INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO CLIMA URBANO Clima e Conforto Urbano Prof. João Lima A cidade constitui a forma mais radical de transformação da paisagem natural: morfologia do terreno; condições climáticas e ambientais. Os espaços urbanos passaram a assumir a responsabilidade do impacto máximo da atuação humana sobre a organização na superfície terrestre e na deterioração do ambiente. As primeiras preocupações com o clima urbano surgiram antes da Revolução Industrial no Ocidente. O mais antigo vestígio sobre o clima urbano pode ser encontrado em Londres do Séc. XVII, com Evelyn – 1661. Em 1818, o químico Howard, em seu livro sobre clima em Londres, descreve a contaminação do ar e a ocorrência de temperaturas mais elevadas na cidade do que nos arredores. Em 1927, em Viena, foram obtidos dados que serviram de base para a confecção de um mapa urbano de temperaturas. Após a 2ª GGl, ocorreu um crescimento das áreas metropolitanas e o aumento da industrialização. A partir daí, intensificaram-se os estudos sobre clima urbano, tornando evidente a contaminação da atmosfera das cidades. Os trabalhos se multiplicaram na Europa e depois na América do Norte. Londres teve outro trabalho sobre Clima Urbano com CHANDLER (1965). Com a crise ambiental nos fins da década de 1960, os estudos apontavam para as primeiras sínteses. No Brasil os estudos de clima urbano começaram com Carlos Augusto de F. Monteiro em 1970 na pós graduação da USP, com a disciplina “Problemas de Climatologia Urbana Aplicada ao Brasil”. Na perspectiva do planejamento. Na Espanha as investigações começaram nos anos de 1980 por um grupo de Geógrafos da Universidade Autônoma de Madri. Efeitos da ação do homem sobre o tempo: muitos trabalhos realizados; a poluição teve um enfoque especial. O tema cada vez mais rico em análises detalhadas enfatizava o nível meteorológico, sendo limitadas as perspectivas verdadeiramente geográficas. - - - Landsberg apresenta a síntese dos estudos realizados: O clima urbano é a modificação substancial de um clima local, não sendo possível ainda decidir sobre o ponto de concentração populacional ou densidade de edificações em que essa notável mudança principia; Admite-se que o desenvolvimento urbano tende a acentuar ou eliminar as diferenças causadas pela posição do sítio; Da comparação entre a cidade e o campo circundante, emergiram os seguintes fatos fundamentais: 1. a cidade modifica o clima através de alterações em superfície; 2. a cidade produz um aumento de calor, complementada por modificações na ventilação, na umidade e até nas precipitações, que tendem a ser mais acentuadas; A 3. a maior influência manifesta-se através da alteração na própria composição da atmosfera, atingindo condições adversas na maioria dos casos. A poluição atmosférica representa, no presente, o problema básico da climatologia das modernas cidades industrializadas”. Landsberg apud Monteiro (1970). maioria dos trabalhos foram perspectiva meteorológica: apresentados na 1- Os dados foram coletados de longas séries de registros, utilizando-se da observação meteorológica padrão: observar o “ar livre” – descomprometido de influências locais imediatas. 2- Havia a desvinculação do estudo da cidade com seu contexto natural – ambiente urbano era visto na ótica social e econômica. DIFICULDADES EM SE REALIZAR GEOGRÁFICA DO CLIMA URBANO: A PESQUISA 1- Análise climática nitidamente meteorológica. 2- Análise geográfica da cidade passou a impregnarse de motivações econômicas como causa determinante. Na atualidade, o clima urbano é um dos campos da climatologia mais consolidados e seus resultados podem ser aplicados em outras áreas do conhecimento. O clima urbano é um exemplo de mudança climática não intencionada e é um dos problemas climáticos de maior relevância na atualidade. A cidade é um laboratório que se pode experimentar os complexos mecanismos desencadeados pela ação humana sobre o clima: as modificações que se produzem como conseqüência dessas ações e as influências que tais modificações podem ter sobre a sociedade. CLIMA REGIONAL ESPAÇO URBANO ATIVIDADE HUMANA ESPAÇO CONSTRUÍDO OBSTÁCULOS TRÁFEGO/AQUECIMENTO INDÚSTRIAS TIPO DE MATERIAL CALOR ANTRÓPICO INÉRCIA TÉRMICA POLUIÇÃO EFEITO ESTUFA EFEITO DE REFLEXÃO NÚCLEOS DE CONDENSAÇÃO AUMENTO DA TEMPERATURA NÉVOA ILHA DE CALOR Garcia, 1996 CLIMA URBANO AUM. PRECIPITAÇÃO ELEMENTO COMPARAÇÃO COM AS ÁREAS RURAIS Ar urbano Núcleo de Condensação Partículas Substâncias gasosas 10 a 100 superior 10 a 50 superior 50 a 25 superior Casos com visibilidade < 10 Km 5% a 15% mais Radiação Total Ultravioleta -Com sol baixo -Com sol alto Insolação 10% a 20% menos Temperaturas Média anual Mínima de inverno 0,5 oC - 1oC superior 1oC - 2oC superior Precipitação Total Dias < 5mm Neve 5% - 10% mais 10% mais 5% - 10% menos Nebulosidade Total Névoa de inverno Névoa de verão 5% - 10% mais 100% mais 20% - 30% mais Umidade relativa Média anual Inverno Verão 6% inferior 2% inferior 8% inferior Vento Veloc. Média anual Veloc. Máxima Calmaria 20% - 30% inferior 10% - 20% inferior 5% - 20% inferior 30% menos 5% menos 5% - 15% menos Média da mudança dos componentes meteorológicos devido a urbanização. Landsberg, 1981