Autoria: Professora Ana Sofia Fonseca Pinto Motivos que conduziram à 1.ª Guerra Mundial (Grande Guerra) Rivalidades económicas A Inglaterra, sendo a principal potência industrial, surgia aos olhos dos Alemães como a grande rival. A Inglaterra e Alemanha rivalizavam: -pela posse dos melhores mercados (locais para comercializar); - pela posse de colónias ricas em matérias-primas (sobretudo em África e na Ásia). Vamos agora ler e interpretar o documento intitulado: A rivalidade comercial anglo-alemã “Há na Europa duas grandes forças opostas e irreconciliáveis, duas grandes nações que procuram estender o seu campo de acção a todo o mundo e impor-lhe o seu domínio comercial (…). No Cabo, na África Central, na Índia e no Oriente, nas ilhas dos mares do Sul, por toda a parte (…) o caixeiro-viajante alemão está em luta contra o mercador inglês. Se há uma mina para explorar, um caminho-de-ferro para construir, (…) o Alemão e o Inglês esforçam-se por chegar cada um em primeiro lugar. Um milhão de minúsculas disputas estão à beira de transformar-se na maior causa de guerra que o mundo alguma vez assistiu.” Saturday Review, 11 de Setembro de 1897 As tensões nacionalistas Para além de diferenças políticas e de rivalidades económicas existiam na Europa disputas territoriais e reivindicações nacionalistas.Vamos partir à sua descoberta. Desejo de recuperação de territórios perdidos A França desejava recuperar a Alsácia e a Lorena perdidas para a Alemanha (na guerra Franco-Prussiana realizada entre os anos de 1870-1871). Desejo de independência/liberdade/autonomia A Polónia, dividida entre a Rússia, a Áustria e a Alemanha, pretendia tornar-se de novo um Estado autónomo. Desejo de independência/liberdade/autonomia Na Península Balcânica, vários povos (gregos, sérvios, romenos), com o apoio da Rússia, tinham-se libertado do Império Turco mas outros continuavam submetidos ao Império Austro-Húngaro. O Nacionalismo Sobretudo a partir de 1910, crescia por toda a Europa o nacionalismo. A imprensa, a escola, as canções populares não só exaltavam o patriotismo e as virtudes nacionais como incitavam ao ódio contra as potências rivais. Vamos agora ler e interpretar o documento que se segue. “O escritor austríaco Stefan Zweig (1881-1942) conta um episódio significativo a que assistiu, na Primavera de 1914, num cinema da cidade francesa de Tours: Quando no ecrã surgiram as imagens dos imperadores da Alemanha e da Áustria- Hungria rebentou na sala obscurecida uma tempestade de assobios e uma enorme pateada. Toda a gente gritava e apupava, homens, mulheres e crianças manifestavam a sua hostilidade como se tivessem sido ofendidos pessoalmente. Fiquei horrorizado, fiquei horrorizado do fundo do coração. Senti, de facto, quando o envenenamento pela propaganda do ódio, prosseguida durante anos, tinha conseguido ganhar terreno.” Stefan Zweig, Recordações dum Europeu A política de alianças As rivalidades entre os Estados europeus levaram à formação de Alianças (as alianças foram formadas antes da guerra deflagrar). Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália (em 1915 a Itália abandona esta aliança e integra a Tríplice Entente) Tríplice Aliança França, Rússia e Inglaterra Tríplice Entente - Aliados (ou Triplo Entendimento) Tríplice Entente (Aliados) Tríplice Aliança Em Junho de 1914, o arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do trono Austro-Húngaro, foi assassinado em Sarajevo na Bósnia. A Áustria culpou os Sérvios pelo atentado e, com o apoio da Alemanha, declarou guerra à Sérvia. Sendo a Sérvia aliada da Rússia, este facto desencadeou todo o complexo sistema de alianças em vigor. Buraco da bala que matou a esposa (Sofia) do arquiduque Francisco Fernando Acontecimento que conduziu à 1.ª Guerra Mundial: Assassinato do Arquiduque Francisco Fernando em Sarajevo (Bósnia) Herdeiro do trono Austro- Húngaro O Império Austro- Húngaro fazia parte da Tríplice Aliança As alianças entram assim em confronto (surgem declarações de guerra entre vários países) O Arquiduque foi assassinado por membros de uma organização sérvia. Por este motivo o Império Austro- Húngaro declarou guerra à Sérvia. Mas a Sérvia era aliada da Rússia que pertencia à Tríplice Entente. A Rússia mobiliza as suas tropas contra o Império Austro- Húngaro. Em 1914, a maioria dos países em guerra acreditava que a guerra seria breve. Vamos ler os documentos que se seguem referentes à euforia da guerra. A euforia da guerra na Alemanha “ No dia 1 de Agosto, a ordem de mobilização despertou por toda a Alemanha um entusiasmo indescritível. Todos, militares ou civis, homens ou mulheres, conscientes de que o direito estava do seu lado, sentiam que tinham obrigação de participar na defesa da pátria ameaçada (…). Nos rostos lia-se a decisão de vencer. Grupos de soldados cantavam velhas canções alemãs. Era uma tropa orgulhosa, alegre, segura de si, sólida, constituída por milhares de heróis disciplinados.” Kronprinz, Recordações da guerra A euforia da guerra na França: “Quando escutámos os sinos perguntamos todos o que seria…O guarda florestal deu-nos a notícia: «É a guerra, é a guerra!» No dia seguinte, toda a gente começou a compreender que, afinal, a guerra era mesmo real. Todos os homens válidos receberam a convocatória (…). Muitos riam: «Oferecem-nos umas férias em pleno Verão, a nós que nunca as tivemos! É preciso aproveitar.»” Emilie Carles, Une soupe aux herbes sauvages Fases da 1.ª Guerra Mundial: 1ª Fase - A guerra de movimentos -A primeira fase da guerra foi marcada por um intenso movimento de tropas. Esse período caracterizou-se por movimentos rápidos envolvendo grandes exércitos. De início, ao alemães pensaram dominar a França em pouco tempo, realizando para isso movimentos rápidos. Nesta fase da guerra, a Alemanha conseguiu ocupar quase toda a Bélgica e marchou sobre Paris, mas foi travada pelos franceses na Batalha de Marne. 2ª Fase - A guerra das trincheiras -Na segunda fase os soldados combatiam em valas e abrigos, cavados na terra e protegidos por arame farpado- as trincheiras. Foi uma fase extremamente dura e desgastante para as tropas em conflito. 3ª Fase - A guerra de movimentos- A terceira fase da guerra é marcada pela entrada dos EUA (1917) neste conflito e pela saída da Rússia (o 1.º país a abandonar a Grande Guerra. Em Março de 1918, a Rússia assina a paz com a Alemanha -Tratado de Brest- Litovski). A vida nas Trincheiras Trincheiras- valas/abrigos, cavados na terra e protegidos por arame farpado. As condições de vida nas trincheiras eram terríveis devido: - à falta de alimentos, à humidade, ao frio, aos piolhos e ratazanas, aos ataques de gases venenosos e ao constante cheiro a mortos. Por vezes os gases asfixiantes invadiam totalmente as trincheiras. Os soldados que não colocavam a máscara a tempo morriam intoxicados ou ficavam com graves problemas pulmonares. As novas armas Conforme o conflito se foi alastrando, novas armas, como a metralhadora, os gases venenosos/tóxicos, o lança-chamas, o tanque, o avião e o submarino, fizeram a sua estreia na Primeira Grande Guerra. A Entrada dos EUA e a saída da Rússia Em 1917, o conflito conheceu uma viragem decisiva. A Rússia retira-se da guerra e entram os Estados Unidos do lado da aliança dos Aliados/Tríplice Entente (transportaram para a Europa cerca de um milhão de soldados, bem equipados e bem armados). O Armistício A Alemanha, progressivamente abandonada por todos os seus parceiros, que foram pedindo a paz, solicitou o fim da guerra e, em 11 de Novembro de 1918, foi assinado o armistício (paz-suspensão das operações militares) que pôs fim à 1.ª Guerra Mundial. O conflito originou elevadas perdas humanas, em especial na Europa (mais de 8 milhões de mortos e 6,5 milhões de inválidos). Em algumas regiões ficou tudo em ruínas-casas, pontes, estradas, fábricas- e os solos esventrados e calcinados. A guerra provocou uma diminuição da mão-de-obra, o aumento do desemprego e a subida dos preços (inflação). Vamos visualizar o vídeo que se segue: http://www.youtube.com/watch? v=vUDsJSOgcIo