Slide 1 - Faculdades Paulistanas

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SOUZA, Laura de Mello e. Os novos mundos e o velho mundo: confrontos
e inter-relações. In: PRADO, M.Lígia e VIDAL, Diana. À margem dos 500
anos: reflexões irreverentes. São Paulo: EDUSP, 2002, p. 155-169.
LAURA DE MELLO E SOUZA
• Filha de Antonio Candido e Gilda de Mello e Souza,
sempre esteve ligada ao ambiente acadêmico. Sua casa
era frequentada por Sérgio Buarque de Holanda
e Florestan Fernandes.
• É autora de estudos pioneiros em áreas como história
sócio-cultural e político-cultural.
• É professora de História Moderna na USP desde 1983 e
é considerada uma das principais historiadoras do
Brasil.
• Atualmente, também faz parte do conselho editorial
da Revista de História da Biblioteca Nacional.
Principais obras
• Entre a vasta produção da autora estão:
• Desclassificados do ouro: a pobreza mineira no século XVIII, 1983.
• O Diabo e a Terra de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popular no Brasil
colonial, 1986.
• Feitiçaria na Europa Moderna, 1987.
• Inferno Atlântico: demonologia e colonização (séculos XVI-XVIII), 1993.
• História da vida privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América
portuguesa (organizadora), 1997.
• Norma e conflito: aspectos da história de Minas no século XVIII, 1999.
• O Sol e a Sombra: política e administração na América portuguesa do
século XVIII, 2006.
• Cláudio Manuel da Costa, 2011.
Laura de Mello e Souza é uma das inauguradoras da História das
Mentalidades no Brasil.
HISTÓRIA DAS MENTALIDADES
• Início na década de 1960 (França).
• É uma modalidade historiográfica que
privilegia os modos de pensar e de sentir
dos indivíduos de uma mesma época.
• Tempo da Longa Duração.
• Haveria uma "mentalidade coletiva"?
• Objetos típicos da História das mentalidades
seriam as sensibilidades do Homem diante
da morte (Philippe Ariès, Michel Vovelle), a
história dos grandes medos dos seres humanos
nos diversos períodos (Jean Delumeau),
da feitiçaria (Robert Mandrou) e tantas outras
que, à época em que começa a aflorar a História
das mentalidades, pareciam constituir temáticas
exóticas para os historiadores que se dedicavam a
temas historiográficos mais tradicionais.
VISÕES DOS EUROPEUS SOBRE A
AMÉRICA
• “Já ao tempo de Colombo, a crença na
proximidade do paraíso Terreal não é apenas uma
sugestão metafórica ou uma passageira fantasia,
mas uma espécie de ideia fixa, que ramificada em
numerosos derivados ou variantes, acompanha
ou precede, quase indefectivelmente, a atividade
dos conquistadores nas Índias de Castela (...) E
nada o deprendia (Colombo) da ideia,
verdadeiramente obsessiva em seus escritos, de
que precisamente as novas Índias, para onde o
guiava a mão da providência, se situava na orla
do Paraíso Terreal.” (HOLANDA, 1994, p. 15)
• “A infernalização da colônia e sua inserção no
conjunto dos mitos edênicos elaborados pelos
europeus caminharam juntas. Céu e inferno se
alternavam no horizonte do colonizador,
passando paulatinamente a integrar, também o
universo dos colonos e dando ainda espaço para
que, entre eles, se imiscuísse o Purgatório.
Durante todo o processo de colonização,
desenvolveu-se, pois uma justificação ideológica
ancorada na Fé e na sua negação, utilizando e
reelaborando as imagens do Céu, do Inferno e do
Purgatório”. (SOUZA, 1996, p.372)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visão do
paraíso:
os
motivos
edênicos
no
descobrimento e colonização do Brasil. 6ª Ed.
São Paulo: Brasiliense, 1994.
• SOUZA, Laura de Mello e. O Diabo e a Terra de
Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popular
no Brasil Colonial. São Paulo: Companhia da
Letras, 1996.
SOUZA, Laura de Mello e. Os novos mundos e o velho mundo: confrontos e interrelações. In: PRADO, M.Lígia e VIDAL, Diana. À margem dos 500 anos: reflexões
irreverentes. São Paulo: EDUSP, 2002, p. 155-169.
Tema: processo de demonização do Novo
Continente pelos europeus.
Período abordado: século XV ao século XVII.
• Período de caça às bruxas na Europa
• Produção de obras demonológicas
• Lenta produção iconográfica
Fontes da autora:
• Produção
bibliográfica
do
período
(renascentistas) ou sobre o período e o tema
(Ginzburg, Vainfas e Todorov).
• Iconográfica da época.
• Relatos de viagens Hans Staden, André Thevet
e Jean de Léry).
• Deuses e religião do Novo Mundo eram
reformulados pelos europeus na tentativa de
compreendê-los.
• Duas vertentes de explicação:
• Vertente clássica: associação com a mitologia
greco-romana.
• Vertente cristã: demonização do Novo Mundo.
• Feitiçaria, canibalismo e ameríndios eram
representados de forma articulada.
• “A antropofagia dos povos americanos assombrou os
europeus desde a viagem de Colombo”. (p.158)
• O canibalismo Tupinambá foi a metáfora que serviu a
católicos e protestantes para se desqualificarem
mutuamente.
• Calvinistas: para eles os católicos eram como
os antropófagos por aceitarem o dogma da
transubstanciação (ex.: Jean de Léry)
• Católicos: relativizavam o canibalismo
ameríndio contra os protestantes (Giovanni
Botero).
• 1516: Thomas More publica a “Utopia” –
ideias e princípios que pinçara do vago
conhecimento amealhado sobre o continente
recém-descoberto.
• América como possibilidade de uma nova
sociedade.
• Antes da demonização “a Europa vira o Novo
Mundo como fonte positiva de renovação da
humanidade”. (p.161)
• Debate entre Las Casas e Sepulveda.
• Bartolomé de Las Casas: defesa dos índios e
de sua racionalidade.
• Juan Ginés de Sepúlveda: defesa da tese da
servidão natural (tese aristotélica)
• Montaigne: “cada um chama de bárbaro
aquilo que não é de seu costume”.
• Ideia de pluralidade de culturas que coexistem
no espaço – temporalidade diferentes.
• No mundo da cultura tudo é plural e
dinâmico.
• Conclusão da autora:
• “quando duas culturas entram em contato,
mesmo que uma domine politicamente a
outra, são ambas que sofrem alterações em
seus significados”. (p.168)
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