No final do século XIX, a Rússia não havia passado pelas reformas ocorridas na Europa Ocidental a partir do fim da Idade Moderna. Na política, vigorava ainda o absolutismo, personificado na figura do czar, o imperador russo. E, na economia, mantinham-se características feudais: a agricultura – baseada no trabalho dos mujiques (servos e camponeses) – era de longe a atividade mais importante, e a maioria das terras pertencia à nobreza – os boiardos – e ao clero da Igreja Ortodoxa. A industrialização, tardia, era um fenômeno recente, restrito a algumas cidades. Por depender do capital de outros países, a Rússia não foi capaz de produzir uma burguesia local forte. O proletariado, ao contrário, embora também fosse pequeno, organizou-se de forma sólida e combativa, mantendo vínculos estreitos com as massas camponesas. Entre esses operários, germinaram as idéias revolucionárias vindas da Europa Ocidental, o que permitiu o aparecimento de grupos políticos de oposição ao czar. O mais influente foi o Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR), inspirado no marxismo. Em 1903, ele se dividiu em duas facções: Os bolcheviques, liderados por Vladimir Lênin, defensores da tomada do poder pelos operários e camponeses; Os mencheviques, liderados por Iulii Martov, adeptos da revolução gradual, por meio de reformas. Após a Derrota na Guerra Russo – Japonesa, os ânimos populares se inflamaram e estourou a Revolução de 1905. Foi uma manifestação pacífica em São Petesburgo, porém ela foi massacrada pelo Exército. O clima no pais ficou tenso, seguindo várias greves e protestos. Operários, camponeses e soldados organizaram-se em conselhos denominados de SOVIETES – mais tarde controlados pelos bolcheviques. A burguesia forçou a criação de um parlamento – a DUMA -, em 1906. Os altos gastos militares com a Primeira Guerra Mundial intensificaram o descontentamento do governo. A insatisfação alcançou o auge em 1917, na Revolução de Fevereiro, quando o Exército se negou a marchar contra uma manifestação popular em Petrogrado ( atual São Petersburgo). Enfraquecido, o czar Nicolau II foi obrigado a abdicar. Os mencheviques, apoiados pela burguesia, instalaram a República da Duma, de caráter liberal, liderada por um nobre, o princípio Lvov. O fracasso na Primeira Guerra levou à sua substituição por um socialista moderado, Alexander Kerensky. Apesar da concessão, a oposição bolchevique se fortaleceu. Leon Trótski, presidente do soviete de Pretogrado, criou a Guarda Vermelha, formada por milicianos operários. Lênin que estava exilado na Finlândia, voltou clandestinamente ao país e incitou os sovietes a tomar o poder por meio de uma revolução. Sob os lemas “Pão, paz e terra” e “Todo o poder aos sovietes”, os bolcheviques defendiam a retirada do país da guerra, a tomada do poder pelos conselhos populares e uma ampla reforma agrária. Em 25 de outubro, eclodiu a revolução popular. Apoiados pelas massas, os bolcheviques derrubaram a República Duma e instituíram o Conselho dos Comissários do Povo, presidido por Lênin. Ele então deu início à mudança do sistema econômico do país, concedendo aos camponeses o direito exclusivo de exploração das terras, transferindo o controle das fábricas aos operários, expropriando as indústrias e nacionalizado os bancos. No ano seguinte, a Rússia saiu da Primeira Guerra Mundial, ao assinar o a paz em separado com a Alemanha, aceitando entregar a Polônia, a Uncrânia e a Finlândia. O POSDR passou a se chamar Partido Comunista Russo – o único permitido no país. Aristocratas e mencheviques reagiram. Chamados de Brancos, eles receberam ajuda de países como Reino Unido, França, Japão e Estados Unidos, e a nação mergulhou numa guerra civil. Para combater os contra revolucionários Trótski organizou o exercito Vermelho. O conflito acabou em 1921, com a vitória bolchevique. Milhares de adversários foram fuzilados, dentre eles o czar e sua família. Para recuperar a economia, abalada pelo confronto, Lênin estabeleceu a Nova Política Econômica (NEP): Uma série de medidas capitalistas temporárias que deveriam preparar terreno para a instalação do socialismo. Lênin permitiu a criação de empresas privadas e o comércio em pequena escala e autorizou empréstimos externos. Em 1922 foi instituída a URSS, reunindo as diversas regiões do antigo Império Russo. A morte de Lênin, em 1924, provocou uma luta pelo poder entre Trótski e Josef Stálin, secretário geral o Partido Comunista. O primeiro (Trótski) defendia a ampliação da revolução para os outros países – a revolução permanente. Já o segundo (Stálin) pretendia instalar o socialismo somente na URSS. Stálin venceu, expulsou o adversário do país e implantou, a partir de 1928, o regime mais tarde batizado de stalinismo. STALINISMO: Stálin substituiu a NEP por uma nova política econômica baseada em planos quinquenais. Priorizou a indústria pesada e coletivizou as terras à força – processo durante o qual foram mortos milhões de camponeses. Politicamente, o stalinismo foi caracterizado pelo totalitarismo e pelo culto a personalidade de Stálin. Ele expulsou do partido todos aqueles que eram contra seu governo, e aqueles que ele suspeitava serem contra. Muitos foram presos e executados. Trótski fugiu para o México, mas foi achado e assassinado a golpes de picareta. Com governo forte e a economia potente, a URRS começou a se transformar na potência que teria papel decisivo na Segunda Guerra Mundial e dividiria o poder global com os Estados Unidos durante a Guerra Fria. ... “[...] São Paulo da café, Minas da leite, e a Vila Isabel da Samba.” * A denominação República do café-comleite é feita em alusão à aliança que alternava no poder representantes dos estados de Minas Gerais, grande produtor de leite, e São Paulo, líder cafeeiro. Por meio dessa política, instalada para garantir os interesses de suas oligarquias regionais, os dois estados mais ricos e populosos do Brasil – reunidos nos partidos Republicano Paulista (PRP) e Republicano Mineiro (PRM) –escolhiam um candidato único às eleições presidenciais, ora indicado por São Paulo, ora por Minas. Assim, durante todo o período – com algumas exceções que permitiram a entrada de gaúchos na cena política -, mineiros e paulistas dominaram o país.