Estudo d` Os Maias

Propaganda
Os Maias
Episódios da Vida Romântica
Eça de Queirós
Planos de acção
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2 planos de acção:
O 1º centra-se na família Maia e integra uma
intriga secundária – Pedro/ M. Monforte, e uma
intriga principal – Carlos/ M. Eduarda.
O 2º, decorrente do subtítulo da obra, é a
crónica de costumes, amplo quadro do
ambiente sociocultural no qual se movem as
personagens.
Relação Causa – Efeito entre os 2 planos
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Interligação entre os dois planos através da
personagem Carlos da Maia; a crónica de
costumes apresenta-o em ligação com o meio
social:
Momentos importantes para o desenrolar da
intriga principal acontecem imediatamente
antes ou depois de episódios da crónica de
costumes.
Esquema dos Planos da Acção
Carlos vê
Jantar no
Maria Eduarda Hotel Central
Corridas de
Cavalos
Carlos vai a
casa de M. a
seu pedido
Cap. VI
Cap. VI
Cap. X
Cap XI
Jantar em
casa dos
Gouvarinho
Início e
Sarau no
desenrolar da Trindade
relação
Carlos/ Maria
Separação de
Carlos e
Maria
Cap. XII
Cap. XII a XVI
Cap. XVII
Cap. XVI
Estrutura Actancial
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Sujeito – Procura um determinado objectivo
Objecto – Realidade procurada pelo sujeito
Destinador – Facilita ou dificulta a realização do
objectivo
Destinatário – Beneficiado ou prejudicado pelo
sucesso ou insucesso do sujeito
Adjuvante – ajuda na busca do objecto
Oponente – Dificulta a consecução do objectivo
Personagens da Intriga Principal – Estrutura Actancial
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Sujeito – Carlos da Maia
Objecto – Maria Eduarda
Destinador – O destino – materializado em
Guimarães
Destinatário – Carlos da Maia; Maria Eduarda;
Afonso da Maia ( personagens directamente
afectadas palas revelações de Guimarães.)
 Oponente – Afonso da Maia ( a partir do momento
em que sabe qual a relação Carlos/ M. Eduarda)

Adjuvante – João da Ega
Personagens da Intriga Secundária – Estrutura Actancial
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Sujeito – Pedro da Maia
Objecto – Maria Monforte
Destinador – Factores naturalistas
Destinatário – Pedro da Maia e Afonso da
Maia
Oponente – Afonso da Maia
Adjuvante – Alencar
Personagens Secundárias e Figurantes
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Tomás de Alencar
Eusébiozinho
Dâmaso Salcede
Guimarães
Taveira
Conde Gouvarinho
Condessa Gouvarinho
Conde Steinbroken
Sousa Neto
Jacob Cohen
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Palma Cavalão
Raquel Cohen
Vilaça Júnior
Cruges
Craft
General Sequeira
D. Diogo
Miss Sara
Rosa
Domingos
Rufino
Caetano da Maia
Estrutura da Novela/ Romance – 18 Capítulos
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Cap. I - situa-nos em 1875 – Carlos e Afonso
vêm viver para o Ramalhete, em Lisboa.
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Cap. I - Início da Analepse que termina no
capítulo IV – Novela - Eventos que abarcam
cerca de 50 anos, em ritmo rápido, sem pausas
descritivas, com avanços significativos no
tempo.
Vida da família desde a juventude de Afonso
(Analepse – Caps I a IV)
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Ida de Afonso para Inglaterra.
Regresso a Portugal por morte do pai.
Casamento de Afonso.
Nascimento de Pedro.
Exílio voluntário em Inglaterra.
Infância de Pedro
Regresso a Portugal.
Viuvez de Afonso.
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Paixão de Pedro por M. Monforte.
Casamento de Pedro.
Nascimento de 2 filhos.
Fuga de M. Monforte, acompanhada pela filha.
Suicídio de Pedro.
Infância de Carlos em Santa Olávia com o avô.
Juventude de Carlos em Coimbra.
Cap. IV - Cap. XVIII: Retoma-se o ano de 1875
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Quotidiano de Carlos: vida familiar, vida social,
vida profissional, vida amorosa, centrada na
relação com M. Eduarda, a revelação do
parentesco, o incesto consciente, a morte de
Afonso e a desagregação da família.
14 capítulos centrados na vida de Carlos, contada
ao pormenor, em ritmo lento, com pausas
descritivas, estrutura própria de Romance.
O Narrador
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Focalização omnisciente – cap.I a cap.IV –Vida da
família Maia – esporadicamente, ao longo do romance.
Focalização interna – Condução da narrativa do ponto
de vista de uma das personagens (Ega, Vilaça, Carlos,
etc.): A focalização de Carlos domina tanto na
representação
do
universo
social
como
na
concretização dos seus estados de alma mais íntimos
e ainda no completar da definição de personagens
apresentadas pelo narrador omnisciente dos capítulos
iniciais, sobretudo, Afonso e Ega.
Estrutura trágica
Desafio – Peripécia – Reconhecimento - Catástrofe
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O tema do incesto que inviabiliza qualquer solução
pacífica do conflito.
O estatuto social da família Maia e o prestígio de
Carlos, seres de condição superior, atingidos pela
tragédia.
O papel fundamental do destino no desenrolar da
acção.
(Descrição do Ramalhete, cap. I, 8; os nomes, cap: II,
38; referência feita por Ega, cap. VI, 152 e cap: XII, 417;
palavras de Carlos sobre M., cap. Xi, 346 e cap. XV,
516; conversa entre Carlos e Ega, cap. XVII, 646)
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Presságios e Indícios.
(palavras de Ega, cap. VI, 152; semelhanças que
Carlos encontra entre M. Eduarda e o seu avô, cap.
XIV, 417; a toca e o quarto de M. Eduarda, cap. XIII,
433 e seguintes, a 1ª noite de Carlos e M.; cap.XIV,
458)
Desafio de Carlos aos valores defendidos pelo avô, ao
envolver-se com M. Eduarda, peripécia que altera os
acontecimentos e abre caminho ao reconhecimento da
relação incestuosa e à catástrofe da morte de Afonso.
Elementos simbólicos
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O Ramalhete – Ascensão e queda de Os
Maias.
A Toca – esconderijo de amor proibido.
O Cofre – Materialização do destino.
O Passeio Final de Carlos e Ega – Glória
do passado, inércia presente do país sem
estímulos para construir um futuro.
Leitura simbólica
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Expressão do tédio e da decadência nacional, espelho
do desânimo da Geração de 70, transformada no grupo
dos vencidos da vida, como Carlos e Ega que embora
dotados de um olhar crítico, se deixam contaminar pelo
tédio nacional que não deixa Portugal sair do atraso em
que vive.
Carlos regressa a Portugal em 1875, vem cheio de
projectos
mas
estes
vão
sendo
adiados,
sucessivamente.
Ega nunca irá escrever “As memórias de um Átomo”.
Passeio Final – Leitura simbólica
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O romântico passeio público é substituído pela moderna
avenida mas, nada mudou no país (“Isto é horrível
quando se vem de fora”; “Falhámos a vida, menino!”)
A “estátua triste” de Camões é o símbolo da tristeza
nacional
O consultório de Carlos permanece fechado, lembrando
a frustração dos projectos.
O Ramalhete em ruínas evoca a ruína da família.
O grupo de amigos de Carlos continua mergulhado no
diletantismo snob, ocioso e improdutivo.
Símbolo Espacial
“ Estátua triste de
Camões”
“ Os altos da Cidade”,
“O Castelo”, “ Os
Palacetes decrépitos “
Chiado/ Restauradores
“ A mesma sentinela
sonolenta”, “ vadios”,
sujeitos melancólicos”,
Dâmaso e
Eusébiozinho
Símbolo Humano
Luís de Camões
“ O Frade pingue”,
“ Beatas de mantilha”,”
Irmandades”, “ A tropa”
Época Histórica
Simbolizada
Portugal Expansionista
(anterior a 1580)
Portugal Absolutista
( anterior a 1820)
Portugal Regenerado
( posterior a 1851)
Sentimento
Despertado
Nostalgia
Autenticidade
( condicionada)
Decadência/
Frustração
Classificação Literária

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Romance de espaço – relevo da análise do
espaço social da 2ª metade do século XIX –
microcosmo da sociedade lisboeta que
representa o país.
Romance naturalista – relevo dado à influência
da hereditariedade, do meio e da educação em
personagens como Pedro , Carlos, Maria
Eduarda.
Linguagem e estilo
Queirosianos
Impressionismo
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Construções impessoais
Anteposição da qualidade do objecto
Mistura de percepções por vezes contraditórias
que traduzem, frequentemente, a ironia e a
hipálage.
•“avistou
uma claridade que se movia
no fundo do quarto.(…) O clarão
chegava, crescendo; a luz surgiu – e
com ela o avô (…) Depois, com a
cabeça branca a tremer, Afonso
Incidência nas qualidades visuais
atravessou o patamar, onde a luz
ao nível da cor e da luz
sobre o veludo espalhava um tom de
sangue” (pág. 169)
Acentuação de traços visíveis nas •“passava horas à banca de Carlos,
personagens
aplicado e vermelho, com a ponta da
(o que, frequentemente, produz um língua de fora, o olho redondo.” (pág.
175)
efeito de ironia)
•“entre
Anteposição da característica
cromática ou luminosa do objecto,
ao próprio objecto
as velas do piano, que lhe
punham um traço de luz no perfil puro
e tons de ouro esfiado no cabelo, o
incomparável ebúrneo da sua pele
ganhava em esplendor e mimo..”
(pág. 153)
O adjectivo
•“por
cima uma tímida fila de
Adjectivação que animiza dados janelinhas…”
objectivos
•“casarão de paredes severas…”
(pág. 143)
•“fértil
e
estúpida
província
Adjectivação dupla
espanhola…” (pág. 162)
(em que um dos adjectivos aponta
•“os seus dois olhos redondos e
para a realidade emocional)
agoirentos”
Adjectivação tripla
•“traziam (Pedro) dias e dias mudo,
(ou utilização de ainda mais murcho, amarelo…” (pág. 147)
adjectivos para caracterizar a mesma •“longos,
espessos,
românticos
realidade)
bigodes grisalhos” (pág. 176)
Adjectivo com valor adverbial
•“Carlos
(…) deu uma volta curiosa e
lenta pela sala”
O advérbio
Adverbiação dupla
•“Cruges
respirava
largamente,
(em que um dos advérbios aponta voluptuosamente” (pág.178)
para a realidade emocional)
•“ambos
Adverbiação tripla
insensivelmente,
irresistivelmente,
fatalmente
marchando um para o outro” (pág.
145)
•“Ser
Adverbiação com efeito de
superlativação
153)
verdadeiramente ditoso” (pág.
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

Visão metafórica: “ copas mesquinhas das
árvores”
Sinestesias: “ luz macia”
O advérbio como superlativação do
adjectivo: “Na sua terrível perturbação,
Carlos
achava
só
esta
palavra
melancolicamente estúpida”
Uso do verbo


Predilecção pelo gerúndio, superior em
poder descritivo, ao imperfeito ou ao
infinitivo, evitando as orações relativas e
introduzindo factos em continuidade e
fluente perenidade.
Substituição dos verbos introdutórios do
discurso directo por verbos de acção.
O verbo
Verbos derivados de cor
(a provocar um efeito impressionista)
•“estátua
de
mármore
(…)
enegrecendo a um canto” (pág. 143)
•“os
Uso metafórico do verbo
dois olhos do velho (…) caíram
sobre ele, ficaram sobre ele, varandoo até às profundidades da alma, lendo
lá o seu segredo.” (pág. 169)
•“o
Animização através do verbo
alto repuxo cantava” (pág. 181)
•“as paredes (…) onde já desmaiavam
as rosas das grinaldas e as faces dos
cupidinhos.” (pág. 143)
•“Ega
Utilização do gerúndio
andava-se formando em Direito,
mas devagar, muito pausadamente –
ora reprovado, ora perdendo o ano.”
(pág. 171)
•“na
Havanesa fumavam também
Criação de neologismos
outros vadios, de sobrecasaca,
(verbos novos com sentido cómico ou politicando.” (pág. 191)
irónico)
O diminutivo
•“Mas
o menino, molengão e
tristonho, não se descolava das saias
da titi: teve ela de o pôr de pé,
ampará-lo, para que o tenro prodígio
não aluísse sobre as perninhas
flácidas; e a mamã prometeu-lhe que,
Usado normalmente com intenções se dissesse os versinhos, dormia
de ironia e caricatura
essa noite com ela… Isto decidiu-o
(…)
Disse-a toda – sem se mexer, com as
mãozinhas pendentes, os olhos
mortiços pregados na titi.” (pág. 160)
Neologismos
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

Substantivos : Faiscação, lambisgonhice,
politicote.
Adjectivos: escrevinhador, chuviscoso,
pensabudo.
Verbos:
esverdinhar,
gouvarinhar,
insipidaram.
Advérbios
de
modo:
gordamente,
animalmente, gordalhufamente.
Galicismos
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



Avenida –alameda
Chaminé – fogão
Conduta – procedimento
Detalhe – minúcia
“Estendeu a mão: mas o primeiro aperto foi
goche e mole.”
Caricatura e contraste
•Na
Caricatura
construção das personagens tipo é, com
frequência, utilizada a caricatura, através do
exagero dos traços físicos, de vestuário, de
linguagem, psicológicos ou comportamentais (ver,
por exemplo, a personagem Dâmaso – págs. 173
a 175)
•O
Contraste
contraste entre personagens ou situações é
recorrente na obra. Veja-se o caso de
Carlos/Euzebiozinho, (págs... 156 a 161), relação
Carlos/M.ª Eduarda, Carlos/Gouvarinho
Construção Frásica


Período linear, frase curta, com
justaposição de ideias sem subordinação;
ordem directa da frase própria da
linguagem oral, repetição, antítese e
paralelismo.
Marcas de oralidade.
Discurso indirecto livre
•“Maria,
Falas
das
incorporadas no
próprio narrador
personagens
discurso do
Frequentemente
o
discurso
indirecto livre alterna com o
discurso directo
que procurava os «nocturnos»
de Chopin, voltou-se:
- É esse grande orador de que falavam
na Toca? Não, não! Esse era outro, a
sério, um amigo de Coimbra, o José
Clemente, homem de eloquência e de
pensamento… Este Rufino era um ratão
de pêra grande, (…) e sublime nessa
arte, antigamente nacional e hoje mais
particularmente provinciana, de arranjar,
numa voz de teatro e de papo,
combinações sonoras de palavras…
- Detesto isso” – rosnou Carlos.” (pág.
153)
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