ARQUIVOS MÉDICOS COMO FONTES DE PESQUISA: a

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ARQUIVOS MÉDICOS COMO
FONTE PARA PESQUISA:
a importância dos prontuários e dos
arquivos médicos para os Registros de
Câncer
As neoplasias malignas devido a sua
elevada incidência e mortalidade e o
aumento da esperança de vida ao nascer
constituem-se, atualmente, em um dos mais
importantes problemas de Saúde Pública,
não só, no Brasil, como também, em outros
países nos cinco continentes.
O primeiro censo sobre câncer foi realizado em
1728 em Londres, sem sucesso.
Durante mais de um século, várias tentativas
para estabelecerem-se estatísticas de
mortalidade e morbidade comparáveis e
confiáveis foram falhas, e poucos
conhecimentos concretos foram incorporados
até o final do século XIX.
Somente em 1929, na Alemanha, formou-se a base para o
primeiro Registro de Câncer como conhecemos hoje.
Três enfermeiras visitavam os hospitais e as clínicas dos
médicos de Hamburgo em intervalos regulares de tempo.
Elas anotavam os nomes dos pacientes que eram casos
novos de câncer e transferiam os dados para um arquivo
central, localizado no departamento de saúde de Hamburgo.
O arquivo de dados era comparado uma vez por semana com
os atestados de óbitos.
O Registro de Câncer de Hamburgo foi o
primeiro exemplo de um Registro de Câncer
moderno, onde a idéia de que o controle do
câncer não envolve somente, aspectos
científicos e médicos, mas também, aspectos de
planejamento em Saúde Pública, a curto, médio
e longo prazo.
De maneira geral, pode-se entender um
Registro de Câncer, seja hospitalar ou de base
populacional, como: um serviço permanente,
que coleta de forma padronizada e sistemática
dados, analisa, mantém e divulga informações
consolidadas sobre neoplasias malignas das
pessoas que tiveram algum tipo de câncer
durante a vida.
OBJETIVOS E FUNÇÕES
Em outras palavras, um Registro de Câncer,
coleta dados e produz informação para
subsidiar a ação dos profissionais e
autoridades em saúde: no planejamento
estratégico, seja em nível hospitalar, ou na
população geral, para a detecção precoce, o
controle e a prevenção de cânceres dos mais
variados tipos, em todas as idades e nas mais
diferentes comunidades
Assim, um Registro de Câncer, trabalha na coleta
sistemática e padronizada de dados dos prontuários e dos
arquivos médicos, de tal forma que permite conhecer:
1. o número de pacientes portadores de neoplasias malignas,
2. sua distribuição por faixa etária,
3. sexo,
4. local de nascimento,
5. local de residência,
6. extensão da doença,
7. qualidade do diagnóstico,
8. avaliação das diferentes modalidades de tratamento e da
sobrevida, entre outros.
Registros de Câncer podem ser diferenciados em:

Registro de Câncer de Base Populacional

Registro Hospitalar de Câncer

Registro Especial de Câncer
Um Registro de Câncer de Base
Populacional (RCBP) coleta os casos novos de
câncer, ano a ano, de uma população
específica em uma área geográfica delimitada,
por localização primária e comportamento do
tumor, arquiva, processa, analisa as
informações e divulga os dados consolidados
para os profissionais da saúde.
Os Registros de Câncer de Base Populacional
avaliam o impacto que o câncer causa em uma
determinada população, através de vários
procedimentos estatísticos como:
o cálculo da incidência,
da mortalidade,
das estimativas,
do estudo das série temporais,
da análise de sobrevida,
do georeferrenciamento, entre outros.
Área de Abrangência do Registro de Câncer de
Base Populacional de Campinas
Município de Campinas-SP
CASOS NOVOS DE CÂNCER ESTIMADOS PARA 2000
CANCER Burden in the year 2000.The global picture
D.M.Parkin,F.I.Bray,S.S.Devesa
European Journal of Cancer 37 (2001)S4-S66
MORTES ESTIMADAS POR CÂNCER PARA 2000
CANCER Burden in the year 2000.The global picture
D.M.Parkin,F.I.Bray,S.S.Devesa
European Journal of Cancer 37 (2001)S4-S66
ESTIMATIVA DA PREVALÊNCIA DE CÂNCER
( % ANO) PARA AMBOS OS SEXOS PARA 2000
CANCER Burden in the year 2000.The global picture
D.M.Parkin,F.I.Bray,S.S.Devesa
European Journal of Cancer 37 (2001)S4-S66
NÚMERO DE CASOS NOVOS E PREVALÊNCIA DE CINCO
ANOS PARA OS QUINZE CÂNCERES MAIS
FREQUENTES
INCIDÊNCIA DE CÂNCER DE CÓLON E RETO
PADRONIZADA POR IDADE PARA O SEXO
MASCULINO
CÂNCER DE PRÓSTATA INCIDÊNCIA E
MORTALIDADE EM BRANCOS E NEGROS NO
PERÍODO DE 1973 A 1997
INCIDÊNCIA DE CÂNCER DE COLO DO ÚTERO
INCIDÊNCIA DE CÂNCER DE MAMA FEMININA
INCIDÊNCIA DE CÂNCER DE ESTÔMAGO PARA O
SEXO MASCULINO
INCIDÊNCIA DE CÂNCER DE PULMÃO PARA O
SEXO FEMININO
INCIDÊNCIA DE CÂNCER DE PRÓSTATA
REGISTRO DE CÂNCER DE BASE POPULACIONAL
Os RCBPs permitem detectar na população:
1. quais fatores ambientais podem estar relacionados e
influenciar na prevalência das neoplasias malignas,
2. quais grupos étnicos são mais afetados,
3. quais os setores da área de cobertura do Registro de
Câncer tem maior incidência de neoplasias,
4. quais as tendências da incidência e mudanças no
comportamento de alguns cânceres ao longo do
tempo, entre outros.
As informações obtidas pelos RCBPs
auxiliam na determinação da necessidade de
campanhas junto a população para a detecção
precoce e prevenção de câncer, como também
na avaliação de novas técnicas diagnósticas e
pesquisas epidemiológicas (como, por exemplo,
estudos de coorte, entre outros).
ESTUDO DE COORTE
SUNLIGHT AND NON-HODGKIN'S LYMPHOMA: A POPULATIONBASED COHORT STUDY IN SWEDEN.
ADAMI, J. et al. Int J Cancer, 1999; 80(5):641-5.
Estudo de coorte nacional (4.171.175 indivíduos; 69.639.237
pessoas-ano). Exposição: trabalho sob luz solar avaliado a partir dos títulos
das ocupações referidas no censo. Follow-up da incidência de câncer através
do Registro de Câncer da Suécia, ou seja, 10.381 casos de Linfoma não
Hodgkin (LNH).
Neste estudo, a exposição ocupacional a luz solar não esteve
associada com LNH. O tipo de ocupação não foi um índice adequado para a
dose biologicamente relevante de luz ultravioleta (UV).
Os dados de exposição individual não foram consistentes para
avaliação do papel da luz solar com fator relacionado com o surgimento dos
Linfomas não Hodgkin.
REGISTRO HOSPITALAR DE CÂNCER
Um Registro Hospitalar de Câncer coleta, arquiva
e processa os dados de todos os pacientes atendidos no
hospital com diagnóstico confirmado de câncer.
O Registro Hospitalar de Câncer reflete o
desempenho do corpo clínico em relação à assistência
prestada aos pacientes, através da avaliação de
protocolos terapêuticos e da análise de sobrevida dos
pacientes para determinados tipos de cânceres.
As informações do Registro Hospitalar
de Câncer são utilizadas na administração do
hospital para o dimensionamento da
quantidade de profissionais necessários, para
a compra de equipamentos e suprimentos,
entre outros. E como fonte de dados para
pesquisas científicas (como, por exemplo, os
estudos de caso-controle, entre outros).
ESTUDO CASO-CONTROLE
AN ANALYSIS OF OCCUPATIONAL RISKS FOR BRAIN CANCER.
BROWNSON, et al. Am J Public Health, 1990;80(20):169-72.
Estudo de caso-controle (312 casos e 1.248 controles com
câncer) identificados no Registro de Câncer do
Missouri, de 1984 a 1988.
A classificação da exposição foi baseada nos dados dos
prontuários de hospitais.
Engenheiros (OR = 2.1; 0.4, 10.3);
Profissionais de Ciências Sociais (OR = 6.1; 1.5, 26.1);
Gráficos (OR = 2.8; 1.0, 8.3)
MULTIPLE MYELOMA AND WORK IN AGRICULTURE: RESULTS OF
A CASE-CONTROL STUDY IN FORLI, ITALY.
NANNI et al. Cancer Causes Control, 1998;9(3):277-83.
Estudo de caso-controle: Avaliação da relação entre
exposição a pesticidas e mieloma múltiplo.
46 casos identificados através do Registro de Câncer de
Romagna (1987-90) e 230 controles da população
geral (entrevistas).
Foi observado o aumento de risco para mieloma
múltiplo entre trabalhadores do cultivo de maçã e pêra
(OR = 1,75, CI = 1,05-2,91).
AVAILABILITY AND QUALITY OF INDUSTRY AND OCCUPATION
INFORMATION IN THE MASSACHUSETTS CANCER REGISTRY.
LEVY, J.;
BROOKS, D.; DAVIS, L. Am J Ind Med, 2001;40(1):98-106.
A qualidade dos dados da atividade ocupacional em geral
é imprecisa e/ou incompleta.
A revisão de 1.020 prontuários de casos do
Registro de Câncer de Massachusetts, comparando-se a
informação da revisão com aquela da rotina de
notificação, observou-se, através das informações
adicionais nas seções do prontuário que não da folha
de rosto, um aumento da percentagem de informação
codificável de 63,6 para 80,4% e mais detalhes dos
códigos existentes em 15,4% dos casos.
QUALIDADE DA INFORMAÇÃO
A qualidade da informação sobre a ocupação nos prontuários
dos doentes em geral é imprecisa e incompleta.
Em grande parte dos casos, esta informação se refere à última
ocupação exercida, e não reflete a história de exposição
ocupacional prévia.
Além disso, não raramente são assinaladas com expressões
como: “aposentado”, freqüente em função da faixa etária dos
indivíduos acometidos por câncer, “servidor público”,
“industriário”, entre outras, que não dão indicação nem ao
menos da última ocupação/exposição do trabalhador.
REGISTRO ESPECIAL DE CÂNCER
Um REGISTRO ESPECIAL DE CÂNCER coleta dados de
todos os pacientes atendidos no hospital com diagnóstico
confirmado de determinado tipo de neoplasia, como por
exemplo:
* o registro de leucemias e linfomas,
* o registro de cânceres gastro-intestinais,
* o registro de câncer infantil, e outros.
Ou, outras neoplasias de interesse, por serem menos
freqüentes na população, sendo necessário o acúmulo de uma
grande quantidade de casos, ao longo do tempo com o objetivo
de minimizar as flutuações randômicas dos números nos estudos
e pesquisas científicas.
Os dados do REGISTRO ESPECIAL DE
CÂNCER podem ser utilizados em várias
situações, como: na pesquisa etiológica, no
levantamento de fatores de risco, e assim, na
prevenção primária, na secundária e de muitas
outras formas, beneficiando, tanto o indivíduo
quanto a sociedade.
Qualidade e Controle de Qualidade
das Informações em Câncer
É a qualidade dos dados coletados nos prontuários pelos
registradores de câncer que garante a qualidade das
informações em câncer.
A qualidade das informações originadas pelos Registros de
Câncer depende, necessariamente, da qualidade dos dados dos
prontuários, da representatividade e regularidade das
informações coletadas, da atualidade destas, da utilização de
critérios padronizados pelos técnicos dos Registros, e da
participação de pessoas e instituições relevantes nos processos
de vigilância epidemiológica.
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