Súplicas do coração

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Súplicas do coração
Não me perturbes com este olhar sereno!
Oh!... Não me fites com tanta meiguice!
O meu amor em segredo me disse,
que tens um ímã no teu olhar ameno!
Acreditei, pois, meu amor não mente,
ele é um arauto de uma grande afeição,
que vive presa nos elos da ilusão,
zombando do martírio que minh’alma sente!
Dizem os poetas, que o amor não fala
quando no peito o coração se cala
absorto em cruciante comoção!
O amor é traiçoeiro, afirmam os Poetas,
é o audaz portador de carícias indiscretas,
que tem num meigo olhar o vigor da tentação!
Roupagens negras
Roupagens negras qual a noite escura
roupagens tristes qual a solidão
roupagens que me traduzem uma tortura
que me despedaçam o coração!
Vestes escuras qual uma amargura
lenta e cruel mostrando-me a visão
do amor que morreu e ainda perdura
nos estertores de aflita comoção!
Saudade atroz indomável mensageira
da agonia da alma prisioneira
no cárcere negro das recordações!
Fugaz lembrança da carícia primeira
que se envolveu na esperança derradeira
roupagens negras de atrozes sensações!
Saudade
Viver longe de ti, é um mal que não mereço,
vejo o mundo vazio, sem luz, sem esplendores,
contar-te os martírios dos meus dissabores,
é impossível dizer-te o quanto assim padeço!
Tu és a esperança que me alimenta a vida,
sem ti o mundo é triste, sem gozo, sem delícias,
eu vivo recordando teu amor, tuas carícias,
longe de ti minha ilusão é perseguida!
Como os dias são longos!... Como a luz da Esperança
aureolando tua meiga lembrança,
bruxuleia nos ares tentando se apagar!
Eu sofro!... Ninguém procura dar-me esta bonança
na tempestade dos meus dias, na pujança
do Ideal que ameniza meu pesar!
O coração e o amor!
Este amor que me acompanha
jamais o posso esquecer
combato nesta campanha!
Meu Deus!... Que hei de fazer?!...
Neste terrível duelo
do amor com o coração
não posso quebrar o elo
da Espada da ilusão!
Ela é rija qual o aço
fere-me com imenso rigor!
Meu Deus do Céu!... Que eu faço?
Neste duelo traidor,
o coração sai perdendo,
porque o amor é vencedor!...
Domingo triste!
Tarde parda, opaca, estremecida...
O crepúsculo vai se formando no Poente,
sinto cruel desdita flagelar-me a vida,
pois, não posso te esquecer, Amo-te sempre!
O domingo está passando, plácido e sombrio,
escondeu-me teu vulto nas sombras do Impossível
sinto o coração palpitar no arrepio
do Amor que me domina oculto, irresistível!
Eu suspiro por ti neste triste Domingo
que é meu carrasco meu terrível inimigo,
que só me oferta da magoa a crueldade!
Quero ver-te e fitar o teu semblante
sentir-me embevecida embora um instante,
mas, este Domingo castiga-me sem piedade!
No Domingo não te vejo,
fico tristonha a cismar,
porque não posso esquivar-me
de teu vulto contemplar!
Porque no Domingo foges
e demoras a voltar?
Não sentes a dor da Saudade
que vem martirizar?!...
Quero que passe o Domingo
para a semana chegar,
trazendo-me a imensa alegria
de teu semblante fitar!
Se Deus criou o Domingo
foi para se descansar
e não foi para deixar-me
de rever o olhar!...
Teu Violão
Teu violão queixoso
gemendo sob teus dedos,
parece dizer medroso
teus caprichos, teus segredos...
Brilhando sob o luar
que resplende na amplidão,
teus sonhos a revelar
teu queixoso violão!
Neste enlevo, apaixonado,
tendo ao teu peito encostado
teu violão inspirado!
Cantas... e tua canção
faz vibrar, com emoção,
as cordas do coração!
Aquela Mangueira!
Aquela verde mangueira farfalhante,
que á brisa da tarde se ergue refolhada
toda de frutos dourados enfeitada
parece um bouque sobre um pedestal gigante
Fico a contemplar sua coma extasiante,
onde os ariscos passarinhos ocultam a ninhada,
com receio de ouvir da Coruja a gargalhada
na escuridão da noite impressionante!
O céu esta de nuvens pardas encoberto,
meu coração é qual a tamareira do deserto
isolada, sem a luz do teu suave olhar!
Estás longe de mim, embora estejas perto,
mas, não deixo de te amar, estás bem certo.
Sou aquela mangueira, sem dono, a farfalhar!
Despedidas
Eu vou chorando, Cuiabá querida,
enquanto fica te ostentando, linda!
Contigo deixo minha própria vida,
levando n’alma esta saudade infinda.
Já vem chegando a hora da partida...
Longe de ti o meu pesar não finda;
Mas, nas agruras desta despedida,
Tenho a esperança de reverte ainda.
Eu vou saudosa pelos teus caminhos,
recordando o teu verde tão viçoso,
onde revoam tantos passarinhos.
Mas de ti, tão tristonha, me afastando,
levo na mente o teu painel formoso
adeus, Capital verde! Eu vou chorando!
Vozes do Soneto!
Tenho gravado no meu pensamento,
tenho te sempre no meu coração,
embora queira fenecer minha Ilusão,
não me esqueço de num só momento!
Por que foges de mim?... Eu quero ver-te
quero contemplar teu olhar sereno
a refletir-se no teu rosto moreno,
por mais que tente não posso esquecer-te!
Sou uma ave silenciosa revoando
nas florestas seu ninho procurando
com as asas frágeis levada no Vento!
Meu triste coração vive sozinho sonhando,
porque viverei sempre te amando,
não me esqueço do teu vulto um só momento!
Foi um sonho!
Um dia fui passear
distrair meu coração,
ver as águas trepidar
das cascatas em borbotão..
A noite tinha sonhado
que contigo palestrava,
sob o luar prateado,
que no jardim espalhava!
Então, unindo meus lábios
a tua boca, boca pequena,
recebi os teus afagos
na minha boca morena
Acordei!... Vi o meu sonho
envolto em túnica dourada,
fugindo de mim tristonho
ao despertar da alvorada!
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