ROCHAS ORNAMENTAIS Ensaios e análises para caracterização tecnológica de rochas ornamentais revestimento ANÁLISE PETROGRÁFICA A petrografia microscópica permite analisar os estados de alteração e microfissural, importantes para se prever a durabilidade da rocha em solicitações de atrito, esforço compressores e flexores e presença de líquidos. A textura é um parâmetro muito importante na previsão do desempenho e durabilidade das rochas. Corresponde ao aspecto microscópico geral da rocha, no qual se incluem a forma dos minerais, sua granulometria e a forma como se distribuem. Diferenças granulométricas podem corresponder a diferenças na alteração potencial diante de líquidos agressivos. A norma NBR 12768 da ABNT sugere um bom roteiro para a realização de uma análise petrográfica. Tipos de bordas de grãos, contatos a serem identificados nas rochas estudadas. ÍNDICES FÍSICOS Os índices físicos são as propriedades de massa específica seca e saturada, porosidade aparente e absorção d’água da rocha, segundo as diretrizes da norma NBR 12766 da ABNT. Fornecem uma idéia sobre a incidência de microdescontinuidades nas rochas. Os valores de absorção d’água e porosidade são bem correlacionados com os de resistência mecânica da rocha. O coeficiente de absorção d’água constitui, por sua vez, elemento de avaliação preliminar de compactação, resistência e durabilidade da rocha, sendo um fator decisivo na escolha do material para usos que envolvam prolongados contatos com as água meteóricas. Tração na flexão(módulo de ruptura. Detalhe de corpo-de-prova retangular, com 5cm de espessura, rompido após a aplicação de esforços. Notar a aplicação de carga no cento do corpo-de-prova. Relação entre a foliação e o eixo de compressão considerado nos ensaios mecânicos de módulo de ruptura (A) e resistência à compressão (B). Flexão. Detalhe de corpo-de-prova, obtido a partir de rocha beneficiada, rompido após a aplicação de esforços. Notar aplicação de carga em dois pontos, a 1/3 das laterais direita e esquerda do corpo-deprova. DETERIORAÇÃO E ALTERABILIDADE DE ROCHAS – CONCEITOS A alteração de uma rocha é a sua desagregação e decomposição levadas a cabo por agentes físicos e químicos naturais, que transformam essa rocha noutro produto natural, agora em equilíbrio físico-químico com o meio ambiente. Os principais tipos de alteração que afetam as rochas são a alteração deutérica, primária ou hipogênica, e a alteração meteórica, secundária ou supergênica. A alteração deutérica ou primária refere-se às transfomações, no geral metassomáticas originadas nos estágios tardios de consolidação magmática ou como sua conseqüência. A alteração meteórica ou secundária traduz a sua adaptação e determinado ambiente geológico exógeno. Estes ambientes são, no geral, regiões de interação da litosfera com a atmosfera e a hidrosfera. As principais variáveis que controlam a natureza e a taxa dos vários processos de intemperismo são a composição e estrutura da rocha, o clima e o tempo de atuação do processo intempérico. O efeito dos vários agentes e processos intempéricos reagindo com as rochas é mostrado por mudanças mineralógicas, químicas e granulométricas. A deterioração de materiais rochosos usados como revestimento ou em monumentos é mais pronunciada nos centros urbanos e industriais, e muitas vezes podem ser sentidos até em áreas localizadas distantes destes centros. O meio ambiente urbano, enriquecido em poluentes de variadas fontes, acelera e modifica a degradação destes materiais, ou seja, altera/acelera os processos naturais. Aires-Barros define alterabilidade de rochas como um conceito dinâmico, que se refere à aptidão de uma rocha em se alterar, em função do tempo. O tempo, que é considerado na alteração intempérica como um “tempo geológico”, na alterabilidade é um “tempo humano”, à escala do homem e das suas obras de engenharia. A ASTM por sua vez, define durabilidade como a medida da capacidade da rocha ornamental de manter as características essenciais e distintivas de estabilidade, resistência à degradação e à aparência. A durabilidade é baseada no período de tempo em que a rocha pode manter suas características inatas, em uso. Este tempo dependerá do meio ambiente e do uso da rocha em questão (p. ex., em exteriores ou interiores). Em última análise, pode-se concluir que: a alterabilidade de uma rocha está ligada a sua durabilidade, que poderá, por sua vez, ser ampliada por processos de conservação. MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO Os mecanismos que atuam na alteração e deterioração de rochas para revestimento são essencialmente os mesmos que atuam nos processos intempéricos. O efeito dos vários agentes e processos intempéricos nas rochas é mostrado por mudanças mineralógicas, químicas e granulométricas, evidenciado pela parcial ou total decomposição de alguns minerais, oxidação de ferro ferroso à férrico (de Fe2+ para Fe3+), parcial ou total mobilização de elementos maiores e menores, e outras. As reações são controladas tanto pela solubilidade dos constituintes minerais como pela porosidade da rocha. Principais reações químicas envolvidas no intemperismo. ALTERAÇÕES MINERAIS Dissolução – é a completa dissociação de um mineral em um solvente, como a água. As águas das chuvas, ou aquelas acidificadas com dióxido de carbono ou ácidos orgânicos em solução, podem exercer ação dissolvente sobre diversos minerais, particularmente importante no caso das rochas calcárias. Como exemplo, cita-se a produção do ácido carbônico pela solução de dióxido de carbono: H 2O água + CO2 → dióxido de carbono H2CO3 → H+ + ácido íon carbônico hidrogênio (HCO3)íon bicarbonato e de dissolução da rocha carbonática por ácido carbônico: CaCO3 calcita + H2CO3 → ácido carbônico Ca2+ íon cálcio + 2(HCO3)íon bicarbonato ALTERAÇÕES MINERAIS Oxidação-Hidratação – os fenômenos de oxidação são particularmente ativos sobre os minerais de ferro e os compostos orgânicos. Na maior parte das rochas ígneas, o ferro ocorre sobre a forma de compostos ferrosos. Quando as moléculas complexas dos silicatos são destruídas, há a rápida mudança de ferro ferroso para ferro férrico. Esse é o fenômeno responsável pela geração de hidróxidos de ferro que impregnam minerais de alteração e conferem a cor amarelada e/ou alaranjada de certas rochas metamórficas conhecidas como “granitos amarelos”, de cor originalmente branca ou branca-esverdeada. Este processo, especialmente intenso nas regiões quentes, tropicais e subtropicais, dá origem aos sesquióxidos de ferro, responsáveis pela coloração amarelada de várias rochas. 4Fe2+O + óxido de ferro 2H2O água → O2 + oxigênio 4Fe3+O OH goethita Os sulfetos de ferro transformam-se, por ação da água e do oxigênio nela dissolvido, em sulfatos, ferrosos ou férricos, e em hidróxido férrico; concomitantemente pode-se origina o ácido sulfúrico. É a presença desse ácido que explica a maior intensidade das ações intempéricas quando há abundância de pirita. Parede (A) e piso (B) revestidos de mármore, com manchamentos amarelados ALTERAÇÕES MINERAIS Hidrólise – mostram-se estreitamente relacionadas com as reações de hidratação, facilitando mutuamente o trabalho de decomposição das rochas frequentemente acompanhada por aumento de volume. De maneira geral, uma parte da água encontra-se sempre dissociada, em função da temperatura, em ânions (OH)- e em cátions (H+). A presença de outras substâncias dissolvidas (dióxido de carbono, ácidos minerais e ácidos orgânicos) resulta numa considerável capacidade hdrolítica das águas naturais, ou seja de provocar fenômenos de hidrólise, pela atuação de seus íons (OH)- e (H+), e a decomposição de outras substâncias pela fixação desses. A hidrólise dos silicatos (feldspatos, micas, piroxênios, anfibólios, olivinas, etc.) manifesta-se pela formação de minerais do grupo das argilas (caulinita, montmorilonita), da clorita, das serpentinas e outros. CAUSAS E FORMAS DE ALTERAÇÕES No Brasil, as principais causas da degradação destes materiais são: ▪ clima tropical (intensas variações de temperatura e umidade); ▪ proximidade da orla marítima (presença de aerossóis marinhos ricos em NaCl); ▪ agentes de limpeza, os quais atuam através de diversas substâncias químicas componentes podem causar modificações, especialmente no aspecto estético das rochas; ▪ poluição ambiental, na qual têm grande influência os diversos poluentes dispersos na atmosfera (SO2, NOx, CO e CO2); ▪ adoção de procedimentos de assentamento inadequados para materiais rochosos. As deteriorações mais comuns em rochas para revestimento são: a) machamentos-pigmentação acidental e localizada na superfície; b) subeflorescências-formação esbranquiçada, de aspecto cristalino, pulverulento ou filamentoso sobre a superfície do material; c) inchamento-levantamento superficial e localizado do material; d) escamação-separação total ou parcial de zonas (escamas) do material original. As escamas têm formas e espessuras irregulares e desenvolvimento tridimensional. Geralmente estão constituídas de material aparentemente intacto e embaixo delas podem se observadas eflorescências. A esquerda deterioração pela ação de cristalização de sais (subeflorescências), atingindo as proximidades de juntas e ladrilhos, com formação de protuberâncias de cor branca. A direita deterioração pela cristalização de sais (subeflorescências), atingindo o ladrilho inteiro, com formação de cavidades decorrentes do desprendimento de minerais. Os ensaios de alteração acelerada, em laboratório, visam o conhecimento da durabilidade da rocha em relação aos agentes intempéricos, além da investigação dos mecanismos de degradação para cada caso. Atualmente, estão em desenvolvimento e implantação ensaios de alteração objetivando a previsão e/ou mitigação de possíveis deteriorações decorrentes da colocação, manutenção e/ou limpeza inadequados. As simulações de alteração procuram verificar as respostas das denominadas características intrínsecas à exposição a ambientes potencialmente degradadores. As publicações referentes à degradação de rochas ornamentais são frutos de estudos interdisciplinares que buscam explicar a causa específica de degradação pelo meio, compreendendo o efeito do sinergismo do agente degradante, evidente no produto de alteração de uma rocha. Estas pesquisas são enquadradas em três categorias principais: 1- Indiretos: - Caracterização petrofísica 2- Comparativos: - Comparação de deterioração 3- Experimentais (ensaios de durabilidade): - Em tempo real: exposição à intempérie. - Acelerados: ensaios de envelhecimento artificial - Básicos: Ciclos de umedecimento e secagem Ciclos de congelamento e degelo Ciclos de cristalização de sais - Atmosferas controladas: Atmosferas contaminadas Névoa salina Chuva ácida - Outros: Ataque com soluções agressivas Exposição à radiação ultravioleta Desmoronamento Ciclos térmicos Ensaios combinados PRINCIPAIS SOLICITAÇÕES EM ROCHAS PARA REVESTIMENTO