Trabalho

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ANÁLISE HISTOLÓGICA DO INTESTINO
DELGADO DA TILÁPIA DO NILO
(Oreochromis niloticus)
Janaina Kelli Gomes Arandas1, Maria do Carmo Mohaupt Marque Ludke2, Elton Lima Santos3, Xélen Faria
Wambach4, Maria Juliana Gomes Arandas5, Tetty Cavalcanti Xavier6, Misleni Ricarte de Lima 7, Michele
Bernardino de Lima8

Introdução
A tilápia é a segunda espécie de peixe cultivada em
água doce de maior importância na aqüicultura mundial
[1]. Com boa aceitação no mercado consumidor,
destacando-se em cultivos, por apresentar crescimento
rápido, rusticidade, carne de ótima qualidade, e por não
apresentarem espinhos na forma de “Y” no seu filé [2],
é apropriada para a filetagem, tornando uma espécie de
grande interesse para a piscicultura [3].
Nos peixes teleósteos, o canal alimentar, apesar de
ser considerado mais simples que os demais
vertebrados superiores, realiza com êxito várias
funções. O intestino é um tubo relativamente simples,
iniciando na válvula pilórica e terminando no reto, não
sendo separado em delgado e grosso, como nos
mamíferos. Nos peixes, além da função de digestão e
absorção, o intestino pode desempenhar outras funções,
como auxiliar na osmorregulação ou na respiração. Há
uma ampla variedade de estruturas especializadas
encontradas no intestino de diferentes espécies de
peixes. Um dos principais requisitos para o bom
desenvolvimento da
piscicultura é o conhecimento
adequado da biologia da espécie utilizada no cultivo
[4].
O conhecimento histológico do sistema digestório
dos peixes tem extrema importância na elaboração de
dietas que atendam as exigências nutricionais dos
peixes, pois as modificações no sistema digestório
estão relacionadas com o hábito alimentar dos mesmos.
Tendo em vista as poucas informações disponíveis
na literatura pertinente ao assunto ora abordado e,
ainda, considerando que são poucos os critérios
utilizados para distinguir, com maior precisão a análise
histológica do sistema digestório de Oreochromis
niloticus. Este trabalho visa à caracterização
histológica do intestino delgado da tilápia do Nilo
(Oreochromis niloticus).
Material e métodos
Foram utilizados trinta animais da espécie
(Oreochromis niloticus) para análise histológica
experimental. Os espécimes utilizados são provenientes
do projeto de pesquisa de Pós Graduação em Zootecnia
da Universidade Federal Rural de Pernambuco
(UFRPE), intitulado: Avaliação de aditivos promotores
de crescimento em dietas para tilápia do Nilo
(Oreochromis niloticus). Os animais foram mantidos
em aquários experimentais e alimentados com ração
padrão durante um período de quarenta e cinco dias.
Sendo os mesmos sacrificados ao término do
experimento por choque térmico. Após o abate foi
retirado um fragmento de 3 cm da porção proximal do
intestino delgado.

Análise Histológica
Os intestinos foram removidos e fixados em NBF
(formalina a 10% neutra tamponada) e conservados no
álcool a 70% e glicerinado a 5%. Posteriormente foi
processado no Laboratório de Citotecnologia e
Histotecnologia do departamento de Farmácia –
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),
seguindo a técnica histológica de rotina [5]. Após
fixação, procedeu-se à lavagem em álcool 70º GL para
desidratação em série alcoólica crescente, diafanização
em série de xilóis, inclusão em parafina.
________________
1. Graduanda em zootecnia, bolsista do Programa de Educação Tutorial, Universidade Federal de Rural Pernambuco, Rua Dom Manuel de Medeiros
s/n-Dois irmãos. Recife-Pe. E-mail: [email protected]
2. Orientadora, Professora Adjunta, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manuel de Medeiros s/n-Dois irmãos. Recife-Pe.
3. Doutorando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia/Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manoel de Medeiros, S/N, Dois
Irmãos; 52171- 900, Recife (PE).
4. Graduanda em zootecnia, bolsista do Programa de Educação Tutorial, Universidade Federal de Rural Pernambuco, Rua Dom Manuel de Medeiros
s/n-Dois irmãos. Recife-Pe.
5. Graduanda em Ciências Biológicas – Bolsista PIBIC/CNPq/UFPE, Universidade Federal de Pernambuco. Rua do Alto do Reservatório, s/n - Bela
Vista - Vitória de Santo Antão
6. Graduanda em zootecnia, bolsista do Programa de Educação Tutorial, Universidade Federal de Rural Pernambuco, Rua Dom Manuel de Medeiros
s/n-Dois irmãos. Recife-Pe.
7. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Zootecnia/Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manoel de Medeiros, S/N, Dois
Irmãos; 52171- 900, Recife (PE).
8. Aluna da graduação em Zootecnia - Bolsista PIBIC/CNPq/UFRPE, R. Dom Manoel de Medeiros, S/N, Dois Irmãos; 52171-900 Recife (PE
Os blocos obtidos foram cortados com 5m de
espessura e em seguida corados por hematoxilina e
eosina. As lâminas obtidas foram analisadas através da
microscopia de luz binocular Olympus CBA. A leitura
foi feita em magnitude de 40, 100 e 400 vezes (x).
Resultados e Discussão
As análises histológicas do intestino delgado de
todos os peixes deste experimento apresentaram
aparência normal não apresentando anomalias
provenientes de patologias. Segundo [6] a mucosa
intestinal é considerada de grande importância nos
processos digestivos, absortivo e metabólico em peixes
teleósteos. A histologia da tilápia do Nilo é semelhante
às estruturas intestinais dos animais mamíferos. Nas
figuras IA e IB observa-se que a histologia do intestino
delgado é composta por uma camada mucosa,
constituída por epitélio cilíndrico simples, chamados de
células absortivas ou enterócitos, com borda em
escova, os enterócitos não apresentaram nenhuma
alteração morfológica, mostrando- se bem preservados.
Por toda a porção proximal do intestino delgado foi
observado uma maior distribuição de enterócitos,
porém não foi notado invaginações destas células
semelhantes á criptas. Sugerindo que os enterócitos se
proliferam nas bases dos vilos não em forma de
invaginações. Os peixes não apresentam criptas como
os vertebrados e a função da proliferação celular do
epitélio do vilo é realizada por células indiferenciadas
na base do vilo que realizam inúmeras mitoses para
formação de novas células [7].
Os resultados encontrados coincidem com estudos
feitos em diferentes espécies de peixes como
Steindachnerina notonota e Notothenia rossii
richardson descritos na literatura [8,9]. Na figura IC e
ID observam-se lâmina própria com o tecido
conjuntivo apresentando um aspecto frouxo, uma
muscular da mucosa bastante tênue e discreta
submucosa. Foi observada uma camada muscular bem
desenvolvida. Na Figura IE e IF observam-se a camada
serosa composta por epitélio simples pavimentoso com
células poucos visíveis nos cortes visualizados em HE.
O intestino delgado nos animais vertebrados apresenta
características histológicas que enfatiza a ação
absortiva de nutrientes, assim como foi observado
nesse estudo com tilápia do Nilo. Por ter um hábito
alimentar onívoro a tilápia do Nilo possui um intestino
delgado longo em comparação ao tamanho do seu
corpo o que também vem favorecer o papel absortivo
de nutrientes para essa espécie. Alem disso, o intestino
delgado dessa espécie possui dobras semelhantes às
dobras encontrados em mamíferos, essas dobras
aumentam a área de superfície e ajuda a misturar os
alimentos com os sucos gástricos e pancreáticos [10].
As adaptações do sistema digestivo ocorrem
geralmente com os hábitos alimentares dos animais,
sendo a tilápia do Nilo a espécie de peixe de maior
importância comercial no Brasil e com um promissor
mercado na região Nordeste o conhecimento
histológico intestinal desses animais auxiliam no
suporte as pesquisas relacionadas à alimentação.
Dessa forma o presente estudo caracteriza a tilápia
do Nilo com uma histologia intestinal semelhante à
maioria das espécies peixes, um animal com grande
capacidade absortiva de nutrientes que proporciona a
utilização dos mais diversos alimentos na ração.
Agradecimentos
Agradeço a minha família pelo grande apoio, a
Universidade Federal Rural de Pernambuco e a
Universidade
Federal
de
Pernambuco
pela
oportunidade e a todos que em conjunto me auxiliaram
em especial a Waleska de Melo Costa (in memória).
Referências
[1] ALCESTE, C.; JORY, D.E. Análisis de las tendencias actuales
en la comercialización de tilapia en los Estados Unidos de
Norteamérica y la Unión Europea. In: Congresso Sulamericano de Aqüicultura, 1., 1998, Recife. Anais... Recife:
Simpósio Brasileiro de Aqüicultura, 1998. p. 349-364.
[2] HILDSORF, A. W. S. Genética e cultivo de tilápias vermelhas,
uma revisão. Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, v. 22, n.
1, p. 73-78, 1995.
[3] BOSCOLO, W. R.; HAYASHI, C.; MEURER, F.
Digestibilidade Aparente da Energia e Nutrientes de Alimentos
Convencionais e Alternativos para a Tilápia do Nilo
(Oreochromis niloticus, L.). Revista Brasileira de Zootecnia,
Viçosa, v. 13, n. 2, p. 539-545, 2002.
[4] SILVEIRA, U.S; LOGATO, P.V. R; PONTES, E.C.; Fatores
estressantes em peixes. Revista Eletrônica Nutritime, v.6, n° 4,
p.1001 – 1017 Julho/Agosto, 2009.
[5] BEHMER, O. A.; TOLOSA, E. M. C.; NETO, A. G. F. 1976.
Manual de Técnicas para Histologia Normal e Patológica. 1ª
ed. São Paulo: EDART – Ed. da Universidade de São Paulo.
[6] KUPERMAN, B. I. ; V. V The ultrastructure of the intestinal
ephitelium in fishes with different types of feeding J. Fish
Biol.; Lodon , v. 44 n. 2, p . 181 -193 1994.
[7] JOBLING, M. Environmental Biology of fishes. Fish and
Fisheries Series 16. 1995 455p.
[8] SILVA, N.B.; GURGEL, H.C.B.; SANTANA, M.C.;
Histologia Do Sistema Digestório De Sagüiru, Steindachnerina
notonota (Miranda Ribeiro, 1937) (Pisces, Curimatidae),Do
Rio Ceará Mirim, Rio Grande Do Norte, Brasil B. Inst. Pesca,
São Paulo, 31(1): 1 - 8, 2005.
[9] CARDOSO, W. E. Morfologia e ultraestrutura do intestino do
peixe antártico notothenia rossii richardson, 1844 e sua relação
com o hábito alimentar curitiba 2005
[10] GRAU, A, S. CRESPO. M. C. SARASQUETE, AND M. L.
GONZALES DE CANALES, 1992: The digestive tract of the
amberjack Srriokr dirnirri[i, Risso: a light and scanning
clcctron microscopc study. J. Fish Bid. 41, 287- 303.
Figura 1. Fotomicrografias do intestino delgado de tilápia do Nilo. Fig 1A e Fig. 1B são constituídas pela mucosa (MU), Fig. 1C
observa-se a submucosa (SM), Fig. 1D constitui a camada muscular(M). No detalhe da Fig, 1E e 1F observam-se a camada serosa(S).
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