Dispositivos terapêuticos e prostéticos

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Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Introdução
A principal aplicação da instrumentação médica electrónica é diagnóstico.
Neste capítulo falaremos de dispositivos com uma aplicação diferente: os
dispositivos terapêuticos e prostéticos.
Exemplos:
Estimuladores eléctricos
Ventiladores
Máquinas pulmão-coração
Máquinas de diálise
Órgãos artificiais
Dispositivos implantáveis
Bombas de administração
Pacemakers
Desfibrilhadores
442
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos
Trata-se de um estimulador eléctrico que tem por objectivo induzir a contracção
do coração. Este efeito pode ser empregue para fins prostéticos em doenças em
que o coração não é estimulado a uma taxa adequada (arritmias; bloqueios
cardíacos)
Produzem impulsos eléctricos periódicos que são conduzidos para eléctrodos
localizados na superfície do coração (epicárdio), no musculo cardíaco (miocárdio)
ou nas cavidades cardíacas (endocárdio)
443
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos
Dispositivo assíncrono - free-running
Produz um estímulo uniforme independentemente da actividade
cardíaca – frequência cardíaca fixa
Fonte de alimentação – fornece energia
Oscilador – controla a taxa de impulsos
Circuito de saída de impulsos – produz o estímulo cardíaco
Fios condutores – conduzem o estímulo
Eléctrodos – transmitem o estimulo ao coração
Trata-se da forma mais simples de pacemaker. No entanto já não
são utilizados. Úteis para fins didácticos.
444
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos – Fonte de alimentação
Bateria de células de iodeto de lítio
Tensão em circuito aberto de 2.8V
Tempo de vida de bateria longo
Fonte com impedância de saída elevada (única limitação)
Reacção do Ânodo:
Reacção combinada:
Li  Li   e 
Reacção do Cátodo: I 2  2e   2I 
2Li  I 2  2LiI
Todos os pacemakers
actualmente aplicados
usam um qualquer tipo
de bateria de lítio
445
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos – Circuito de temporização
O pacemaker assíncrono é o pacemaker mais simples. O seu circuito de
temporização pode ser realizado à custa de um simples oscilador livre: um
circuito astável sem relógio externo
Os pacemakers actualmente utilizados continuam a ter circuitos de
temporização para determinar quando deve ser aplicado um estímulo ao
coração. Mas possuem circuitos lógicos complexos, são controlados por cristais
de quartzo (sinal de relógio) ou mesmo por microprocessadores.
446
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Circuitos osciladores
Circuito Astável: não possui nenhum estado estável
447
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Circuitos osciladores
Circuito Monoestável: possui um estado estável
Quando recebe um estímulo externo comuta para um estado instável. Contudo
regressa ao estado estável ao fim de um certo tempo sem necessidade de qualquer
estímulo.
448
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Circuitos osciladores
Circuito Bi-estável (flip-flop): possui dois estados estáveis
Comuta de estado apenas quando recebe um estímulo externo
449
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos – Circuito de saída
O circuito de saída produz o estímulo eléctrico que é aplicado ao coração
produção do estímulo é disparada pelo circuito de temporização
Impulsos de tensão constante:
5.0 a 5.5V com duração entre 500 e 600μs
Impulsos de corrente constante
8 a 10mA com duração de 1.0 a 1.2ms
Taxas de impulsos: 70 a 90 batimentos por minuto para pacemakers de taxa fixa;
Pacemakers com taxa variável: gamas de 60 a 150bpm
Consumo médio 30μW
Para este consumo a duração expectável de uma bateria de 2 A/h é superior a 20
anos
450
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos – Circuito de saída
451
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos – Circuito de saída
452
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos – Fios condutores
Características importantes dos fios condutores
Bons condutores
Fortes e estáveis em termos mecânicos
têm que ser capazes de suportar os efeitos dos movimentos devido ao
batimento do coração e aos movimentos corporais
Bom isolamento eléctrico
Actualmente:
Bobine helicoidal entrelaçada de fio de mola encapsulada num cilindro de
borracha/silicone ou de poliuretano
O enrolamento em bobine minimiza o esforço mecânico
A utilização de fios múltiplos entrelaçados previne a falha de estimulo em
situações de ruptura de um fio
A utilização de revestimentos flexíveis confere compatibilidade biológica,
isolamento eléctrico e flexibilidade face a movimentos
453
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos – Fios condutores
454
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos – Eléctrodos
Pacemakers Unipolares vs. Bipolares
Unipolares:
Eléctrodo único em contacto com o coração
Impulsos negativos
Coloca-se um eléctrodo indistinto algures no corpo para fechar o circuito
Bipolares:
Dois eléctrodos em contacto com o coração
Estimulo aplicado entre os dois eléctrodos
As características dos estímulos (tensão/corrente, duração) são iguais para os
dois tipos de eléctrodos
455
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos – Eléctrodos
Características importantes dos eléctrodos:
Mecanicamente duráveis
O material não pode:
Dissolver-se no tecido
Irritar o tecido
Sofrer reacções electrolíticas devido à estimulação
Deve minimizar as interacções biológicas com os tecidos (evitar a formação
de cápsulas fibrosas densas em torno do eléctrodo)
Feitos do mesmo material dos fios condutores para assegurar bom interface
Eléctrodos actualmente usados:
Platina, ligas de platina, outras ligas especializadas
456
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos – Eléctrodos
Encapsulamento de
silicone ou de
poliuretano
457
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos – Eléctrodos
458
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos – Eléctrodos
459
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos – Eléctrodos sensores
Quer os eléctrodos unipolares quer os bipolares podem também ser usados
como eléctrodos sensores (de medição)
São actualmente utilizados em projectos de pacemakers de tecnologia avançada
460
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos – Encapsulamento
O encapsulamento dos componentes do pacemaker deve ser biocompatível
Amaioria dos pacemakers possui encapsulamentos hermeticamente fechados de
titânio ou de aço inoxidável
461
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos Avançados
Pacemakers Síncronos
Usados para estimulação intermitente (em oposição ao que sucede com os
pacemakers assíncronos que são utilizados para estimulação contínua).
Pacemakers com resposta em frequência
Usados para estimulação com taxas variáveis definidas pelas variações na
demanda fisiológica
462
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos Síncronos
Há muitos doentes que conseguem estabelecer um ritmo cardíaco normal entre
os períodos de bloqueio. Para estes doentes não é necessário estimular
continuamente os ventrículos.
Mais ainda, a estimulação contínua pode resultar em complicações sérias como,
por exemplo, taquicardia ou fibrilhação quando um estimulo artificial coincide com
o período de repolarização após uma contracção ventricular espontânea (não
estimulada)
Importa diminuir a competição com o ritmo natural
Dois tipos de pacemakers síncronos
Pacemakers de demanda
Pacemakers auriculares síncronos
463
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers de demanda
Consistem em componentes assíncronos e numa malha de realimentação
O circuito de temporização funciona a uma taxa constante (60 to 80 bpm)
Após cada estímulo, o circuito de temporização é reiniciado (reset) e espera o
intervalo de tempo apropriado antes de gerar um próximo impulso
O circuito de temporização também é reiniciado se ocorrerem batimentos naturais
entre estímulos
Se ocorrer um batimento natural entre
estímulos, o circuito de realimentação
detecta o complexo QRS (o que
implica eléctrodos sensores) e
amplifica-o. Este sinal é então usado
para reiniciar o circuito de
temporização.
Se o coração bater normalmente com um ritmo superior ao definido para
o pacemaker, este permanece em modo de espera (stand by)
464
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers auriculares síncronos
Este pacemaker substitui o sistema de condução bloqueado do coração
O nodo sinoatrial (SA) dispara o pacemaker. Um eléctrodo detecta a onda P
Monoestáveis são utilizados para simular o atraso natural entre os nodos SA e
atrioventricular (AV) (120ms) e para criar um período refractário (500ms)
O circuito de saída controla a contracção ventricular
Estes pacemakers estão preparados para operar a taxa fixa
se deixar de haver estimulação auricular. Tal consegue-se
combinando o sistema de demanda com o sistema auricular
de modo que o estímulo auricular iniba o circuito de
temporização de taxa fixa.
465
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos com Resposta em Frequência
Replicam a função cardíaca de um indivíduo
fisiologicamente normal
Utilizam um sensor para converter uma variável
fisiológica num sinal eléctrico que serve de entrada
Um circuito controlador altera a frequência cardíaca
com base no sinal do sensor
É possível implementar aqui um mecanismo de
demanda para verificar se há necessidade de
estimular artificialmente o coração
Sensor
Algoritmo
de Controlo
Circuito
Controlador
Gerador de
Impulsos
Fios /
Eléctrodos
466
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos com Resposta em Frequência
Variável fisiológica
Sensor
Temperatura do sangue no ventrículo direito
Termístor
Intervalo entre estímulo ECG e onda T
Eléctrodos ECG
Área da onda R do ECG
Eléctrodos ECG
*pH sanguíneo
Eléctrodos electroquímicos de pH
*Taxa de variação da pressão na aurícula
direita
Sensor de pressão semicondutor do tipo straingage (extensómetro)
Saturação do sangue venoso
Oxímetro óptico
Variações de volumes intra-cardíacos
Pletismografia de impedância eléctrica
Frequência e /ou volumes respiratórios
Pletismografia de impedância eléctrica torácica
Vibração do corpo
Acelerómetro
* Não está comercialmente disponível
467
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Pacemakers Cardíacos com Resposta em Frequência
Medições de impedância
Sistema de 3 eléctrodos (a caixa do pacemaker é usada como terra)
Unipolar com fio extra e fio bipolar
Sistema de 2 eléctrodos
Fio único unipolar ou bipolar
468
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos com Resposta em Frequência - Sensores
Medições de impedância
Aplica-se uma tensão entre os 2 eléctrodos e mede-se a corrente
Utiliza-se um sinal de baixa amplitude e alta frequência ou um trem de
impulsos de baixa amplitude
469
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos com Resposta em Frequência - Sensores
Sensores Auriculares (Pacemakers auriculares síncronos)
O sinal normalmente é medido através da inserção de um fio condutor extra em
contacto com a parede auricular
Em alternativa, pode-se utilizar um condutor especial utilizado para estimular o
ventrículo
Sensores metabólicos directos
Servem para medir a actividade metabólica de forma a correlacioná-la com o
débito cardíaco
Exemplos
pH venoso central
Eléctrodo de referência Ag-AgCl colocado na caixa do pacemaker e eléctrodo
de Ir-IrO2 sensível ao pH colocado na aurícula direita
Pode detectar variações no pH do sangue devidas a exercício ou doença
470
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos com Resposta em Frequência - Sensores
Sensores metabólicos directos
Exemplos (continuação)
Saturação venosa mista
Utilizam-se 2 LEDs e um fotodíodo para detectar a reflectividade do sangue
Os LEDs produzem dois comprimentos de onda distintos, detectáveis pelo
fotodíodo
Vermelho (660nm) usado para detectar a saturação de oxigénio
IR (805nm – ponto isosbéstico) usado como referência
As medições são feitas no lado venoso do sistema cardiovascular
Baixa saturação de O2 resulta em baixa reflectividade e sinal de saída do
sensor com baixa amplitude. Tal vai disparar o pacemaker para aumentar a
frequência cardíaca e, consequentemente, o débito cardíaco
471
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos com Resposta em Frequência - Sensores
472
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos com Resposta em Frequência - Sensores
Sensores metabólicos indirectos
Permitem estimar a actividade metabólica para controlar o débito cardíaco
Exemplos
Taxa de ventilação (estimativa do consumo de oxigénio)
Obtida através da medição da impedância entre o eléctrodo e a caixa
do pacemaker
Tipicamente emprega-se um sistema de 3 eléctrodos
A respiração provoca variações na impedância eléctrica do tórax
O sinal precisa de ser filtrado para obter a taxa de ventilação
473
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos com Resposta em Frequência - Sensores
Sensores metabólicos indirectos
Exemplos (continuação)
Temperatura venosa mista
Coloca-se no ventrículo direito um condutor com um pequeno termístor
cerâmico
A temperatura do sangue é um bom indicador da necessidades
metabólicas e o sensor é durável.
474
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos com Resposta em Frequência - Sensores
475
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos com Resposta em Frequência - Sensores
Sensores fisiológicos não-metabólicos
Utilizados para detectar variações que causariam naturalmente o aumento da
frequência cardíaca
Exemplos
Intervalo Q-T
Mede o tempo entre o complexo QRS e a onda T
Durante o exercício ou em stress, o intervalo Q-T diminui devido à
produção natural de catecolamina
Os condutores de estimulação são utilizados para detectar o
electrograma ventricular intra-cardíaco
Este é o sensor fisiológico com maior sucesso
Utiliza condutores padrão
Necessita de pouca ou nenhuma potência adicional
Tempo de resposta rápido
476
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos com Resposta em Frequência - Sensores
Sensores fisiológicos não-metabólicos
Exemplos (continuação)
Gradiente de despolarização ventricular (VDG) ou potencial evocado
ventricular
Similares aos sensores de intervalo Q-T, mas medem a área debaixo
do complexo QRS
Esta área é afectada pela frequência cardíaca
VDG é directamente proporcional à frequência cardíaca
Utiliza eléctrodos padrão de estimulação
Não precisa de potência adicional
Tempo de resposta rápido
Pode também detectar emoção e stress
477
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos com Resposta em Frequência - Sensores
Sensores fisiológicos não-metabólicos
Exemplos (continuação)
Índices sistólicos
Volume de ejecção
Determinado através de medidas de impedância
Aumenta com o exercício
Fase de Pré-ejecção
Corresponde ao tempo entre o início da despolarização ventricular
e a abertura da válvula aórtica
Determinada através de medidas de impedância
Diminui com o exercício
478
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos com Resposta em Frequência - Sensores
Sensores fisiológicos não-metabólicos
Exemplos (continuação)
Pressão
A pressão arterial média é tende naturalmente a ser mantida constante
A grandeza e a taxa de variação da pressão aumenta com o exercício
Coloca-se um sensor piezoeléctrico no ventrículo direito
Mede a taxa de variação da pressão a partir da qual se pode
inferir a pressão média
Pode-se usar um sensor de pressão do tipo strain gage (elastómetro)
para medir directamente a pressão média
479
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos com Resposta em Frequência - Sensores
480
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers Cardíacos com Resposta em Frequência - Sensores
Sensores de actividade directos
O mais comum é o Pacemaker Detector de Movimento
Utiliza um acelerómetro ou um sensor de vibração, colocado na caixa,
para estimar a actividade
Tem fiabilidade de longo termo, requisito de potência mínimos e resposta
rápida
A principal limitação é a especificidade do sensor
exemplo: subir escadas é um esforço maior do que descer;
contudo, descer provoca passadas mais pesadas e, logo, ondas
de pressão maiores no tórax. Tal pode resultar numa frequência
cardíaca que é superior quando o paciente desce escadas do que
quando sobe.
Muitas vezes usa-se uma combinação de vários sensores
481
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers: exemplos
comerciais
Principais empresas
Guidant (J & J)
Medtronic
St. Jude
retirado de www.guidant.com
482
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Pacemakers: exemplos comerciais
Tamanho e forma típica de um
pacemaker implantável
A parte superior é utilizada para a
interface com os fios condutores
retirado de www.medtronic.com
483
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Desfibrilhadores
São utilizados para inverter a fibrilhação do coração – condição em que as
células individuais do miocárdio contraem de forma assíncrona existindo apenas
padrões muito localizados que relacionam a contracção de uma célula com as
das células vizinhas.
A fibrilhação reduz o débito cardíaco quase a zero e provoca danos cerebrais
irreversíveis se não for invertida no prazo de 5 minutos
O choque eléctrico pode ser utilizado para restabelecer a actividade normal do
coração
Quatro tipos básicos de desfibrilhadores:
Desfibrilhador AC
Desfibrilhador de descarga capacitiva
Desfibrilhador de descarga capacitiva com linha de atraso
Desfibrilhador de onda rectangular
484
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Desfibrilhadores
A desfibrilhação por choque eléctrico é realizada passando corrente através de
eléctrodos:
colocados directamente no coração – exige corrente pequena e exposição
cirúrgica do coração
em colocação transtorácica, utilizando eléctrodos de área grande colocados
no tórax anterior – necessita de níveis superiores de corrente
485
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Desfibrilhadores: descarga capacitiva
Este circuito serve para criar
impulso desfibrilhador de curta
duração e amplitude elevada.
Com os eléctrodos firmemente
colocados, o clínico descarrega
o condensador accionando um
comutador
Terminada a descarga o
comutador regressa
automaticamente à posição
original
486
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Desfibrilhadores: descarga capacitiva
O circuito inclui um rectificador de meiaonda que carrega o condensador C à
tensão determinada pelo autotransformador variável do circuito primário.
A resistência R limita a corrente de carga,
protegendo os componentes do circuito.
O voltímetro v no circuito primário está
calibrado em energia e indica a energia
armazenada no condensador.
A resistência também define o tempo
necessário para carregar completamente
o condensador. 90% da carga total
implicam um tempo de carga igual a 5RC.
Uma boa regra é manter este tempo
abaixo de 10s
© From J. G. Webster (ed.), Medical instrumentation: application and design. 3rd ed.
New York: John Wiley & Sons, 1998.
487
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Desfibrilhadores: descarga capacitiva
Com esta arquitectura, o processo de desfibrilhação utiliza:
50 a 100 Joules quando os eléctrodos são aplicados directamente no
coração
Até 400 Joules quando os eléctrodos são aplicados externamente
A energia armazenada no condensador é dada por: E 
1 2
CV
2
Utilizam-se condensadores entre 10 e 50μF
Com estes condensadores e considerando a energia máxima (400J), as
tensões aplicadas variam entre 2 e 9 kV
488
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Desfibrilhadores: descarga capacitiva
Utilizam uma bateria de lítio com cátodo de óxido de prata - pentóxido de vanádio
(Li-SVO). Estas baterias são também empregues em neuroestimuladores e
sistemas de infusão de medicamentos pois permitem o funcionamento contínuo a
temperaturas de 37º C)
Densidade de energia elevada
Possui resistência interna baixa o que facilita a detecção do fim da bateria
(o que nalgumas baterias não é fácil)
Para alimentar os circuitos de baixa tensão utilizam-se baterias de iodeto de lítio
489
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Desfibrilhadores: onda rectangular
O condensador é descarregado através do paciente ao activar um rectificador
controlado de silício (SCR – Silicon-Controlled Rectifier), colocado em série
Após a entrega de uma quantidade suficiente de energia, um SCR em paralelo
curto-circuita o condensador e termina o impulso, eliminando a fase de
descarga lenta (cauda do impulso)
O controlo da saída pode ser conseguido variando:
a tensão no condensador
a duração da descarga
490
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Um parêntesis: SCRs
Um SCR é basicamente um díodo de 4 camadas com um terceiro eléctrodo
[gate (G)] que permite controlar o disparo do díodo por injecção de corrente
491
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Um parêntesis: SCRs
O SCR tem 3 modos de funcionamento:
Polarização Inversa: O ânodo é negativo em
relação ao cátodo. O SCR comporta-se como
um díodo comum. Se a tensão inversa
aumentar para além da tensão de ruptura, o
SCR será destruído pelo efeito avalanche.
Polarização Directa: O ânodo é positivo em
relação ao cátodo, mas a tensão não é
suficiente para disparar o SCR.
Disparar o SCR com a gate aberta (IG = 0 )
implica que a tensão de ânodo atinja um valor
denominado tensão de breakover (VBO ). Se VA
for menor do que VBO, o SCR continuará sem
conduzir.
492
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Um parêntesis: SCRs
Condução (Disparo): Quando a tensão de ânodo atinge o valor VBO, o SCR
dispara: a corrente de ânodo passa bruscamente de zero para um valor
determinado pela resistência em série com o SCR. A tensão no SCR cai para um
valor baixo (0,5V a 2V).
Após disparar, o SCR passa da condição de alta resistência para baixa
resistência. A tensão de ânodo cai para um valor baixo (0,5V a 1,5V ). O SCR só
volta a cortar quando a tensão (corrente) cair abaixo de um valor chamado de
tensão (corrente) de manutenção, VH (IH) cujo valor depende do tipo de SCR.
493
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Um parêntesis: SCRs
Se for injectada uma corrente na gate, é possível disparar o SCR com tensões de
ânodo muito menores do que VBO. Quanto maior for a corrente de porta injectada,
menor será a tensão de ânodo necessária para disparar o SCR. Vem daqui a
designação de díodo controlado.
Depois do disparo, a gate perde o controlo sobre o SCR: a gate pode ser aberta
ou curto circuitada ao cátodo mas o SCR continua conduzindo. O SCR só volta ao
corte quando a corrente de ânodo descer abaixo da corrente de manutenção.
494
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Desfibrilhadores: onda rectangular
Vantagens:
Menor corrente de pico
Não precisa de bobines
Utiliza condensadores electrolíticos de menores dimensões
Não precisa de relés
495
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Desfibrilhadores: impulsos de saída
Exponencial
unipolar truncado
Exponencial bipolar
truncado
Impulsos unipolares com largura programável entre 3.0 a 12.0 msec
Impulsos bipolares com larguras programáveis: impulso positivo: de 3.0 a 10.0 ms;
impulso negativo: de 1.0 a 10.0 ms
Vários estudos sugerem que os impulsos bipolares têm maior eficiência de
desfibrilhação
496
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Desfibrilhadores: eléctrodos
É essencial proporcionarem um contacto excelente com o corpo
Podem ocorrer queimaduras graves se o contacto adequado não for
mantido durante a descarga
É necessário um isolamento adequado
Prevenir descarga para o clínico
Três tipos:
Interno – utilizado para estimulação cardíaca directa
Externo – utilizado para estimulação cardíaca transtorácica
Descartáeis – só para utilização externa
497
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Desfibrilhadores: eléctrodos
(a) eléctrodo em forma de colher que é aplicado directamente
sobre o coração
(b) eléctrodo para estimulação transtorácica
© From J. G. Webster (ed.), Medical instrumentation: application and design. 3rd ed. New York: John Wiley & Sons, 1998.
498
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Cardioverters
Trata-se de um desfibrilhador especial que possui electrónica de sincronização
para garantir que a descarga eléctrica ocorre imediatamente após a onda R.
Se o operador aplicar o choque eléctrico do desfibrilhador durante a onda T o
risco de causar fibrilhação ventricular no paciente é muito elevado.
Na utilização mais frequente dos desfibrilhadores. i.e. para terminar a
fibrilhação ventricular, este risco não está presente já que não existe onda T.
Em situações em que o paciente sofre de arritmia auricular (que força os
ventrículos a contrair a uma frequência elevada) a desfibrilhação dc pode
ajudar o doente a regressar a um rimo normal. Nesta situação é possível
aplicar a descarga durante a onda T (repolarização ventricular) e causar
desfibrilhação ventricular
499
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Cardioverters
O aparelho é uma combinação de um monitor cardíaco com um desfibrilhador
Os eléctrodos são colocados na localização que resulta no maior valor da razão
entre as amplitudes das ondas R e T
Cardioscope
ECG
Electrodes
Analog
Switch
Trigger
Circuit
Defibrillation
Electrodes
Defibrillator
ECG AMP
AND
Gate
30ms
Delay
Threshold
Detector
Operator-controlled
Switch
Filter
500
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Desfibrilhadores implantáveis automáticos
Na aparência, são similares aos pacemakers implantáveis. Possuem os
seguintes blocos funcionais:
detecção de fibrilhação cardíaca ou taquicardia
uma fonte de alimentação e um componente de armazenamento de energia
eléctrodos para entregar o estímulo
Os eléctrodos de desfibrilhação são empregues para detectar os sinais
electrofisiológicos
O controlo da estimulação é realizado a partir do processamento dos sinais
Também se utilizam sinais mecânicos relacionados com a taquicardia
ventricular e a fibrilhação do miocárdio
O armazenamento de energia é necessário para fornecer estímulos de 5 a 30 J
1988 – Primeiros dispositivos comerciais
501
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Desfibrilhadores implantáveis automáticos
502
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Desfibrilhadores implantáveis automáticos: exemplos comerciais
www.guidant.com
www.medtronic.com
503
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Outros dispositivos implantáveis: dispositivos neurais
Estimulador cerebral Medtronic para doença de Parkinson
www.medtronic.com
www.cyberonic.com
504
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Outros dispositivos implantáveis: estimulação cerebral
Componentes implantáveis
Neuroestimulador: um dispositivo tipo pacemaker que
contém uma bateria e um circuito microelectrónico para
produção controlada de impulsos eléctricos. Implantado
perto da clavícula.
Eléctrodos DBSTM : quatro fios enrolados em bobine
agrupados dentro de um isolamento de poliuretano. Cada
fio termina num eléctrodo de 1.5 mm, o que resulta em 4
eléctrodos na xtremidade do cabo. Os cabos DBS são
implantados bilateralmente no cérebro.
Extensão: ligação subcutânea entre estes componentes
505
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Outros dispositivos implantáveis: estimulação cerebral
Componentes
Para utilização pelo paciente
Controlador de terapia: O paciente coloca o
controlador de terapia compacto e portátil sobre o
neuro-estimulador e utiliza os botões para ligar e
desligar o neuro-estimulador.
Para utilização pelo clínico
Programador clínico: O clínico utiliza o programador
para ajustar, de forma não-invasiva, por telemetria,
os parâmetros de estimulação
506
Dispositivos terapêuticos e prostéticos
Outros dispositivos implantáveis: implante coclear
1. O som é captado por um microfone
direccional.
2. O som é enviado do microfone para um
processador de discurso.
3. O processador analisa e digitaliza o som
para sinais codificados.
4. Os sinais codificados são enviados ao
transmissor via radiofrequência.
5. O transmissor envia o código através da pele para o implante interno.
6. O implante interno converte o código para sinais eléctricos.
7. Os sinais são enviados para os eléctrodos para estimular as fibras nervosas.
8. Os sinais são reconhecidos como sons pelo cérebro e produzem a sensação
de audição.
NUCLEUS® 3 COCHLEAR IMPLANT SYSTEM
Detalhes em http://www.cochlear.com/
507
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