As três gerações do jornalismo na internet Definições de nomenclaturas sobre práticas de produção e disseminação de informação no jornalismo contemporâneo (MIELNICZUK, 2003). JORNALISMO ELETRÔNICO JORNALISMO DIGITAL CIBERJORNALISMO JORNALISMO ONLINE WEBJORNALISMO Jornalismo eletrônico utiliza de equipamentos e recursos eletrônicos. Jornalismo digital emprega tecnologia digital. Todo e qualquer procedimento que implica no tratamento de dados em forma de bits. Ciberjornalismo envolve tecnologias que utilizam o ciberespaço. Jornalismo online é desenvolvido utilizando tecnologias de transmissão de dados em rede e em tempo real. Webjornalismo diz respeito à utilização de uma parte específica da internet, que é a web. Recorte de delimitações. “As definições se aplicam tanto ao âmbito da produção quanto ao da disseminação das informações jornalísticas. Um aspecto importante é que elas não são excludentes, o que ocorre é que as práticas e os produtos elaborados perpassam e se enquadram de forma concomitante em distintas esferas” (MIELNICZUK, 2003). Voltando às três gerações do jornalismo na internet... O advento das novas tecnologias da informação e comunicação introduziu novas rotinas e novas linguagens no meio jornalístico. Com a chegada do ciberespaço no Brasil, a partir dos anos 90 se verificou uma rápida migração das mídias anteriores para a internet. Passamos pela fase de adequação e familiaridade em relação às diferentes formas de se publicar e acessar conteúdos pelo meio digital. Estamos hoje num estágio consolidado para boa parte dos usuários, que contribui para se experimentar novos formatos de produtos e de narrativas, além de novos enfoques para os conteúdos, bem como para a sua apresentação e disponibilização (BARBOSA, 2004). 1ª fase Somente o jornal impresso passou a distribuir seu conteúdo na internet. Mais tarde o rádio e a TV aderiram ao novo meio. No entanto, neste primeiro momento essas mídias se limitaram a transpor para a web os conteúdos já disponibilizados em seu suporte convencional. 2ª fase Mesmo acoplado à metáfora do impresso, experiências novas são iniciadas na tentativa de explorar as potencialidades do meio digital e de construir uma linguagem e modelos próprios. Neste momento começam a surgir, por exemplo, espaços para abrigar notícias sobre fatos que acontecem no período entre as edições, chamadas de “Últimas Notícias” ou “Plantão”. 3ª fase Atual momento, aparecem sites e produtos exclusivos, pensados de forma mais apropriada para a internet. Uma corrente de autores emprega o conceito de banco de dados como potencialmente capaz de conferir o diferencial e a especificidade ao jornalismo online em seu terceiro estágio de desenvolvimento, também chamado de webjornalismo de terceira geração. Garantindo, assim, sites jornalísticos mais descolados da metáfora do jornal impresso, que ainda hoje é usada como padrão (BARBOSA, 2004). Características da 3ª geração: Devem apresentar, simultaneamente, as seis características (MIELNICZUK, 2003): Interatividade; Personalização; Hipertextualidade; Multimidialidade; Memória; Instantaneidade. 4ª fase?! Autores pesquisam caminhos para o surgimento de um jornalismo na internet de quarta geração, que representaria a efetiva industrialização dos processos de produção no âmbito da apuração, edição e veiculação de informações através da utilização de tecnologias de banco de dados (SCHWINGEL, 2005). Voltando à 3ª geração A terceira e atual fase do jornalismo no ciberespaço pode ser analisada a partir da aplicabilidade das características do meio em produtos desenvolvidos exclusivamente para a internet. E também a partir da incorporação pelas empresas e sites jornalísticos de rotinas diferenciadas, que vão além de uma idéia de uma versão online de um jornal impresso. A fusão da empresa de informática Microsoft com a empresa jornalística de televisão NBC, firmada em 1996, como um dos primeiros exemplos desta situação. O www.msnbc.com é um site jornalístico que não surgiu em decorrência da experiência de uma edição impressa. Características do jornalismo na internet Nem todas as possibilidades abertas pelas novas tecnologias da informação e comunicação são exploradas pelos sites jornalísticos (LIMA, 2008). Interação O meio digital é essencialmente interativo. Diferentemente das mídias anteriores, onde a informação é colocada para o leitor, o webjornalismo permite que o usuário interaja, escolhendo seus próprios caminhos a seguir. O leitor/usuário sente-se parte do processo jornalístico. Um instrumento de comunicação que explora bem esta característica é o blog, que proporciona a qualquer internauta a possibilidade de publicação instantânea de textos, sem a necessidade de conhecimentos sobre linguagens específicas do meio. Ex.: comentários; grupos de discussão (fóruns); email para contato/críticas; questionários (quiz). O usuário passa por processos interativos. Diante do computador conectado à internet, o usuário estabelece relações com a máquina; com a própria publicação; e com outras pessoas - seja autor ou outros leitores. Personalização O leitor tem a possibilidade de percorrer seus próprios caminhos na web, construindo uma linearidade narrativa particular (PALÁCIOS, et al, 2002). Produtos jornalísticos oferecidos para o internauta através da configuração de páginas de acordo com seu interesse. Ex: personalização da página por assuntos de interesse ao fazer o login; receber via e-mail notícias sobre assuntos previamente escolhidos ou anteriormente indicados como sendo de seu interesse (newsletter). Levantamento realizado pelo Grupo de Pesquisa em Jornalismo Online (Facom/UFBA) observou que a maioria dos sites jornalísticos brasileiros não utilizam serviços personalizados. Do universo de 44 jornais analisados, apenas seis oferecem algum nível de personalização. Multimidialidade É a capacidade que o jornalismo na web tem de concentrar em um mesmo ambiente diversos formatos de apresentação de informações, como texto, áudio, vídeo, fotografias e animações. A cobertura diária não explora muito este recurso. Encontramos a utilização de recursos de multimídia em seções, reportagens ou coberturas especiais. Hipertextualidade Proporciona novas práticas de leitura e escrita na internet, na medida em que permite ao usuário ter acesso a informações de arquivos e complementares disponíveis na página do próprio veículo em que se está lendo uma notícia ou em outro site. O hipertexto cria a possibilidade da leitura não-linear. Instantaneidade ou atualização contínua É uma das características mais importantes do webjornalismo. A possibilidade de acrescentar informações a qualquer momento torna a cobertura jornalística na internet mais ágil do que os demais meios de comunicação. Memória Possibilidade de acumulação de informações com os arquivos das notícias que diariamente são inseridas na rede. Palácios (2002) chama a esta possibilidade de acesso imediato à informação de “memória múltipla, instantânea e cumulativa”, enfatizando ainda com esta expressão o caráter “arquivista” resultante da acumulação de informação na web. O banco de dados Autores propõem que há um uso potencial dos bancos de dados ainda a ser desvendado. BD é uma coleção de informações relacionadas entre si, que representam aspectos de um conjunto de objetos (como textos, imagens e gráficos) com significado próprio e que podem ser armazenados para uso futuro (GUIMARÃES, 2003). Machado (2004) defende que os BD, como uma forma cultural típica da sociedade das redes, desempenha hoje três funções no webjornalismo: • • • de formato; de suporte para modelos de narrativas multimídia ou estruturação da informação; de memória dos conteúdos publicados. No meio digital, os elementos constitutivos da narrativa jornalística são formatados como banco de dados. Conclusão Os exemplos e conceitos delineados mostram as potencialidades do meio digital no fazer jornalístico. Os webjornais de terceira geração já oferecem aos usuários produtos exclusivos, pensados de forma mais apropriada para a internet. O webjornalismo ainda se encontra em um processo de adaptação e novas descobertas com a evolução das tecnologias de informação e comunicação. Tendência do fazer jornalístico... Jornais grátis na web. Notícia é um bem público. Empresas de comunicação com múltiplas plataformas de distribuição de conteúdo. Modelo outsourcing para produção de conteúdos. Widget de conteúdo e/ou entretenimento. Excesso de conteúdo (banalização). Valorização da ética. REFERÊNCIAS BARBOSA, Suzana. Banco de Dados: Agentes para um webjornalismo inteligente?. Paper apresentado no V Congresso IberoAmericano de Periodismo em Internet, FACOM/UFBA 2004. Disponível em: <http://www.facom.ufba.br/jol/pdf/2004_barbosa_agentes_inteligentes.pdf >. Acesso em: 11/05/2006. FIDALGO, António. Sintaxe e semântica das notícias on-line. Para um jornalismo assente em base de dados. In: FIDALGO, António; SERRA, Paulo (Orgs.). Informação e Comunicação Online. Jornalismo Online. Volume 1. Covilhã: Universidade da Beira Interior/ Portugal, 2003. GUIMARAES, Célio Cardoso. Fundamentos de banco de dados. Modelagem, projeto e linguagem SQL. Campinas (SP): Unicamp, 2003. LIMA, Érika Hollerbach. O webjornalismo de terceira geração: um estudo de caso. Revista Especialização em Comunicação Social, UFMG, 2008. Disponível em:http://www.fafich.ufmg.br/~espcom/revista/numero2/erika.html. Acesso em: 30/07/2008. MACHADO, Elias. Banco de dados como formato no jornalismo digital. In: Ciências da Comunicação em Congresso na Covilhã. III Sopcom, VI Lusocom, II Ibérico, UBI (CD-ROM), 2004. MIELNICZUK, Luciana. Jornalismo na web: uma contribuição para o estudo do formato da notícia na escrita hipertextual. 2003. 246f. Tese (Douturado) – Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Comunicação, Salvador. Disponível em: <http://www.facom.ufba.br/jol/producao_teses.htm> Acesso em: 14/04/2006. PALÁCIOS, Marcos. Jornalismo Online, Informação e Memória: Apontamentos para debate. Trabalho apresentado nas Jornadas de Jornalismo Online, Universidade da Beira Interior (Portugal), 2002. Disponível em: <http://www.fafich.ufmg.br/~espcom/revista/www.facom.ufba.br/jol/pdf/2002_palacios_informacao memoria.pdf>. Acesso em: 14/04/2006. PALÁCIOS, Marcos (et al). Um mapeamento de características e tendências no jornalismo on-line brasileiro e português. Comunicarte, Portugal, vol. 1, nº 2, p. 159 – 170, set. 2002. Disponível em: < http://www.fafich.ufmg.br/~espcom/revista/www.ca.ua.pt/comunicarte/artigos/r02a16.pdf >. Acesso em: 30/04/2006. SCHWINGEL, Carla. Jornalismo digital de quarta geração: a emergência de sistemas automatizados para o processo de produção industrial no Jornalismo Digital. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/gtjornalismocompos/doc2005/carlaschwingel2005.doc>. Acesso em: 11/05/2006.