HGC_A6

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Nacionalismo cultural e político*
• O nacionalismo, enquanto ideologia paira entre nós
desde há dois séculos.
• Estados na Europa, na Ásia e em África estão a
testemunhar convulsões nacionalistas sob a forma de
reivindicações de autonomia ou de independência
total, apresentadas por (etno)nações submetidas que
existem dentro das suas fronteiras.
• Do colapso da U.R.S.S. e da Jugoslávia emergiram
dúzias de novos estados.
* Llobera, Josep – O Deus da Modernidade: o Desenvolvimento do Nacionalismo na Europa
Ocidental, Oeiras: Celta, 2000.
31/05/2017
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Nacionalismo cultural e político
• Inversamente, mas igualmente em tempos recentes,
assistimos a tentativas de criar novas identidades,
como seja a ideia de “Comunidade Europeia”.
• Outra pergunta formula Llobera: «será que o
fundamentalismo islâmico é um tipo de
nacionalismo?»
• Só depois de termos esclarecido como se formou o
nacionalismo na Europa Ocidental poderemos
compreender a sua difusão noutras partes do mundo.
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Nacionalismo cultural e político
• A nação, como comunidade cultural definida, é o
valor simbólico mais importante da era moderna,
dotada como está de um carácter quase sagrado,
comparável somente à religião.
• A nação tornou-se o substituto laico ou então o mais
poderoso aliado da religião.
• Os sentimentos de comunidade suscitados pela nação
são tidos em elevada conta e muito buscados como
fundamento da fidelidade no grupo.
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Nacionalismo cultural e político
• Simbolicamente, a nação configura combates
ideológicos complexos, nos quais participam vários
grupos e dos quais o estado moderno é
frequentemente o beneficiário.
• As ideologias nacionais, ainda que projectem uma
imagem de continuidade, são atravessadas por
descontinuidades.
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Nacionalismo cultural e político
• Esta “continuidade” é patente no terror irracional dos
povos pelo vazio da história, i.e.: nas suas origens e
bases, a identidade nacional é uma tentativa para
preservar a “senda dos antepassados”.
• A “descontinuidade” é razão do facto de a realidade
estar em constante mudança. As ideologias
nacionalistas tendem a dar a perceber uma mesma
imagem quando, na verdade, estão em causa
realidades distintas.
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Nacionalismo cultural e político
• O nacionalismo salienta a necessidade de tradição
na vida de qualquer comunidade e evoca a posse
comum de uma herança de memórias.
• Quando as ideologias (etno)nacionalistas
contemporâneas logram estabelecer uma sólida base,
política e culturalmente, então tornam-se
extremamente resistentes e conseguem suportar
toda a sorte de políticas repressivas.
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Nacionalismo cultural e político
• A maior parte dos Estados da Europa Ocidental são
multi-nação. As velhas entidades nacionais têm raízes
na Idade Média.
• Se o nacionalismo moderno surgiu somente com a
Revolução Francesa, a identidade nacional é um
fenómeno de longa duração. No final da Idade Média
os dados estavam lançados para a questão
(etno)nacional.
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Nacionalismo cultural e político
• O nacionalismo na Europa Ocidental é uma entidade
“sui generis”, sem paralelo noutras partes do mundo,
a despeito das semelhanças superficiais que sugerem
o contrário.
• O nacionalismo enquanto ideia de força mudou a
realidade social existente e modelou à sua imagem
o mundo da Europa Ocidental moderna.
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Nacionalismo cultural e político
• A Revolução Francesa e outros acontecimentos
históricos deram ímpeto ao nacionalismo, depois ele
seguiu o seu caminho inchando ou esvaziando de
acordo com a conjuntura internacional e a resistência
encontrada.
• Com os filósofos Jean-Jacques Rousseau (francês) e
Johann Gottfried von Herder (alemão) houve uma
mudança qualitativa na ideia de nação. Estes autores
definiram a nação como:
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Nacionalismo cultural e político
i.
Uma forma de incorporar o indivíduo (o
cidadão) numa unidade política mais ampla.
Incluindo a ideia de liberdade do indivíduo que,
em conjunto, com outros, constitui por
consentimento mútuo a entidade política;
ii. Comunidade (cultural, linguística), uma
projecção do indivíduo na sociedade tradicional;
iii. Como sendo caracterizada pela sacralidade,
idiossincrasia emprestada à religião.
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Nacionalismo cultural e político
• O termo “patrie” (pátria), em meados do séc. XVIII,
era comummente designado como o lugar de
nascimento, o qual podia ser uma localidade, uma
província ou uma região.
• Até 1750, o termo “nation” designava um grupo de
pessoas que viviam sob as mesmas leis e usavam a
mesma língua.
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Nacionalismo cultural e político
• Rousseau era um adepto fervoroso de conservar
aquilo que é típico de cada nação: as suas paixões,
os seus costumes, os seus gostos.
• Com Rousseau (na sua obra O Contrato Social –
1762) o termo nação atingiu um sentido mais preciso:
nação e pátria convergem e nação torna-se também
Estado.
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Nacionalismo cultural e político
• Com Montesquieu (na sua obra O Espírito das Leis –
1748) o conceito de espírito geral da nação é
composto por uma variedade de factores: clima,
religião, leis, máximas de governo, precedentes,
hábitos e costumes.
• Segundo este filósofo francês, a interacção de causas
físicas e morais (i.e. sociais) produzia o espírito da
nação. Este autor tem sido acusado de ser um
determinista climático ao sustentar que, entre os
povos primitivos, a natureza e o clima tudo ditavam.
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Nacionalismo cultural e político
• Tendo em conta os factores que formam o espírito
geral da nação, na eventualidade de um deles ser
alterado, os outros todos podem ser afectados. O
espírito da nação seria uma combinação de todos
estes elementos.
• Montesquieu chegou mesmo a afirmar, no seu Essaie
sur les causes, que na formação do espírito da nação,
as causas morais são mais importantes do que as
físicas.
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Nacionalismo cultural e político
• Com o desenvolvimento da civilização, as influências
climáticas são temperadas pelo despontar da religião,
da moral, da lei, etc.
• Também o filósofo britânico David Hume (na sua obra
Of National Characters – 1748) defendia que cada
nação tinha um conjunto de maneiras de ser
peculiares, que podiam ser explicadas relativamente a
causas físicas (clima) e morais (governo, riqueza, etc.).
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Nacionalismo cultural e político
• Hume, porém, preferia apresentar causas morais
para a formação do carácter nacional.
• Este filósofo apresentou uma lista de exemplos que
percorrem o tempo e o espaço para demonstrar o
efeito das causas morais:
i.
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Os governos que existem há muito num vasto
território provocam a difusão de um carácter
social por toda a área (e. g. China);
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Nacionalismo cultural e político
ii. As pequenas nações contíguas apresentam
caracteres distintos ainda que os climas sejam os
mesmos (e.g. Atenas e Tebas, na Grécia Antiga);
iii. Os caracteres nacionais configuram-se em
fronteiras políticas e não geográficas (e.g.
França e Espanha);
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Nacionalismo cultural e político
iv. O povo de uma nação em diáspora, desde que
mantenha o seu carácter original através de um
contacto estreito e da conservação dos seus
hábitos será diferente de outros povos no meio
dos quais vive (e,g, os Judeus);
v.
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Se duas nações convivem no mesmo território e
não se cruzam devido a diferenças linguísticas,
religiosas ou outras, manterão durante séculos
os seus caracteres nacionais distintos (e.g.
Turcos e Gregos);
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Nacionalismo cultural e político
vi. O carácter nacional acompanhará uma nação na
sua expansão pelo mundo (colónias espanholas,
inglesas e francesas na América);
vii. Os caracteres nacionais poderão alterar-se
substancialmente de um período histórico para
outro, devido a diversas razões – mudanças de
governo, misturas étnicas, etc. – e.g. os Gregos na
Grécia Antiga e o mesmo povo na Grécia Moderna.
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Nacionalismo cultural e político
viii. As nações adjacentes que têm mútuos
contactos políticos, comerciais ou quaisquer
outros irão desenvolver algumas características
nacionais comuns.
ix. Certas nações apresentam uma combinação
perfeita de hábitos e caracteres, daí resultando
que o seu carácter nacional não seja bem
vincado como é o caso da Inglaterra, mas não da
Escócia, apesar do clima ser semelhante.
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Romantismo e nacionalismo
• Entre muitas coisas que a literatura romântica veiculou
encontram-se a consciência e o orgulho nacionais.
• O desenvolvimento prodigioso do nacionalismo moderno
no séc. XIX resultou do efeito combinado da Revolução
Francesa e do Romantismo.
• Uma série de ideias temáticas emergiram durante o
último quartel do séc. XVIII, que constituíram o núcleo de
Romantismo e directa ou indirectamente, contribuíram
para difundir a visão nacionalista pelo mundo.
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Romantismo e nacionalismo
PLURALISMO
• A crença não apenas na multiplicidade como ainda
na incomensurabilidade dos valores das diferentes
culturas e sociedades.
• Trata-se de uma concepção central tanto para o
discurso de Rousseau como para o de Herder.
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Romantismo e nacionalismo
• É uma afirmação do valor da diversidade, das
opiniões, caracteres, gostos, artes e culturas
humanas. A diversidade das nações era natural e
necessária e também sumamente desejável e
correcta.
• É uma reacção contra o uniformismo que o Iluminismo
transmitia e conduziu à noção de que as nações
devem preservar as suas características a todo o
custo.
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Romantismo e nacionalismo
• As características distintas do povo, expressas na sua
Volksgeist (i.e. espírito nacional), são um ponto de
convergência para a imaginação romântica,
constituindo um dos elementos indispensáveis
deste movimento.
• O impulso inicial de ressurgimento nacional de muitos
povos deve muito a esta noção herderiana de
singularidade.
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Romantismo e nacionalismo
• Um autor, Lovejoy, estava convicto de que a ideia de
superioridade nacional tinha raízes na intimação
Romântica da manifestação e exaltação da diferença,
que facilmente degenera no desenvolvimento de um
preconceito contra outras nações.
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Romantismo e nacionalismo
NOSTALGIA DO PASSADO
• O futuro pouco interessava aos românticos, a sua
obsessão com o passado era uma forma de
justificar e dar legitimidade a cada instituição ou
crença.
• O elemento religioso era muitas vezes crucial na
idealização do passado, para isso a Idade Média era
um pólo de atracção para os Românticos devido à
sua espiritualidade cristã.
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Romantismo e nacionalismo
• Do ponto de vista do nacionalismo, a nostalgia do passado
apresentou-se como um olhar retrospectivo sobre uma
época de vida da nação em que se atingiu glória literária,
êxito político ou quando se assistira ao seu desabrochar
cultural.
• No campo do romance histórico, Sir Walter Scott,
despertou o interesse patriótico pela causa das
nacionalidades pequenas e oprimidas e o impacto dos seus
romances na Europa foi espantoso, contribuindo para criar
um interesse pela história esquecida de muitos países.
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Romantismo e nacionalismo
• A escola histórica alemã, advogava que a história era
a fonte da lei e sustentava que as leis, tal como a
língua, a religião e os costumes eram um cúmulo
histórico, pelo que a sua alteração não podia ser
deixada ao arbítrio dos indivíduos.
• Savigny, representante daquela escola, defendia que
a lei estava estritamente ligada ao Volksgeist e que
as regras próprias de cada nação se achavam em
consonância com o seu espírito.
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Romantismo e nacionalismo
• A lei é o resultado de forças inconscientes e não o
fruto de actividades humanas livres e conscientes.
• Nos tempos mais remotos a que se estende a “história
autêntica”, já se encontra a lei com um carácter fixo
peculiar a cada povo (Volk), como a sua língua,
maneiras e constituição.
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Romantismo e nacionalismo
ORGANICISMO
• A concepção globalizante de nação já estava
presente em Herder. A ideia de que um todo social
era mais do que a soma das partes – os indivíduos.
• As metáforas da nação como um organismo (planta
ou animal) são comuns nesta época. A ideia de
crescimento, maturação e decadência da nação será
replicada por muitos escritores românticos.
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Romantismo e nacionalismo
ANTI-RACIONALISMO
• Sentia-se que o Iluminismo com a sua objectividade
científica distanciada, sufocava a emoção humana.
Para os Românticos, as emoções e a imaginação
estavam acima de tudo.
• O patriotismo como questão sentimental aparecia
bem colocado na hierarquia dos valores do homem
romântico.
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Romantismo e nacionalismo
• O mito é altamente valorizado pelos Românticos,
porque enquanto o Iluminismo tinha remetido o mito para
“o inferno das ideias supersticiosas”, os Românticos
fizeram deles objectos de adoração e reverência,
consideravam-nos fontes de cultura humana.
• As nações, os mitos de origem e de desenvolvimento
desempenharam um papel de importância crescente na
historiografia Romântica por toda a Europa.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• A Revolução foi um acontecimento crucial para o
desenvolvimento do nacionalismo, tanto do francês
como dos demais países.
• A Revolução Francesa foi desde o início uma
manifestação continuada e sustentada da
identidade nacional e patriotismo, a qual culminou
com o nacionalismo chauvinista da França como
grande nation.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• A Revolução Francesa foi a primeira revolução
nacionalista moderna, que mais tarde se tornou o
modelo doutros países europeus.
• Há duas dimensões do nacionalismo: o nacionalismo
como ideologia vinculada pelos desenvolvimentos
internos da Revolução Francesa e passível de ser
imitado por outros países e o que foi suscitado pela
reacção contra as políticas imperalistas de Napoleão.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Antes de 1789, a última assembleia de Estados
Gerais, havia-se reunido somente em 1614. Esta
assembleia visava neutralizar a ameaça da Nobreza,
utilizando o Terceiro Estado como tampão.
• Longe estava Luís XVI, que convocou a reunião, de
suspeitar que, uma vez “à rédea solta”, o Terceiro
Estado iria subverter radicalmente a ordem das
coisas, pondo termo ao poder do rei e da monarquia.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Em 1789, o carácter nacional francês era encarado
politicamente e não em termos culturais – a língua
desempenhava um papel muito limitado.
• Existia o desejo de unidade e uniformidade, bem
como de liberdade e equidade e a educação era
vista como instrumento para a construção da
nação.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• A ideia de democracia era particularmente forte nos
cadernos compilados pelo Terceiro Estado, pois a
soberania popular surgia como palavra-chave – a
convicção de que todo o poder radica na nação e que
o Terceiro Estado a personifica.
• Tal desejo de democracia devia-se ao facto do
Terceiro Estado pretender uma representação mais
equitativa numa futura reunião dos Estados Gerais.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• A atenuação da diferença de classes e o apelo ao
fim das diferenças entre províncias, para o seu
nivelamento e uniformização.
• O estatismo também estava presente nos cadernos
gerais – o estado era visto como o único e absoluto
soberano.
• O patriotismo dos cadernos gerais fazia da patrie um
ideal em que combinava o conceito de um lugar
chamado França, certas tradições, um estado, etc., e
a prossecução do História
bem-estar
da nação em geral.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Os cadernos exprimiam ainda a preocupação evidente com
a propagação do patriotismo através da educação e viam
nas identidades regionais um obstáculo a essa ideia.
• Para Josep Llobera, não se deve exagerar o
“nacionalismo” que emana dos cadernos.
• De facto existiram fortes resistências à ideia de França
como unidade por parte dos pays d’état (assembleias de
províncias) que se consideravam a si mesmos como estados
soberanos com uma identidade nacional definida.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Entre 1788 e 1792, o abade Sieyès publicou o livro “O
que é o Terceiro Estado” no qual anunciava que
havia chegado a hora de o povo de França – o
Terceiro Estado – se tornar naquilo que era por direito
– a nação francesa.
• Para ele a nação francesa era fundamentalmente um
corpo de associados vivendo sob uma lei comum e
representados na mesma assembleia legislativa.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Sieyès acreditava que as liberdades dos indivíduos
tinham sido sonegadas pela aristocracia sendo
necessário devolvê-las ao povo de França.
• Além disso pretendia pôr fim ao governo aristocrático,
aos princípios regionais, às divisões e à miríade de
instituições intermediárias e corporações que se
interpunham entre o indivíduo e o Estado.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Sieyès apresentava um projecto de um Estado-nação que
significava a subversão da antiga estrutura política e ia no
sentido de um Estado mais democrático e de tipo mais
unitário.
• Este abade propunha uma definição política de nação em
que as facetas étnicas e políticas perdiam toda a
importância e o mesmo pode ser dito da raça.
• Ele declarava que o Terceiro Estado era a nação sendo
racialmente constituída por descendentes da população
galo-romana.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Ele via na aristocracia um corpo estranho, inútil e
dispendioso da nação francesa que era necessário
extirpar.
• Dizer que o povo é soberano e que o Terceiro Estado era
a nação era uma declaração revolucionária em 1789.
• Mas Sieyès foi mais longe, disse que a nação era
anterior preexistia a qualquer fenómeno social ou às
instituições. A nação era a fonte de toda a autoridade e
de todos os direitos.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• A influência de Sieyès sobre os jacobinos foi
notória, embora se tivesse mantido imparcial durante
o Terror Revolucionário.
• A nação também era uma união de trabalhos privados
e necessidades públicas que estaria apta a oferecer
maior bem-estar aos seres humanos do que
qualquer instituição conhecida.
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Emmanuel Joseph Sieyès (1748-1836)
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• O processo de votação foi essencial na reunião dos
Estados Gerais, enquanto que as duas primeiras
classes e o rei eram a favor de que cada classe
votasse em separado, o Terceiro Estado estava
inteiramente contra tal sistema.
• Por fim, os seus chefes declararam constituir-se em
assembleia nacional, convidando os representantes
das restantes classes a juntarem-se-lhe enquanto
indivíduos.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Em 17 de Junho de 1789 nascia a moderna nação
francesa, o sentimento de unidade nacional
desenvolveu-se em consequência de os representantes
do Terceiro Estado se reunirem em Paris e descobrirem
pela primeira vez que constituíam uma nação.
• Com a Tomada da Bastilha em 14 de Julho de 1789, a
Assembleia Nacional tomou uma série de decisões no
sentido de consolidar a nova ou redescoberta nação.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• O povo francês estava crente de ser capaz de
estabelecer uma nova comunidade nacional,
assente na razão e na natureza, sem referência aos
costumes do passado.
• Consumar este objectivo exigia novas práticas
políticas: a técnica de propaganda de massas, a
mobilização política das classes inferiores e a
politização da vida de todos os dias, tudo isso foi
inventado com o objectivo de regenerar a nação.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Em 4 de Agosto de 1789, a Assembleia Nacional abole os
direitos feudais e privilégios – tal envolveu um nivelamento
nacionalista, ou seja: a supressão dos direitos e fronteiras
provinciais. As regiões já não tinham direito a ver-se como
nações – a França era a única possível.
• Com a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, de 27 de Agosto de 1789, a ideia de unidade
nacional tornou-se mais evidente – no artigo 3º lê-se:
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
«O princípio de toda a soberania reside
fundamentalmente na nação e nenhum corpo ou
indivíduo pode exercer qualquer autoridade que dela
não decorra directamente.»
• Em breve havia uma língua nacional, uma educação
nacional e um exército nacional, marinha nacional,
política nacional, propriedade nacional. Tudo o que
era “real” tornou-se “nacional”.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Com a Constituição Civil do Clero, em Julho de
1790, e a secularização da Igreja, em Novembro de
1789, padres e bispos eram eleitos pelo povo,
remunerados pelo Estado e a ligação a Roma era
apenas nominal.
• Tal constitui uma tentativa não apenas de submeter a
Igreja Católica ao Estado, mas também de criar uma
nova religião do nacionalismo francês.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Os franceses inventaram uma nova nação e
consolidaram-na criando um conjunto de símbolos:
Desde a bandeira tricolor às imagens femininas da
França, dos altares patrióticos aos rituais
revolucionários das canções patrióticas como ‘A
Marselhesa’, ao culto dos santos, dos clubes aos
festivais.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Era a construção de uma nação e representava um corte
radical com o passado, que apesar de empregar uma
linguagem de tipo religioso não era necessariamente de
inspiração judaico-cristã, antes se orientava para um
culto da Antiguidade Clássica.
• A partir da Revolução Francesa emergiu uma nova fé,
cujo objectivo era regenerar os cidadãos. A Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão era um novo
credo, um catecismo nacional. Em 1791, a Constituinte
torna-se uma profissão de fé no patriotismo francês.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• A tricolor que combinava o vermelho e o azul da cidade
de Paris com o branco dos reis Bourbons, adquiriu carácter
oficial em 1792.
• Festividades cívicas, onde medrou a ideia de uma
fraternidade real e duradoura, a preocupação com o bem
público, a crença de valer a pena o sacrifício de interesses
privados aos públicos e um sentido de unidade da
França foram ideias que predominaram neste período.
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A bandeira tricolor
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Estas festas celebraram os acontecimentos
revolucionários do passado (e. g. Tomada da
Bastilha) e festejavam acontecimentos políticos
correntes (alterações constitucionais importantes).
• Existiam ainda cultos aos mártires da liberdade,
aqueles que contribuíram para a causa revolucionária,
e festividades morais em que a virtude era
recompensada através da outorga de condecorações
ou coroas cívicas aos cidadãos de mérito.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Os cultos cívicos eram a expressão de uma
verdadeira religião, constituída com base na filosofia
do séc. XVIII.
• Os revolucionários preocupavam-se sobretudo com a
unidade nacional e viam a religião como complemento
subordinado ao Estado e este como guardião da
virtude e instrumento da felicidade.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Igualmente se fez uma tentativa de introduzir um
regulamento civil para os passos tradicionais da vida
de um indivíduo (baptismo, casamento, funeral, etc.) e
até mesmo o calendário (com semanas de 10 dias) foi
alterado.
• «O fosso aberto entre o republicanismo e
catolicismo nunca foi colmatado.» [Llobera]
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Se na altura da Revolução Francesa se julgava que o
francês era a língua falada no país, o facto é que
existiam vários outros idiomas em diversas partes:
o bretão, basco, catalão, alemão e ocitânio.
• A revolução, por meio de clubes, festivais, jornais e,
mais tarde, exército, era indirectamente responsável
pela divulgação da língua nacional.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Os revolucionários julgavam que ao obrigar à
utilização do francês estavam a democratizar o
país. Para eles a disparidade linguística constituía um
obstáculo fundamental ao exercício da democracia
burguesa, ao domínio público pela burguesia.
• A Revolução Francesa veiculou no mínimo três
conceitos de nação:
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
i.
Concepção jacobina (grupo identificado com o
povo; trabalhadores da classe mais baixa e
integrantes da baixa burguesia): da qual
Robespierre, que seguia as doutrinas de
Rousseau, era o mais destacado representante.
Segundo esta ideia, o patriotismo é concebido
como uma luta pela liberdade e aproximação
humana e a pátria não existe idealmente
independente do comportamento do povo. É
através dos actos patriotas que ele se cria.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
ii. Concepção dos sans-culottes (trabalhadores e até
pequenos proprietários participantes da Revolução
Francesa, principalmente em Paris):
Viam a nação como uma exteriorização do
sentimento patriótico, cujo fundamento era a
afirmação da unidade, abolindo tudo o que
separava o corpo social. O seu lema era a
soberania popular, não a representação nacional.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
iii. Concepção centrista da Nação: característica de
Danton e dos Girondinos (facção política
maioritariamente burguesa, que se posicionou contra
a monarquia absoluta e o Antigo Regime em geral), a
qual colocava a tónica na união territorial da nação.
Neste último conceito assiste-se à transição política
de pátria para o conceito de nação. A pátria era um
conglomerado de afectos que unia os cidadãos, mas
agora através da mediação de um território exclusivo.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Há um desejo de obter unidade e comunidade que, de
acordo com Llobera, é um sentimento que o
patriotismo e o nacionalismo herdaram da religião.
• A Revolução Francesa, em apenas alguns anos,
determinou mudanças radicais no conceito de nação
francesa. De uma situação em que o monarca era
visto como símbolo da nação até uma nação
concebida como vontade geral do povo.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• As vozes federalistas durante a Revolução foram
silenciadas, a unidade do povo não era negociável
independentemente da vontade do povo. O resultado
final foi um regime altamente centralizado, sem
paralelo na História da Europa Ocidental.
• Os enclaves vizinhos (Avinhão, Comtat, etc.) exprimiam a
sua vontade de serem franceses, mas também numa
gama de territórios de expressão francesa (Sabóia,
Suíça, Bélgica, Nice, etc.) havia patriotas que
desejavam ser anexados à França revolucionária.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Noutras áreas onde as novas ideias penetraram
profundamente (Holanda) havia a esperança de ver o
seu direito a auto-governo apoiado pela França.
• Os revolucionários hesitavam entre apoiar aqueles
que se queriam libertar a si mesmos e o risco de
alterarem o equilíbrio de poder existente na Europa. A
primeira via foi a escolhida.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• A ideia de “república irmã” foi buscada para designar
aqueles países em que os patriotas estavam a tentar
rebelar-se contra o Antigo Regime e pretendiam
aplicar os princípios da Revolução Francesa.
• Com a vitória do Directório em 1795, as fronteiras
naturais da Gália e a anexação das repúblicas irmãs
para as proteger e fornecer recursos à Grande Nação
foi adoptada.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Ao pretender reviver o Sacro Império Romano,
Napoleão foi quem mais contribuiu para fazer
despontar os nacionalismos na Europa.
• Enquanto o Grande-Armée consegui vitórias, a
população francesa apoiou-o. Napoleão nunca gerou
nacionalismo de Estado, apenas se preocupava com
a lealdade à sua pessoa e à monarquia imperial.
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A Revolução Francesa e as suas
sequelas
• Os seus apelos não foram feitos em nome do amor à
nação francesa, mas sim à glória do Estado
Francês.
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A evolução do movimento das
nacionalidades entre 1815 e 1914*
• A história da ideia nacional no séc. XIX cabe quase
inteiramente nas oscilações entre nacionalismo de
esquerda e o de direita, entre democracia e tradição.
• No Congresso de Viena de 1815, soberanos e diplomatas,
ocupados em destruir a obra da Revolução, não levaram em
conta a reconstrução da Europa, a aspiração à
independência e à unidade que tinha sublevado os povos
contra Napoleão e os tinha situado ao lado dos soberanos.
*RÉMOND, René – Introdução à História do Nosso Tempo, Lisboa: Editora Gradiva, 1994.
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A evolução do movimento das
nacionalidades entre 1815 e 1914
• Os alemães ficaram desiludidos com o regresso à
divisão da confederação germânica; os italianos
ainda mais com a dominação estrangeira (Piemonte,
Sardenha, Estados da Igreja, Reino das Duas
Sicílias).
• A aliança, entre 1815 e 1830-40, do movimento das
nacionalidades e da ideia liberal provém do
desconhecimento pelos diplomatas das aspirações
nacionalistas. Os dois movimentos confundem-se a
partir de então.
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71
A evolução do movimento das
nacionalidades entre 1815 e 1914
• As revoluções de 1830 apresentam este duplo
carácter de revoluções liberais e revoluções
nacionais.
• Onde triunfam instituem a independência e a
liberdade. É assim que a Bélgica se subtrai à
dominação de Haia e se dota em 1831 de uma
constituição liberal.
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72
A evolução do movimento das
nacionalidades entre 1815 e 1914
• Entre 1830 e 1850, o nacionalismo evolui de liberal
para democrático. Em Itália, “a jovem Itália” criada
por Mazzini, combina as aspirações a uma república
democrática e à independência e unidade da Itália.
• Esta ligação entre democracia e o fenómeno nacional
expande-se com as revoluções de 1848, quando se
fala nesta época de uma primavera de povos, tal
significa simultaneamente a emancipação nacional e a
afirmação da soberania do povo.
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A revolução de 1848 na Alemanha
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74
A evolução do movimento das
nacionalidades entre 1815 e 1914
• Na Hungria, Kossuth, que encarna a vontade de
independência frente à dominação de Viena, proclama
a república.
• O nacionalismo é ora unitário, ora separatista,
conforme as situações geográficas. Em 1848, os
nacionalistas estão quase todos ligados à tradição
democrática.
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A evolução do movimento das
nacionalidades entre 1815 e 1914
• Estes movimentos fracassam e em 1850
(aproximadamente) é restaurada a Europa do
Congresso de Viena, a Europa dos soberanos.
• Uma terceira vaga do movimento das nacionalidades
de 1850 a 1870 é mais decisiva. O princípio das
nacionalidades é então admitido como um princípio
do direito internacional.
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A evolução do movimento das
nacionalidades entre 1815 e 1914
• Deste princípio resulta que os principados
danubianos subtraídos ao Império Otomano se
possam fundir.
• Se estes movimentos se apoiam nos povos, fazemnos por vezes a expensas da liberdade individual.
Na Alemanha, para realizar autoritariamente a
unidade, Bismarck, apoia-se no povo contra os
particularismos regionais.
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77
A evolução do movimento das
nacionalidades entre 1815 e 1914
• Sacrifica-se a liberdade pela realização da unidade
nacional, a maior parte dos liberais optam pela nação
contra a liberdade.
• Acredita-se menos na sublevação espontânea do
povo, conta-se mais com os meios clássicos da
guerra estrangeira, a diplomacia tradicional, as
alianças externas.
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A evolução do movimento das
nacionalidades entre 1815 e 1914
• Bismarck atinge os seus objectivos à custa de três
guerras e graças a alianças externas contra a
Áustria e a França.
• A unidade italiana, que fracassou ao ser ensaiada
através da sublevação do povo italiano é atingida
quando o Piemonte se alia à França ou à Alemanha
de Bismarck.
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Otto von Bismarck (1815-1898)
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A evolução do movimento das
nacionalidades entre 1815 e 1914
• Em 1870, o mapa da Europa está profundamente
modificado, surgem novas potências no coração da
Europa, nascidas da aspiração à independência e à
unidade nacional.
• Na Áustria, o dualismo adoptado em 1867, é uma
tentativa dos austríacos associarem a nacionalidade
magiar à direcção do império.
• Contudo, nem os checos, nem os croatas, nem os
transilvanos, concebem porque razão se lhes recusa
o que os austríacos concedem aos húngaros.
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A evolução do movimento das
nacionalidades entre 1815 e 1914
• A Rússia depara-se com o mesmo problema com a
Polónia, cujo sentimento nacional não está extinto,
apesar do insucesso das duas revoluções de 1830 e
1863.
• A existência de nacionalidades balcânicas é um
quebra-cabeças para o Império Otomano.
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A evolução do movimento das
nacionalidades entre 1815 e 1914
• A constituição da Bulgária numa nacionalidade
autónoma, em 1878, as guerras balcânicas de 1912 e
1913, consumam a ruína do Império Otomano,
reduzido na Europa à cidade de Constantinopla e
arredores.
• A questão irlandesa reacende com o terrorismo.
• As guerras de reunificação da Alemanha e Itália criam
novos pomos de discórdia, com a anexação da
Alsácia e da Lorena pelo Império Alemão.
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A evolução do movimento das
nacionalidades entre 1815 e 1914
• O irredentismo (i.e. doutrina política dos que entendem que
devem pertencer à Itália certas regiões dela separadas, que
pertencem à França, Áustria, etc., mas que continuam
ligadas a ela pela língua, pelos costumes) reivindica ainda o
Trentino, Trieste, a Ístria e a costa Dálmata.
• Existe igualmente uma coligação dentro do império AustroHúngaro entre povos eslavos e o grande irmão Russo.
Contra o pan-eslavismo desenha-se o bloco austro-alemão,
que sonha realizar o programa do pangermanismo.
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A evolução do movimento das
nacionalidades entre 1815 e 1914
• O conflito entre o pan-eslavismo e o pangermanismo
é uma das componentes do conflito mundial e traz
consigo o germe da ruína das construções históricas
do edifício dinástico do império dos Habsburgos.
• Desde antes de 1914 que o movimento das
nacionalidades ultrapassa o quadro da Europa: no
Império Otomano, um movimento de renovação
nacionalista, animado pelos ‘Jovens Turcos’,
apodera-se do poder em 1908.
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A evolução do movimento das
nacionalidades entre 1815 e 1914
• Se o nacionalismo decorrente da revolução de 1848,
proclamou a paz no mundo, o nacionalismo francês posterior
a 1870 é facilmente xenófobo e exclusivo.
• Esta mutação prepara o deslizar do nacionalismo europeu
para as teorias autoritárias e para o fascismo pós-1918.
• No fim do séc. XIX com o nascimento de uma consciência
de classe operária e a crescente difusão das ideias
socialistas, o nacionalismo achou-se mais remetido para
a direita.
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A evolução do movimento das
nacionalidades entre 1815 e 1914
• Para combater o socialismo internacionalista, o
nacionalismo desliga-se da democracia e combate
todas as forças que pareçam extra-nacionais ou
supranacionais.
• Assim desenvolve-se o anti-semitismo e a xenofobia.
O nacionalismo volta-se para as doutrinas
reaccionárias e contra-revolucionárias. Aparece
ligado ao conservadorismo político e social.
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A evolução do movimento das
nacionalidades entre 1815 e 1914
• Se o sentimento e a ideia nacionais foram, no séc.
XIX, uma força decisiva em princípio de acção
essencial contra os Estados Opressores, ele esteve
também na origem da maior parte dos conflitos
internacionais.
• O movimento nacional foi um agente fulcral de
transformação na Europa.
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