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Redes e Poder: o processo de
metropolização e a gestão dos recursos
naturais
Rodolpho H Ramina
Grupo Gestão Socioambiental
REDES DE INFRA-ESTRUTURA:
Estão diretamente relacionadas com o crescimento dos
assentamentos humanos;
Fator essencial nas metrópoles industriais;
Deflagram e viabilizam a metropolização;
Processo descontinuo, fragmentado e contraditório:
Dependem de sistemas e estruturas artificiais para a
manipulação de recursos necessários ao
desenvolvimento.
• Deflagram e viabilizam a metropolização, a
qual se apresenta como
processo
descontinuo, fragmentado e contraditório.
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Hipótese central:
“por possuírem características estruturais peculiares, as redes
dos sistemas de gestão de recursos naturais, como energia e
água, apresentariam um princípio construtivo único e
anistórico.” (Ramina, 2004: 53)
• Princípio construtivo único e anistórico: sugere
relação dialética entre o crescimento das
concentrações humanas e os limites naturais.
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Metropolização
A metropolização não deriva de uma continuidade
natural do processo de urbanização, mas sugere uma
descontinuidade deste processo, ou rupturas.
• aceleração sem precedentes do crescimento e
concentração de fluxos de recursos naturais nessas
regiões.
• a lógica da gestão dos recursos naturais difere da
lógica da gestão das regiões metropolitanas.
• a gestão dos recursos naturais cresce em escala
espacial e temporal.
• a gestão das regiões metropolitanas é explicada
através da teoria de redes.
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Metropolização
Visão corrente:
• Intenso processo de urbanização
↓
• Metropolização
↓
• Centros metropolitanos
↓
• Região metropolitana
Grupo Gestão Socioambiental
Os sistemas de gestão de recursos naturais possuem padrões de
centralidade e de concentração de fluxo; ao crescerem em
escalas espaciais e temporais apresentam “racionalidades
globais” e “irracionalidades locais”
• UTOPIA: desenvolvimento regional harmônico.
• Implicações econômicas, tecnológicas e
políticas da busca pela soberania sobre a base de
recursos de uma sociedade não são óbvias, se
refletem, por exemplo, na forma e extensão das
redes que lança para o seu controle.
Grupo Gestão Socioambiental
Visão do autor:
A metropolização não deriva de uma continuidade natural
do processo de urbanização, mas sugere uma
descontinuidade deste processo.
• Tal ruptura é percebida na aceleração sem
precedentes do crescimento e da concentração de
fluxos de recursos naturais nessas regiões.
• A lógica da gestão dos recursos naturais difere da
lógica da gestão das metropolitanas.
• A gestão dos recursos naturais cresce em escala
espacial e temporal.
• A gestão das metropolitanas é explicada através da
teoria de redes.
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•Método:
Abordagem sistêmica;busca entender as estruturas dos
sistemas tecnológicos de recursos naturais que viabilizam a
metropolização.
Relaciona o contexto das relações materiais (físicas) com o das
relações sociais (políticas), dialoga com a teoria dos sistemas,
teoria da estruturação e geografia crítica de Milton Santos.
Desafio da teoria de sistemas: ênfase na relação e interação
entre os elementos dos sistemas.
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•Avanço metodológico
Teoria dos grafos
representa as estruturas em um modelo gráfico
simplificado.
Conceitos: centralidade, densidade, árvore, limites,
fluxo, conectividade, densidades de ligações e
outros.
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O espaço de fluxos:
O fluxo de recursos de uma região para outra implica
diferenciações espaciais relacionados a variações de
concentração, causadas pela concentração de redes.
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Concentração:
•Fenômeno que surge de forma natural;
•Resultado de uma deformação
(conformação) do espaço
Centralização:
• Deformação do espaço de forma intencional,
organizada - com vias de centralizar algum tipo de
recurso e redistribuir fluxos.
“A centralização seria, portanto, uma deformação
no espaço de fluxos, uma intervenção intencional
realizada pelas redes; a concentração seria sua
conseqüência.” (Ramina, 2004:60).
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Fluxos:
Manuel Castells: “as seqüências intencionais repetitivas e
programáveis de intercâmbio e interação entre posições
fisicamente desarticuladas, mantidas por atores sociais nas
estruturas
econômica,
política
e
simbólica
da
sociedade.”(Castells,
1999:436)
.
Milton Santos: um espaço de fluxos não abrangeria
todo o espaço, mas seria um subsistema, formado por
pontos ou, no máximo, linhas e manchas, onde o suporte
essencial são artefatos destinados a facilitar a fluidez e
autorizar o movimento dos fatores essenciais da
economia globalizada.(Santos, 1997)
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Os limites “naturais” dos sistemas tecnológicos:
• Fluxos de recursos naturais: limitações ao crescimento e
expansão
• Desenvolvimento de sistemas tecnológicos que
possibilitam captação fortuita e liberação controlada de
recursos e
• Desenvolvimento de sistemas administrativos
centralizados que possibilitam o controle sobre fontes de
recursos localizadas distantes dos centros de consumo
Tipo particular de infra-estrutura : REDES
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Os limites naturais dos sistemas tecnológicos
• As metrópoles industriais → ligadas a
centralização → dependem do crescimento de
fluxos programados → sujeitos a limitações
diversas→ para diminuir impacto → surgem as
redes de infra-estrutura → de tão utilizadas
tornam-se invisíveis ou supostamente naturais.
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Características estruturais das redes:
• “As redes possuem um propriedade estrutural
fundamental: a conexidade (ou conectividade).”
(Ramina, 2004:61)
• Nas redes de infra-estrutura as conectividades devem
manter a continuidade e permanência dos fluxos que
por seu lado mantém a sobrevivência dos centros.
• “As redes são entidades complexas pela sua
dinamicidade, dimensionalidade e não-linearidade”.
(Ramina, 2004:62)
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Características estruturais das redes:
Dinamicidade
Dimensionalidade Não-linearidade (as redes podem ser
lineares?)
Existência ou não
das conexões, e da
sua permanência
no tempo.
Relaciona-se com
suas
possibilidades de
conexão.
Reflete o caráter complexo do
comportamento dos fluxos na
estrutura.
(ciclos
e
conexões
bidirecionais
ou
“loops
de
retroalimentação”.)(ecossistemas =
possuem numerosos ciclos e loops,
fenômenos de auto-regulação, com
muitos ciclos de retroalimentação).
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Complexidade e controle: contradições sistêmicas:
“A complexidade de um sistema é inversamente
proporcional à capacidade de se exercer um controle
sobre esse sistema; quanto mais complexo um
sistema, maiores serão os esforços para controlá-lo.”
(Ramina, 2004:63)
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SISTEMAS NATURAIS ≠ SISTEMAS
CONSTRUTIVOS
• sistemas naturais: altamente complexos→ variedade é
grande. (...) na realidade não são sistemas (?),mas podem
ser analisados como tais dentro de certas limitações, uma
vez que conhecemos ou privilegiamos apenas parte das
conexões entre seus elementos.
• sistemas construídos (...) apresentam estruturas que
possuem um número muito limitado de conexões entre seus
elementos e com centralizações muito evidentes em alguns
vértices dos quais partem muitos fluxos. (...) →
racionalidade econômica → maximizar e garantir o fluxo a
um mínimo custo de expansão da rede.” (Ramina, 2004:63)
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“A redução da variedade dos sistemas trazida com a
hierarquização de sua estrutura em rede e, portanto,
determinando centralidades e reduzindo a
dimensionalidade e não-linearidade potenciais →
complexidade limitada”
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“O crescimento em escala nessas estruturas trabalha no
sentido do controle sobre as conexões. (...) os padrões de
conexão observáveis no processo de construção e
crescimento das redes estão associadas à contradição
entre dois princípios sistêmicos diferentes.”
Crescimento que privilegia a maximização do
controle;
Crescimento que privilegia a maximização da
complexidade do sistema.
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Crescimento que privilegia a maximização
do controle: se dá por extensão da árvore
mínima, de forma a minimizar os custos de
extensão.
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Grafo Simples
• Arborescência
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Crescimento que privilegia a maximização da
complexidade do sistema: se dá pela diversificação e
multipolarização das redes de forma a maximizar os
fluxos, (...), esse tipo de estrutura implica maior número
de centros que o anterior e maior indiferenciação de
fluxos,
implicando
sistemas
descentralizados,
distribuídos.
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Grafo Fortemente Conectado
• Grafo Complexo
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O controle sobre os fluxos:
“As redes são também indicadores de espaços
geográficos racionalizados e controlados, na medida
em que materializam intervenções técnicas
intencionais no espaço, (...) a conexidade das redes
permite o rompimento com limites naturais de
localizações e temporalidade, possibilitando a
expansão do consumo e dos sistemas de recursos
naturais, (...), os padrões de conexão nas redes de
infra-estrutura não refletem um fenômeno natural,
mas são determinados intencionalmente, de acordo
com uma racionalidade.” (Ramina, 2004:65)
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Redes como estruturas de poder:
• Milton Santos: “a existência das redes é
inseparável da questão do poder”.
• Claude Raffestin: identifica as redes como
instrumentos, por excelência, do poder.
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Crescimento hierárquico dos sistemas de controle
Sistemas hierárquicos: conjuntos de subsistemas arranjados
de forma hierárquica de acordo com:
•nível de detalhamento descritivo do sistema;
•níveis de complexidade de tomadas de decisão no
sistema;
•tipos de interações entre os subsistemas situados nos
vários níveis hierárquicos
Subsistemas de ordem hierárquica superior:
•relacionam-se com porções maiores ou aspectos mais
amplos
•possuem horizontes de decisão mais amplos no espaço e
no tempo;
•detém prioridade de ação sobre os de ordem inferior
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A racionalidade sistêmica
irracionalidades locais
global
e
as
Nos sistemas hierárquicos, o princípio sistêmico é aquele
dominante, pois seus subsistemas não foram construídos de
acordo com o mesmo princípio. Estes “disputam os mesmos
espaços e os mesmos tempos, disputam recursos...com
finalidades diferentes..”
Principio sistêmico dos sistemas de recursos naturais ou
redes de infra-estrutura associadas ao processo de
metropolização: maximizar o crescimento dos fluxos no
sistema.
“...os ritmos e fluxos que a rede impõe não são
compatíveis com os ritmos e fluxos locais, surgindo
impactos ambientais e sociais..”
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Conclusões
Processo de metropolização: centralidade de sistemas que
promovem fluxos de recursos naturais aqui concentrados a partir
de locais distantes, impondo uma ordem que implica relações
centro-periferia no espaço.
Centralização → por meio da criação de sistemas políticos,
administrativos e tecnológicos hierarquicamente estruturados,
planejados e operados com essa função, e que se materializam no
espaço geográfico como redes – as redes de infra-estrutura.
Ótica da teoria do espaço de fluxos: relação de dependência é
dialéticas: Centralidade da metrópole → dependência da periferia
/ Recursos naturais da periferia → dependência da metrópole
Estas relações dialéticas são assimétricas devido a arranjos
tecnológicos
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Conclusões
Novo conceito para o processo de metropolização:
“Movimento perceptível dos sistemas tecnológicos de
gestão dos recursos naturais, a sua expressão
dinâmica. Tais sistemas seriam instituídos no domínio
dimensional do espaço de fluxos de recursos naturais
segundo um princípio sistêmico de maximização
desses fluxos e a sua forma aparente seriam as redes
de infra-estrutura.”
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Conclusões
Região metropolizada:
- onde o espaço de fluxos estaria “distorcido” por
redes de fluxos centralizadas em alguns ou muitos
pontos,
ou seja,
- “porção do espaço de fluxos polarizada pela
existência de uma rede específica.”
...assim, regiões não contíguas fazem parte..
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Conclusões
Racionalidades globais e irracionalidades locais
A dependência cada vez maior de sistemas mais
complexos, mais hierarquizados provoca contradições:
• riscos ambientais e subdesenvolvimento econômico
localizados na região metropolizada;
• alternativas tecnológicas são eliminadas na medida
em que a escala dos sistemas cresce: ex:
o possibilidades de usos múltiplos – navegação de
rios;
o políticas de utilização de insumos energéticos
renováveis – aquecimento solar.
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Referências
• Castells, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e
Terra, 1999.
• RAMINA, Rodolpho H. Redes e Poder: o processo de
metropolização e a gestão dos recursos naturais. In:
MENDONÇA, Francisco (org.). Cidade, Ambiente
& Desenvolvimento: Abordagens interdisciplinares
de problemáticas socioambientais urbanas de Curitiba
e
RMC.
[Curitiba]:
UFPR,
2004.
• Santos, M. A Natureza do Espaço. São Paulo:
Hucitec, 1997.
• Raffestin, C. Por uma geografia do poder. São
Paulo: Ática, 1993.
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