REDAÇÃO TEMA: Simulado ENEM A relação do jovem com a educação e a escola Ainda podem-se escutar os gritos dos jovens nas ruas em maio de sessenta e oito. Essa época convocou os jovens ao seu verdadeiro papel: o de participante social, construtor do futuro da nação. Eram jovens conscientes de que necessitavam agir, pois tinham como base – e aliada – a educação. Mas os tempos são outros. E nesse tempo a educação do jovem foi retirada, de sua maior parte, e deturpada para a parte restante. Analisar a relação do jovem com a educação e com a escola implica fazer, no mínimo, duas divisões. A grande parte das crianças e adolescentes brasileiros e do mundo não tem nenhuma relação com a escola, compondo a primeira parte da divisão. A elas cabe qualquer papel: trabalhador, meninos de rua, desempregado, menos o de estudante. E como o ECA há de concordar que esses papéis são de adultos, roubada foi a juventude dessa parcela por terem sido privadas da educação. A pequena parte restante dos jovens até tem relação com a escola, uma relação ora mentirosa, ora deturpada. Mentirosa porque na maior parte das escolas públicas, e nesse âmbito as escolas públicas brasileiras são exemplos perfeitos, um papel é interpretado com maestria: o do professor que finge ensinar. E sendo ele um bom e barato ator, o aluno nem precisa fingir, fica com o verdadeiro papel de não aprender. A educação deturpada sobra à parte que pode pagar pelas fórmulas e datas, ou seja, pela educação que transformará suas vidas concedendo-lhes o privilégio de calcular volume de esferas e cilindros. Não se escutam mais gritos de jovens nas ruas de hoje. Não porque o contexto social não os convoque; ele o faz. Mas os jovens não podem escutar porque estão trabalhando, não entendem porque estão nas escolas públicas e não compreendem porque o volume da esfera limita. Instruções do ENEM para uma boa redação A proposta de redação no Enem pede um texto simples, direto e com opiniões baseadas em argumentos sólidos. Evidentemente, uma maior aproximação do tema se daria com os conceitos desenvolvidos em aulas de geografia, história, sociologia, física e química. A melhor síntese para o que é uma dissertação talvez seja: A defesa de um ponto de vista sustentada por uma argumentação convincente. TEXTOS DE APOIO Os textos apresentados pelas provas de redação geralmente são de grande ajuda na elaboração de argumentos, já que anunciam importantes reflexões sobre o tema e promovem supostos questionamentos, necessários para exploração textual a ser realizada pelo aluno. 1. Autonomia O texto deve ser compreendido pelo leitor, mesmo que ele não tenha tomado contato com a proposta da prova. É muito importante apresentar o tema proposto logo no início da redação. 2. Respeito à Norma Culta O aluno deve respeitar a norma culta da língua portuguesa. Portanto, nada de gírias ou qualquer tipo de coloquialismo. É preciso escrever em prosa e seguir a regularidade da sintaxe. Isso quer dizer que em nenhuma hipótese a elaboração de um poema será aceita. Deixe a produção de versos para outra oportunidade. Além de observar com rigor o padrão culto da língua, o vocabulário deve estar adequado ao tema. Isso não quer dizer que se devam utilizar palavras complicadas ou do “fundo do baú”. O melhor texto é o que se vale de palavras que evidenciam o tema e as ideias de quem escreve o texto. Preferir palavras de uso corrente dentro do ambiente escolar. 3. Boa argumentação A argumentação é parte vital de uma dissertação e deve ser construída a partir de conceitos e dados técnicos, adquiridos durante os estudos regulares das mais variadas disciplinas e por intermédio, também, da leitura regular de jornais e revistas sérios. A força da opinião deve estar nos argumentos. Legibilidade • A letra legível, na condição de avaliação, pode ser responsável por uma leitura tranquila e por uma avaliação justa, ao passo que a “ilegibilidade” pode gerar uma leitura tensa, desagradável. • É melhor caprichar para não correr riscos desnecessários. Evitar generalizações • Expressões como “desde os primórdios”, “desde sempre”, “a sociedade mundial”, “por todos os lugares do mundo” são inadequadas para um texto que precisa desenvolver uma opinião critica sobre determinado tema, dentro de uma única página. • É muito importante apresentar dados de época e de espaço social delimitados, do modo mais preciso possível, associando-os a um fato histórico de relevância que seja condizente com o tema: “Na segunda metade do século XVIII, a partir da Revolução Francesa...”, “desde a Revolução Industrial...”, “A agitação cultural promovida pelas chamadas vanguardas européias, no início do século XX..?’, “Após a 2a Guerra Mundial, na década de 40...”. • Além de determinar, objetivamente, de quando e de que sociedade se vai falar, esse recurso é uma oportunidade para demonstrar conhecimento. Evite as “expressões absolutistas”. Citação de autoridade • Logo após a leitura da proposta de redação, o mais indicado é preparar uma lista de repertório: • 1. O que sabemos sobre o assunto da prova? • 2. Quais conceitos estão mencionados ou podem ser associados ao tema? • 3. Quais argumentos podem confirmar a nossa opinião e a nossa tese? • 4. Que dados possuímos sobre o tema ou que leituras garantem as ideias que podemos desenvolver ao longo da dissertação? • 5. Citar um nome expressivo e respeitado no meio acadêmico costuma enriquecer a argumentação. Por outro lado, a citação frágil pode prejudicar a qualidade opinativa. Fluência no texto • Ao contrário do que muitos pensam, simplicidade é a chave para o bom desempenho na prova de redação. O candidato deve evitar períodos muito longos ou uso de vocabulário “requintadíssimo”. • Escrever de forma simples é o caminho certo para quem tem poucas linhas para expressar a sua opinião individual sobre um tema da atualidade. RECOMENDAÇÕES Neste ano, em que o Enem está passando por transformações radicais, fique atento às notícias. Mantenha-se atualizado em relação às eventuais novidades do exame e boa prova! Atualidades GRIPE SUÍNA Atualidades gripe suína Doença respiratória causada pelo vírus influenza A chamado de H1N1 TRANSMISSÃO Diagnóstico coleta Pessoa para pessoa Através de amostra respiratória nos 4 ou 5 primeiros dias da doença quando a pessoa infectada espalha o vírus Gripe Suína nos 4 ou 5 primeiros dias da doença Contaminação Pessoa para pessoa quando a pessoa infectada espalha o vírus Gripe Suína Tamiflu Reduzem a gravidade e a duração da infecção Tratamento Relenza CDC (Centros de Controle de Doenças dos Estados Unidos). Por Laura MacInnis GENEBRA (Reuters) 27.9.2009 O H1N1 é "um vírus de extremos" que tende a causar muito mais mortes nos países pobres do que nos ricos, afirmou a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, nesta terça-feira. ( 15/09) Chan afirmou que o vírus da gripe pandêmica causa sintomas leves na maior parte dos pacientes e a grande maioria deles se recupera por completo dentro de uma semana e sem tratamento médico. Mas ela advertiu que o pequeno subgrupo de pacientes que desenvolve doença grave com a cepa da "gripe suína" precisa de cuidado intensivo e muito especializado para sobreviver à infecção. Grávidas, diabéticos e pessoas com o sistema imune debilitado são os mais vulneráveis à infecção severa provocada pelo H1N1, que foi descoberto na América do Norte em abril e declarado pandemia global em junho. O mesmo vírus que causa um transtorno controlável nos países ricos quase certamente terá um impacto devastador em países com pouquíssimas equipes e instalações de saúde, sem suprimentos regulares de medicamentos essenciais, pequena capacidade de diagnóstico e laboratorial e vastas populações sem acesso a água limpa e saneamento básico", disse ela. A OMS estimou que 2 bilhões de pessoas deverão pegar a nova gripe e os governos em todo o mundo se esforçam para garantir o acesso às vacinas em desenvolvimento por laboratórios farmacêuticos como Novartis, GlaxoSmithKline, Sanofi-Aventis e Solvay. Caos Econômico Míriam Leitão 28/08/09 • No dia 10 do mês que vem, o Brasil terá a confirmação oficial de que saiu da recessão. O IBGE vai dizer que o PIB do segundo trimestre teve uma taxa positiva em relação ao primeiro trimestre. Mas em relação a 2008 haverá queda. Ficaremos com um pé no crescimento e outro na retração. O pior ficou para trás, mas estragos foram feitos. Hora mista de ânimo e cautela. • Não foi um passeio. Não tem sido. O país perdeu mais de quatro pontos percentuais de crescimento com a crise, levando em conta o que se esperava de alta do PIB antes de setembro de 2008. Em economia, é perda aquilo que se deixou de ganhar. Antes da crise, o Boletim Focus projetava expansão em torno de 4% para 2009. Hoje, estima retração de 0,3%. A indústria foi a nocaute. A previsão era de crescer mais de 5% em 2009, agora a previsão é de queda de mais de 7%. Conversamos com os setores. Eles enxergam dúvidas e incertezas. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) está preocupada com as exportações de soja e minério de ferro. Toda a safra de soja já foi exportada; e a China dá sinais de que está novamente com estoques elevados de minério. Isso significa exportar menos. As importações estão em alta. A média diária em agosto subiu de US$ 468 milhões, na primeira semana, para US$ 502 milhões, na segunda, chegando a US$ 544, na terceira. — A liquidação de produtos continua mundo afora e nossa moeda voltou a se valorizar, facilitando a importação e dificultando a exportação. O medo é que aconteça substituição de produtos manufaturados brasileiros por importados, com impactos no nosso nível de atividade e reflexos também no mercado de trabalho — disse o presidente da AEB, José Augusto de Castro. Ele estima que desde o pior momento da crise a demanda externa tenha se recuperado cerca de 20% a 30%. A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) prevê retração de 2% no faturamento anual, mas admite que pensa em rever para pior a taxa. No primeiro semestre, a queda foi de 13%, na comparação com 2008. Todos os segmentos do setor apresentaram quedas, que variaram de -3% a -29%. Cerca de 7 mil empregos foram perdidos e no melhor cenário esse número deve se manter até o final do ano. De acordo com o presidente da Abinee, Humberto Barbato, a imprevisibilidade continua: Na pesquisa com nossos empresários, de janeiro a fevereiro o ritmo de negócios estava abaixo do esperado para 59%. Em março, foi para 51%, sinalizando melhora. Mas entre abril e maio voltou a subir para 59%, caindo para 49%, em junho. O crédito externo, que antes de setembro era 20% dos financiamentos, continua com as torneiras praticamente fechadas e só responde por 3% dos recursos. O setor vem se mantendo com créditos do setor público. O setor siderúrgico respira aliviado após o colapso do final do ano. De acordo com o vice-presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), antigo IBS, Marco Polo Lopes, dos 119 altos-fornos do mundo, nada menos que 73 foram paralisados. Desses, 36 voltaram a funcionar. Aqui no Brasil, 8 dos 14 pararam. Dois continuam fora de atividade. O setor externo, que responde por 40% do nosso consumo, continua uma incógnita. Os preços caíram muito mas já recuperaram um pouco nos últimos 45 dias por conta da melhora no nível dos estoques. Devemos fechar o ano em linha com o resto do mundo: com queda de 22% no consumo interno — disse Marco Polo. A indústria têxtil acumula 10,98% de queda na produção até junho, comparada com igual período de 2008. O setor de vestuário também apresenta forte queda de 13,61%. A utilização da capacidade instalada foi a mais baixa para um mês de junho de 2005 para cá. — Julho foi um mês atípico, com criação de 5 mil postos. Isso fez com que o saldo deste ano saísse de -4,5 mil para cerca de 500 postos criados. Mas não esperamos manter esse ritmo até o final do ano — explicou Fernando Pimentel, presidente da Abit. Tecnicamente, a recessão está no fim, mas ainda é difícil calcular os estragos e os custos da crise.