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INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS
HEMOGASOMÉTRICOS NO PROGNÓSTICO DE
EQUINOS COM ABDÔMEN AGUDO
1
L.F.O. ;
1
F.A. ;
²
J.V.F. Teixeira
Molás, R.B.³.; Rajão, M. D¹; Varanda,
Fonseca,
Sales,
Lima, E.M.M.4; Borges, J.R.J.4; Ximenes, F.H.B.4; Godoy, R. F. 4
Neto,
4
A.R. ;
1- Médico Veterinário Residente HVET-UnB; 2- Graduando em Medicina Veterinária pela UnB 3- Médico Veterinário 4- Professor
FAV-UnB; e-mail: [email protected]
Materiais e Métodos
Introdução
A síndrome cólica é uma das principais doenças dos equinos,
colocando em risco a vida do paciente quando não se institui
rapidamente um tratamento adequado (COSTA et al., 2008). Nesta,
quase sempre os mecanismos de homeostasia se alteram, provocando
distúrbios ácido-básicos (COSTA et al, 2008). A hemogasometria é o
método mais adequado para detecção dessas alterações e, apesar de
não definir um diagnóstico, algumas enfermidades podem ser
caracterizadas por tendências em seus parâmetros, o que permite ao
médico veterinário instituir uma terapêutica adequada (RIBEIRO FILHO
et al., 2007; COSTA et al., 2008).
Foi realizado um estudo com o objetivo de avaliar as tendências de
parâmetros hemogasométricos em equinos com abdômen agudo,
durante a evolução do quadro clínico desta enfermidade, com a
finalidade de obter dados que permitam prever o prognóstico e auxiliar a
elaboração de protocolos de tratamento direcionados para aquelas
variações paramétricas não mensuráveis sem a utilização da técnica de
hemogasometria.
Foram utilizados 16 equinos, 11 machos e 5 fêmeas, de diferentes raças e
idades com síndrome cólica, encaminhados ao Hospital Escola de Grandes
Animais da Granja do Torto - UNB / SEAPA-DF (HVET-UnB) para atendimento
clínico e/ou cirúrgico. Amostras diárias de sangue venoso para a realização de
hemogasometria foram coletadas no momento em que os animais chegavam ao
HVET-UnB e nos dias seguintes, durante a terapia instituída até o desfecho do
caso. Dessa forma, foram analisadas 69 hemogasometrias dos 16 equinos
acompanhados. As amostras de sangue venoso foram coletadas
anaerobicamente por punção da veia jugular com seringas especiais para
hemogasometria (BD Preset, Becton Dickinson, Plymouth, Reino Unido), sendo
analisadas imediatamente em aparelho de análise de gases e eletrólitos
sanguíneos modelo COBAS B 121, Roche (Mannheim, Alemanha).
Após as coletas, os seguintes parâmetros foram comparados com os
valores de referência descritos por Thomassian (2005): potencial hidrogeniônico
(pH), pressão parcial de oxigênio (pO2), pressão parcial de dióxido de carbono
(pCO2), concentração de bicarbonato (cHCO-3), concentração total de dióxido de
carbono (ctCO2), excesso de base (BE), ânion gap (AG) e osmolalidade (Osm).
Esses parâmetros foram tabulados e apresentados em gráficos para
acompanhamento de sua evolução, avaliando a correlação entre sobrevivência
ou óbito e o parâmetro.
Resultados e Discussão
50,00
Dos animais avaliados, nove sobreviveram e sete vieram a óbito. No
presente estudo observou-se a compensação em caso de acidose
metabólica moderada, visto que a queda da pCO2 pode ser suficiente para
normalizar o pH, pois a acidose metabólica caracteriza-se pelo excesso
relativo de ácidos fixos (íons H+), queda primária da concentração de
bicarbonato (HCO3-), e redução secundária da pCO2 (resposta
compensatória do organismo). Neste caso o pH se manteve dentro dos
valores de referencia e a pCO2 e a cHCO3- apresentaram tendência de
redução. Contudo, nos equinos que vieram a óbito os valores desses
parâmetros (pH, pCO2 e cHCO3- ) permaneceram abaixo dos valores de
referência, evidenciando acidose metabólica mais intensa, devido ao
consumo excessivo de bicarbonato para tamponar os íons H+ da acidose
metabólica. Dos 16 equinos analisados, todos apresentaram ânion gap
(AG) aumentado em algum momento, sendo que a maioria deles manteve,
durante a internação, os valores acima do normal para a espécie. No
entanto, os animais em que o AG apresentava tendência a diminuir, mesmo
que esse ainda se apresentasse acima dos valores de referência, se
recuperaram. Já aqueles em que esse parâmetro apresentava tendência a
aumentar ou se mantinha elevado por dias, não resistiram. Esse resultado
se deve ao aumento de lactato e íons H+ ocasionado pelo metabolismo
anaeróbico (glicólise) em consequência da hipóxia intestinal, que leva a
uma diminuição no pH levando a uma acidose lática. No estudo realizado
não foi possível estabelecer tendências e correlações da pO2 no
prognóstico do equino com síndrome cólica, pois esse parâmetro
apresentou grande variação na evolução do quadro clínico de um mesmo
animal e entre diferentes eqüinos. A Osm apresentou-se, em média, dentro
dos valores de referência tanto nos equinos que sobreviveram como
naqueles que vieram a óbito, possivelmente este achado esta
correlacionado com a fluidoterapia de suporte.
45,00
40,00
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
-5,00
-10,00
Dia 1
Dia 2
pO2
Dia 3
Dia 4
pCO2
Dia 5
pH
cHCO3
Dia 6
ctCO2
Dia 7
Dia 8
BE
AG
Figura 1: Tendência das médias dos parâmetros hemogasométricos em
equinos que sobreviveram.
50,00
45,00
40,00
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
-5,00
-10,00
Dia 1
Dia 2
Dia 3
Dia 4
Dia 5
Dia 6
Tempo (dias)
pO2
pCO2
pH
cHCO3
ctCO2
BE
AG
Figura 2: Tendência das médias dos parâmetros hemogasométricos em
equinos que vieram a óbito ou foram eutanasiados.
Conclusão
Os resultados deste estudo sugerem que em equinos com abdômen agudo nos quais houveram tendência de diminuição na pCO2, cHCO3- e
ctCO2 e de aumento persistente nos valores do AG apresentaram prognóstico desfavorável. A hemogasometria mostrou-se relevante para a avaliação dos
desequilíbrios ácido-base de equinos com síndrome cólica, sendo uma boa ferramenta para a correção dos desequilíbrios ácido-básicos e determinação
do prognóstico.
Brasília/2010
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