Anatomia Cirúrgica do Fígado, Pâncreas e Vias Biliares Clínica Cirúrgica Caroline Del Castanhel Laís Fernanda Bozza Lucas Henrique Vieira Lucas Vatanabe Pazinato Marília Porto Bonow Sheila Liebl FÍGADO Maior glândula do organismo 1.200-1.500 g 12 a 15 cm no plano coronal 15 a 20 cm no plano transversal 5º espaço intercostal e margem costal direita Adulto: 1,8% a 3% do peso corporal total Criança: 5% do peso O ligamento hepatoduodenal recobre: artéria hepática, veia porta, ducto biliar, vasos linfáticos e nervos no hilo hepático. HILO HEPÁTICO DUCTO BILIAR À DIREITA ARTÉRIA HEPÁTICA À ESQUERDA VEIA PORTA POSTERIORMENTE Lobos anatômicos A fissura lobar principal divide o fígado em 2 lobos -> D e E Essa fissura corresponde a uma linha que vai desde a veia cava até a fossa vesicular e não coincide com a linha habitualmente descrita nos livros de anatomia, onde sua posição é dita coincidir com o ligamento falciforme. A fissura interlobar e a fissura intersegmentar E são as únicas referências anatômicas durante as ressecções hepáticas Irrigação sanguínea 1.500ml de sangue/min (30% do débito cardíaco) suprimento sanguíneo duplo ->Veia porta (70%) e artéria hepática (30%) Veia porta – Sangue rico em nutrientes – Formada pela confluência das veias esplênica e mesentérica superior – Os territórios de irrigação dos ramos D e E da veia porta são independentes entre si e cada um de seus ramos irriga um território próprio – * irrigação de outras veias da circulação esplâncnica ->Sistema venoso parabiliar de Couinaud (veias pancreatoduodenal e piloroduodenal) – Anomalias são raras Artéria hepática – Segundo maior ramo do tronco celíaco – Inicialmente, artéria hepática comum até o ponto onde dará o ramo gastroduodenal, passando a ser artéria hepática própria. – Cursa com a porção superior do pâncreas para a direita – A subdivisão da a hepática, em ramo D e E, descrita em livros básicos de anatomia é encontrada em apenas 55% dos indivíduos – É importante um estudo arteriográfico pré-operatório, pois ramificações da das artérias hepáticas acessórias D ou E podem ser encontrados como ramos da AMS e da a gástrica E VEIAS HEPÁTICAS – Drenagem p/ a circulação sistêmica: veias hepáticas: direita, média e esquerda – A veia hepática D é a maior delas e em muitos casos ela não constitui um tronco único, mas sim um feixe de veias de calibre aproximadamente igual – Maioria dos casos, veias esquerda e média se unem antes de entrar na veia cava, enquanto a direita tem conexão direta – Cada ramo da v hepática que se localiza entre 2 segmentos portais drena sempre para os 2 segmentos adjacentes – Na cirurgia hepática referências às ramificações portais, arteriais e ductais devem ser obrigatoriamente complementadas com considerações acerca das veias hepáticas Segmentação funcional Linha de Cantlie - passa da fossa da vesícula biliar até a veia cava inferior – Divisão coincide com a divisão dos ramos direito e esquerda da veia porta. Lobos direito e esquerdo são divididos em 4 segmentos menores Fígado direito é dividido verticalmente e horizontalmente em 4 partes iguais (segmentos V - VIII) Lobo esquerdo é dividido em anterior e posterior (segmento II e III) O segmento IV se localiza entre o lobo caudado (segmento I) e a porção entre o ligamento falciforme e a linha de Cantlie. A numeração dos segmento inicia-se no lobo caudado (segmento I) e segue no sentido horário até o segmento VIII. VIAS BILIARES Ducto hepático esquerdo – drena segmentos 2, 3 e 4. – 2 – 5cm Ducto hepático direito – Drena segmentos 5 + 6 (ducto posterior D) e 7 + 8 (ducto anterior D) – Confluência extra-hepática (68%) – Curto (1cm) e vertical – Pode estar ausente em 12% -> ductos anterior e posterior confluem no Esquerdo. Segmento 1 é drenado pelos 2 ductos. Ducto colédoco: – Distal a desembocadura do ducto cístico -> variável – 8cm – 3 partes: supraduodenal, retroduodenal e intrapancreática. – Une-se ao ducto pancreático principal -> ampôla de Vater Triângulo de Calot: ducto hepático comum + face inferior do lobo D do fígado + ducto cístico VESÍCULA BILIAR Aproximadamente 7cm 30 – 50mL 9a cartilagem costal Fundo, corpo, infundíbulo e colo Bolsa de Hartmann: divertículo no infundíbulo. Pode ter relação com colelitíase Prega espiral: presentes no ducto cístico VESÍCULA BILIAR Vascularização: – Artéria cística: ramo da hepática direita (80%). Cruza ducto hepático comum posteriormente (84%) Drenagem venosa: – Parênquima hepático Drenagem linfática – Linfonodos hepáticos ANATOMIA CIRÚRGICA DO PÂNCREAS Órgão retroperitoneal. Estende-se do duodeno ao hilo do baço. Contato posteriormente com a veia cava, a veia e a artéria renais direitas. Relação íntima: Veia porta, o processo uncinado se insinua por trás da mesma. Contato com: Aorta, veia renal esquerda, o rim e supra-renais esquerdas. Face anterior está em contato com o mesocólon e o estômago. Veia esplênica caminha junto com a artéria esplênica na face posterior do órgão. Pode ser dividido em cinco porções: cabeça, colo, processo uncidado, corpo e cauda. Vascularização Derivada do tronco celíaco e artéria mesentérica superior. Cabeça do pâncreas e do duodeno estão intimamente unidas através da sua vascularização. Duas arcadas vasculares fundamentais irrigam o duodeno e o pâncreas. Arcada anterior Arcada posterior Devemos estar atentos a anatomia normal durante uma cirurgia mas sempre tendo em mente que podem ocorrer variações anatômicas. Distribuição arterial e drenagem venosa do pâncreas Vascularização Artéria pancreática dorsal ou superior pode nascer do tronco celíaco ou de seus ramos principais. Pode-se praticar uma pancreatectomia subtotal e ligar as artérias pancreatoduodenais superiores ou inferiores sem que produza isquemia duodenal. A secção de ambas as pancreatoduodenais superiores conduz a necrose duodenal. Artéria hepática é ramo da artéria mesentérica superior e passa pela face posterior do pâncreas, podendo ser inadvertidamente ligada durante a duodenopancreatectomia subtotal pode conduzir a isquemia duodenal. Vascularização Não há ramos venosos e arteriais na face anterior da veia porta e artéria mesentérica superior, respectivamente, o que possibilita a dissecção do colo da glândula, neste nível, com relativa facilidade. A artéria hepática durante a duodenopancreatectomia deve ser cuidadosamente identificada e isolada, pois, em algumas situações, tal vaso passa através do parênquima pancreático, sendo facilmente lesada em tais circunstancias. Tipos de vascularização do pâncreas Drenagem linfática Diversos linfonodos pâncreas. grupos drenam de o Grupos: Celíaco, suprapancreático, subpilórico, subepático, mesentérico superior, aórtico e esplênico. Estes nodos devem ser excisados durante a cirurgia de ressecção pancreática para tratamento de neoplasias malignas. Inervação Nervos autônomos. Se originam do plexo celíaco e mesentérico superior. Importância no tratamento da dor pancreática crônica. Nervos simpáticos Vasomotores. Fibras aferentes de sensibilidade dolorosa. Plexo celíaco situa-se anteriormente a aorta no nível da primeira vértebra lombar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APARELHO digestivo: clínica e cirurgia. Júlio Cezar Uili Coelho. 3. ed. São Paulo: Atheneu, c2005. 2v., il. col. (Gastrenterologia e hepatologia). Inclui bibliografia e índice. ISBN 8573797096 (enc.) Surgical anatomy of the biliary tract. Denis Castaing HPB: The official journal of the International Hepato Pancreato Biliary Association, 1477-2574. TÉCNICA cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da cirurgia. Fábio Schmidt Goffi, Erasmo Magalhães de Castro Tolosa. 4. ed. São Paulo: Atheneu, c2004. 822 p., il. (Clínica cirúrgica e cirurgia geral). Inclui bibliografia e índice. ISBN 8573794615 (enc.).