15. – O conceito de Deus nas outras religiões Encontros de Formação Cristã Paróquia de Santa Maria de Carreço «O HOMEM ANDA À PROCURA DE DEUS. … Todas as religiões testemunham esta busca essencial do homem». CIC 2566 15ª sessão – O conceito de Deus nas outras religiões Sumário: 1. Considerações gerais 2. O Hinduísmo 2.1 – Generalidades sobre o Hinduísmo 2.2 – O conceito de Deus no Hinduísmo 3. O Budismo 3.1 – Generalidades sobre o Budismo 3.2 – O conceito de Deus no Budismo 4. O Islamismo 4.1 – Generalidades sobre o Islamismo 4.2 – O conceito de Deus no Islamismo 5. O Judaísmo 5.1 – Generalidades sobre o Judaísmo 5.2 – O conceito de Deus no Judaísmo 6. O conceito de Deus nas outras religiões 7. Critério de valoração das religiões: breve abordagem 8. Bibliografia recomendada (E.F.C. 15) 1. Considerações gerais 1 – Considerações gerais O que é a religião? Deriva do latim religio, que, segundo o escritor cristão Lactâncio (sécs. III-IV), deriva do verbo religare (“ligar”). Indica a relação que o homem tem com Deus e que se concretiza na história num conjunto de crenças e de actos cultuais e rituais; desta forma, não existe a religião em si mesma, mas as «religiões». Algumas tipologias de religião: - NATURAIS / REVELADAS: as naturais são as que provêm da busca do Homem; as reveladas são as que tiveram a sua origem na manifestação de Deus (judaísmo e cristianismo) ou na convicção de que Deus Se manifestou de modo especial (islamismo). - ÉTNICAS / UNIVERSAIS: étnicas são as que se confinam a grupos ou nações; universais são as que ultrapassam a área nacional estendendo-se a outras nações. 1 – Considerações gerais -MONOTEÍSTAS / POLITEÍSTAS: as monoteístas são as que adoram um único Deus (do grego mónos, “um só” + theos, “deus”); as politeístas são as que adoram diversas divindades; há ainda as enoteístas, isto é, aquelas que afirmam a existência de um só Deus, mas não excluem a possibilidade de outras divindades. As grandes religiões monoteístas são: judaísmo, cristianismo e islamismo; Os elementos essenciais do Monoteísmo são: Deus é único e criador de tudo. O monoteísmo pode ainda ser abraâmico (exemplo, o cristianismo) ou nãoabraâmico (por exemplo, o siquismo), se tem como referência inicial a figura de Abraão ou não, respectivamente. - RELIGIÕES DO LIVRO: são consideradas nesta tipologia o judaísmo (que tem a Tanak), o cristianismo (tem a Bíblia) e o Islamismo (que possui o Alcorão). Embora se considere o cristianismo uma Religião do Livro, não o é! O essencial do cristianismo não é o Livro, mas sim uma Pessoa: JESUS CRISTO 1 – Considerações gerais Quanto à CLASSIFICAÇÃO GEOGRÁFICA. Agrupa as religiões com base em critérios geográficos, como a concentração numa determinada região ou o facto de certas religiões terem nascido na mesma região do mundo (não tem a ver com a distribuição espacial hoje). As categorias mais empregues são as seguintes: Religiões do Médio Oriente: judaísmo, cristianismo, islamismo, zoroastrismo, fá bahá’i; do Extremo Oriente: confucionismo, taoísmo, budismo mahavana e xintoísmo; da Índia: hinduísmo, jainismo, budismo e siquismo; africanas: religiões dos povos tribais da África negra; da Oceania: religiões dos povos das ilhas do Pacífico, da Austrália e da Nova Zelândia; e religiões da Antiga Grécia e Roma. As oito principais religiões são todas originárias da Ásia (hinduísmo, budismo, judaísmo, cristianismo, islamismo, taoísmo, xintoísmo e animismo). Distinção entre RELIGIÕES, SEITAS e NOVOS MOVIMENTOS RELIGIOSOS (NMR). SEITA provém do latim seco, cortar, trata-se de um grupo separado de uma Igreja ou religião histórica e com o qual não é possível nenhum tipo de aproximação; seita pode vir também de sequere, isto é, de seguir, o seguimento que os adeptos fazem do seu mestre ou das suas doutrinas; «seita» apresenta carga pejorativa, por isso nenhum grupo religioso se aceita como tal! NOVOS MOVIMENTOS RELIGIOSOS são aquele conjunto de grupos, mais ou menos religiosos, que nasceram à margem das grandes religiões históricas e que são novos nas suas práticas ou formas de associação. 1 – Considerações gerais As religiões hoje: Principais Religiões da Actualidade Fonte: Agenda Missionária; Editorial Missões 2009 Distribuição geográfica 1 – Considerações gerais Os conceitos de Deus: CONCEPÇÕES DE DEUS: ao longo da história surgiram várias concepções de Deus, por exemplo: TEÍSMO, ATEÍSMO, DEÍSMO, AGNOSTICISMO, PANTEÍSMO. Panteísmo (pan-tudo; theos-Deus) – tudo é Deus; Deus impessoal e confundido com o mundo; Deísmo: admite um Deus Criador, mas que depois não se interessou mais pelo mundo e o abandonou às leis físicas naturais; assim, nega a providência divina; Agnosticismo: impossibilidade de demonstrar a existência (ou inexistência) de Deus, pelo que estão abertos à sua existência; na prática, é um ateísmo; Ateísmo: nega a existência de Deus; o Universo é produto das leis de desenvolvimento da matéria em evolução. TEÍSMO: do grego theós, “Deus”. Designa um pensamento que defende a existência de um Deus (contra o ateísmo), que deve entender-se como ser absoluto e transcendente ao mundo (contra o panteísmo), pessoal e vivo, que continua a agir mesmo depois da criação no mundo (providência) e o mantém (contra o deísmo). Outras formas religiosas: Animismo é uma tentativa de explicação dos fenómenos da natureza. Pode ser entendido como Religião quando leva o homem ao culto de adoração. Magismo (Magia) é a crença em forças ou poderes ocultos impessoais. Manismo - culto às almas dos defuntos. Totemismo - crê-se que há um parentesco entre o clã e uma espécie animal ou vegetal. Assim sendo, as religiões podem ser TEÍSTAS e NÃO-TEÍSTAS. A busca de Deus é comum a todas as religiões, todos procuram Deus embora nem sempre o saibam, nem tenham esse nome, ou O neguem… «Deus» é o essencial em todas as religiões! 2. O Hinduísmo 2.1 – Generalidades sobre o Hinduísmo O termo «Hinduísmo»: Distribuição geográfica: O termo «hinduísmo» deriva do persa hindu (nome do rio Indo), indica um grupo de religiões afins entre as mais antigas do mundo (meados do segundo milénio a.C., à volta de 3000a.C.), difundidas sobretudo na Ásia Meridional (Índia, Paquistão, Bangladesh e Nepal. É a terceira maior religião em número de adeptos, à volta de 877 milhões. A Índia, a Ilha Maurícia e o Nepal assim como a ilha indonésia de Bali têm como religião predominante o hinduísmo; importantes minorias hindus existem em Bangladesh (11 milhões), Myanmar (antiga Birmânia) (7,1 milhões), Sri Lanka (2.5 milhões), Estados Unidos (2,5 milhões), Paquistão (4,3 milhões), África do Sul (1,2 milhões), Reino Unido (1,5 milhão), Malásia (1,1 milhão), Canadá (1 milhão), Ilhas Fiji (500 mil), Trindade e Tobago (500 mil), Guiana (400 mil), Holanda (400 mil), Singapura (300 mil) e Suriname (200 mil). 2.1 – Generalidades sobre o Hinduísmo O símbolo do Hinduísmo: Fases do Hinduísmo: Textos sagrados: Páginas dos Vedas O Om (ou Aum) é o mais importante símbolo religioso do Hinduísmo, e significa o Espírito Cósmico. Na história milenar do hinduísmo distinguem-se três momentos ou fases fundamentais: 1º VEDISMO; 2º BRAMANISMO; 3º HINDUÍSMO PROPRIAMENTE DITO (ou hinduísmo popular). Esta última é a religião praticada pela maioria dos hindús. Possui alguns textos sagrados, definidos como fontes principais dos seus ensinamentos e costumes. Escritos em sânscrito, dividem-se em duas categorias: a revelação (shruti) e a tradição (smriti). Ao primeiro grupo pertencem os Vedas, tidos como verdadeiro depósito das verdades eternas, transcendentes, infalíveis; também influenciaram o jainismo, siquismo e budismo; Vedas significa conhecimento; existem quatro vedas: Rig Veda; Sama Veda; Yajur Veda; Atharva Veda; e também obras de comentários aos Vedas, como Brahmana Aranyaka, Upanixadas, Vedantas. Ao segundo grupo pertencem textos que contêm aforismos (Sutra), lendas antigas (Purana; é famosa a colectânea Bhagavatá-Purana) e poemas épicos. 2.1 – Generalidades sobre o Hinduísmo Os valores fundamentais: Os estados ou fases da vida: Os cultos e rituais: O hinduísmo admite quatro valores fundamentais: 1º - Kama (desejo, paixão); 2º - Artha (bem-estar, sucesso); 3º - Dharma (dever); 4º Moksha (libertação, afastamento de tudo o que é material). O hinduísmo admite quatro fases ou estágios da vida (Ashramas): 1ª O discipulado ou da instrução, brahmacharya ("pastar em Brahma") é passado em celibato, sobriedade e pura contemplação dos segredos da vida sob os cuidados de um Guru, solidificando o corpo e a mente para as responsabilidades da vida. 2ª Estado do casamento, da família e profissão; Grihastya é o estágio do chefe de família, alternativamente conhecido como Samsara, em que se casa para satisfazer kama e trabalha para satisfazer o artha; 3ª Ocupação de coisas anteriormente abandonadas, fase mais espiritual, mais madura; Vanaprastha é o gradual desapego do mundo material, ostensivamente entregando seus deveres aos filhos e filhas, e passando mais tempo em contemplação da verdade, e em peregrinações santas; 4ª Concentração na procura religiosa, no Sanyasa, o indivíduo vai para reclusão, geralmente em uma floresta, para encontrar Deus através da meditação Yogica (Yoga) e pacificamente libertar-se de seu corpo para uma próxima vida. •O principal elemento é o sacrifício, consiste numa cerimónia longa, cujo momento culminante é o lançamento das oferendas ao fogo; consistem em grãos de arroz, leite, manteiga, pedaços de animais imolados…; parte das oferendas é lançada ao fogo e a restante é consumida pelos sacerdotes e pelos crentes que a eles recorreu para a celebração do ritual; 2.1 – Generalidades sobre o Hinduísmo Os cultos e rituais (cont.): •Culto das imagens sagradas (deva-puja) é a expressão mais comum da religiosidade popular; em cada casa hindu, num pequeno compartimento venera-se as divindades tutelares e outros deuses; somente a imagem consagrada pode receber o culto; com a consagração a divindade desce à imagem e transforma-a numa espécie de incarnação divina; por isso a imagem consagrada não é inerte, mas acredita-se que nela palpita a presença divina, por isso a elas dirigem orações e ofertas; • Outras manifestações: celebração de festas religiosas durante o ano (Holi, Divali, Dasara, etc), peregrinações a lugares sagrados (como o banho no Rio Ganges), etc.; há ritos apropriados para solenizar um nascimento, casamento ou funeral; Reverenciam a vaca, que é considerada como mãe da terra, símbolo da fertilidade do solo, alimentar a vaca é visto como uma espécie de veneração; rapam a cabeça, para mostrar que a pessoa está mais interessada na beleza da alma do que a do corpo; a pintura na testa e no nariz é tilaka, feita com argila especial proveniente dos rios sagrados da Índia… Especial relevo tem o ioga e meditação transcendental, a pessoa pode transcender este mundo de ilusões e atingir a iluminação, a libertação final; os mantras também ajudam (pequenas fórmulas sagradas, que se crê com poder mágico e recitam-se com frequência)… Mahatama Gandhi (1869-1948). Foi uma das grandes figuras de toda a história Mahatma Gandhi: hindu; defendeu o princípio da não-violência; Mahatama significa «alma grande»; liderou grandes protestos, como a Marcha do Sal (em 1930); era contra a divisão da Índia e dois Estados, como aconteceu, com a Índia e o Paquistão. 2.1 – Generalidades sobre o Hinduísmo Crenças fundamentais: São as seguintes: 1ª Crença na Trimurti (como veremos no ponto 2.2), que personifica a tríplice personificação do absoluto: Brahma (o criador), Vixnu (o conservador) e Xiva (o destruidor), com as respectivas divindades femininas; 2ª Crença na reincarnação da vida humana, quando não atinge a “libertação”; 3ª Crença nos livros sagrados (como vimos); 4ª Crença na divisão em castas. 2ª Crença na reincarnação da vida humana: o mundo está sujeito a um contínuo ciclo de criação, conservação e dissolução (samhara); a finalidade disto é o dar oportunidade às almas para descontarem as consequências das suas acções das vidas passadas, karma e assim chegar à libertação final, incorporação na divindade (moksha); essa lei de retribuição chama-se lei do karma: a alma reincarna para sofrer as consequências das suas acções passadas, boas ou más; pode reincarnar numa pessoa, animal, vegetal ou mineral. 4ª Crença na divisão em castas: aos quatro filhos de Brahma corresponde quatro castas, com normas rígidas de permanência em cada casta: brâmanes (sacerdotes, religiosos…), xâtrias (nobres, guerreiros e autoridades), vaixiás (mercadores, artesãos, trabalhadores rurais) e sudras (servos..); abaixo estão os intocáveis ou párias, considerados inferiores, não dignos de uma casta; a quebra das normas rígidas entre castas, determinava ficar pária; embora a intocabilidade seja, desde 1948, proibida na Índia, os párias continuam a ter muitas poucas condições de vida. O nascimento de uma pessoa dentro de uma casta é resultado do karma produzido em vidas passadas. Só os brâmanes podem realizar os rituais religiosos. 2.2 – Conceito sobre Deus no Hinduísmo Os deuses hindus: BRAHMA, o criador. Tem quatro braços e nas mãos ele segura uma flor de Lótus, seu Ceptro, colher, um rosário, um vaso contendo água benta e os Vedas . O veículo de Brahma é o cisne "Hans-Vahana", o símbolo do conhecimento. A esposa de Brahma é Saravsti, a Deusa da Sabedoria. Na Índia, Brahma é pouco cultuado, pois na visão hindu, sua função já se acabou depois que o universo foi criado. As lendas sobre Brahma não são tantas nem tão ricas quanto as de Vishnu e Shiva. Para Vishnu e Shiva, existem incontáveis templos de adoração, mas para Brahma, apenas um, que fica no lago Pushkar em Ajmer. SHIVA, VISHNU, conservador o é considerado como o deus maior no hinduísmo e na mitologia indiana. Ele é tido como o preservador do universo, enquanto os dois outros deuses maiores, Brahma e Shiva, são considerados os criadores e destruidores do universo, respectivamente. Os seguidores de Vishnu são chamados Vaishnavites. o destruidor é a personificação das transformações, simbolizando a eterna mutação do universo, que consiste na cíclica destruição e criação. O processo cósmico é a morte e a ressurreição, eterna renovação da vida. Dentro de nós mesmos, a acção de Shiva seria a de morrer para nosso velho corpo e renascer a um novo ciclo da vida. A dança tem por tema a actividade cósmica, a eterna transformação. As cinco actividades divinas de Shiva são: a criação contínua do universo, originada no ritmo; a conservação, baseada no equilíbrio e na medida dos movimentos; a destruição das formas já superadas, mediante o fogo interior; a eterna renovação; a encarnação da vida. 2.2 – Conceito sobre Deus no Hinduísmo Os deuses hindus (cont.): Seguem-se outros deuses hindus, de menor importância. GANESHA “Senhor de Todos os Seres”. É filho do Senhor Shiva e de Parvati. é o Mestre do Conhecimento, da Inteligência e da Sapiência. LASHIMI Deusa da saúde e prosperidade, tanto material quanto espiritual. SHAKT É a força e a energia nas quais o universo é criado, preservado, destruído e recriado. DURGA SARASVATI Representa a Deusa força protectora do ser supremo dos que que representa a lidam com ordem a arte moral eo e a correcção conhecimento. da criação. RADHA e KRISHNA Radha é a Alma, Krishna é o Deus. Ambos foram amantes. 2.2 – Conceito sobre Deus no Hinduísmo • O hinduísmo começou por ser um politeísmo naturalístico. Na primeira parte dos Vedas rende-se culto a milhares de deuses, na sua maioria, personificações de fenómenos naturais: o sol e o céu, o vento e a chuva, a terra e o fogo. • O hinduísmo evoluiu depois (anos 800-300a.C.) para a crença num único deus, geralmente denominado Brahman (ou Atman); é considerado a realidade autoexistente, a origem e o fim de tudo quanto existe, é o Absoluto, sem forma, de forma que tudo contém e que não é contido por nada, primeiro sem segundo; tudo é deus, deus é tudo (panteísmo); • No início só Brahman existia; tudo o resto era silêncio; houve a primeira vibração, OM (ou AUM), o som primordial e a partir deste todo o universo foi criado; é o som mais sagrado para os hindus e semente de todos os mantras e orações; Brahaman é a essência pura, Deus sem atributos; Brahaman realiza-se a si mesmo e torna-se Brahma, Vishnu e Shiva, os três principais deuses hindus, a tríade hindu ou trimurti; a energia latente que existe dentro de Brahma, quando libertada na criação do universo, toma a forma de maya (ilusão),sendo captada pelos sentidos humanos; • A doutrina do avatara: Deus desce repetidamente em forma visível, com intuitos salvíficos, ao meio dos homens, é a «incarnação divina; revela profundos valores religiosos: um Deus que está interessado pelas suas criaturas; contudo, esta crença não goza no hinduísmo a centralidade que no cristianismo se dá ao dogma da incarnação. 3. O Budismo 3.1 – Generalidades sobre o Budismo O termo «Budismo» : O termo designa a religião actualmente mais difundida na Ásia e deriva do alto título do seu fundador, Buda («o acordado» ou «iluminado»). Distribuição geográfica: É a quarta maior religião em número de adeptos, à volta de 382 milhões. Do Nepal, terra de Buda, o budismo espalhou-se através da Índia, Ásia, Ásia Central, Tibete, Sri Lanka (antigo Ceilão), Sudeste Asiático como também para países do Leste Asiático, incluindo China, Myanmar, Coreia, Vietname e Japão. Hoje o budismo encontrase em quase todos os países do mundo, amplamente divulgado pelas diferentes escolas budistas. 3.1 – Generalidades sobre o Budismo O seu fundador: Sidharta Gautama, que viveu de 560 a 480 a.C., no nordeste da Índia. Era filho de um rajá, cresceu rodeado de luxo, ainda jovem, desposou uma prima; aos 29 anos, aventurou-se fora do palácio, apesar das proibições do pai e viu um idoso, um enfermo e um cadáver em decomposição; ao regressar, renunciou à sua vida de príncipe e sem se despedir abandonou a mulher e o filho e partiu para uma vida «errante»; Buda começou por viver asceticamente; depois entrou na via da meditação; aos 35 anos, alcançou a iluminação, sentado debaixo de uma figueira e tornou-se Buda (iluminado); a ILUMINAÇÃO consistiu no seguinte: a conclusão a que chegou era de que todo o sofrimento do mundo era causado pelo desejo e pela ânsia; apenas suprimindo o desejo se poderá escapar a encarnações futuras; durante sete dias e sete noites Buda esteve sentado sob a sua árvore de iluminação; adquiriu a compreensão de uma realidade não transitória, mas absoluta acima do tempo e do espaço, estado conhecido como nirvana; o deus Brama incitou-o a divulgar os seus pensamentos, Buda decidiu ser o guia da humanidade; fixou-se em Benares e começou a ensinar aos homens a sua doutrina. 3.1 – Generalidades sobre o Budismo Fundamentos do budismo: Estão expostos na sua Pregação em Benares: • As “quatro nobres verdades” sobre o sofrimento: 1ª Viver é sofrer; de facto, a dor acompanha o nascimento, a velhice, a doença, a morte, etc. (=diagnóstico); 2ª - A dor nasce não só do apego à vida e aos seus prazeres, mas também do desejo de sobreviver à morte (= causa da doença é o desejo); 3ª - A dor destrói-se extinguindo a sede de viver (= a doença é curável); 4ª - A via, que conduz à libertação da dor, percorre-se observando oito formas de rectidão (“senda óctupla”, ou «Caminho das Oito Vias» = o remédio); por isso, Buda assume um papel de clínico e por causa disto, os budistas descrevem-no como «o grande médico». • As Oito vias são: recta fé, recta decisão, recta palavra, recta acção, recta vida, recto esforço, recto pensamento e recta concentração. •A auto-contemplação constitui o meio de o budista alcançar o controlo completo sobre a mente e o corpo. É neste ponto que pode aspirar à total iluminação (bodhi) e, a posteriori, a libertar-se da lei do karma, chegando ao nirvana. 3.1 – Generalidades sobre o Budismo A ética do budismo: A rectidão das ideias deve ser acompanhada por um comportamento rigoroso; chega-se a isso pela observância de dez prescrições, cujas primeiras cinco obrigam também budistas leigos. São: 1) Não matar; não se deverá prejudicar nem o semelhante, nem os animais, embora o homem seja o mais importante; o aborto e o suicídio são por isso proibidos; 2) Não tomar o que não foi dado; refere-se também às falsificações de todo o género; 3) Não cometer adultério; engloba também a violação, incesto, homossexualidade; 4) Não mentir; refere-se também à detracção, bisbilhotice, fúria e conversa desaforada; permanecer em silêncio faz parte da linguagem correcta; 5) Não tomar bebidas alcoólicas (ou drogas); contudo, não é tão rigoroso quanto à ingestão de álcool como o Islamismo. A lei do karma: Aplica-se o que se disse no Hinduísmo. 3.1 – Generalidades sobre o Budismo Monges, freiras e laicado: Culto e festas religiosas: Buda deixou para trás o sistema de castas e criou uma nova ordem, a sociedade monástica. É necessário deixar para trás todas as preocupações relacionadas com a vida familiar e social. Os monges e freiras levam vida de pobreza, sendo a mendicidade encarada como uma honra; para os leigos, é uma honra dar esmolas aos monges; mas os monges também catequizam os leigos sobre os ensinamentos de Buda; as pessoas comuns também podem passar algum tempo num mosteiro para meditação; em alguns países, como Myanmar e Tailândia, é costume os rapazes passarem algum tempo num convento aprendendo a doutrina budista. Em tempos mais remotos, o culto religioso consistia na veneração das relíquias de Buda e outros homens santos; eram guardadas em pequenos montes de terra (stupas) que evoluíram para os edifícios circulares em forma de sino: pagodes. Desde o séc. I a.C. tornou-se comum produzir imagens de Buda, que existem em toda a parte nos países budistas; em qualquer destes locais, o devoto budista fará a sua confissão – a fórmula de refúgio das três vias ou «As Três jóias»: procuro refúgio no Buda; procuro refúgio na doutrina; procuro refúgio na comunidade monástica. A festa religiosa mais importante é a do nascimento de Buda (em Abril ou Maio, por altura da lua cheia), que se supõe ser o dia da iluminação de Buda e sua entrada no Nirvana. 3.1 – Generalidades sobre o Budismo As duas correntes principais no budismo: São: a Theravada («escola dos Anciãos»), que domina no Sul (Sri lanka, Myanmar, Tailândia, Camboja e Laos); e a Mahayana («Grande Veículo») que prevalece no Norte (China, Tibete, Mongólia, Vietname, Coreia e japão. THERAVADA. Esta escola acredita representar o Budismo na sua forma original; de acordo com Buda, realça a salvação individual através da meditação; não existindo um deus que liberta o homem do ciclo, é ao homem que compete salvar-se a si próprio; é uma religião de auto-redenção; Buda é um mestre e guia da humanidade; Estátua theravada de Buda Monge Mahayana em prece MAHAYANA. Esta escola acredita que Buda é mesmo o salvador, e não apenas um guia; isto é importante, pois implica que os monges não são os únicos que têm hipótese de se salvarem; também os leigos poderão devotarse a Buda e alcançar a redenção pela sua graça. 3.2 – Conceito sobre Deus no Budismo • Buda não negou a existência de deuses; até porque foi um deus que instigou Buda a ensinar a sua mensagem; Buda não é assim um ateu no sentido ocidental; • Contudo, o budismo é considerado uma religião não-teísta; de facto, Buda ensina que existem vários “deuses” (devas), que são apenas seres celestiais que habitam temporariamente e mundos celestiais de grande felicidade; mas estão sujeitos à morte e eventual renascimento em reinos inferiores de existência; nas escrituras Pali, Buda trata como «algo vão e vazio» o facto de os brâmanes possam ensinar aos outros a união que eles nunca viram, pois nunca viram a Brahma face a face; não há negação de Brahma, mas este está sujeito ao ciclo de reencarnações; o “conceito de Deus” não faz parte da doutrina Pali de Buda sobre a libertação do sofrimento ─ embora alguns vejam na noção de “Nirvana” alguma relação com um Absoluto transcendental e impessoal. • Na corrente de Mahayana a ideia de uma Base do Ser, e é tida como atemporal, inerente a tudo, que tudo sabe, incriada e incessante é promulgada em diversos textos, em que se poderia destacar a concepção do panteísmo. • Em resumo, para Buda, não era importante a existência ou não de deuses; contudo, o que Buda procurava era a verdade, o sentido da vida era alcançar o que ele chamava de Nirvana, embora não o soubesse procurava a Deus! 4. O Islamismo 4.1 – Generalidades sobre o Islamismo O termo «Islamismo» : Distribuição geográfica: O termo deriva do verbo árabe aslama, que significa «submeter-se (a Deus», tudo na vida deve ser submetido a Deus. Indica a religião fundada por Maomé no início do séc. VII d.C., precisamente a partir do ano 622, quando Maomé (570-632) migrou (Hegira) de Meca para Medina. É considerado a segunda religião do mundo (com cerca de 1339 milhões de seguidores), a seguir do cristianismo ou a segunda se considerarmos a divisão dos cristãos, ficando à frente do catolicismo romano. Cerca de 45 nações têm uma população maioritariamente muçulmana e outras 30 têm comunidades significativas; na Europa, a Albânia e o Kosovo são predominantemente muçulmanos, a Bulgária, a Bósnia, a Macedónia e a Geórgia têm comunidades significativas; em França, há cerca de 4 milhões de muçulmanos, na Alemanha, 3 milhões, na Grã-bretanha, 1,7 milhões, na Espanha e Holanda, cerca de 500 mil em cada, na Bélgica cerca de 300 mil; em Portugal são entre 30 a 40 mil. A nação com maior número de muçulmanos é a Indonésia, com cerca de 113 milhões. 4.1 – Generalidades sobre o Islamismo O seu fundador: O Profeta Maomé, recitando o Alcorão em Meca (grav. século XV) O Alcorão: Maomé. Nasceu em Meca, na actual Arábia Saudita, em 570d.C. Órfão em criança, foi criado pelo avô, e mais tarde pelo seu tio; trabalhou com mercador, casou-se com 25 anos; no Monte Hira, à saída de Meca, recebeu em 610 a primeira revelação de Deus, feita pelo arcanjo Gabriel; a partir de 613 proclamou-a ao povo politeísta de Meca, mas não teve grande acolhimento; os seus ensinamentos levaram a que fosse perseguido; em 622, Maomé, já viúvo, aceitou o acolhimento do povo de Mediana e foi para aí; essa migração chama-se hégira e assinala o começo da era islâmica. Morreu em 632, aos 62 anos de idade. Contém as revelações que o profeta recebeu, expressão da vontade de Alá (Deus). A mesma mensagem tinha já sido comunicada a outros profetas mais antigos, como a Moisés e a Jesus, mas as comunidades anteriores – pensa Maomé – corromperam aquilo que lhes tinha sido transmitido; assim, o Alcorão expressa, sem defeito a palavra de Deus; ele pretendia que o Alcorão não fosse traduzido e qualquer outra língua, podendo ser apenas interpretado; divide-se em 114 capítulos (suras) e estas em versículos (ayat’s). 4.1 – Generalidades sobre o Islamismo As fontes da lei islâmica (xariá): São: o Alcorão, a Suna (colectânea de factos, ditos e aprovações tácitas do profeta, que completa a revelação), o consenso dos teólogos, representantes da comunidade e o raciocínio analógico, aplicado para resolver casos não previstos nas fontes anteriores. Actualmente a religião islâmica é representada pelos sunitas (cerca de 90%) e pelos xiitas (cerca de 9%) e outras seitas menores (como os drusos, com cerca de 1%). A divisão remonta à morte de Maomé, que não deixou sucessor; surgiu a cisão entre sunitas (encabeçados por Abu Bark, o primeiro califa eleito por maioria de votos; daí «aqueles que seguem o líder») e xiitas (encabeçados por Ali, primo (ou genro?) de Distribuição de Muçulmanos Sunitas e Xiitas Maomé, daí «partido de Ali»). Divisões do islamismo: ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` ` Os sunitas têm por fundamento, além do Alcorão, a Suna; os sunitas, apesar de respeitarem Ali, não o consideram como o único verdadeiro continuador da tradição de Maomé, ao passo que os xiitas, sim; os sunitas dão grande importância a peregrinação a Meca, enquanto os xiitas valorizam outras peregrinações também; os xiitas acreditam nos imãs descendentes de Maomé e Ali, que são vistos como seres com algo de divino; os sunitas, por seu lado, acreditam em tradições baseadas em escolas teológicas e jurídicas que envolviam analogias do Corão; os sunitas representam, segundo crêem, a interpretação correcta do Islão. ao passo, que outras (segundo crêem) se desviam desta. ` ` ` ` % Xiita % Sunita 76 a 99 51a 75 26 a 50 1 a 25 Menos de 1 Produção: Global Mapping International (719) 531-3599 ` 76 a 87 ` 51 a 75 ` ` 26 a 50 1 a 25 SEPAL 2005 - www.sepal.org.br 4.1 – Generalidades sobre o Islamismo Os cinco pilares do Islão: Torre de mesquita Exige-se de cada muçulmano o cumprimento de cinco prescrições fundamentais de culto, que sustentam e estruturam a vida islâmica: 1º pilar: a Shahada, ou seja a profissão de fé que consiste na recitação da fórmula: «Não há Deus além de Deus e Maomé é o seu profeta»; 2º pilar: a Salat, ou seja, as orações estipuladas que os islâmicos devem dizer na direcção da Caaba (o santuário sagrado no centro da mesquita, em Meca), cinco vezes por dia (perto da alvorada, ao meio-dia, à tarde, ao sol poente e à noite); só é feito depois de se purificarem; o anúncio da oração é feito a partir dos minaretes (torres das mesquitas); 3º pilar: o sawn, que é o jejum quotidiano que se faz no mês do Ramadão e deve ser cumprido desde a aurora até ao pôr-do-sol; não comem nem bebem durante o dia, nem há intimidade sexual nessas horas; o Ramadão termina com o Id alFirt, a Festa da Quebra do Jejum, em que se fazem orações e se trocam prendas. 4º pilar: a zakat, ou seja, a esmola, geralmente constituída por um quadragésimo dos rendimentos anuais, destinados aos pobres e causas de beneficiência; 5º pilar: a hégira, ou peregrinação a Meca, que todos os muçulmanos devem tentar ao menos uma vez na vida; esse peregrinação dá-se no 12º mês islâmico. A estes costuma-se acrescentar a guerra santa (jihad); contudo, o Alcorão não santifica a guerra; desenvolve a noção de uma guerra justa de auto-defesa para proteger valores decentes, mas condena o homicídio e a agressão. A Kaaba, construção na mesquita de Meca, onde se encontra a Pedra Negra As acusações de extremismo ao mundo islâmico não têm sentido, pois os ataques terroristas são condenados pelo Alcorão e são fruto de alguns grupos radicais! 4.1 – Generalidades sobre o Islamismo Crenças do Islão: O Islão ensina as seguintes crenças principais: a crença em Alá, único Deus existente (como veremos no ponto 4.2); crença no paraíso e no inferno, nos anjos e demónios, na imortalidade das almas, no juízo final e na ressurreição da carne e na fé dos profetas (de Adão a Maomé, passando por Jesus, sendo Maomé o maior de todos). Muitos destes aspectos são comuns com o cristianismo, a que se pode juntar a veneração pela Virgem Maria. Uma diferença essencial: para eles, Jesus é apenas um grande profeta, suplantado por Maomé. Outros aspectos: O Islão, que nas suas origens se liga tanto ao judaísmo como ao cristianismo, considera-se o descendente e herdeiro de Ismael e, portanto, de Abraão (cf. Gn 16, 21). Para os muçulmanos, o dia festivo é a sexta-feira, dia em que os muçulmanos se dirigem às mesquitas para escutar um sermão e para orar. Quando vão na rua, os muçulmanos levam consigo os rosários, que têm habitualmente 99 contas, cada uma com um dos Mais belos Nomes de Deus; enquanto desfiam o rosário, murmuram um nome por conta; se se esquecem de algum, dizem: Alá. 4.2 – Conceito sobre Deus no Islamismo • Desde o primeiro momento no Monte Hira, Maomé recebeu a compreensão fundamental de que, se Deus é Deus, não pode haver relatos competitivos acerca de «quem é Deus», nem relatos sobre deuses rivais. Só pode haver Deus, e por essa razão se Lhe chama Alá, «o que é Deus»; •Assim sendo, não pode haver religiões que rivalizem, nem pessoas divididas e em posições que se contradigam – todos vêm de Deus e para Ele regressam, após a morte, passando por um julgamento exacto das suas acções; assim, toda a gente deveria formar uma só ummah, ou comunidade e cada acção ou aspecto da vida devia testemunhar que «não há outro Deus senão Deus, e Maomé é o seu mensageiro»; os muçulmanos não adoram Maomé, ele é o maior profeta, mas só a Deus se pode adorar; por isso, recusam de ser chamados de maometanos; •Os Muçulmanos também não acreditam na Trindade, isto é, três pessoas na divindade: Pai, Filho e Espírito Santo; para eles, Jesus nasceu de Maria, que era humano e não Deus e nem filho de Deus, ele era um dos grandes mensageiros de Deus; seguem um monoteísmo estrito. • Deus é considerado único e sem igual. Cada capítulo do Alcorão (com a excepção de um) começa com a frase "Em nome de Deus, o beneficente, o misericordioso". Uma das passagens do Alcorão frequentemente usadas para ilustrar os atributos de Deus é a que se encontra no capítulo 59: "Ele é Deus e não há outro deus senão Ele, Que conhece o invisível e o visível. Ele é o Clemente, o Misericordioso! Ele é Deus e não há outro deus senão ele. Ele é o Soberano, o Santo, a Paz, o Fiel, o Vigilante, o Poderoso, o Forte, o Grande! Que Deus seja louvado acima dos que os homens Lhe associam! Ele é Deus, o Criador, o Inovador, o Formador! Para ele os epítetos mais belos" (59, 22-24). 5. O Judaísmo 5.1 – Generalidades sobre o Judaísmo O termo «Judaísmo» : O termo deriva do latim eclesiástico judaismus (do grego iudaismós), de Judá, uma das tribos de Israel. Hoje o povo é chamado judeu, a sua língua é o hebraico e sua terra, Israel. Os judeus não são raça, religião ou nação, embora tenham essas características. Eles são um povo. O judaísmo é mais do que religião. É um modo de vida. Distribuição geográfica: Em todo o mundo temos à volta de 15,1 milhões de judeus, podendo ser considerada a menor das religiões mundiais. Os judeus estão espalhados por todo o mundo, ao que se dá o nome de Diáspora (dispersão). Quem é «judeu»? Judeu é todo aquele que segue os princípios do Judaísmo e é reconhecido como tal pela comunidade judaica. A lei judaica considera judeu todo aquele que nasceu de mãe judia ou se converteu ao Judaísmo de acordo com essa mesma lei. Para se converter ao Judaísmo é necessário aderir aos princípios e às tradições judaicas e passar por diversos rituais, nomeadamente a circuncisão. Continua a ser considerado judeu aquele que deixe de praticar o Judaísmo se transforme num não praticante num judeu que não aceite os princípios da fé e se torne agnóstico ou ateu; mas deixa de ser judeu aquele que se converter a outra religião, como o Budismo ou o Cristianismo, perde o lugar como membro da comunidade judaica. 5.1 – Generalidades sobre o Judaísmo Os livros sagrados do Judaísmo: A Torá ou Pentateuco, é considerado o livro mais sagrado que foi revelado directamente por Deus. Fazem parte da Torá : Gênesis, o Êxodo, o Levítico, os Números e o Deuteronómio. - O Talmude é o livro que reúne muitas tradições orais e é dividido em quatro livros: Mishnah, Targumin, Midrashim e Comentários. TANAK – BÍBLIA HEBRAICA Torah (Lei) Neviim (Profetas) Ketuvim (Escritos) Génesis Êxodo Levítico Números Deuteronómio Josué Juízes Samuel Reis Isaías Jeremias Ezequiel Oseias Joel Salmos Job Provérbios Rute Cântico dos Cânticos Eclesiastes Amós Abdias Jonas Miqueias Naum Habacuc Sofonias Ageu Zacarias Malaquias Lamentações Ester Daniel Esdras Neemias Crónicas 5.1 – Generalidades sobre o Judaísmo Tendências actuais do judaísmo: Está marcado por quatro grandes tendências: Judaísmo ortodoxo: observa toda a Torá conforme foi dada a Moisés; Judaísmo conservador: a Torá deve ser adaptada conforme os tempos e situações; Judaísmo reformador: a Torá é apenas fonte de ética e não revelação divina e a era messiânica começou com a criação do Estado de Israel; Judaísmo liberal: o Reino de Deus na Terra deve realizar-se pelo exemplo de vida do povo de Israel. Os asquenazim e os sefarditas são divisões no judaísmo. Alguns Símbolos sagrados: mezuzza Menorah Chanukiá É um dos mais antigos símbolos da fé judaica. É um candelabro com sete braços, que simboliza o Judaísmo e o estado de Israel e da sua missão, que é a de ser a luz entre as nações. é um candelabro de nove braços, usado durante os oito dias do feriado judaico de Chanuká, também chamado de Festa das Luzes. Contém um rolo de pergaminho com o shema É fixado no umbral de todas casas. Segundo a tradição judaica, sempre que se entra numa casa com um mezuzza à porta, é necessário beijar os dedos e tocar no mezuzza, de forma a mostrar amor e respeito a Deus e aos seus Mandamentos.. Estrela de David De seis pontas feita com dois triângulos equiláteros é símbolo do Judaísmo desde o século XVII d.C. Era o emblema do escudo do grande rei David. É o símbolo da bandeira de Israel. Sugere a essência dos ideais judaicos: a fé judaica e a sua história. 5.1 – Generalidades sobre o Judaísmo As festas judaicas (ver EFC nº 3): PURIM, espécie de carnaval judeu -PURIM ou SORTES (21/3): festa que lembra a vitória da Rainha Ester e o tio Mordecai contra Haman. - PESSACH (Páscoa), 20 a 27 de Abril: celebra a passagem dos 400 anos de escravidão no Egipto para a liberdade; não se ingerem alimentos fermentados; - SHAVUOT (festa da colheita, 9 e 10 de Junho): celebram-se os primeiros frutos da terra; comemora-se também o dom da Lei do Sinai; - ROSH HASHANA (Ano Novo, 30/9 e 1/10): ano novo judaico; -YOM KIPPUR (Festa do perdão, 9/10): dez dias após o Ano Novo, os judeus fazem orações e jejuam por 25 horas, para purificar o espírito; -SUCOT (Tabernáculos, 14 a 20/10): lembra os 40 anos de peregrinação dos judeus ao deixar o Egipto; - HANNOUKAH ou das LUZES (21 a 29/12): recorda a purificação do Templo levada a cabo por Judas Macabeu, em 164a.C. 5.1 – Generalidades sobre o Judaísmo O Dia Santo: Sábado: Dia de repouso; comemora-se o descanso de Javé, após os seis dias da Criação; começa na 6ª feira à tarde e acaba no sábado, quando for noite cerrada. LÍNGUA: O hebraico, é o principal idioma do Costumes, hábitos e rituais judaicos: O Kippá (espécie de chapéu) é o símbolo distintivo usado pelos judeus para manifestar respeito a Deus. Judaísmo, utilizado como língua litúrgica. É actualmente a língua oficial do Estado de Israel. No entanto, diversas comunidades judaicas utilizam outros idiomas, como o aramaico - língua que Jesus falava. tzitzit, que se prende ao tallit (espécie de xaile) e é a sua parte mais importante, serve para lembrar os judeus do cumprimento dos Mandamentos; só pode ser usado por homens adultos durante as orações da manhã. O Tefilin (em hebraico תפילין, com raiz na palavra tefilá, significando "prece") é o nome dado a duas caixinhas de couro, cada qual presa a uma tira de couro de animal, dentro das quais está contido um pergaminho com os quatro trechos da Torah. 5.1 – Generalidades sobre o Judaísmo De acordo com a lei mosaica (lei de Moisés) do Livro de Deuteronómio, os judeus dispõem de um código alimentício que lhes permite comer apenas determinados alimentos. Ao conjunto de leis dietéticas do judaísmo dá-se o nome de kashrut. Aos alimentos permitidos pela religião judaica chama-se kosher. Entre os alimentos treif (impróprios, proibidos) podemos nomear: a carne de porco; o camarão; a lagosta; todos os frutos do mar; os peixes que não possuam escamas; a carne com sangue; e qualquer alimento que misture carne e leite. Há vários rituais de purificação de vasilhas; A circuncisão dos recém-nascidos; Os templos são chamados sinagogas e os líderes espirituais de cada comunidade, de rabinos; - Actualmente tem se popularizado a cabala, a tradição mística judaica. Calendário judaico: O início da contagem do calendário judaico se refere à criação do mundo. O primeiro mês é o de Nissan, quando temos a comemoração de Pessach. Entretanto, o ano novo judaico ocorre em Tishrei (quando é acrescentado um número ao ano anterior). Nissan 30 dias Iyar 29 dias Sivan 30 dias Tammuz 29 dias Av 30 dias Elul 29 dias Tishrei 30 dias Heshvan 29/30 dias Kislev 30/29 dias Tevet 29 dias Shevat 30 dias Adar 29/30 dias Adar II 29 dias 5.1 – Generalidades sobre o Judaísmo MAPA DA CHAMAMENTO DE ABRAÃO MAPA DO ÊXODO CRIAÇÃO DO ESTADO DE ISRAEL - A partir da segunda metade do século XIX - Sionismo -Voltam para a Palestina; - 1ª Guerra Mundial – Palestina ocupada pelo Reino Unido; - 2ª Guerra Mundial - Perseguição aos judeus – Holocausto - 1947 – ONU divide Palestina entre Judeus e árabes; - 1948 – ONU – criação do Estado de Israel; 5.2 – Conceito de Deus no Judaísmo Os pilares do Judaísmo: DEUS: São: Deus e a Aliança com Israel (povo eleito), a Torá, os profetas, o Sábado… DEUS É UNO: existe um só Deus, por isso deve ser o único a ser adorado; unicidade absoluta de Deus; O monoteísmo exprime-se na expressão de fé judaica, Shema Israel: Escuta Israel, o Senhor e só ele é o nosso Deus. Dt 6, 4 -DEUS É CRIADOR; -DEUS É TODO-PODEROSO, OMNIPOTENTE, TRANSCENDENTAL, está acima de qualquer coisa; -DEUS É O SENHOR DA HISTÓRIA: Reconhece a presença e revelação de Deus nos acontecimentos da história; baseia-se na Aliança entre Deus e o Seu povo eleito, Israel; - DEUS NÃO TEM CORPO; Ele não pode ser representado, não é masculino nem feminino; - DEUS É ETERNO, ATEMPORAL; existiu e existirá sempre; - DEUS É OMNISCIENTE E OMNIPRESENTE: conhece todas as acções e pensamentos dos homens; - DEUS É JUSTO: premeia todas as acções e todos os pensamentos e pune os que os transgridem; - DEUS fará vir o Messias e fará reviver os mortos; 5.2 – Conceito de Deus no Judaísmo Os nomes de Deus: No Judaísmo, o nome mais importante de Deus é o que conhecemos como tetragrama sagrado: as quatro letras que formam a palavra Yhwh יהוהYhwh — Aquele que está presente — foi o nome com que Deus se apresentou a Moisés (Ex, 3-14). Devido à proibição de pronunciar o nome de Deus, por respeito sagrado os judeus substituíam Yhwh por: Adonai (meu Senhor) HaShem (O Nome) El (Elevado) Elohim (Altíssimo)… Por causa disso e ainda porque em hebraico não se escreviam as vogais, a sua dicção correcta foi esquecida. Quando se passaram a escrever as vogais, os copistas acrescentaram as vogais de Adonai às consoantes Yhwh, originando a palavra Jeová. Hoje pensa-se que a pronúncia correcta é Yahwéh. No judaísmo temos já um Deus muito próximo do Deus que adoramos; há uma diferença substancial: não reconhecem ainda Deus como Trino. 6. O conceito de Deus nas outras religiões 6.1 – O conceito de Deus nas outras religiões Estátua de Tirtankara O JAINISMO tem cerca de 4,2 milhões de crentes, sobretudo no Norte da Índia. Ensina que o Universo é eterno não possui um criador. Embora existam deuses num sistema de céus acima do mundo humano, esses deuses não se imiscuem nos assuntos dos mortais e eles próprios podem deixar de ser deuses, para voltar a renascer. Os Sikhs estão espalhados sobretudo na Índia (Punjabe), onde constituem 2% da população, cerca de 17 milhões; fora da Índia, a maior comunidade é a inglesa com 250000 adeptos. O SIKHISMO, deriva do sânscrito sisya, “discípulo”. Nasceu no início do séc. XVI, da pregação do guru Nanak (1269-1539). Os eixos do sikhismo são a crença num Deus único, sem forma e ao mesmo tempo transcendente e imanente a tudo, a abolição das castas e a procura da unidade religiosa. O Faravahar, representação da alma humana antes do nascimento e depois da morte. O ZOROASTRISMO é uma religião pré-islâmica que a tradição a Zoroastro ou a Zaratustra; actualmente chama-se parsismo (parses), de “persa”. Professa-se um predomínio do Senhor Sábio (Ahura Masda) sobre o espírito mau Ahriman. Há uma divisão clara entre o reino do bem e o reino do mal (duas divindades, uma do bem e outra do mal) e cabe ao homem escolher. As suas escrituras são o Avesta. 6.1. – O conceito de Deus nas outras religiões O O CONFUCIONISMO é um conjunto de doutrinas religiosas, éticas e políticas atribuídas a Confúcio (Kong Fuzi) (551479a.C.). A moral baseia-se na natureza humana e na sua abertura ao divino. Embora não fale sobre Deus e sobre a vida futura, o seu silêncio não pode interpretar-se como falta de fé. A sua filosofia fundava-se na religião, e na religião tradicional do “Senhor da altura” ou “do céu”, da divindade pessoal suprema. Ensinou que o céu o protegia ou o enviava. Religião fundamento do Estado chinês até 1912, à república. TAOÍSMO, significa caminho, via, etc. Começou a ser elaborado a partir de 1112. a.C., mas segundo a tradição o seu fundador foi Lao-Tzé (séc. VI a.C.). Propriamente, não é uma religião. Mas sim a explicação filosófica do princípio fundamental do mundo, o Tao (= vida, lei da natureza, razão fundamental….) e do seu agir no mundo. Deste último se deduz a conduta moral que os homens devem ter, acredita na imortalidade, inclusive física. A doutrina moral de Lao-Tse é nobre e elevada, mas pouco actuante. O XINTOÍSMO deriva do chinês, que significa “Via” dos seres espirituais; é o complexo de concepções ético-religiosas e costumes do povo japonês desde a sua origem; compreende o culto dos antepassados e da natureza, das divindades celestes e o feiticismo. Esses seres superiores são os kami, que não se concebem como préexistentes, omnipotentes e absolutos, mas apenas como «forças espirituais reconhecidas como intervenientes no processo de nascimento de todas as coisas do universo». 6.1. – O conceito de Deus nas outras religiões O BAHAÍSMO tem mais de 6 milhões de adeptos em todo o mundo. É uma nova religião, com características universalistas, nascida na Pérsia. O fundador é Mirza Husáin Ali, que em 1866 se proclamou portador de uma nova revelação de Deus; por isso, chamou-se Baha’ulla, “esplendor de Deus”. Os Bahá'ís acreditam num único Deus, o criador de todas as coisas, criaturas e forças do universo. Deus é eterno, sendo inacessível, compreende tudo e por isso não pode ser conhecido: é o Todopoderoso, “Suprema Sabedoria”, etc. Deus expressa Sua vontade de várias maneiras, incluindo por mensageiros divinos (Manifestantes ou educadores divinos). Essas manifestações que estabelecem religiões no mundo, são uma forma de Deus educar a humanidade. NOVA ERA: Toda a Humanidade, na verdade toda a vida, tudo no Universo. - é espiritual e está ligado entre si. Tudo participa da mesma Energia. Deus é o nome para esta ENERGIA. O ANIMISMO deriva do latim anima, “sopro vital”. Entende-se como a tendência de certos povos primitivos para atribuir uma alma não somente ao homem, mas também às coisas. Há culto especial aos mortos e às almas. Na MAÇONARIA (“pedreirolivre”), o objectivo é criar uma religião universal. No Iluminismo entra na Maçonaria as ideias deístas, depois do esoterismo (Rosacruz, p. ex.). Deus é o Mestre construtor do mundo. Há várias correntes: os anglo-saxões, ligados à casa real, não rejeitaram a fé cristã, os mações franceses, italianos e latino-americanos mostraramse sempre mais anti-cristãos. 7. Critérios de valoração das religiões: breve abordagem 7 – Critérios de valoração das religiões: breve abordagem Excertos de Revelação e Fé, Padre António Vaz Pinto, Vol. II, págs. 239 a 244: «Dois critérios objectivos e complementares: 1 - a sua doutrina, conteúdo ou mensagem, donde deriva a sua capacidade de resposta à problemática do Homem e, por isso, donde deriva também, indirectamente, a sua menor ou maior universalidade; 2 – A personalidade do seu fundador». «1. DOUTRINA. No seu núcleo fundamental trata-se da imagem de Deus e do Homem (com todas as suas implicações) que cada Religião transmite». a) politeísmo: «…Deus, como ser perfeito só pode ser um só!» b) Hinduísmo: «…o Hinduísmo reconhece à vaca um carácter sagrado: p.ex., para elas tem de haver sempre pasto, isto num país onde o problema da miséria e da fome é grave…» c) Islamismo: «…o Islão admite a poligamia, tal como o Antigo testamento a admitia… é uma concepção objectivamente atrasada em relação com o Cristianismo…» d) Budismo: .«…a absorção no Todo cósmico universal, com o desaparecimento da individualidade e da personalidade, como ideal de vida, não podem ser a verdade última sobre o Homem». «…o motivo da universalidade do Cristianismo, ao nível do conteúdo ou doutrina: a sua diferente e melhor imagem de Deus e do Homem». 7 – Critérios de valoração das religiões: breve abordagem «2. Fundador. Entre os fundadores das várias religiões…e Jesus Cristo há duas diferenças radicais: A inocência de Jesus: Todos os outros fundadores de Religiões, sem excepção, se colocam perante Deus explicitamente e confessadamente como pecadores… Jesus é, exclusivamente, o único que Se coloca perante Deus em total proximidade, intimidade, transparência e inocência, até poder atrever-Se a perguntar: «qual de vós Me acusará de pecado»?, pergunta que todo o seu comportamento confirma; A divindade de Jesus. Entre todos os fundadores de Religiões, Jesus é também o único que se reinvindica para Si, por palavras, atitudes e gestos, uma condição e dignidade divina, o único que expressamente Se iguala a Deus…». Jesus é simultaneamente o Revelador e o revelado e a religião que d’Ele brota é insuperável! Mas devemos sempre respeitar os crentes das outras religiões: «A Igreja reconhece nas outras religiões a busca, «ainda nas sombras e sob imagens», do Deus desconhecido mas próximo, pois é Ele quem a todos dá vida, respiração e todas as coisas e quer que todos os homens se salvem. Assim, a Igreja considera tudo quanto nas outras religiões pode encontrar-se de bom e verdadeiro, «como uma preparação evangélica e um dom d’Aquele que ilumina todo o homem, para que, finalmente, tenha a vida». CIC, nº 843 8. Bibliografia recomendada (E.F.C. 15)