolha das palavras constitui uma rica fonte de
expressão da linguagem afetiva, pois se o falante
prefere uma palavra a outra é porque aquela
selecionada exprime melhor sua disposição afetiva
ou contém algum traço a mais, ausente ou menos
acentuado no termo substituído.
Repetição de vocábulos
Representa também outro recurso bastante
expressivo da linguagem afetiva. São variados
seus efeitos estilísticos.
Desvio da ordem habitual
O latim, língua casual, podia prescindir da posição como
marcador sintático. Isto não quer dizer, entretanto, que
não houvesse algum tipo de ordem dos termos na frase
latina. Ela existia, mas não se tratava de uma ordem
sintática, e sim usual, consuetudinária. Como diz Rubio
(1989:193), “los hablantes latinos nos parecen dar por
supuesto un orden natural de las palabras en sus frases”.
A alteração dessa ordem constitui, portanto,
um recurso da linguagem afetiva, usado
pelo falante quase sempre com a intenção de
fazer recair sobre o termo deslocado maior
expressividade. Ocorre freqüentemente na
Aulularia, com exemplos, que vão desde a
transposição de um substantivo até o
deslocamento de um verbo.
TERÊNCIO
 Terêncio,
Publius Terentius Afer, (ca. 170
a.C. — 160 a.C. ou 185 a.C. — 159 a.C.)
foi um dramaturgo e poeta romano, autor
de várias comédias como Andria, Phormio
e Adelphoe.
 É atribuída a Terêncio a autoria da famosa
frase: "Nada do que é humano me é
estranho".
Toda a obra de Terêncio, composta por seis
comédias, resistiu a ação do tempo chegando é
aos nossos dias. São elas: "Andria", "Hécira
(sogra em grego)", "Heautontimoroumenos (o
que se pune a si próprio - em grego)", "O
Eunuco", "Formião", "Os Adelfos (os
irmãos)".Pouco apreciado pelo público romano,
que preferia as farsas mais vivas e coloridas de
Plauto, foi mais apreciado na Idade Média e na
Renascença, sendo muito imitado até os tempos
de Molière.
Foi tão grande a preferência por
Terêncio na Idade Média que suas
peças eram representadas nos colégios
e na Renascença foram traduzidas em
várias línguas.
O EUNUCO

O comediógrafo Menandro também se ocupou
deste tipo de caráter na sua obra Cólax, que
para além de adulador, como indica o termo, é
um parasita. Este personagem e o militar
Fanfarrão, que também figurava na obra
 de Menandro, foram incorporados por Terêncio
nas figuras de Gnatão e Trasão, aceitando o
latino que eram tipos inteiramente habituais na
comédia grega e não na comédia latina como
afirmava o comediógrafo Lúscio Lanúvio;
0 próprio Terêncio nega no Prólogo da sua obra Eunuco
que existissem esses personagens numa suposta obra
intitulada “O adulador”, escrita conjuntamente
por Nécio e Plauto, como dizia Lúscio Lanúvio para
desprestigiar o nosso autor. Na Cena II do Ato II do
Eunuco, o personagem Gnatão define-se a si
próprio como um adulador inteligente e conta que um
conhecido seu, arruinado como ele, quer representar o
personagem do simpático para conseguir as dádivas dos
poderosos, ao que o próprio Gnatão contesta:
“Já lá vai o tempo em que se ganhava a vida
com esse tipo de coisas, isso era na geração
anterior; hoje há uma nova maneira de armar
aos pássaros; e fui eu
precisamente que inventei o processo. Há uma
classe de homens que querem ser os primeiros
em tudo, e não o são; eu ando sempre atrás
deles. Não me ligo a eles para que eles se riam
de mim, mas sou eu que me rio
espontaneamente para eles, e ao mesmo tempo
admiro os seus talentos....”
“Tudo o que eles dizem, eu aplaudo; se de
seguida dizem o contrário, também o
aplaudo; se alguém diz não, eu digo não; se
alguém diz sim, eu digo sim. Enfim, impusme a mim próprio aprovar sempre tudo.
Agora, esta profissão é, de longe, a mais
produtiva.”
ORATÓRIA : CÍCERO
Marco Túlio Cícero (106 a.C – 43 a.C) foi filósofo,
orador, advogado e político romano.
São famosos os seus discurso, foi autor de diversos
tratados filosóficos sobre o estado. Escreveu dez
tratados filosóficos, quase 1000 cartas, dezenas de
orações, tratados de retórica. Desenvolveu a prosa
latina e suas obras são analisadas e estudadas até a
atualidade.
A vida literária de Cícero confunde-se com a oratória e
por isso chamada de “época de Cícero”.
As Catilinárias e as Filípicas - são talvez
sejam os mais importantes discursos
políticos de Cícero.
As Catilinárias foram um conjunto de
quatro discurso. Pronunciados em 63 a.
C., nos quais o orador faz uma visível
agressão violenta contra Catilina, seu
rival político, acusado de pretender matálo e de ter desejado incendiar Roma.
“Até quando, enfim, ó Catilina,
abusarás da nossa paciência? Por
quanto tempo ainda esse teu rancor
nos enganará? Até que ponto a (tua)
audácia desenfreada se gabará (de
nós)? “(Quousque tandem abutere,
Catilina, patientia nostra?
Quamdiu etiam furor iste tuus nos
eludet? Quem ad finem sese
effrenata iactabit audacia?).
“Ó tempos! Ó costumes! O Senado tem
conhecimento destes fatos, o cônsul temnos diante dos olhos; todavia, este homem
continua vivo! Vivo?! Mais ainda, até no
Senado ele aparece, toma parte no
conselho de Estado, aponta-nos e marcanos, com o olhar, um a um, para a
chacina.”
E nós, homens valorosos, cuidamos
cumprir o nosso dever para com o Estado,
se evitamos os dardos da sua loucura. à
morte, Catilina, é que tu deverias, há muito,
ter sido arrastado por ordem do cônsul;
contra ti é que se deveria lançar a ruína que
tu, desde há muito tempo, tramas contra
todos nós.”
“
“Que há, pois, ó Catilina, que ainda agora
possas esperar, se nem a noite com suas trevas
pode manter ocultos os teus criminosos conluios,
nem uma casa particular pode conter, com suas
paredes, os segredos da tua conspiração, se tudo
vem à luz do dia, se tudo irrompe em público? É
tempo, acredita-me, de mudares essas
disposições; desiste das chacinas e dos incêndios.
Estás apanhado por todos os lados. Todos os teus
planos são para nós mais claros que a luz do dia,
e importa que os recordes comigo nesta hora.”
Cícero, o grande orador, discursa no senado contra o
conspirador Catilina.
AS FILÍPICAS
 Filípicas são um conjunto de discursos
proferidos por Demóstenes contra Felipe II da
Macedônia, conclamando os atenienses a lutar
contra ele, já que representava uma ameaça à
Grécia. Chamava-o de bárbaro.
 Cícero, na Roma antiga escreveu também
uma oração que, inspirada neste modelo,
designou de Filípica, quando Marco António
ocupou o lugar de Júlio César.
Marco Antônio era mal visto no senado, ao passo
que Otaviano era uma possível massa de amoldar.
Cícero, já velho, que se acostumara um pouco ao
servilismo dos últimos tempos, reviveu os bons
dias das palavras livres e fortes, com a série
admirável de suas Filípicas. Iam longe vários anos
desde as suas Catilinárias! Amadurecido e
ponderado, não gasta mais aquele estilo frondoso,
ampliativo, asiático, dos pomposos discursos de
outrora.
Suas 15 orações contra Antônio foram
chamadas Filípicas. Jamais foi Cícero tão
demosteniano, jamais deixou tão
deliberadamente a caixa de perfumes de
Isócrates, para ser direto, nervoso,
simplesmente e unicamente orador. Elas
constituíram, de certo, um glorioso fim de
carreira. E ele prestou um enorme serviço a
Otaviano, que pôde fazer com o Senado
uma aliança contra Marco Antônio.
Cícero foi incluído na listas dos proscritos, o
orador fugiu porém foi alcançado pelos soldados
de Antônio e foi morto em 7 de dezembro de 43
a.C., estava ele com 63 anos de idade.
Cícero é uma das figuras da história cujo caráter
está bem vivo, através de sua obra ele influenciou
seu tempo, as gerações posteriores a sua e mesmo
a atualidade, ele presenciou um importante
momento da história romana, a transição da
República para o Império.
A PROSA LITERÁRIA. HISTORIOGRAFIA:
JÚLIO CÉSAR, SALÚSTIO, TITO-LÍVIO,
TÁCITO E SUETÔNIO.
JÚLIO CÉSAR : Júlio César, que desempenhara o
cargo religioso de «pontifex maximus» (cargo
puramente honorífico, mas de grande valor simbólico,
de custódio e garante da religião oficial) foi
divinizado depois de morto com o título «Divus
lulios», por decreto do Senado.
Descreveu as suas campanhas da Gália no seu livro:
«Comentários da guerra gaulesa»; no outro seu livro
«Comentários da guerra civil» narra as suas lutas
com Pompeu.
“DE BELLO GALLICO”
 “Comentários sobre
a guerra da
Gália”compõe-se de sete livros, publicados em
51ª.C.aos quais, mais tarde, acrescentou-se um
oitavo. A obra trata da descrição da região da
Gália (França) e das várias campanhas dos
soldados romanos na região.
 Ao registrar os fatos, Júlio César baseou-se na
sua experiência nas batalhas e em documentos.
“DE BELLO CIUILLI”
Já a obra “Comentários sobre a guerra civil”
compõe-se de três livros e trata das batalhas travadas
entre as forças de César e Pompeu.
 Apresenta um caráter nitidamente político, em que
César intenciona justificar a usurpação do poder,
procurando despertar simpatias em relação a si
próprio.
 Nas duas obras, a linguagem é simples e sóbria, sem
ornamentos, evitando-se figuras de linguagem e
vocabulário poético.

Seu livro tornou-se leitura obrigatória para
os estudantes de latim. Qual a extensão da
região conquistada pelos romanos e quem
eram as tribos e qual a cultura dos que lá
habitavam e como fez César para dominá-la?
É o que o se segue:
César abre a primeira página do seu livro
com uma das suas mais conhecidas frases:
Gallia est divisa in partes tres, "a Gália está
toda dividida em três partes".
E, de fato, assim era. Bem ao norte, a Terra
dos Celtas era habitada pelos belgas, no
centro pelos gauleses propriamente dito, e,
ao sul dela, pelos aquitânios. Politicamente,
a parte meridional encontrava-se nas mão
dos romanos desde 222-121 a.C., que a
denominavam de Gália Narbonense, tendo
como principal centro era o porto de
Marselha.
A posse dessa região costeira do
Mediterrâneo, permitia-lhes trafegar seguros
pela Via Domitia, a estrada que ligava a
fronteira da Itália ao Leste, com a da Ibéria,
ao Oeste. Geograficamente, ela se estendia
de Milão, no Vale do Rio Pó, até o sopé das
montanhas dos Pirineus.
Foi para lá que enviaram Caio Júlio César,
de distinguida e aristocrática família latina,
como pró-cônsul da Gália Narbonense, no
ano de 59 a.C.
O povo que lá vivia, no que os romanos
denominavam de Gália Comata, eram os
celtas, separados entre si pelas mais
diversas razões. Dividiam-se eles,de um
modo geral, em galos Heudos, Arvernos,
Belgas, e nos que compunham as tribos
marítimas que habitavam nas margens do
Atlântico (onde hoje se situam a Bretanha e
a Normandia, departamentos da França).
A organização política dos gauleses, ou a
ausência dela, foi sua perdição. A Terra dos
Celtas era uma barafunda de tribos que ora
eram governadas por um pequeno número de
nobres guerreiros, outra por reis ou chefes
clânicos, e até por um curioso tipo de
magistrado, o Vergobret, escolhido, tal
como o cônsul romano, por um período de
um ano.
Sabendo explorar as desavenças e as eternas
desconfianças reinantes entre os gauleses
cabeludos, particularmente entre as duas
grandes tribos que habitavam a parte central
da Gália, os heudos e os arvernos, César se
pôs em marcha. O pretexto para intervir na
Gália transalpina foi a provável invasão
dela pelos germanos, que faziam ameaças
do outro lado do Rio Reno.
Com apenas quatro legiões (a 7ª, a ª, a 9ª, e
a 10ª), uns 24 mil homens, fora as tropas
auxiliares, Júlio César deslocou-se pelos
seis anos seguintes, entre 58 a 52 a.C., por
quase todo o território da Gália, impondolhe a obediência ao gládio e à lei de Roma.
Sob seu comando, à sua disposição, ele
tinha a maior invenção de Roma em todos
os tempos: a Legião.
Impressionante parte da máquina de guerra
romana, cada legião tinha um efetivo de
5000 a 5500 soldados engajados por
contrato. Disciplinados e bem treinados,
divididos em coortes, em centúrias e
decúrias, os legionários, auxiliados por uma
cavalaria audaz, realizavam maravilhas nos
campos de batalha. Eles não tinham
descanso. No acampamento era o momento
em que o pilus (a lança) era substituída pela
pá.
O próprio César revelou-se um comandante
notável. Vestindo o paludamentum, uma
cota militar vermelha para poder ser visto de
qualquer canto da batalha pelos seus
soldados, foram inúmeras as vezes em que
ele empunhou um escudo e foi para as linhas
de frente dar ânimo aos seus soldados; bateu
os helvécios, os germanos, os belgas, os
vênetos e armóricos, os bretões e finalmente
sufocou a resistência dos gauleses arvernos.
O levante de Vercingetórix, o chefe dos galos
arvernos, foi um dos mais impressionantes e
emocionantes acontecimentos da história antiga.
O grande caudilho, decepcionado pelo
conformismo da nobreza gaulesa com a ocupação
romana, "faz nos campos", narrou César, "um
alistamento de pobretões e homens perdidos.
Com esta tropa chama a seu partido todos os da
cidade, que vai encontrando; exorta-os a
tomarem armas pela liberdade comum".
A essa altura a Gália inteira ferveu. O gaulês
insurgente consegue impor uma derrota
parcial às legiões de César que tentaram
capturá-lo em Gergóvia (perto de ClermontFerrant), conclamando então o povo a uma
guerra total contra os romanos: que eles
queimassem tudo, as choças e as colheitas,
nada deixando ao invasor. César, porém, se
recupera e aplica sucessivas derrotas à
cavalaria gaulesa.
Vercingetórix, retirando-se com 80 mil
homens e 9 mil cavalos para Alésia, no alto
do Monte Auxois, pensa em repetir
Gergóvia, onde resistira com êxito ao sitio
do romano. Só que desta vez foi diferente.
César tomou-se de precauções. Os seus
engenheiros traçaram rapidamente um plano
de circunvalação do oppidum, a
fortificação dos gauleses.
De novo, os 55 mil legionários
empunharam a pá. Em seis semanas eles
abriram mais de vinte quilômetros de
trincheiras, montando um complexo
sistema de valos, fossas, armadilhas as
mais diversas, e uma paliçada completa,
com torres erguidas a cada 120 metros.
César decidira-se matar os gauleses pela
fome.
Vercingetórix, liberando sua cavalaria,
ordenou que eles trouxessem reforços de
todas as partes da Gália. Novamente César
se precaveu. Uma outra circunvalação foi
escavada, desta vez voltada para fora, para
poder resistir ao inevitável ataque que viria
dentro de uns tempos. De fato, uma massa
de 250 mil gauleses de quase todas as
tribos, partira em socorro do capitão gaulês
preso pelo garrote romano em Alésia.
Enquanto isso no interior da cidade cercada,
a fome fazia seus estragos. Casos de
antropofagia começara a ocorrer. As
esperanças de Vercingetórix de ser salvo se
esvaíram quando ele viu lá dos altos da sua
paliçada, os romanos de César aplicarem
uma derrota acachapante nos reforços que
viriam tirá-lo do sufoco. Eles conseguiram
por a correr aquela multidão formidável. A
batalha pela liberdade estava perdida. A
Gália cativa.
Vercingetórix, vestido de uma armadura
luzente, montado em seu corcel (cavalo) se
desfez de tudo e foi sentar-se aos pés de
César. Os demais gauleses sobreviventes
foram entregues aos legionários como butim
(despojos) de guerra. O bravo
Vercingetórix foi posteriormente conduzido
à Roma onde terminou decapitado, talvez
uns cinco anos depois de Alésia.
JÚLIO CÉSAR DITADOR
JÚLIO CÉSAR tornou-se ditador em 46 a.C. e
morreu assassinado nos idos de março de 44
a.C. numa conspiração de senadores, entre os
quais, Bruto que, uns anos antes, estava com
ele, ajudando-o a derrotar Vencingetórix. O
poder depois da morte de César foi disputado
entre seu sobrinho-neto Otávio, e um antigo
auxiliar de César, Marco Antônio (também
um veterano das Guerras da Gália).
Para a Gália, a derrota em Alésia significou
a derrocada da cultura celta e sua
substituição pela romana. César, ao ordenar
que o latim se tornasse a língua oficial das
tribos gaulesas submetidas, foi, de certa
forma, um dos forjadores da língua
francesa atual, uma das mais belas heranças
da Roma Antiga. Deste então, surgiu na
Gália uma nova civilização: a Galoromana.
SALÚSTIO : 86-34 a.C.), foi um dos grandes
escritores e poetas da literatura latina.
Nasceu em Amiterno, na Sabina, em 86 a.C. em
uma família interiorana, mas de posses, teve
uma formação requintada. Foi cedo para
Roma, e recebeu apoio de pessoas de
influência da sua família. Com o apoio de
César, Salústio foi eleito questor(finanças)
cargo que lhe assegurou uma cadeira no
Senado Romano. Investiu contra adversários
de César, e estes passaram a ser seus
adversários, como Milão e Cícero.
A inimizade que Salústio tinha para
com Cícero se encontra refletida em sua
obra; por exemplo, nos episódios
relativos à conjuração de Catilina, o
autor se mostra hostil a Cícero. Não
entra em muitos detalhes quanto à
importante participação de Cícero
durante o ocorrido.
Não reproduz nem mesmo os discursos
de Cícero no Senado Romano, discursos
estes que até hoje são lembrados pela
historiografia política. Em
compensação, Salústio descreve, com
riqueza de detalhes, o discurso de
César, com quem colaborava.
Embora favorável a Júlio César e
hostil a Cícero, Salústio expõe os
planos de Catilina para tomar o
poder. Trata do fracassado plano de
ser cônsul e da frustrada tentativa de
assassinar seu concorrente, Júlio
César.
A obra, no entanto, apresenta certas
imprecisões históricas.
O estilo é sóbrio, elegante e
conciso, com várias descrições e
inserções de cartas e retratos.
No final de sua carreira política, ele passou a
se dedicar à literatura. Já desiludido com a
corrupção em Roma, escreveu sobre a
decadência do povo romano e foi útil ao
descrever dois grandes momentos do fim da
república romana: a Conjuração de Catilina
e a Guerra de Jugurta, episódios sobre os
quais escreveu no período que vai da morte
de Cícero.
Período de 43 a.C à guerra Purúgia, em
40 a.C., quando os grandes personagens
da conjuração, Crasso, Pompeu, Catão,
César, Cícero e o próprio protagonista,
Catilina, já haviam desaparecido do
cenário político.
As obras que nos chegaram de Salústio são:
as duas monografias históricas (A
conjuração de Catilina e A guerra de
Jugurta), um tratado (incompleto) de cinco
livros intitulado Histórias, sobre os
acontecimentos de 78 a 67 a.C., quatro
discursos e quatro cartas, duas das quais
dirigidas a César.
Salústio usa de suas narrativas como
um pretexto para criticar os erros
políticos cometidos pelos que
detiveram o poder em Roma,
principalmente aqueles de Cícero, seu
inimigo político e pessoal. Como é o
caso da obra a seguir “De coniuratione
Catillinae
É com base em sua De coniuratione
Catilinae e, principalmente, nas descrições
que Salústio faz de Catilina, seu caráter, sua
moral e seu perfil psicológico, que se realiza
o retrato de Catilina, elencando uma série
de questões que surgem quando se pretende
analisar um retrato de personagem,
sobretudo o de uma figura ilustre, separada
de nós por mais de dois mil anos.
Como historiador, ao longo dos séculos,
Salústio tem sido alvo de todo tipo de crítica: há
os que não vêem nele tal função, mas sim a de
literato; a Idade Média o admirou ao tomar seus
prólogos, indevidamente, como tratados de
moral; o Renascimento o acusou de tendencioso
por não ter dado maior destaque à figura de
Cícero; o século XIX o viu como um homem que
participou ativamente da vida política do
seu tempo ao lado de César.
Em Roma não havia, até então, a concepção de
história como um gênero literário. Os analistas
registravam os fatos ano a ano, de maneira global
e, às vezes, fragmentária; as biografias
encomendadas constituíam uma “literatura de
conteúdo encomiástico (elogio) e objetivo
político”; finalmente, os comentarii eram diários,
anotações autobiográficas e memorialísticas.
A monografia histórica é inaugurada
em Roma por Salústio.
Não se pode afirmar até que ponto os relatos de
Cícero foram utilizados por Salústio na
composição do De coniuratione Catilinae,
não apenas porque o historiador já havia se
retirado do meio político, mas também pela
suspeita de uma inimizade entre os dois,
defendida pelos críticos que vêem na obra de
Salústio um panfleto político contra Cícero, ou,
mais especificamente, uma resposta ao De
consiliis suis de Cícero, obra que faz revelações
que contêm evidências contra César e Crasso.
QUEM FOI CATILINA?
 Lúcio
Sérgio Catilina (em latim Lucius
Sergius Catilina), foi um político romano
(?, 109 a.C. - Pistoia, 62 a.C.).
 De família patrícia, mas pobre, Catilina
teria iniciado desde cedo uma vida de
crimes e vícios. Apoiou Lúcio Cornélio
Sula, tornando-se seu agente. Durante as
proscrições deu demonstrações de
ambição e crueldade.
Em 77 a.C., foi questor, em 68 a.C.
pretor e em 67 a.C./66 a.C., governador
da África. Tentou ser nomeado cônsul,
sem sucesso. Irritado e pressionado por
dívidas, não viu outra saída a não ser
através de uma conspiração, na qual
reuniu jovens nobres e arruinados. No
entanto, a tentativa de assassinato dos
dois cônsules designados falhou (65
a.C.), juntamente com sua candidatura
para cônsul (63 a.C.).
Quando amigos de Catilina começaram a se
sublevar, Cícero - o cônsul escolhido conseguiu plenos poderes e interpelou
Catilina em pleno Senado:
Qvosque tandem abvtere, Catilina, patientia
nostra?
(Até quando, Catilina, abusarás de nossa
paciência?)
Catilina, forçado a se desmascarar, optou
pela luta aberta.
Preparações foram feitas através da Itália,
especialmente na Etrúria, onde a revolta
foi iniciada por Mânlio, um dos veteranos de
Sula.
Frustrou-se um plano para matar Cícero e,
no dia seguinte, este pronunciou um
discurso violento contra Catilina, que fugiu
para chefiar seu exército na Etrúria. Depois
de mais um dia, Cícero fez novo discurso
contra Catilina, desta vez no fórum romano.
Condenação à morte
Enquanto isso, os conspiradores em
Roma tentaram induzir alguns enviados
gauleses que se encontravam na cidade
a unirem-se a eles. Cícero, porém,
conseguiu reunir provas documentais e
os conspiradores foram presos e
condenados à morte.
Essa condenação foi posteriormente
criticada como violação da Lei, pois o
Senado romano não tinha o poder de
vida e morte sobre o cidadão romano.
No início de 62 a.C., Catilina viu-se
cercado pelas legiões de Marcelo Celer
e Antônio, morrendo na luta e
inspirando uma frase de Floro:
Bela morte, assim tivesse tombado
pela Pátria.
Tito Lívio (Titus Liuius- 59 a.C.17d.C.)
Conhecido em português por Tito Lívio ou
simplesmente Lívio, é o autor da obra histórica
intitulada "Ab urbe condita" ("Desde a
fundação da cidade"), onde tenta relatar a
história de Roma desde o momento tradicional
da sua fundação 753 a.C. até ao início do
século I da era comum, mencionando desde os
reis de Roma, tanto os primeiros como os
Tarquínios.
O título da sua obra conhecida
(embora com lacunas), Ab Urbe
Condita, que pode ser traduzido
como "Desde a fundação da cidade",
deixa claro que o autor pretendia
narrar a história de Roma desde a
sua mítica, lendária fundação.
Tito Lívio foi um dos principais
representantes do gênero histórico em
Roma. Sua obra é composta de cento e
quarenta e dois livros (142) livros, dos
quais temos conhecimento de apenas
trinta e cinco (35). Neste texto, aborda
desde a fundação de Roma até os
fatos contemporâneos a ele.
Em sua obra, Tito Lívio preocupa-se
com a restauração dos antigos
costumes (a valorização da
simplicidade, da austeridade, da
moderação, da coragem, da lealdade,
do civismo e da piedade).
Ao escrever, utiliza a primeira pessoa
do discurso, interpretando os fatos,
porém mostra sua admiração pelos
defensores da república, sem bajulação.
Ele considerava a história como uma
forma de ensinar, no presente, a partir
da valorização do passado. Estilo
sóbrio e conciso e conhecedor de
técnicas de oratória.
A obra está concebida como uma
narrativa analítica (ou seja, em "anais"),
modelo característico da historiografia
romana, sobre seções cronológicas
marcadas pelos eventos mais
importantes de cada ano, tais como a
eleição de cônsules, que são usados
como pontos de referência e datação.
Tito Lívio reconhece a falta de
documentação anterior a 390 a.C.,
ano do saque de Roma pelos
gauleses, dificultando, portanto,
algumas informações históricas até
então.
É logo no começo do livro I que
Tito Lívio narra a ocupação do
Capitólio (pelos gauleses),
embora tenha sido não esta mas o
Palatino a primeira colina
ocupada.
No parágrafo 10, entre as
hostilidades surgidas por conta do
rapto das sabinas, Tito Lívio relata
que Rômulo resolve depositar no
Capitólio, como dádiva, os
despojos de guerra de um dos chefes
inimigos, dedicando no local um
templo a Júpiter Ferétrio.
É altamente significativo notar que essa
vitória de Rômulo é exatamente o
primeiro triunfo militar de toda a
história de Roma: após fundar a cidade e
convocar homens para habitá-la,
Rômulo promove o rapto das sabinas
e só daí surgirão os primeiros inimigos.
Na verdade, estes não serão sequer os
sabinos, mas sim os seus aliados
ceninenses, que Tito Lívio caracteriza
como fracos.
Tácito também parece confirmar a versão de
Dionísio de Halicarnasso. Ver Anais XII, 24,
onde ele afirma que o Capitólio,
juntamente com o Fórum, foi integrado a
Roma por Tito e não por Rômulo.
A importância do Capitólio em Tito Lívio
está associada à importância dos
sentimentos de fides e pietas e da
observância correta dos rituais religiosos.
Assim como em Tito Lívio, a observância
do ritual e a obediência à religião, como
fator de dedicação ao Estado, aparecem em
Tácito, só que de uma forma invertida.
A ausência total de fides e pietas em
Nero ou durante a guerra civil
descaracteriza e enfraquece
terrivelmente a grandeza romana,
através da corrupção da moral
individual e pelo desrespeito com o
Estado e seu componente religioso representados pelo Capitólio.
Tito Lívio escreveu a maioria da sua obra
durante o reinado de César Augusto,
embora alguns autores atuais afirmem que
era partidário da República e que desejava
a sua restauração. Porém, como os livros
contendo a descrição do fim da República
Romana e a ascensão de Augusto não
chegaram aos nossos dias, não existe
confirmação dessa asserção.
Os principais méritos de Tito Lívio foi o
enfocar a história do ponto de vista
moral e elevar a prosa latina ao mais
alto grau de expressividade, correção e
vigor. Devido a sua grande admiração
por Cícero, Tito Lívio gostava da frase
ampla e abundante.
Ab Urbe condita libri
Ab Urbe condita (literalmente, "desde a
fundação da Cidade") é uma obra monumental
escrita por Tito Lívio que narra a história de
Roma desde a sua fundação, datada em 753
a.C. por Marco Terêncio Varrão e alguns
investigadores modernos. Esta obra foi escrita
por Tito Lívio (59 a.C. - 17) e é frequentemente
referida como História de Roma ou
História de Roma desde a sua
Fundação. Os primeiros cinco livros foram
publicados entre 27 a.C. e 25 a.C.
A coleção é vital para muitas descrições,
retratos, histórias e outros projetos
referentes ao Reino e à República de
Roma. Contém muitas referências a
fontes, e apresenta uma história geral de
Roma num estilo literário que facilita a
sua compreensão e leitura.
Contudo, a fiabilidade (fides) da obra foi
questionada com frequência, pois Tito Lívio
era um romano e os seus relatos, muitas
vezes, parecem tendentes a glorificar o seu
próprio povo. Apesar disso, os livros são de
um incalculável valor, pois que refletem as
reações dos próprios habitantes da antiga
Roma ante os acontecimentos históricos, os
seus interesses e os seus diversos costumes e
tradições.
Outras fontes, como Vidas dos Doze
Césares de Suetônio, costumam
coincidir com Tito Lívio quando tratam
períodos de tempo que estivessem
cobertos pela História de Roma.
Tácito ( Publius Cornelius Tacitus)
Historiador romano)-nasceu em 55 d.C.e morreu,
provavelmente no sul da França em 120 dC.
Publius, ou Caius, Cornelius Tacitus, Públio
Cornélio Tácito ou simplemente Tácito,
historiador latino, foi questor(finanças), pretor
(88), cônsul (97), procônsul da Ásia (aprox.
110-113) e orador. É considerado um dos
maiores historiadores da antiguidade.
Sua principal obra pode ser
considerada “Histórias”
(“Historiarum libri”), que,
originalmente, se compunha de doze
ou catorze livros. Chegaram aos
nossos dias os quatro primeiros
livros e fragmentos do quinto.
“Todas as coisas que hoje
consideramos antiqüíssimas foram
novas um dia."
Essa advertência de Tácito ilustra
bem nossas dificuldades com o
passado. Graças a Tácito, muitas
vidas ilustres se tornaram
conhecidas. De sua própria vida, no
entanto, pouco se conhece.
Seus dotes oratórios como jurista já eram
reconhecidos, mas foi como historiador
que Tácito alcançou a fama. Entre os anos
100 e 117, escreveu os "Anais". Neles,
Tácito relatou a história dos imperadores
romanos desde Tibério até a morte de Nero.
Nas "Histórias", redigidas entre 100 e 110,
recriou o período seguinte, que vai até o
reinado de Domiciano.
Além dessas duas obras
monumentais, Tácito escreveu a
"Germânia" (em que trata da vida e
da cultura dos povos germânicos) e
alguns outros textos. Como
prosador, seu estilo combinava
clareza, eloqüência e concisão.
Em sua obra, Tácito afirma sua
intenção de rejeitar as adulações e os
ódios pessoais ao expor os fatos
históricos. Compõe um detalhado
retrato de Roma, descrevendo o
assassinato do imperador Galba, e
narrando a entrada triunfal de Vitélio
em Roma e também a batalha de
Cremona.
Vale registrar:...Tácito escreveu: "A Justiça não é
bela quando apenas manuseia o Código e o
aplica; é bela, chega a ser grandiosa, quando
mergulha na profundeza do caso que julga"....
ALGUNS PENSAMENTOS DE TÁCITO:
“Os homens apressam-se mais a retribuir um dano
do que um benefício, porque a gratidão é um peso
e a vingança, um prazer."
"Os chefes são líderes mais através do exemplo do
que através do poder."
"Muitos dos que parecem estar lutando
contra a adversidade são felizes; muitos, em
meio a grande afluência, são totalmente
infelizes."
"Até no melhor dos homens, o desejo da
glória permanece mais tempo do que
qualquer outra paixão."
"Se você estimular que eles [os inimigos]
bebam em excesso e der a eles quanta bebida
quiserem, será mais fácil derrotá-los."
OBRAS : GERMÂNIA
 A grande obra
tacitiana acerca dos usos e
costumes dos antigos germânicos, foi
elaborada ao tempo de Trajano, em plena
guerra, insuspeitando o autor a preciosidade
monumental, qual insinua Burnouf, que legava
à posteridade, a respeito daqueles povos.
 “Curta a obra”, aprecia Montesquieu,
“porque é obra de Tácito, que tudo abrange e
tudo vê.”
A SEGUIR UM EXCERTO DE “GERMÂNIA”
“O divino Júlio (César) o mais eminente autor
refere que o poder dos Galos fora maior nos
tempos antigos; e assim parece verossímil, que
eles (gauleses) tenham passado também para a
Germânia. Porque muito pequeno era o
obstáculo de um simples rio para que a nação,
segundo ia prevalecendo (fortalecendo), não
deixasse suas terras por outras, que eram comuns
a todos e ainda indivisas?
De maneira que os Helvétios tiveram
todas as compreendidas entre a floresta
Hercínia e os rios Reno e Meno;
posteriormente os Boios, passaram
mais adiante entre ambos povos da
Gália. Resta ainda o nome de um lugar
chamado Boiano (Boêmia), e significa
recordação daquele povo
(habitantes).
Os Úbios ainda que mereceram ser colônia
dos romanos preferem que os chamem
Agripinenses, de nome de seu fundador,
coram (envergonham) de sua origem,
porque tendo se apossado desta parte foram
conservados para experiência de sua
fidelidade sobre a mesma margem para que
a defendessem e não para serem vigiados
(prisioneiros).”
Concomitantemente, não há nenhuma tradução
que consiga verter para vernáculo o estilo
complexo do historiador (no entanto, aprofundar
essa questão será entrar pela teoria da tradução,
que não é o que pretendo — até porque a
conclusão será, invariavelmente, afirmar que o
tradutor é um traidor).
Mais preocupante ainda é a inexistência, em
absoluto, de qualquer tradução portuguesa dos
Anais ou das Histórias, por muito má que fosse.
De Tácito, em português, há apenas uma
tradução de Adolfo Casais Monteiro da
Germânia (publicada pela Editorial
Inquérito — e atualmente esgotada); e uma
tradução das obras menores (Agrícola,
Diálogo dos Oradores e a mesma Germânia)
feita por Agostinho da Silva.
Outras obras de Tácito:
Agrícola (A Vida de Júlio Agrícola)
(98dC). Biografia de seu falecido sogro,
com um que de louvação fúnebre e um
certo caráter de monografia histórica
(como Catilina ou Jugurta de Salústio),
por suas digressões históricas e
geográficas.
Tácito estava preocupado em
demonstrar que se podia viver no
reinado de um mau imperador como
Domiciano: não se dedicando a uma
fútil oposição (como a de Helvídio
Prisco), mas servindo ao Estado (como
era, implicitamente, o seu caso e o de
Agrícola).
Anais (escritos entre 116 e 118 dC).
Composto por 16 volumes, que
abrangiam os anos de 14 a 68 dC.
Sobreviveram os volumes 1 a 6 (com
exceção de grande parte do volume 5), e
11 a 16 (com exceção da abertura do
volume 11 e encerramento do 16).
Tácito escreve com brilho assombroso.
Ficamos maravilhados com seu estilo, sua
dramaticidade e seus epigramas; somos
inevitavelmente influenciados por seus
subentendidos, e podemos rejeitar seu
pessimismo, mas nossa visão do início do
império é freqüentemente condicionada
por aquilo que Tácito julga conveniente
citar ou emitir.
Nenhum outro autor romano
continua a influenciar, de modo tão
efetivo, a visão dos acontecimentos
por ele narrados, embora as
pesquisas estejam conseguindo
desvendar pouco a pouco as técnicas
complexas e sutis utilizadas por ele.
Suetônio (Caius Suetonius Tranquillus –
69?- 141 d.C.)
Caio Suetónio Tranquilo, em latim
Gaius Suetonius Tranquillus, ou
simplesmente Suetônio, foi um
grande escritor latino que nasceu em
69 da era cristã, em Roma e faleceu
por volta de 141.
Foi secretário do imperador
Adriano. É considerado mais
biógrafo do que propriamente
historiador.
Sua principal obra é “Vidas dos doze
Césares” (120 d.C.).
Nessa obra, ele apresenta a biografia
dos doze primeiros imperadores de
Roma, seguindo sempre o mesmo
esquema : origem, nascimento,
nome, carreira, reinado e morte.
Suetônio se situa num vasto escalão
intermediário da literatura latina. Não
teve a grandeza dos autores do apogeu,
como Virgílio, Horácio, Cícero, Ovídio,
Tito Lívio, aos quais foi posterior. Nem
de um Juvenal, que lhe foi posterior. Foi
amigo de Plínio.
Apesar de Suetônio não conseguir
isentar-se totalmente de fazer certo
julgamento dos imperadores que ele
retrata, a obra de Suetônio tem sido
muito utilizada como fonte de
pesquisa para diversos livros e filmes
relacionados à história romana.
Suetônio foi um grande estudioso
dos costumes de sua gente e de seu
tempo e escreveu um grande volume
de obras eruditas, nas quais
descrevia os principais personagens
da época.
Foi, sobretudo, um indiscreto
devassador das intimidades da corte
romana, dando-nos uma visão
íntima dos vícios dos imperadores
e das picuinhas que dividiam a
nobreza.
Suas obras principais foram:







De Ludis Grecorum;
De Spectaculis et Certaminibus Romanorum;
De Anno Romano;
De Nominibus Propiis et de Generibus Vestium;
De Roma et ejus Institutis;
Stemma Ilustrium Romanorum;
De Claris Rhetoribus; e
 A vida dos doze Césares, a mais
conhecida, que chegou até nossos dias.
Morreu em Roma e sua celebridade deve-se
principalmente às obras como De viris
illustribus, sobre as vidas dos mais
importantes autores romanos, como as
biografias de Horácio e Virgílio, e De vita
caesarum, a mais importante de suas obras
conservadas, coleção de biografias de Júlio
César e dos 11 imperadores até a morte de
Domiciano, organizadas por tópicos.
Dado o caráter de avaliações críticas,
humorísticas e ridicularizantes, as obras
de Suetônio tiveram grande
popularidade na Idade Média e no
Renascimento, principalmente as
anedotas, muitas delas baseadas em
rumores ou simples boatos.
Suetônio é uma espécie de
colunista social do Império Romano.
“O antigo dono do exemplar que
estou lendo alertou-me sobre isso, e
disse ter parado de ler por este
motivo. Imaginem o tamanho do
meu sorriso.”
O colunismo social é um aspecto muito
útil na elucidação de um povo, de uma
época, e não deve nada a formas de
documentação consideradas mais sérias.
Além das entrelinhas onde brotam
diversas interpretações interessantes,
existe ainda o texto direto, que pode ser
hilário, engraçado.
O texto de Suetônio pode ser visto
como um complemento ao Satyricon
de Petrônio, dando ângulos novos à
época. Suetônio tem um certo padrão
na descrição de cada um dos
Césares.
Primeiro, ele define a origem
familiar do indivíduo, e depois parte
para um apanhado geral da carreira
política e administrativa. O passo
seguinte é falar das realizações, para
fechar com a parte realmente
divertida: os podres.
A obra de Suetônio deve ser considerada
como o amadurecimento político do autor,
que, ao fazer a histórica avaliação política
do império, representado pelas duas casas
mais significativas (Júlio-Claudiana e
Flávia) pendeu muito mais para a
democracia e pela liberdade do que
pela monarquia ou pela aristocracia,
talvez ainda em razão de seu espírito de
“eques romanus” oposto a esta última.
Na obra “As Vidas dos Doze Césares”,
percebe-se não uma biografia isolada ou
a história de um cidadão-imperador, mas
um universo de acontecimentos relativos
a doze governantes, que transformaram
a vida dos povos envolvidos, no período
que circunscreve a ascensão de César ao
poder até a queda de Domiciano.
EXCERTOS DA OBRA DE SUETÔNIO:
“No retiro de Capri imaginou uma sala com
cadeiras, como lugar adequado para
encontros secretos libidinosos, no qual
grupos de moças e jovens licenciosos e
inventores de complexos, chamados
“sphintrias”, chamados de todas as partes,
unidos em grupos de três, se prostituíam
entre si, na presença dele, afim de que, com
esse espetáculo pudesse reativar seus desejos
e carências. ( SUETONIO, 1983, p. 136,).”
entretanto, como tivesse lido no atos do
senado, que alguns acusados, a respeito dos
quais se limitara a escrever sucintamente
que haviam sido apontados por delatores
“estavam sendo absolvidos mesmo sem
interrogatório, tremeu pensado que estava
sendo desprezado, e resolveu, a todo custo,
recolher-se a Capri, não ousando mais
agir a não ser em lugar bem seguro”. (idem,
p. 188, ).
“
Vê-se, ainda, em Capri, o lugar das
execuções, de onde ele mandava precipitar
os condenados, na sua presença, depois de
tê-los feito sofrer os mais longos e
refinados martírios; um grupo de
marinheiros recebia as vitimas e espancava
os cadáveres, a golpes de varas e de remos,
temerosos de que ainda lhes restasse algum
sopro de vida”.
“
Na biografia de César, Suetônio narra uma
passagem em que se verifica uma profunda
admiração do imperador Alexandre Magno,
expressa com estas palavras: “no templo de
Hércules encontrou uma estátua de
Alexandre, o Grande. Diante dele
lamentou-se e confessou-se, como se tivesse
fraquejado, que nada havia feito ainda de
memorável, numa idade em que Alexandre
já havia dominado o mundo.”
A VIDA DOS DOZE CÉSARES
Neste clássico da literatura universal,
Suetônio nos apresenta biografias de 12
imperadores romanos da história do
mundo ocidental: Augusto, Tibério,
Calígula, Cláudio, Nero, Galba, Óton,
Vitélio, Vespasiano, Tito e Domiciano.
Faz também uma referência a Júlio César.
Ao mesmo tempo que examinamos este
período histórico, que vai da ascensão à
queda do Império Romano, conhecemos
também, neste relato, um pouco da
intimidade da vida de cada um dos doze
césares: seus ancestrais, suas
campanhas militares, os sinais tidos
como prenúncios de seus nascimentos e
os eventos que os levaram à morte,
além de um pouco do caráter e da
personalidade de cada um deles.
A intenção de Suetônio foi retratar o caráter
humano dos 12 césares, ressaltando o quadro
de violência e luxúria que havia na antiga
Roma.
Esta obra é extremamente valiosa para
conhecimento da Antigüidade Clássica,
graças ao volume de informações históricas
que registra.
A narrativa ocorre exatamente no período
que dividiu a história do mundo em duas
partes: antes e depois do Império Romano.
O grande autor romano nos deixou em sua
obra as histórias de: Júlio César ( que por
um período segurou o mundo nas mãos e tem
uma história de vida incrível ); Otávio
Augusto ( que retirou Alexandre, o grande
do santuário onde repousava, tornou o Egito
província de Roma e fez voltar os
gladiadores ao circo máximo dizendo que o
povo precisava de pão e circo);
Tibério ( um imperador agarrado ao
dinheiro que não erigia monumentos
suntuosos e era violento em seus
desejos ); Calígula (este muito
conhecido por suas atrocidades e um
imperador que não se importava de
sujar as próprias mãos, tanto que
mereceu um livro só seu escrito por
Alan Massie);
e ainda Druso, Cláudio, Suplício Galba,
Sálvio Óton, Vitélio, Vespasiano,
Vespasiano Augusto e Domiciano.
Todos eles em detalhes de suas vidas
desde a infância até a derrocada. Curtas
biografias de homens que marcaram o
mundo. Agradáveis de ler, interessantes
de desvendar.
Creio que nos importa conhecer, não
apenas por curiosidade mas pelo
legado que deixaram na cultura
latina, estes homens e seus feitos. A
forma que deram ao mundo de
então. As conquistas, o teatro,
literatura, ciências e descobertas que
financiaram.
Mesmo em meio a loucuras, orgias
sexuais, intrigas, guerras, disputas
por poder e seus gênios de soberba
e descontrole, os grandes homens de
Roma nos deixaram uma herança
histórica digna de ser conhecida.
Um super clássico. Literatura rápida por
ser segmentada. Fonte de pesquisa para
estudantes. Fonte de conhecimento para
os interessados. Abandone um pouco os
livros da moda e dê uma oportunidade
ao velho Suetônio para levar você pelas
ruas e palácios de Roma.
Religião Romana
Os romanos eram politeístas, ou seja, acreditavam em
vários deuses.
A grande parte dos deuses romanos foram retirados do
panteão grego, porém os nomes originais foram
mudados.
Muitos deuses de regiões conquistadas também foram
incorporados aos cultos romanos.
Os deuses eram antropomórficos, ou seja, possuíam
características ( qualidades e defeitos ) de seres
humanos, além de serem representados em forma
humana.
Além dos deuses principais, os romanos cultuavam
também os deuses lares e penates.
Estes deuses eram cultuados dentro das casas e
protegiam a família.
Principais deuses romanos : Júpiter, Juno, Apolo,
Marte, Diana, Vênus, Ceres e Baco, que veremos
depois..
MITOLOGIA ROMANA
A mitologia romana pode ser dividida em
duas partes: a primeira, tardia e mais
literária,
consiste
na
quase
total
apropriação da grega; a segunda, antiga e
ritualística, funcionava diferentemente da
correlata grega.
O romano, que impregnava a sua vida pelo
“numen”, uma força divina indefinida
presente em todas as coisas, estabeleceu com os
deuses romanos um respeito escrupuloso pelo
rito religioso – o Pax deorum – que consistia
muitas vezes em danças, inovações ou
sacrifícios.
Ao lado dos deuses domésticos, os romanos
possuíam diversas tríades divinas, adaptadas
várias vezes ao longo das várias fases da
história.
Assim, à tríade primitiva constituída por
Júpiter (senhor do Universo), Marte (deus da
guerra) e Quirino (fundador de Roma, ou
Rômulo), os etruscos inseriram o culto das
deusas Minerva (deusa da inteligência e
sabedoria) e Juno(rainha do céu e esposa de
Júpiter).
Com a República surge Ceres(deusa da
terra e dos cereais), Liber e Libera.
Mais tarde, a influência grega inseria
uma adaptação para o panteão romano
do seu deus do comércio e da eloquência
(Mercúrio) sob as feições de Hermes, e o
deus do vinho (Baco), como Dionísio.
Antiga mitologia sobre os deuses
O modelo romano consistia de uma
maneira bem diversa de definir e pensar
os deuses. No entanto , a maioria dos
deuses romanos eram inspirados nos
deuses gregos.
CUPIDO : DEUS DO AMOR
Cupido encarnava a paixão e o amor em
todas as suas manifestações. Logo que
nasceu, Júpiter (pai dos deuses), sabedor das
perturbações que iria provocar, tentou
obrigar Vênus a se desfazer dele. Para
protegê-lo, a mãe o escondeu num bosque,
onde ele se alimentou com leite de animais
selvagens.
O mito de Cupido e Psique
Um certo dia, Vênus estava admirando a
terra quando avistou uma bela moça
chamada Psique, uma moça muito bela.
Vênus era uma deusa muito vaidosa e não
gostava de perder em matéria de aparência,
muito menos para uma mortal. Vênus
chamou Mercúrio e disse-lhe: "- Mande esta
carta para Psique."
Quando Psique recebeu a carta ficou
admirada, recebendo uma carta de uma
deusa. Mas ficou muito decepcionada quando
a leu. Na carta havia uma profecia clamada
pela própria Vênus. A profecia dizia que
Psique ia se casar com a mais horrenda
criatura. Psique ficou desesperada, foi contar
para suas irmãs. Psique era muito inocente e
nunca percebeu que suas irmãs morriam de
inveja dela.
DIANA : DEUSA DA CAÇA
Em Roma, Diana (a Artemis grega) era a deusa
da lua e da caça, filha de Júpiter e de Latona, e
irmã gêmea de Apolo. Era muito ciosa de sua
virgindade. Indiferente ao amor e caçadora
infatigável, Diana era cultuada em templos
rústicos nas florestas, onde os caçadores lhe
ofereciam sacrifícios.
Na mitologia romana, Diana era deusa dos
animais selvagens e da caça, bem como dos
animais domésticos.
Filha de Júpiter e Latona, irmã gêmea de Apolo,
obteve do pai permissão para não se casar e se
manter sempre casta. Diana foi cedo identificada
com a deusa grega Ártemis e depois absorveu a
identificação de Artemis com Selene (Lua) e
Hécate (ou Trívia), de que derivou a caracterização
triformis dea ("deusa de três formas"), usada às
vezes na literatura latina.
O mais famoso de seus santuários ficava no bosque
junto ao lago Nemi, perto de Arícia.
Fortuna era a deusa romana da sorte (boa
ou má), da esperança. Corresponde a
divindade grega Tyche. Era representada
com portando uma cornucópia e um timão,
que simbolizavam a distribuição de bens e a
coordenação da vida dos homens, e
geralmente estava cega ou com a vista
tapada (como a moderna imagem da
justiça), pois distribuía seus desígnios
aleatoriamente.
FORTUNA : DEUSA DA SORTE E DA ESPERANÇA
Fortuna era considerada filha de Júpiter.
Roma dedicava a ela o dia 11 de Junho, e no
dia 24 do mesmo mês realiza um festival em
sua homenagem, o Fors Fortuna. Seu culto
foi introduzido por Sérvio Túlio, e Fortuna
possuía um templo nos tempos de Roma
republicana próximo ao Capitólio chamado
de templo de Fortuna Virilis.
Hera era a deusa grega equivalente a Juno, no
panteão romano. Deusa do casamento, irmã e
esposa de Zeus. Retratada como ciumenta e
agressiva, odiava e perseguia as amantes de Zeus
e os filhos de tais relacionamentos, tanto que
tentou matar Hércules quando este era apenas um
bebê. O único filho de Zeus que ela não odiava,
antes gostava, era Hermes e sua mãe Maia,
porque ficou surpresa com a sua inteligência.
Possuía sete templos na Grécia.
HERA : DEUSA DO CASAMENTO
Mostrava apenas seus olhos aos mortais e usava
uma pena do seu pássaro para marcar os locais
que protegia. Hércules destruiu seus sete templos
e, antes de terminar sua vida mortal, aprisionoua em um jarro de barro que entregou a Zeus.
Depois disso, ele foi aceito como deus do
Olimpo.
Hera deusa muito vaidosa e sempre quis ser
mais bonita que Afrodite sua maior inimiga.
Júpiter (em latim, Iuppiter) era o deus romano do dia,
comumente identificado com o deus grego Zeus. Também
era chamado de Jove (Jovis).
Filho de Saturno e Cíbele, foi dado por sua mãe às ninfas
da floresta em que o havia parido.
Quando Júpiter nasceu, a mãe, cansada de ver assim
desaparecer todos os filhos, entregou a Saturno uma
pedra, que o deus engoliu sem se dar conta do logro.
Criado longe, na ilha de Creta, para não ter o mesmo
destino cruel dos irmãos, ali cresceu alimentado pela
cabra Amalteia. Quando esta cabra morreu, Júpiter usou a
sua pela para fazer uma armadura que ficou conhecida por
Égide.
JÚPITER : O PAI DOS DEUSES
Júpiter teve muitos filhos, tanto de deusas como de
mulheres. Marte, Minerva e Vénus são seus filhos
divinos, entre outros. Quando se apaixonava por
mortais, Júpiter assumia diversas formas para se
poder aproximar delas.
Baco era seu filho e da mortal Sémele. A jovem
durante a gravidez insistiu que queria ver o pai do
seu filho, em toda a glória. Júpiter tentou dissuadila, mas sem êxito. Quando o rei dos deuses se
apresentou abertamente à sua amante, esta caiu
fulminada. Júpiter tomou então o feto e colocou-o
na sua barriga da perna, onde terminou a gestação.
MARTE : DEUS DA GUERRA
Marte era o deus romano da guerra, equivalente
ao grego Ares.
Filho de Juno e de Júpiter, era considerado o deus
da guerra sangrenta, ao contrário de sua irmã
Minerva, que representa a guerra justa e
diplomática. Os dois irmãos tinham uma rixa, que
acabou culminando no frente-a-frente de ambos,
junto das muralhas de Tróia, cada um dos quais
defendendo um dos exércitos. Marte, protetor dos
troianos, acabou derrotado.
Marte, apesar de bárbaro e cruel, tinha o
amor da deusa Vênus, e com ela teve um
filho, Cupido e uma filha mortal,
Harmonia. Na verdade tratava-se de uma
relação adúltera, uma vez que a deusa era
esposa de Vulcano, que arranjou um
estratagema para os descobrir e prender
numa rede enquanto estavam juntos na
cama.
Mercúrio era o deus romano encarregado
de levar as mensagens de Júpiter. Era filho
de Júpiter e de Bona Dea e nasceu em
Cilene, monte de Arcádia. Os seus
atributos incluem uma bolsa, umas
sandálias e um capacete com asas, uma
varinha de condão e o caduceu. Quando
Proserpina foi raptada, tentou resgatá-la
dos infernos sem muito sucesso.
MERCÚRIO: O MENSAGEIRO DOS
DEUSES
MERCÚRIO também era o deus da
eloqüência, do comércio, dos viajantes e
dos ladrões, a personificação da
inteligência.
Correspondia ao Hermes grego, protetor
dos rebanhos, dos viajantes e
comerciantes: muito rápido, era o
mensageiro.
Minerva era filha de Júpiter, após este
engolir a deusa Métis (Prudência). Com uma
forte dor de cabeça, pediu a Vulcano que
abrisse sua cabeça com o seu melhor
machado, após o qual saiu Minerva, já
adulta, portando escudo, lança e armadura.
Era considerada uma das duas deusas
virgens, ao lado de Diana.
MINERVA : DEUSA DA SABEDORIA, DAS ARTES E
DA GUERRA
Deusa da sabedoria, das artes e da guerra, era filha
de Júpiter. Minerva e Netuno disputaram entre si
qual dos dois daria o nome à cidade que Cécropes,
rei dos atenienses, havia mandado construir na
Ática.
Essa honra caberia àquele que fizesse coisa de
maior beleza e significado. Minerva, com um
golpe de lança, fez nascer da terra uma oliveira
em flor, e Netuno, com um golpe do seu tridente,
fez nascer um cavalo alado e fogoso
Os deuses, que presidiram a este duelo, decidiram
em favor de Minerva, já que a oliveira florida,
além de muito bela, era o símbolo da paz. Assim,
a cidade nova da Ática foi chamada Atenas, de
Atena, nome que os gregos davam a esta deusa.
Minerva representa-se com um capacete na
cabeça, escudo no braço e lança na mão, porque
era deusa da guerra, tendo junto de si um mocho e
vários instrumentos matemáticos, por ser também
deusa da sabedoria. A Minerva é o símbolo oficial
dos engenheiros.
Voto de Minerva é o voto de desempate proferido por
Atena quando do julgamento de Orestes. Este, vingando a
morte do pai, Agamemnon, resolve matar a sua mãe,
Clitemnestra, e o seu amante, Egisto.
Todavia, aquele que cometesse um crime contra o próprio
guénos era punido (com a morte) pelas Erínias. Sabendo
de seu futuro nada promissor, Orestes apela para o deus
Apolo, e este decide advogar em favor daquele, levando o
julgamento para o Areópago. As Erínias são as acusadoras
e Palas Atená presidente do julgamento.
Como era formada por 12 (doze) cidadãos, a votação
terminou empatada. Atena, então, que presidia o
julgamento proferiu sua sentença, declarando-o inocente.
NETUNO: DEUS DO MAR
Neptuno ou Netuno era um deus romano
do mar, inspirado na figura grega Poseídon.
Filho do deus Saturno e irmão de Júpiter e
de Plutão.
Originariamente era o deus das fontes e das
correntes de água.
O planeta Neptuno provavelmente recebeu
esse nome devido a sua cor "azul-marinho".
VÊNUS : A DEUSA DA BELEZA E DO AMOR.
Vênus é a deusa do panteão (ou panteón)
romano, equivalente a Afrodite no panteão
grego. É a deusa do Amor e da Beleza. O seu
nome vem acompanhado, por vezes, por epítetos
como "Citereia" já que, quando do seu
nascimento, teria passado por Cítera, onde era
adorada sob este nome.
Era considerada esposa de Vulcano, o deus
manco, mas mantinha uma relação adúltera com
Marte.
Vênus possui muitas formas de representação
artística, desde a clássica (greco-romana) até às
modernas, passando pela renascentista. É de uma
anatomia divinal, daí considerada pelos antigos
gregos e romanos como a deusa do erotismo, da
beleza e do amor.
Os romanos consideravam-se descendentes da
deusa pelo lado de Eneias, o fundador mítico da
raça romana, que era filho de Vênus com o mortal
Anquises.
SATURNO : O DEUS DO TEMPO E DA
AGRICULTURA.
Saturno era um deus romano, equivalente ao
grego Cronos. Era um dos titãs, filho do Céu e da
Terra. Com uma foice dada por sua mãe mutilou
o pai, Urano, tomando o poder entre os deuses.
Expulso do céu por seu filho Júpiter (Zeus),
refugiou-se no -Lácio. Lá exerceu a soberania e
fez reinar a idade do ouro, cheia de paz e
abundância, tendo ensinado aos homens a
agricultura. No Lácio, criou uma família e uma
conduta novas, vindo a ser pai de Pico (Carece de
informação).
Os Romanos que, segundo outras tradições,
atribuem a origem de Roma a Saturno,
construíram-lhe um templo e um altar à
entrada do Fórum, no Capitólio. Atribui-se
ainda a Saturno a criação de divindades
como Juno ou Hércules e de heróis como
Rómulo.
Os Romanos, com receio que o deus abandonasse
o seu lugar , prenderam a sua estátua com faixas
de lã e não a libertavam senão quando se
realizavam as Saturnais. Com efeito, estas festas
populares, celebradas anualmente por volta do
solstício (1) de Inverno, pretendiam ressuscitar
por um certo tempo a época maravilhosa em que
os homens tinham vivido sem contrariedades, sem
distinções sociais, numa paz inviolada.
(1) solstício
Época em que o Sol passa pela sua maior
declinação boreal ou austral, e durante a qual
cessa de afastar-se do equador. [Os solstícios
situam-se, respectivamente, nos dias 22 ou 23
de junho para a maior declinação boreal, e nos
dias 22 ou 23 de dezembro para a maior
declinação austral do Sol. No hemisfério sul, a
primeira data se denomina solstício de inverno
e a segunda, solstício de verão; e, como as
estações são opostas nos dois hemisférios,
essas denominações invertem-se no hemisfério
norte.]
CONCEITO SOBRE AS DIVINDADES NO
MUNDO ANTIGO
 Como
todos os mitos e lendas antigas, a
mitologia romana reúne crenças, rituais e
outras práticas relacionadas com o
sobrenatural, a partir de uma base cultural
própria, nesse caso, desde o período lendário.

 No
princípio da Idade Média, entretanto, a
religião cristã absorveu as religiões do Império
Romano.
OS SACERDOTES
Se distingue essa religião por seus ritos e por
um numeroso grupo de sacerdotes
encarregados deles (influência etrusca).
Esses sacerdotes formavam parte de
associações chamadas colégios:
1. Os Pontífices: encarregados dos ritos.
2. As Vestais: encarregadas de manter acesa o
fogo sagrado da Deusa Vesta, com voto de
virgindade.
3. Os Augures: observando o vôo das aves,
adivinhavam a vontade dos Deuses.
Janu e Vesta, guardavam as portas e o lar, enquanto
que o Deus Lares protegia o campo e a casa; Pales, era
responsável pelo gado; Saturno, pela semente; Ceres
era a Deusa encarregada do crescimento dos cereias;
Pomona, pelos frutos e Consus e Ops, das colheitas.
Júpiter, o majestoso e rei dos Deuses, era venerado
por contribuir com suas chuvas para que a terra desse
bons frutos.
Se considerava que tinha o poder sobre o raio e estava
encarregado de reger a atividade humana e, com seu
poder total, protegia os romanos em suas atividades
militares nas fronteiras de sua própria comunidade,
que cada vez mais foi se ampliando.
Identificados entre si, nos primeiros tempos se
sobressaíam os Deuses Marte e Quirino (fundador
de Roma ou Rômulo, representando as pessoas
comuns).
Marte, por exemplo, protegia os jovens em suas
atividades diárias, sobretudo quando essas eram
realizadas durante a guerra.
Era honrado em março e outubro. Já em tempos de
paz, Quirino era o protetor da comunidade, de
acordo com novos estudos.
A cabeça do panteão mais antigo estava a tríada
formada por Júpiter, Marte e Quirino, com as
consortes Juno e Vesta.
Os sacerdotes ou "flamines", responsáveis por seus
cultos, pertenciam a hierarquia mais alta.
Nos primeiros tempos, esses Deuses tinham uma
individualidade pouco definida, e suas estórias
pessoais careciam de bodas e genealogias e, o que a
diferencia da mitologia grega, é que os Deuses não
atuavam como os mortais. Essa é a razão para não
existirem muitos relatos sobre suas atividades.
O culto mais antigo se associava com Numa Pompilio,
o segundo rei Lendário de Roma, cuja consorte e
conselheira, Egéria, segundo se acreditava, era a
Deusa romana das fontes e dos partos.
Relacionada com ela, se adicionaram novos elementos
em uma época relativamente posterior.
Houve outras incorporações importantes como o culto
à Diana no monte Aventino e a introdução dos Livros
Sibilinos.
Essas são profecias sobre a história do mundo que,
segundo o mito, obteve Tarquino no final do século VI
a.C de Sibila de Cumas.
O Panteão (local dos deuses) foi construído
entre 117 a 138 d.C. graças ao imperador
Adriano.
Consagrou-se a todos os deuses.
Esse edifício foi substituído por um templo
menor construído por Marco Agripa.
Efetivamente, o seu nome está inscrito sobre o
pórtico do edifício. Lê-se aí:
M.AGRIPPA.L.F.COS.TERTIUM.FECIT, o que
significa: "Construído por Marco Agripa, filho
de Lúcio, pela terceira vez, cônsul".
Atualmente o Panteão é o monumento nacional
mais importante da Itália. Esse templo se
converteu em Igreja cristã em 607.
VEJA, A SEGUIR, UMA FOTO EXTERIOR
DO PANTEÃO ROMANO, CONSTRUÍDO
POR M.AGRIPPA.
UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA
Os romanos ultrapassaram todos os outros povos
na sabedoria singular de compreender que tudo
está subordinado ao governo e direção dos
deuses.
Sua religião, porém, não se baseou na graça
divina e sim na confiança mútua entre Deuses e
Homens; e seu objetivo era garantir a cooperação
e a benevolência dos deuses para com os homens
e manter a paz entre eles e a comunidade.
Entende-se por religião romana o conjunto de
crenças, práticas e instituições religiosas dos
romanos no período situado entre o século VIII
a.C. e o começo do século IV da era cristã.
Caracterizou-se pela estrita observância de ritos e
cultos aos deuses, de cujo favor dependiam a
saúde e a prosperidade, colheitas fartas e sucesso
na guerra.
A piedade, portanto, não era compreendida em
termos de experiência religiosa individual e sim
da fiel realização dos deveres rituais aos deuses,
concebidos como poderes abstratos e não como
Divindades Antropomórficas.
Um traço característico dos romanos foi seu
sentido prático e a falta de preocupações
filosóficas acerca da natureza ou da divindade.
Seus preceitos religiosos não incorporaram
elementos morais, mas consistiram apenas de
diretrizes para a execução correta dos rituais.
Também não desenvolveram uma mitologia
imaginativa própria sobre a origem do universo e
dos deuses.
Seu caráter legalista e conservador contentou-se
em cumprir com toda exatidão os ritos
tradicionalmente prescritos, organizados como
atividades sociais e cívicas.
O ceticismo religioso chegou a ser uma atitude
predominante na sociedade romana em face das
guerras e calamidades, que os deuses, apesar de
todas as cerimônias e oferendas, não conseguiam
afastar.
O historiador Tacitus comentou amargamente que
a tarefa dos deuses era castigar e não salvar o povo
romano.
A índole prática dos romanos manifestou-se
também na política de conquistas, ao incorporar ao
próprio panteão os deuses dos povos vencidos.
Sem teologia elaborada, a religião romana não
entrava em contradição com essas deidades,
nem os romanos tentaram impor aos
conquistados uma doutrina própria.
Durante a República, no entanto, foi proibido o
ensino da Filosofia Grega, porque os filósofos
eram considerados inimigos da ordem
estabelecida.
Os valores dominantes da cultura romana não
foram o pensamento ou a religião, mas a
retórica e o direito.
Com as crises econômicas e sociais que atingiram
o mundo romano, a antiga religião não respondeu
mais às inquietações espirituais de muitos.
A partir do século III a.C., começaram a se
difundir religiões orientais de rico conteúdo
mitológico e forte envolvimento pessoal,
mediante ritos de iniciação, doutrinas secretas e
sacrifícios cruentos.
Nesse ambiente verificou-se mais tarde a chegada
dos primeiros cristãos, entre eles os apóstolos
Pedro e Paulo, com uma mensagem ética de amor
e salvação.
O cristianismo conquistou o povo, mas
seu irrenunciável monoteísmo chocou-se
com as cerimônias religiosas públicas, nas
quais se baseava a coesão do estado, e em
especial com o culto ao imperador.
Depois de sofrer numerosas perseguições, o
cristianismo foi reconhecido pelo imperador
Constantino I no ano 313 d.C.
CIDADE DO VATICANO: CENTRO DO
CATOLICISMO.
Ao mesmo tempo em que se difundia, a
nova religião consolidava sua doutrina.
Simultaneamente, estruturava-se como
Igreja, palavra derivada do grego eclésia,
o mesmo que assembléia. Denominou-se
também Católica, que quer dizer
universal. No princípio, havia muitas
divergências sobre os dogmas que
norteariam a crença dos fiéis.
O próprio imperador Constantino tomou a
iniciativa de convocar uma reunião
(concílio) com os representantes da Igreja
para definir seus preceitos. Um passo
decisivo foi dado pelo Concílio de Nicéia,
reunido em 325. A partir desse momento, as
opiniões divergentes foram consideradas
heresias, passando a ser duramente
combatidas.
Crise e decadência do Império Romano
Por volta do século III, o império romano passava por
uma enorme crise econômica e política.
A corrupção dentro do governo e os gastos com luxo
retiraram recursos para o investimento no exército
romano.
Com o fim das conquistas territoriais, diminuiu o
número de escravos, provocando uma queda na
produção agrícola.
Na mesma proporção, caia o pagamento de tributos
originados das províncias.
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