Práticas dos professores: multiplicidade de interacções Baseado no artigo “as práticas dos professores” in Professores: imagens e auto imagens, de Maria Paula de Almeida Borges, 2007 Teresa Queirós | Janeiro 2009 Funções e papéis dos professores Blin (1997) refere “multiplicidade de interacções” Teixeira (1995) refere 5 tipos de interacção: • Professores • Professores • Professores • Professores • Professores consigo próprios / alunos / professores / pais / pessoal não docente Teresa Queirós | Janeiro 2009 Multiplicidade de papéis Mestres que dominam uma situação Educadores / professores que transmitem e garantem valores e missões da escola Formadores que dirigem os alunos na aprendizagem Mediadores de situações complexas Teresa Queirós | Janeiro 2009 Gauthier e Martineau (1998) relação entre o saber e o trabalho de professor - inicialmente o mestre natural (transmissor de conteúdos culturais numa relação pedagógica de um para um) - actualmente é um profissional que tem gerir, tomar decisões múltiplas, julgar, relacionar-se com o mundo, consigo próprio e com os outros (TRIPLA RELAÇÃO), ie é um pedagogo cultivado que constrói uma identidade profissional positiva na procura de modelos de profissionalidade e de saberes e estrtégias que lhe permitem ter uma melhor e mais eficaz intervenção na sala de aula (Ó Murchu, 2005) – a aprendizagem como um processo de criação de saber. Teresa Queirós | Janeiro 2009 Blin (2001) Triângulo saber Ensinar Aprender (professor mestre) (professor educador) professor alunos Formar (professor pedagogo) Teresa Queirós | Janeiro 2009 Blin (2001) Triângulo composto pelo SABER, pelo PROFESSOR e pelos ALUNOS dá origem a 3 processos que orientam as práticas desenvolvidas pelos professores e diferentes representações • Ensinar • Formar • Aprender - mestre pedagogo educador Teresa Queirós | Janeiro 2009 O professor mestre Incide nos conteúdos Transmite conhecimentos Controla a aquisição de conhecimentos É “o sol do sistema pedagógico” (Tardif e Lessar, 2005) porque tudo gira em torno do professor Interacções dependem sobretudo da sua própria iniciativa e da sua capacidade de impor respeito às regras da organização que o contrata Teresa Queirós | Janeiro 2009 O professor pedagogo Preocupa-se sobretudo com a forma de transmitir e fazer aprender. Procupa-se com o processo de formação e de aprendizagem Práticas centradas nos alunos “tal como são e não tal como eles deveriam ser idealmente” (Felouzis, s/d) Orientação das aprendizagens, previsão das dificuldades e estratégias de remediação Facilitador da transformção da informação em saber através da prática relacional com os alunos Incide nas actividades de pesquisa para “pôr em jogo os mecanismos cognitivos produtivos do saber” (Alter, 2000) Diversidade de instrumentos de avaliação Dumont (200) Visão construtivista do saber Visão multidimensional do aluno Autoridade advém da capacidade de negociação Altet (2000) Saber prático Gestão interactiva do processo ensino/aprendizagem Teresa Queirós | Janeiro 2009 O professor educador Forma jovens cidadãos com valores que a sociedade considera importante na construção dos consensos necessários à integração no grupo social. Busca novos papéis para reforçar a vertente afectiva Defronta-se com multiplicidade de decisões diárias que fazem dele um líder Teresa Queirós | Janeiro 2009 Professor líder (Harden e Crosby, 2000) Organizador do trabalho Criador e acalentador de sonhos Gestor de projectos “é o compositor que compõe e delineia a música a ser tocada” (Harden e Crosby, 2000) 12 papéis que se reagrupam em 6 áreas: • • • • • • Fornecedor de informação Modelo profissional Facilitador da aprendizagem Avaliador de alunos e programas Planificador Criador de materiais Teresa Queirós | Janeiro 2009 Professor líder (Harden e Crosby, 2000) 1) Fornecedor de informação (“o conferencista”, transmissor de conhecimentos, o especialista) 2) Modelo profissional (modelo profissional prático ou modelo de professor) – alunos aprendem melhor com um professor de quem gostam e respeitam; capacidade de explicar e clarificar a matéria. 3) Facilitador da aprendizagem (mentor/tutor e facilitador da aprendizagem) – facilitador da autonomia e liberdade dos alunos, encorajador e facilitador da aprendizagem e da construção do conhecimento através da utilização de estratégias ligadas à resolução de problemas. Teresa Queirós | Janeiro 2009 Professor líder (Harden e Crosby, 2000) 4) Avaliador de alunos e currículos – ao avaliar os alunos, o professor avalia também o seu trabalho e tomar consciência da sua eficácia como educador/instrutor. Capacidade de avaliar o seu trabalho liga-se à construção de identidade profissional que passa pela capacidade de “exercermos com autonomia a nossa activiade, pelo sentimento de que controlamos o nosso trabalho” (Nóvoa, 1992). Avaliador de programas para responder à sociedade e pôr em prática os objectivos gerais aprovados na Lei de Bases do Sistema Educativo 5) Planificador – criar e desenvolver programas para os seus alunos, tendo em conta necessidades e pré-requisitos. Papel muito complexo e desafiante porque é preciso gerir programa da disciplina, PCT, currículos alternativos, Novas oportunidades, etc. Partilha com colegas da programação e estratégias que escolhe (multi-inter e transdisciplinaridade) 6) Criador de materiais – propiciador de investigação; fichas de trabalho, testes. Necessidade de se manter actualizado no âmbito científico e nas tecnologias. Define o mundo de comunicação em que se sente mais à vontade, que adapta constantemente a matéria a e a forma como via pôr em prática. Teresa Queirós | Janeiro 2009 Multiplicidade de papéis que implicam tomadas de decisão, resolução de problemas, o pôr em prática um conjunto de estratégias, utilização de meios e de recursos diversificados. O professor assim identifica-se com os outros membros de grupo e com eles constrói e partilha um conjunto de representações profissionais que, segundo Blin (2001), participam na consttrução da identidade profissional e da consideração de um conjunto de práticas como sendo práticas distintivas de um determinado grupo. Teresa Queirós | Janeiro 2009 Auto-imagem dos professores (Ben-Peretz, 2001) Estudo com 60 docentes com turmas de elevado e baixo rendimento académico Pedido de identificação com 7 desenhos de outras profissões (merceeiro, juiz, tratador de animais do zoo, entertainer, maestro, bonecreiro, domador) Rejeição das figuras que projectam noções de controlo de julgamento (domador, juiz) Identificação sobretudo com • tratador de animais do zoo (turmas de baixo rendimento) • maestro (turmas de rendimento elevado) Teresa Queirós | Janeiro 2009 Práticas pedagógicas Nem técnicos nem improvisadores, mas profissionais que utilizam o seu conhecimento e a sua experiência para se desenvolverem em contextos pedagógicos preexistentes (Sacristán, 1991) Práticas que se inscrevem em constelações relacionais Prática pedagógica é complexa pois na interacção constante de profs e alunos vivem-se e geram-se conflitos, resolvemse dilemas e vive-se uma afectividade importante na relação entre alunos e profs. Portadores de expectativas, de perspectivas, de motivações e interesses. Profs mostram que são capazes de interagir, conceber, organizar e conduzir situações de aprendizagem, de determinar o se lugar face aos desafios que se colocam, tais como atitudes que favoreçam a relação pedagógica e institucional, gestão dos saberes organizacionais com os quais desenvolvem relações eficazes. Teresa Queirós | Janeiro 2009 Métodos (Braga, 2001) Várias são as estratégias e os métodos que os professores pôem em prática MÉTODO EXPOSITIVO MÉTODO DE DESCOBERTA OU INDUTIVO MÉTODO DE DISCUSSÃO Teresa Queirós | Janeiro 2009 Método Expositivo Descreve, informa, instrui e explica Processo centrado em si Professor proporciona directamente aos alunos os conceitos e princípios com os quais é pressuposto que operem. Professores mestres Centralização na matéria a leccionar Processo transmissivo Controlo da aquisição do saber Avaliação baseada apenas nos resultados escolares Autoridade advém da qualidade de ser professor Aulas de carácter expositivo, típicas dos ciclos organizados por disciplinas Ponto intermédio entre discurso meritocrático (sucesso como consequência do trabalho com os alunos) e discurso inatista (sucesso depende sobretudo das capacidades dos alunos) Teresa Queirós | Janeiro 2009 Método de descoberta ou indutivo Criação de condições para que os alunos – através das informações disponibilizadas e devidamente apoiados e guiados por ele – construam novos saberes Professores pedagogos ou educadores Preocupação com o processo de formação Centração sobre o aluno e modo como ele aprende Orientação dos alunos, prevendo dificuldades e escolhendo estratégias de remediação adequadas Suscitar atitudes e comportamentos nos alunos que lhes permitam desenvolver a capacidade de observar e analisar as informações, de construir conclusões com base nas descobertas que forem fazendo. Teresa Queirós | Janeiro 2009 Método de descoberta ou indutivo Ajudar os alunos a questionar “o porquê das coisas, processar dados, reflectir sobre eles, procurar respostas às questões que se colocam, tornar consciente para o aluno as suas estratégias de pensamento e convidá-lo a aprender estratégias novas” (Braga, 2001) Importância do trabalho de grupo e de simulações Promover relações funcionais Através do seu entusiasmo, despertam nos alunos a vontade de saber mais Envolvem activamente os alunos e comunicam eficazmente com eles Boa relação com os alunos é essencial; promoçlão de relações interpessoais positivas Professor deve “ter disponiblidade para ouvir o aluno, aproximar-se dele, ser afectuoso, empático, inspirar confiança, mas também ter humor, tr e ser calmo na abordagem dos problemas, respeitar o aluno, ie, confiar nele e não o humilhar” (Santos, 2001) Teresa Queirós | Janeiro 2009 Método da discussão Recurso valioso para promover as capacidades de raciocínio, de análise crítica, de cooperação, de comunicação e de tolerância. Estratégia do professor tutor/mentor Relação de aconselhamento e orientação Trabalho em pequeno grupo Atmosfera de livre troca de ideias Teresa Queirós | Janeiro 2009 Estratégias do foro da afectividade para um bom clima na aula (Felouzis, s/D) Respeito pelas pessoas e individualidade do aluno Paciência para comportamentos e dificuldades Capacidade de ouvir os alunos Ser exigente Teresa Queirós | Janeiro 2009 Estratégias do foro da afectividade para um bom clima na aula (Braga, 2001) Personalização (bem-estar dos alunos, atenção os seus pedidos de ajuda) Implicação (detectar e propiciar condutas participativas) Coesão (relações amistosas, de entreajuda) Satisfação (organização de classe amena, divertida, interessante e descontraída) Orientação (organizar trabalho de aula e clarificar objectivos a atingir) Inovação (diversidade de técnicas, métodos e actividades) Individualização (respeito pelas capacidades e opiniões pessoais dos alunos) Teresa Queirós | Janeiro 2009 Conclusão Os professores, tanto os que escolham utilizar práticas pedagógicas como os que buscam abrir caminhos de auto aprendizagem, estão a construir, através da acção, uma imagem de si enquanto profissionais. Os gestos profissionais que utilizam são partilhados pelos outros membros de grupo Base da interacção que se vai desenrolar entre si e os alunos Teresa Queirós | Janeiro 2009 Bibliografia Borges, M.P.A. (2007), “As práticas dos professores”, Professores: imagens e auto-imagens. Tese de doutoramento. Teresa Queirós | Janeiro 2009