Vanessa Silva Rodrigues

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – DCH CAMPUS IV – JACOBINA-BA
/COLEGIADO DE GEOGRAFIA CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA
VANESSA SILVA RODRIGUES
ROTEIRO PARA AULA DE CAMPO ENTRE TAQUARANDI E SANTA CRUZ DO
COQUEIRO, MIRANGABA-BA.
JACOBINA BA
2015
2
VANESSA SILVA RODRIGUES
ROTEIRO PARA DE AULA DE CAMPO ENTRE TAQUARANDI E SANTA CRUZ DO
COQUEIRO, MIRANGABA-BA.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
como requisito parcial para obtenção do titulo
de graduação Licenciatura Plena em
Geografia ao Departamento de Ciências
Humanas – DCH – Campus IV da
Universidade do Estado da Bahia – UNEB,
Orientador:
Fernandes
JACOBINA BA
2015
Me.
Paulo
César
Dávila
3
VANESSA SILVA RODRIGUES
ROTEIRO PARA AULA DE CAMPO ENTRE TAQUARANDI E SANTA CRUZ DO
COQUEIRO, MIRANGABA-BA
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de
Licenciado em Geografia e aprovado em sua forma final pela Banca de avaliação abaixo
do Curso de Licenciatura Plena em Geografia da Universidade do Estado da Bahia
(UNEB), Departamento de Ciências Humanas (DCH), Campus IV – Jacobina-Ba.
Jacobina-BA, ____ de __________________ 2015.
__________________________________________________
Prof. Me. Paulo César Dávila Fernandes (UNEB)
Orientador
__________________________________________________
Prof. Me. Edvaldo Hilário dos Santos (UNEB)
Avaliador Interno
__________________________________________________
Prof. Dr. Gustavo Barreto Franco (UNEB)
Avaliador Interno
4
DEDICATÓRIA
Ao meu pai Jose Carlos e minha
mãe Vanda.
5
Tua palavra é lâmpada para meus pés e
luz para meu caminho.
Salmos 119:105
6
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por me conceder a vida e por me dar sabedoria e força para
superar as dificuldades.
Aos meus pais José Carlos e Aurivanda, expresso minha gratidão e amor, que do
seu modo me deram todo apoio.
Aos meus irmãos Iara, Raquel, João Carlos e Sebastião, pois sempre que precisei
me estenderam a mão e estiveram sempre do meu lado.
A minha formação como profissional não poderia ter sido concretizada sem a ajuda
de minhas amáveis irmãs em Cristo Soraia, Suzana e Tita e claro a todos os outros que
me ajudaram com suas orações.
A Lucas e Margarete pelo cuidado, que no decorrer da caminhada,
proporcionaram-me, além de extenso carinho, os conhecimentos da integridade, da
perseverança e de procurar sempre em Deus à força maior para o meu desenvolvimento
como ser humano. Por essa razão, gostaria de dedicar e reconhecer a vocês, minha
imensa gratidão.
À UNEB - Universidade do Estado da Bahia, Campus IV, ao seu corpo docente,
direção e administração que oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte
maior.
Ao meu orientador Paulo César Dávila Fernandes externo aqui o meu carinho e
eterna gratidão por ter me apoiado nessa empreitada, pelo suporte, pelas suas correções
e incentivos.
Ao professor Raul Reis Amorim pela sua preciosa colaboração.
Um agradecimento especial aos meus queridos colegas da turma 2011.1, que
permaneceram sempre ao meu lado, nos bons e maus momentos.
A Cleonice e suas irmãs pela sua disposição em me ajudar quando precisei.
A Veronice e sua filha Daiane pela imensa ajuda prestada, me auxiliaram e
motivaram durante esse percurso.
A todos aqueles que direta ou indiretamente, contribuíram para esta imensa
felicidade que estou sentido nesse momento.
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RESUMO
O presente estudo consiste na elaboração de um roteiro para aula de campo para
professores de escolas locais e estudantes de geografia e de outros cursos na região de
Jacobina - Mirangaba, Bahia. Um transecto Leste-Oeste entre os povoados de
Taquarandi e Santa Cruz do Coqueiro, no município de Mirangaba, foi escolhido em
virtude de cortar a estrutura norte-sul, é fator predominante na configuração do relevo,
do clima, da hidrografia e hidrogeologia e vegetação, influenciando direta e indiretamente
as atividades antrópicas. O roteiro destina-se a contribuir com professores locais, por
expor componentes da geografia física e contrastes bióticos e antrópicos da paisagem,
aqui analisados segundo uma perspectiva geossistêmica. O transecto Taquarendi Santa Cruz do Coqueiro permite a identificação de diferentes unidades de paisagem: (i)
um região semiárida a oeste, compondo um planalto cárstico no domínio da caatinga,
onde predominam cambissolos, até pouco tempo ocupado por pecuária extensiva, no
qual a água subterrânea vem facilitando a fruticultura irrigada em grande escala; (ii) um
planalto granítico de conformação ondulada onde a vegetação transicional caatingafloresta estacional predomina em um clima subúmido - por causa do efeito de sombra de
chuva devido a Montanha vizinha de Jacobina - onde a principal atividade econômica é
a pecuária em áreas desmatadas e (iii) as “serras residuais” de Jacobina, onde as
montanhas quartzíticas até mil metros de altura produzem elevação orográfica e chuvas
regulares durante a maior parte do ano e na maioria dos anos. Na Serra, apesar dos
solos pobres, os córregos perenes permitem manter a agricultura de pequena escala,
baseada em pequenas propriedades que produzem principalmente frutas e mandioca por
comunidades com forte herança cultural Africano-brasileira. O transecto permite uma
visão clara dos contrastantes componentes físicos, bióticos e antrópicos de cada unidade
de paisagem, bem como as interações econômicas, sociais e ambientais com eles. Ela
pode ajudar professores e estudantes locais para entender a dinâmica das diferentes
paisagens locais e regionais e as restrições que impõem sobre as actividades
económicas humanas, e, como tal, pode cumprir as recomendações do PCN Parâmetros Nacionais para o ensino escolar, que sugerem que os alunos deveriam ser
capazes de reconhecer isso, a fim de exercer os seus direitos de cidadão
Palavras-chave: Aula de Campo.Geossistema. Ensino. Paisagem.
8
9
ABSTRACT
The present study consists of a field trip guide for local school teachers and students of
geography of the regions of Jacobina – Mirangaba, Bahia. An East-West transect
between the hamlets of Taquarandi and Santa Cruz do Coqueiro, in the township of
Mirangaba, has been chosen in account of its crosscutting the North-South geostructural
trend, which constraints the local/regional relief, climate, soils, vegetation, hydrology and
hydrogeology characteristics, besides most anthropic activity. It is intended to aid local
teachers of geography to expose the differing and contrasting physical, biotic and
anthropic components of the landscape in a geosystemic perspective. The transect
Taquarendi – Santa Cruz do Coqueiro allows the identification of differing landscape units:
(i) a semi-arid low-lying carstic plateau with cambisols and caatinga vegetation where
irrigation-aided (mostly with underground water) intensive fruit plantation is now the main
economic activity; (ii) the hilly granitic areas where dry forests predominate in a subhumid
climate – on account of the rain shadow effect due to the neighbouring Jacobina
Mountains - where the main economic activity is cattle raising in deforestated áreas and
(iii) the mountainous Serra de Jacobina- where quartzitic mountains up to a thousand
meters high produce orographic lifting and regular rains during most of the year and in
most years. In the Serra, in spite of the poor soils, the perennial streams allow keeping a
small-scale family – based agriculture in small estates which produce mostly fruit and
cassava by communities with strong African-Brazilian cultural heritage. The transect
allows a clear view of the contrasting physical, biotic and anthropic components of each
landscape unit as well as the economic, social and environmental interactions between
them. It may help local teachers and students to understand the dynamics of the differing
local and regional landscapes and the constraints they impose on human economic
activities, As such, it may fulfill the recommendations of the PCN – Brazilian National
Parameters- for school teaching, which suggest that students should be capable to
recognize this in order to exercise their citizen rights..
Keywords: Field Work, Geosystem, Teaching, Landscape
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1- Mapa de Localização do Município de Mirangaba-Ba..................................26
Figura 2 - Localização do Município de Mirangaba- Ba.................................................26
FIGURA 3 - Esboço Geológico do Município..................................................................28
FIGURA 4 - Domínio Hidrogeológico do Município.........................................................30
FIGURA 5 - Transecto dos respectivos pontos georreferenciado e estudados que inclui
Taquarandi e Santa Cruz região de Mirangaba-Ba.........................................................32
FIGURA 6 - Perfil Topográfico do Trajeto Estudado.......................................................33
FIGURA 7 - Nascente do rio Branco-Taquarandi-Mirangaba-Ba....................................34
FIGURA 8 - Gruta do povoado Volta da Serra ...............................................................35
FIGURA 9 - Gruta do povoado de Volta da Serra com pinturas rupestres.....................36
FIGURA 10 - Captação de água para irrigação..............................................................37
FIGURA 11 - Plantação de Banana na Margem do rio Branco.......................................38
FIGURA 12 - Vale fluvial na estrada de Taqurandi.........................................................40
FIGURA 13 - Fragmento de Ardósia encontrado na fazenda Mulungu..........................42
FIGURA 14 - Granito Mirangaba.....................................................................................44
FIGURA 15 - Matacões de Granito.................................................................................44
FIGURA 16 - Patamar elevado da Serra de Jacobina....................................................47
FIGURA 17 - Árvores inclinada devido atuação do vento...............................................49
FIGURA 18-19 - Vegetação de campo rupestre e floresta estacional............................50
LISTA DE QUADRO
QUADRO 1 - Pontos estudados e suas respectivas coordenadas..............................25
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LISTA DE SIGLAS
APP........................................................Área de Preservação Permanente
CPRM..................................Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
DCH ...................................................Departamento de Ciências Humanas
EMBRAPA...........................Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
GPS........................................................Sistema de Posicionamento Global
INEMA...................................Instituto do Meio Ambiente Recursos Hídricos
MEC..........................................................................Ministério da Educação
PCN........................................................Parâmetros Curriculares Nacionais
PCNEM ..................,...Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio
SEI......................Superintendência de Estudo Econômico Sociais da Bahia
TTG...........................................Tonalíticas-Trondhjemíticas-granodioríticas
UFF .........................................................Universidade Federal Fluminense
UNEB.......................................................Universidade do Estado da Bahia
UTM.........................................................Universal Transversa de Mercator
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................12
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................14
2.1 A Importância da Aula de Campo o Ensino de Geografia........................................14
2.2 Geossistema e o Estudo da Paisagem.....................................................................21
3 METODOLOGIA..........................................................................................................24
4 DISCUSSÃO E RESULTADO.....................................................................................26
4.1 Caracterização da Área de Estudo...........................................................................26
4.2 Roteiro de Aula de Campo: Taquarandi a Santa Cruz-Mirangaba-Ba......................31
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................52
REFERÊNCIAS...............................................................................................................55
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1 INTRODUÇÃO
Durante muito tempo o ensino de geografia foi tido como secundário, sem muita
relevância principalmente no contexto da educação básica. Por essa razão Tomita,
(2003) defende a importância de buscar e aperfeiçoar as metodologias que auxiliem na
prática, que às vezes é limitada apenas à informação e transmissão mecânica dos
conteúdos. O desafio de hoje é superar as expectativas através de práticas que
proponham uma aula mais eficiente e atraente.
Segundo Pinheiro (2004) o estudo da paisagem baseado nos fundamentos
geossistêmicos oferece informações sobre a dinâmica da natureza, e permite através
desta um estudo prático do espaço geográfico, promovendo uma interação natural entre
o potencial ecológico e a exploração biológica.
São inúmeras as tentativas de promover uma diversificação na metodologia; é
nesse contexto que se faz pertinente a aula de campo, que se apresenta como um
importante aparato metodológico para o ensino de geografa, contribuindo para o
estreitamento do ensino de geografia e realidade próxima do aluno.
O presente trabalho tem como objetivo geral elaborar um roteiro de aula de campo
entre Taquarandi e Santa Cruz do Coqueiro, com ênfase na geografia física local; e
específicos: realizar a análise da paisagem em Taquarandi e Santa Cruz do Coqueiro,
Mirangaba-Bahia, descrevendo os locais de interesse didático que pode ser trabalhados
com alunos do ensino fundamental médio e do Município; elaborar um perfil topográfico
representativo do relevo local; destacar a importância da aula de campo na aplicação
prática da teoria aprendida na escola, em conteúdos trabalhados em geografia, sobretudo
na geografia física.
Espera-se que este trabalho venha a contribuir para a educação básica do
município de Mirangaba, sendo mais um instrumento para o ensino da geografia, em
especial da geografia física, a fim de aperfeiçoar a visão crítica dos alunos com relação
ao ambiente que estão inseridos, promovendo o estudo integrado da paisagem. Esta
concepção se constituiu numa enorme contribuição para uma visão mais integrada dos
elementos naturais.
A importância deste trabalho reflete a necessidade de estimular os alunos em
especial, os do Ensino Fundamental e Médio, a desenvolver um pensar geográfico,
14
embasado na prática, que segundo Cavalcante (2012) possibilita aos alunos localizarem
e darem significado aos lugares e suas experiências sociais e culturais na diversidade
em que elas se realizam. É nesse momento que a escola incorpora o papel de estimular
os alunos a desenvolver suas habilidades, baseada em seus conhecimentos prévios,
ajudando-o, a formar um pensamento autônomo e crítico da realidade. A relevância do
mesmo se considerada indispensável no sentido de proporcionar a viabilização da aula
de campo, como um instrumento didático, e na importância do desenvolvimento da
prática lastreado pela teoria no ensino da Geografia, sobretudo da Geografia Física.
15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A IMPORTÂNCIA DA AULA DE CAMPO NO ENSINO DE GEOGRAFIA
Inicialmente, faz-se necessário registrar a importância do ensino da geografia na
contemporaneidade, uma vez que práticas inovadoras estão sendo ampliadas e
ressignificadas de acordo com o modelo educacional a ser seguido, abordando uma
infinidade de temas que reforçam o estudo e contribuem na formação do indivíduo. Estes
temas trazem consigo uma multidão de símbolos com profunda significação, os quais são
representados através de elementos estabelecidos através da relação social, econômica,
ambiental, nos conflitos sócios espaciais, da globalização, da dinâmica natural do
planeta, e tantos outros que permeia o espação geográfico (CAVALCANTE, 2012). Nessa
perspectiva, acredita-se que o espaço geográfico seja o condutor destas relações.
Essa abordagem confere à geografia a capacidade de entender-se como uma
ciência, que estuda o espaço construído pelo homem, a partir das relações que estes
mantêm com a natureza, Calai (2001) vem nos apontar que as relações entre o homem
e ambiente são imprescindíveis na construção do ideário desse sujeito a ser formado.
A visão geográfica é particularmente importante no que se refere à geografia
escolar e ao método de ensino, para que se tenha como expectativa a formação de um
“homem inteiro” e que, por meio da prática aliada à reflexão, construa-se o caminho para
essa conquista (PONTUSCHKA, 1999).
Cabe à Geografia esclarecer a relação produzida pela sociedade no espaço, a
qual está de acordo com seus interesses em determinado momento histórico, mostrando
que este processo implica uma transformação contínua (CASTROGEOVANNI E
GOULART, 1990). Desta forma, a construção do espaço pela sociedade se constitui em
uma práxis coletiva, num movimento histórico no qual, professores e alunos
principalmente do ensino básico, podem e devem se colocar como agentes ativos
(VICENTINI, 1987). Um dos objetivos registrados nos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) diz respeito à formação de cidadãos ativos capazes de realizar transformações
no mundo. O ensino da geografia proporciona uma “visão espacial”, sendo por excelência
16
uma disciplina formativa, capaz de instrumentalizar o aluno para que exerça de fato a sua
cidadania (CALAI, 2001).
A partir de um pensar geográfico sistematizado, baseado, sobretudo em uma
configuração de elementos e interpretação espacial, o aluno poderá construir uma visão
qualificável e descritiva de fenômenos que constituem o ambiente. Desta forma, o ensino
de geografia tem o papel de gerar conhecimentos que possam promover a compreensão
do espaço nas práticas sociais, as quais são materializadas através da cultura e
organização da sociedade, formando uma espacialidade.
O MEC (1998) recomenda que no ensino básico, as competências necessárias
para lidar com as questões ambientais estejam centradas basicamente nas disciplinas
de geografia, de ciências e biologia, e na educação ambiental, que deveria idealmente
perpassar todas as disciplinas dos currículos escolares. Segundo os Parâmetros
Curriculares as propostas para o ensino de geografia teriam que levar em consideração:
(MEC, 1998 p.533:534).
Espera-se que, ao final do terceiro ciclo do ensino básico, os alunos sejam
capazes de: (i) reconhecer que a sociedade e a natureza possuem princípios e
leis próprios e que o espaço geográfico resulta das interações; entre elas,
historicamente definidas; (ii) compreender a escala de importância no tempo e
no espaço do local e do global e da multiplicidade de vivências com os lugares;
(iii) distinguir as grandes unidades de paisagens em seus diferentes graus de
humanização da natureza, inclusive a dinâmica de suas fronteiras, sejam elas
naturais ou históricas, a exemplo das grandes paisagens naturais, as
sociopolíticas como dos Estados nacionais e cidade-campo; (iv) compreender
que os conhecimentos geográficos que adquiriram ao longo da escolaridade são
parte da construção da sua cidadania, pois os homens constroem, se apropriam
e interagem com o espaço geográfico nem sempre de forma igual; (v) perceber
na paisagem local e no lugar em que vivem, as diferentes manifestações da
natureza, sua apropriação e transformação pela ação da coletividade, de seu
grupo social; (vi) reconhecer e comparar a presença da natureza, expressa na
paisagem local, com as manifestações da natureza presentes em outras
paisagens; (vii) reconhecer semelhanças e diferenças nos modos com que
distintos grupos sociais se apropriam da natureza e a transformam;
Para formar um pensar geográfico, Cavalcante (2012) diz que se faz necessário
que os alunos, ao lidar com representações geográficas, formem conceitos que
instrumentalizem esse pensamento. Nesse contexto, pode ser usada como exemplo a
categoria geográfica paisagem, a qual é considerada um conteúdo escolar, mas não
somente como forma física, mas sim como algo que pode se materializar de diversos
modos e inclusive de forma subjetiva.
17
O MEC (1998) relata a importância que os alunos aprofundem procedimentos que
fazem parte dos métodos de operar da Geografia. É necessário que os alunos pratiquem
o observar, descrever, representar cartograficamente ou por imagens os espaços e
construir explicações e procedimentos que podem aprofundar e utilizar, mesmo que ainda
o façam com pouca autonomia, necessitando da presença e orientação do professor.
A Geografia, como ciência das interações entre uma multiplicidade de fenômenos
naturais e sociais, para não cair nas generalizações localizadas, poderá ter do
professor cuidados metodológicos no tratamento das formas de explicações.
Nunca perder de vista que é na construção do espaço como resultado dessas
interações que deverá colocar seus objetivos. (BRASIL, 1998, p.54).
Tal perspectiva de construção do conhecimento geográfico pode se dar sob
diversas formas, tanto dentro do contexto escolar como fora dele. Na formação de
indivíduos participantes dos espaços e de práticas sociais, destaca-se que a escola tem
papel importantíssimo para a construção do conhecimento geográfico do aluno, mas esta
construção também ocorre para além da escola como espaço físico, desde que haja uma
intervenção pedagógica intencional e significativa na vida do aluno, contribuindo para a
construção do seu próprio conhecimento (CAVALCANTE, 2012).
Ao considerar as experiências cotidianas dos alunos, o professor deve avaliar que
esses saberes precisam ser lapidados no intuito de promover um conhecimento mais
sistematizado, promovendo uma aprendizagem significativa, e tornando os alunos
sujeitos ativos na construção do seu conhecimento (CAVALCANTE, 2012).
Nessa perspectiva, Salles (1997) enfatiza a importância da aprendizagem
geográfica do meio físico, especialmente quando se tem apontado que a ação predatória
sobre o meio físico tem constituído a tônica da sociedade moderna, havendo assim
necessidade de saber a importância e a influência que o meio físico exerce sobre a vida
humana, sobretudo quando a ação humana tem provocado danos. O autor destaca que
a ciência geográfica está apta a contribuir para uma ação amenizadora dos problemas
ambientais humanos. Salles (1997) ressalta que essa ação amenizadora pode surgir a
partir do momento que o homem desenvolve uma racionalidade e compreensão da
natureza e seus fenômenos.
18
A compreensão dos agentes formadores do nosso planeta passa pela
necessidade de conhecer o mundo em que vivemos tanto nas ações internas e externas.
Nesse contexto, a Geografia Física se apresenta como a principal provedora de tais
conhecimentos juntamente com outras disciplinas como a Geologia, Geomorfologia,
Climatologia, Pedologia, Hidrografia entre outras, abordando o conteúdo de acordo com
nível cognitivo exigido dos alunos do ensino básico.
Desta forma o trabalho extraclasse como a aula de campo apresenta exatamente
essa oportunidade, de interação com o meio, proporcionando a interpretação e
promovendo a compreensão da dinâmica dos agentes formadores da paisagem, como
relevo, vegetação, hidrografia etc. Para tal, o professor desempenha um papel
fundamental, segundo Scortegagna (2005) o professor atua como facilitador que
promove a reflexão sobre interação entre aluno e o meio, conduzindo e dirigindo as ideias
dos alunos, e desempenhando o papel de orientador durante a realização do
trabalho/aula de campo.
Assim, o trabalho de campo teria a função de incentivar os alunos a fazer a
interação dos conhecimentos adquiridos na teoria e vivenciá-los na prática, visando a
contribuir de forma significativa no aprendizado. Considera-se nesta perspectiva que o
aluno não é somente espectador, mas atuante em seu próprio aprendizado, atribuindolhe uma conotação que vai além de ouvinte, que perpassa pela sensibilidade de que pode
fazer suas próprias análises, interpretar, relacionar e assim intervir no meio a partir de
uma prática reflexiva embasada na teoria. Marques (1986) confirma a importância dessa
correlação, ao estabelecer que teoria e pratica devem interagir, favorecendo o
desenvolvimento de ambas e, consequentemente, aprimorando o nível de conhecimento
do aluno, em especial o ensino básico.
Segundo Compiani (2007), o papel da aula de campo é fundamental para a
construção do conhecimento:
[...] o campo tem alto potencial para organizar e integrar uma ou mais disciplinas:
parte-se de uma concepção de Geologia abrangente, integra se a cognição da
natureza por meio da Geologia, ou método de conhecer a história geológica do
planeta, e apreendem-se aspectos sociais e ambientais relacionados com esta
ciência, propiciando integração com as outras ciências (COMPIANE, 2007.p. 35)
19
Portanto o campo aparece como um local de experimento, permitindo a
transformação de informações obtidas na teoria, que sejam na prática confirmadas, mas
também experimentadas, oportunizando assim essa inter-relação, enquanto um
elemento importante na construção do conhecimento do sujeito/aluno. O modelo de
proposta pedagógica seguida pelo professor influencia diretamente no aprendizado do
aluno, o professor se apresenta como sistematizador das informações, transmitindo-as
para o aluno a fim de que o mesmo obtenha informações suficientes para transformar em
conhecimento.
Outros autores como Justen e Carneiro (2009) também falam da importância do
trabalho/aula de campo como instrumento que estabelece uma relação entre o aluno e o
ensino/aprendizagem quanto à aquisição do conhecimento, sobre o meio:
[...] para auxiliar no processo ensino-aprendizagem, no reconhecimento da
realidade que envolve o aluno, na compreensão [...] pode-se utilizar diferentes
práticas que propiciem a construção e a aquisição desses conhecimentos por
parte do aluno, destacando-se aqui a importância dos trabalhos de campo
(JUSTEN & CARNEIRO, 2009, P.4).
Caberia então ao professor do ensino básico desenvolver práticas pedagógicas
que contribuam para o aprendizado de forma eficiente, esta se daria na convivência com
ambiente de estudo onde as falas dos professores e as observações sistemáticas,
conduziriam ao questionamento e interdisciplinaridade (RODRIGUES, 2008).
Os PCNs (1998) também trazem os temas transversais para o ensino básico,
sugerindo que devam ser abordados, de forma interdisciplinar, todas as características
do meio ambiente, incluindo a dinâmica dos processos naturais e a degradação causada
pelas atividades humanas. No âmbito dos PCNs, o tema Sociedade e Meio Ambiente
trata da formação socioespacial, das novas territorialidades e temporalidades do mundo,
abordando de forma ampla os processos que geram uma determinada ocupação do solo,
as demandas por recursos naturais, o crescimento populacional e a urbanização. No
quarto ciclo, os PCNs propõem um trabalho mais detalhado com a modernização, modos
de vida e a problemática ambiental. Nesse eixo, são discutidas as mudanças ambientais
globais, a questão do desenvolvimento sustentável, e as formas de degradação
ambiental.
20
É com essa intenção que o trabalho/aula de campo se apresenta como elemento
integrador do aprendizado da Geografia, mas também de outras disciplinas como a
Biologia, História, Química dentre outras, permitindo a interdisciplinaridade no ensino. O
campo oferece subsídios que possibilitam experiências e saberes que poderão colaborar
para a formação do aluno enquanto agente transformador do meio, contribuindo através
de uma relação sócio- participativa e integrativa.
Compiani e Carneiro (1993), citados por Scortegagna, (2005. p, 40.) definem seis
tipos de atividade de campo como sendo:
Ilustrativa [...] serve para mostrar ou reforçar os conceitos já vistos em sala de
aula. É centrada no professor que se utiliza da lógica da ciência para reforçar o
conteúdo no campo.
Indutiva: [...] o papel do professor é de conduzir os alunos ou fazer com que eles
sigam um determinado roteiro de atividades.
Motivadora: este tipo de saída de campo tem como objetivo despertar o interesse
dos alunos para um dado problema ou aspecto a ser estudado.
Treinadora: [...] visa treinar habilidades, geralmente com o uso de aparelhos,
instrumentos ou aparatos científicos.
Investigativa: [...] propicia ao aluno resolver determinados problemas no campo.
Autônoma: esta saída objetiva despertar no aluno o seu espírito investigativo e
prepará-lo para a sua realidade profissional futura. É realizada,
preferencialmente, na região onde os alunos se encontram, em áreas escolhidas
por eles e sem a presença do professor.
Essas propostas de atividade de campo descritas por Compiani e Carneiro (1993)
apud Scotergagna (2005) se apresentam como uma proposta didática que objetiva
promover o aprendizado através de métodos variados de ensino. A interação com o meio
proporciona variadas possibilidades de aquisição de conhecimento, e principalmente na
formação, do próprio conhecimento cientifico do aluno, que é obtido através de
informações em campo e dos seus saberes prévios.
A visita a campo permite ao aluno fazer a inter-relação entre a teoria e a prática,
ou seja, trazer o que é visto na sala de aula para o seu cotidiano. Essa interação permite
uma releitura do espaço visto e do que é vivenciado pelo aluno, sugerindo novos
interesses referentes ao objeto de pesquisa e possíveis investigações.
21
O campo pode ser um fio condutor para uma disciplina, propiciando, a partir de
uma área de estudo, o entendimento dos principais processos e conceitos desta
e o melhor desenvolvimento das peculiaridades da prática científica [...] e dos
respectivos procedimentos mentais. O autor considera que o campo pode ser
gerador de problemas, isto é, uma ótima situação de ensino problematizadora e,
também, pode ser agente integrador da Geologia e outras Ciências na construção
de uma visão abrangente de natureza. (COMPIANI 1991 apud SCORTEGAGNA
2005: p.41)
Scortegagna (2005) enfatiza a importância da realização da atividade de campo,
como sendo um instrumento de pesquisa de cunho investigativo, qualitativo e quantitativo
com contribuição extremamente importante na descoberta e desenvolvimento de
estratégias e métodos tais como: coleta de dados, questionário, etc. para serem
posteriormente trabalhado e sala de aula, transformando e sistematizando as
informações em dados científicas.
[...] é fundamental para o estudante essa noção de conhecimento como um
construto da prática científica, do ir e vir à fonte de informações, de testar,
reformular, elaborar e adquirir a noção dos limites da produção científica; tudo
isso contribui para desmitificar o conhecimento científico e o cientista.
(COMPIANI 1991 apud SCORTEGAGNA 2005: p.41).
A investigação do campo aparece como instrumento propiciador de uma
aprendizagem continua pelo aluno, que é orientado e acompanhado pelo professor,
contribuindo para formular e adquirir experiência a partir da curiosidade que será
potencialmente despertada no aluno, levando a uma futura pesquisa, o que pode fornecer
conhecimento para sua atuação enquanto participante do meio.
A pesquisa desenvolvida in loco, possibilita aos alunos uma abordagem e um
aprendizado menos abstrato e mais significativo, baseando-se em princípios de pesquisa
qualitativa. Esse momento também se constitui como uma oportunidade de desenvolver
emoções e sensações dos alunos e promover reações que a sala de aula às vezes não
permite, caracterizando-se às vezes como um ambiente entediante, enquanto que a ida
ao campo apresenta-se mais atrativa, mesmo diante de fenômenos da natureza tão
variados e complexos dos quais se compõe a paisagem.
Ao recomendar parâmetros para o ensino de geografia, o MEC (1998) recomenda
que a análise da paisagem deva focar as dinâmicas de suas transformações e não
simplesmente a descrição e o estudo de um mundo aparentemente estático. Isso requer
22
a compreensão da dinâmica entre os processos sociais, físicos e biológicos inseridos em
contextos particulares ou gerais.
A proposta do trabalho de campo é promover uma aprendizagem intencional,
sistematizadora e integrativa, para (Marandola Jr. e Lima apud Neves 2010 p.59) “A
paisagem encerra duas dimensões – a material e a simbólica – cuja interação poderia
salientar seu caráter integrador e permitir uma análise do espaço que abarcasse toda a
sua complexidade.” Essa afirmativa ressalta a importância de se trabalhar em termos de
exigir um grau de complexidade e compreensão mais profunda dos alunos da escola
básica. O trabalho de campo fornece a oportunidade de promover aos alunos um
conhecimento que só se consegue a partir desse contato real e material, que de certa
forma advêm do simbólico e do subjetivo, mas que se efetiva através dessa interação
com o meio.
2. 2 GEOSSISTEMA E O ESTUDO DA PAISAGEM
A análise geossistêmica consiste em uma proposta metodológica de estudo
integrado dos elementos naturais e sua inter-relação com elementos antrópicos
(TROPMAIR & GALINA, 2006).
De acordo com alguns autores, tem sido crescente a busca pelo estudo integrado
dos fenômenos físicos e as diversas configurações socioespaciais. Amorim (2012)
ressalta, sobretudo no estudo da geografia física, onde essa proposta surge como
tentativas ou formulações teóricas metodológicas em especial na Geografia Física,
surgida com a necessidade de a Geografia lidar com uma abordagem multiescalar e
fundamentalmente dinâmica (RODRIGUES, 2001). O modo de abordar os fenômenos
físicos e antrópicos destaca uma sistematização aplicada à Geografia auxiliando no
desenvolvimento de seus estudos por proporcionar uma visão da emergência de
atributos, gerados através da interligação das partes que compõe o “todo”, que para a
Geografia é a organização do espaço (LIMBERG, 2006).
23
A concepção geossistêmica foi originada a partir de pressupostos teóricos
advindos da Teoria Geral dos Sistemas, elaborada pelo biólogo austríaco Bertalanffy
(1976), o qual propunha a integração das ciências e da interrelação dos elementos,
contrapondo-se à abordagem tradicional de isolamento entre os diversos ramos da
ciência. O autor ressalta que uma das propriedades essenciais do complexo sistêmico é
a relação entre os organismos que são estabelecidas a partir de uma visão integrada
(BERTALANFFY, 1976).
No início da década de 60, embasado na Teoria Sistêmica, o geógrafo Russo
Sotchava (1977) desenvolveu um estudo com base em pesquisa do espaço geográfico e
na possibilidade de gestão territorial da antiga União Soviética inserindo o conceito de
sistema na Geografia, gerando assim o termo geossistema. O autor propunha estudar,
não os componentes da natureza, mas as conexões entre eles; de preferência, projetarse para o estudo de sua dinâmica, estrutura funcional, conexões etc. (SOTCHAVA,
1977).
O conceito de geossistema também obteve a contribuição do geógrafo francês
Bertrand (1972) que deu uma conotação diferente ao conceito de geossistema proposto
anteriormente por Sotchava. Bertrand (1972) estabeleceu uma taxonomia para o
geossistema, permitindo uma organização das escalas, definidas a partir de unidades de
paisagem como a Zona, o Domínio e a Região Natural, as quais seriam unidades
superiores, estando respectivamente na primeira, segunda e terceira grandezas; e o
Geossistema, o Geofácies e o Geótopo, seriam as unidades inferiores.
Esta concepção se constituiu numa enorme contribuição para uma visão mais
integrada dos elementos naturais. O estudo da paisagem fundamentado nos
geossistemas baseia-se na composição da paisagem, trazendo informações sobre a
dinâmica da natureza, através da aplicação de uma metodologia que facilitou estudo
prático do espaço geográfico, promovendo uma interação natural entre o potencial
ecológico e a exploração biológica (PINHEIRO, 2004).
Ao pesquisar os Geossistemas, que são sistemas dinâmicos e flexíveis devem-se
ressaltar os elementos abióticos e bióticos e não somente os existentes no momento;
mas levar em consideração também sua história (TROPPMAIR & GALINA, 2006).
24
O estudo da paisagem deve levar em conta uma visão geográfica geral e integrada
do meio, permitido uma dialética entre os fatores físicos, biológicos e antrópicos
(BERTRAND, 1972). Com isso os eventos de uma determinada região, os processos de
um espaço, podem ser avaliados em sua complexidade na medida em que eles não são
vistos ou analisados individualmente (BELIZÁRIO, 2014).
Nos últimos anos, o estudo dos geossistemas e da paisagem tem ganhado uma
maior notoriedade e crescente número de estudos que utilizam esta ferramenta no estudo
da geografia. Entretanto no Estado da Bahia são incipientes os trabalhos relacionados
com a utilização dos geossistemas como ferramenta de ensino.
25
3 METODOLOGIA
Esta pesquisa foi realizada através de levantamentos bibliográficos utilizando
livros, trabalhos, artigos e publicações relacionadas à área de estudo e adjacências. O
embasamento teórico e prático ministradas nas aulas e na saída a campo pelo próprio
orientador, com discussões pertinentes sobre o meio físico, especialmente no que se
refere à geologia e geomorfologia, com ênfase na importância da aula de campo, foram
fatores que consolidaram esta etapa.
A Pesquisa de campo foi realizada em dois momentos. O primeiro, que ocorreu
em setembro 2014, deu-se por meio de uma visita à área de estudo, que fica na região
de Mirangaba, mas especificamente entre o distrito de Taquarandi e o povoado de Santa
Cruz de Coqueiro, constituindo um transecto de aproximadamente 28 km sentido E-W.
A visita permitiu um reconhecimento regional e a descrição dos aspectos mais
relevantes, a serem abordados, identificados as principais características físicas dos
diversos compartimentos dessa paisagem descrevendo os diferentes pontos de interesse
didáticos que podem ser trabalhado com alunos do ensino fundamental e médio do
município, em cada um dos pontos especificado abaixo (Figura 12), bem como suas
respectivas coordenadas UTM. Além da descrição foram feitos registros fotográficos.
A segunda visita deu-se em maio de 2015 juntamente com uma turma de
graduandos do bacharelado em Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF)
sob supervisão do Professor Doutor Raul Reis, acompanhado do orientador desta
monografia. Durante esta viagem, foram feitas várias contribuições ao conhecimento
existente sobre a área de estudo, já que foram agregadas diferentes percepções.
Quadro 1: Pontos estudados e suas respectivas coordenadas
Pontos
Unidades
Coordenadas X Coordenadas Y
1º
2º
3º
4º
5º
Rio Branco – Taquarandi
Vale Fluvial – Taquarandi
Faz. Mulungu – Taquarandi
Gnaisse Granítico Mirangaba
Topo da Serra de Jacobina Santa Cruz
0315952
0316965
0315242
0325847
0335545
Fonte: Vanessa Rodrigues, 2015.
87955224
8793926
8793228
8789338
8782122
26
Para a coleta dos dados supracitados foram utilizados instrumentos como o
Sistema de Posicionamento Global (GPS), máquina fotográfica digital, caderno de
anotação, fita para identificação de amostras, cartas topográficas, marretas, etc.
Os dados alcançados durante a pesquisa foram convertidos e integrados para a
elaboração desta monografia. Para isto, foi necessária a utilização de alguns softwares
como Google Earth e Maps, Excel, Word, Paint. Esta etapa incluiu o reconhecimento
regional, e georreferenciamento, o que fez com que pudesse ser confeccionado um perfil
topográfico da área de estudo.
Através da análise da bibliografia, foram efetivadas a análise dos dados colhidos
em campo e sua síntese, permitindo a confecção deste texto.
27
4 DISCUSSÃO E RESULTADO
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
O município de Mirangaba faz parte do Semiárido baiano e está inserido no
polígono da seca a 369 km da capital, Salvador. Localiza-se na Mesorregião Geográfica
do Centro Norte baiano, Piemonte da Diamantina esta inserida nas folhas cartográficas
de Umburanas (SC.24-Y-A-V), Mirangaba (SC.24-Y-A-VI). A área municipal é de 1.697,
947 km², de acordo com o último Censo Demográfico do IBGE (2010) o município
apresentou uma população de 16.279 habitantes, tendo uma sobreposição da população
rural em relação à urbana, sendo 8.879 rural e 7.400 urbana.
Figura 1: Mapa de Localização do Município de Mirangaba-Ba. Figura 2: Localização do Municipio de
Mirangaba
Fonte: CPRM, 2005.
Fonte: SEI, 2011.
28
O município de Mirangaba é constituído pelos distritos de Taquarendi, Nugaçu e
Canabrava e de vários povoados, entre os quais, os de Santa Cruz do Coqueiro e os
quais serão descritos em parte neste roteiro. Limita-se ao Norte com os municípios de
Campo Formoso e Antônio Gonçalves, ao Sul, com os municípios de Jacobina e Caem,
ao Leste com Saúde e Pindobaçu, ao Oeste com o município de Ourolândia (SEI, 2012).
Quanto aos aspectos físicos do município de Mirangaba é constituído por litótipos
representantes da bacia sedimentar Proterozóica, na porção ocidental, constituído pelo
grupo Chapada Diamantina (Formações Tombador, Caboclo e Morro do Chapéu), bem
como pelas formações Bebedouro e Salitre. Na porção oriental, destaca-se a ocorrência
dos Complexos Mairi, Itapicuru, e o Grupo Jacobina (Fig. 3), bem como vários corpos
de rochas granitoides (CPRM, 2005).
29
Figura 3: Esboço Geológico do Município
Fonte: CPRM, 2005.
30
A área do município é constituída geologicamente com a seguinte sequência
litológica:
O Arqueano é representado pelo Complexo Mairi, caracterizado por ortognaisses,
(tonalito-trondhjemito-granodiorito) TTGs migmatizados, com intercalações metabásicas,
metaultrabásicas e calcissilicáticas (CPRM, 2005).
O Paleoproterozóico é constituído pelo Grupo Jacobina, com a Formação Rio do
Ouro (quartzitos) e Formação Serra do Córrego (metaconglomerados e quartzitos
subordinados e quartzitos). Além disso, ocorrem vários (Granitóides da Serra de
Jacobina), bem como os Granitos de Lagoa d´Anta e Miguel Calmon (CPRM, 2005).
No Mesoproterozóico a região foi em parte recoberta pelo Grupo Chapada
Diamantina, constituída pela Formação Caboclo (laminitos algais, calcarenitos, arenitos
conglomeráticos, lamitos, siltitos, argilitos, quartzoarenitos estromatólitos colunares) e
Tombador (arenitos, conglomerados quartzoarenito eólicos com intercalações de
arenitos) (CPRM, 2005).
Como a unidade geológica de idade Mesoproterozóica-Neoproterozóica ocorre a
Formação Morro do Chapéu, formada por arenito fino a médio, em parte feldspático,
lamitos, siltitos, arenitos conglomeráticos e quartzo arenitos (CPRM, 2005).
No Neoproterozóico foi depositada uma espessa sequência de rochas
carbonáticas com associações de níveis metapelíticos reunidas no denominado Grupo
Una, o qual foi subdividido em Formação Bebedouro, de possível origem glaciogênica, e
a Formação Salitre dominantemente carbonática (CPRM, 2005).
As unidades cenozóicas presentes são formações superficiais como a Formação
Caatinga: brecha calcífera e calcrete, coberturas detrito-lateríticas: areia com níveis de
argila e cascalho e crosta laterítica (CPRM, 2005). Além disso, ocorrem formações
superficiais Cenozóicas, são constituídas por pacotes de rochas sedimentares de
naturezas diversas, que recobrem as rochas mais antigas (CPRM, 2005).
O município apresenta clima semiárido e seco a subúmido, com temperatura
média anual de 20,4 ºC e pluviosidade de 975,4mm.
Os solos são, essencialmente, latossolos, cambissolos, neossolos litólicos e
luvissolos. O relevo é constituído por várias superfícies planálticas com diferentes
altitudes (SEI, 2012).
31
No aspecto hidrográfico o município faz parte das Bacias do Rio Itapicuru e do Rio
São Francisco, tendo como rios principais: os Rios Veredas da Tábua ou Rio Salitre e o
e Rio Preto, ambos pertencentes à Bacia do São Francisco, e o Rio Itapicuru-Açu cujas
nascentes localizam-se em Mirangaba (SEI, 2012).
No território municipal pode-se distinguir três diferentes tipos de aquíferos, quais
são ; (i) aquifero fissural, (ii) aquífero cárstico, (iii) aquífero granular (figura 4).
Figura 4: Domínio Hidrogeológico do Município
Fonte: CPRM, 2005.
O aquifero fissural é tipico de metassedimentos cristalinos. Nesse tipo de rocha a
porosidade primaria não existe, condicionada a uma porosidade secundária representada
por fraturas e fendas, o que se traduz por reservatórios aleatórios, descontínuos e de
pequena extensão. Essas condições definem um potencial hidrogeológico baixo sem, no
entanto diminuir sua importância como alternativa no abastecimento nos casos de
pequenas comunidades, ou como reserva estratégica em períodos de estiagens
prolongadas (CPRM, 2005).
32
(ii) aquífero cárstico; predominate em terrenos calcários, caracterizado pela
dissolução química dassas rochas, formando cavernas, sumidouros, dolinas e outras
feições erosivas típicas desses tipos de rochas, o processos de dissolução pela água
propiciam ao sistema uma porosidade e permeabilidade secundária, que permitem
acumulação de água em volumes consideráveis. A água, no geral, é do tipo carbonatada,
com dureza bastante elevada (CPRM, 2005). Os calcários propiciam a ocorrência de
aquíferos com um sistema de elevada heterogeneidade (OLIVEIRA ET AL 2007).
(iii) aquífero granular. Cada um desses aquíferos se coportam de maneiras
distintas, de acordo com a geologia do terreno. Nas áreas superficiais constituidas por
rochas de formação Cenozóica, predomina o aquífero do tipo Granular, caracterizado por
possuir uma porosidade primária, e nos terrenos arenosos uma elevada permeabilidade,
o que lhe confere, no geral, excelentes condições de armazenamento e fornecimento
d’água (CPRM, 2005).
Por conta da argila e areia as vazões são muito significativas em poços tabulares
que são muito comuns na região. Outro fator expressivo nessa região e a presença de
poços tubulares que favorece o uso da irrigação. O levantamento realizado pela CPRM
sobre o levantamento de aguas subterrâneas do município registrou a presença de 160
pontos d’água, sendo 2 fontes naturais, 1 poço escavado e 157 poços tubulares,
ofertando água para uso doméstico e para agropecuária (CPRM, 2005).
4. 2 ROTEIRO DE AULA DE CAMPO: TAQUARANDI A SANTA CRUZ DO COQUEIRO
De acordo com o referencial geossistêmico de Bertrand (1972), foi tomado também
como base para complementar este estudo, o trabalho de Pinheiro (2004) que fez uma
avaliação geoambiental do município de Jacobina através das técnicas de
geoprocessamento sendo este de extrema importância já que as unidades geoambientais
I, II, III, IV, V descritas por Pinheiro, no município de jacobina continuam a norte, onde
localiza-se o município de Mirangaba, contribuindo para o estudo dos referido pontos
descritos no transecto e no perfil topográfico abaixo (figura 5,6).
33
Figura 5: Transecto dos respectivos pontos georreferenciado estudados que inclui Taquarandi e Santa Cruz região de Mirangaba-Ba.
Fonte: Campos, 2015 adaptado Vanessa Rodrigues, 2015.
34
Figura 6: Perfil Topográfico do Trajeto Estudado
Fonte: Amorim, 2015 adaptado Vanessa Rodrigues 2015.
35
4. 2.1.1 Ponto 1: Nascente do Rio Branco em Taquarandi - Mirangaba-Ba.
Figura 7- Nascente do rio Branco-Taquarandi-Mirangaba-Ba.
Fonte: Vanessa Rodrigues, 2015.
Este ponto situa-se nas coordenadas UTM 0315.952 m E / 8.795.524 m S. O
acesso é feito a através de uma estrada de chão que liga parte do centro de Taquarandi
em direção a Fazenda Mandacaru. O Rio Branco (figura 7) fica dentro de uma
propriedade privada e embora a nascente esteja localizada no domínio do aquífero
cárstico é possível que a água presente nesta região também resulte de possível
ressurgência de água decorrente da interseção de uma fratura ou falha com a superfície
topográfica.
Este local faz parte das unidades de paisagem Ia e Ib Pinheiro (2004), as quais
estão inseridos na Baixada dos rios Salitre e Jacaré, a qual é constituída por substrato
carbonático. O relevo local é formado por extensas zonas de chapadões, baixadas e
esparsa drenagem, representada, principalmente, pelos rios Jacaré e Salitre (CPRM,
2005). O predomínio de rochas calcárias nessa região causa a existência de dolinas e
36
cavernas, que são formadas em decorrência da dissolução química que as rochas
sofrem, provocando superfícies alargadas e descontinuas, permitindo o acumulo de
água. Nas proximidades, existe uma gruta que fica às margens do Rio Preto, localizada
no povoado de Volta da Serra, próximo a Taquarandi (figuras 8, 9) e se constitui um
importante sitio arqueológico, contendo pinturas rupestres.
Figura 8: Gruta do povoado de Volta da Serra
Fonte: http://www.panoramio.com/
37
.
Figura 9: Gruta do povoado de Volta da Serra com pinturas rupestres.
Fonte: http://www.ferias.tur.br/
Os carbonatos/metacarbonatos constituem um sistema aquífero desenvolvido em
terrenos com predominância de rochas calcárias, magnesianas e dolomiticas, que têm
como característica principal, a constante presença de formas de dissolução cárstica
(dissolução química de rochas calcárias), formando cavernas, sumidouros, dolinas e
outras feições erosivas típicas desses tipos de rochas. Fraturas e outras superfícies de
descontinuidade, alargadas por processos de dissolução pela água propiciam ao sistema
porosidade e permeabilidade secundária, que permitem acumulação de água em
volumes consideráveis. A água, no geral, é do tipo carbonatada, com dureza bastante
elevada (CPRM, 2005).
O ponto 1 está localizado no domínio da Caatinga. Entretanto a vegetação
presente na nascente são plantas aquáticas (nenúfares) e vegetação de brejo
(“canabrava”). Às margens da nascente, existem restos de mata ciliar com árvores de
pequeno e médio porte que refletem maior umidade ao local. O Rio Branco é usado para
38
o abastecimento da população e também para a irrigação da produção agrícola. O
substrato de rochas carbonatadas influencia no potencial agricultável dos solos
(cambissolos eutróficos e latossolo vermelho amarelo horizonte b latossolico ≥ 50cm ),
que, apresenta boa concentração de bases (PINHEIRO, 2004).
Figura 10: Casa de bomba utilizada para captação de água para irrigação no Rio Branco (à
esquerda)
Fonte: Vanessa Rodrigues, 2013.
O uso da agua para irrigação do plantio de banana é muito comum (figura 10) mostra
uma captação de agua para esse fim.
É evidente nesse ponto a degradação da vegetação que cobre a nascente,
restando apenas algumas árvores de pequeno porte, há alguns metros adiante, rio acima
pode-se verificar a presença de uma área preparada para o plantio de banana (Fig. 11)
mostra a captação de água para irrigação.
39
Figura 11: Plantação de Banana na Margem do rio Branco
Fonte: Vanessa Rodrigues, 2013.
Nesse momento o trabalho com os alunos pode ser feito também utilizando os
conhecimentos de outras disciplinas, como biologia ou ciências, fazendo com que a
discussão fique mais rica. Discutindo também a importância da preservação da margem
do rio para a proteção da sua nascente.
Segundo Código Florestal (Lei Nº 12.651, 25 de Maio de 2012), nas margens de
rios, a área mínima de vegetação natural, (seja ela qual for e em qualquer estado de
conservação), a ser mantida depende da largura de cada um: rios de até 10 metros de
largura devem ter 30 metros de vegetação preservada; para rios de 10 a 50m de largura,
50m de vegetação preservada; de 50 a 200m de largura, 100m de área preservada; de
200 a 600m de largura, 200m de vegetação preservada; e rios de mais de 600m de
largura devem ter 500m de mata preservada em suas margens. De acordo com o
observado em campo, no local, a distância mínima da plantação para margem do rio era
40
em, média de 3 metros.
As nascentes são águas provenientes do lençol freático que abastecem o aquífero
que então ressurgem em superfície através de rios efluentes ou de nascentes (ZANI et
al 2013). A recarga do aquífero acontece, quando em uma área da bacia é absorvida boa
parte da água através do solo, e armazenada no lençol freático subterrâneo e aos poucos
vai cedendo, a agua à superfície através das nascentes. Em sua dinâmica, usualmente
é de formação local, delimitado pelos contornos da bacia hidrográfica, origina-se das
águas de chuva que se infiltram através das camadas permeáveis do terreno até
encontrar uma camada impermeável ou de permeabilidade muito menor que a superior
(CALHEIROS, 2004).
O solo funciona como um reservatório dinâmico de água, onde suas características
podem influenciar esse sistema de partição de água, especialmente infiltração, afetando
de forma direta o processo de recarga de aquíferos, uma vez que este está diretamente
associado a atributos do solo que governam sua capacidade de infiltração (MENEZES
ET AL, 2009).
No entanto mesmo com um potencial hídrico subterrâneo considerado satisfatório,
na região do planalto calcário, a atividade agrícola que tem predominado nessa área é
cultivo da banana, o qual tem uma significativa importância econômica.
Entretanto, por ser uma planta tipicamente tropical exige calor constante,
precipitações bem distribuídas e elevada umidade para o seu bom desenvolvimento e
produção, (EMBRAPA, 2015). O cultivo dessa planta necessita de uma grande
quantidade de água para sua irrigação, o que pode compromete o a perenidade dos rios.
Já que o clima da região não favorece o cultivo dessa planta de folhas largas, que propicia
maior evapotranspiração, pois a vegetação típica dessa região de Caatinga apresenta
características morfológicas extremamente distintas tantos nas folhas, espinhos e caules.
41
4.2.2.2 Ponto 2: Vale Fluvial na Estrada De Taquarandi- Mirangaba- Ba
Este ponto encontra-se nas coordenadas UTM 0316.965 mE/ 8.793.926 mS. Na
estrada de terra que liga Mirangaba ao Distrito de Taquarandi. O local faz parte da
unidade de paisagem Ib Pinheiro (2004) identificando a susceptibilidade que os rios
intermitentes mostram ao assoreamento pelo desmatamento de suas margens.
Figura 12: Vale fluvial na estrada de Taquarandi
Fonte: Vanessa Rodrigues, 2013.
Pode-se observar (figura 12) que a mata ciliar foi quase totalmente retirada, e
inclusive troncos de árvores derrubadas encontram-se jogados no leito fluvial. O leito do
rio foi escavado para fazer um pequeno barramento, onde acumula água para
dessedentação animal. Pinheiro (2004) define essa unidade Ia e Ib com um potencial
42
hídrico superficial é fraco, havendo uma sobreposição nessas unidades do potencial
hídrico subterrâneos.
O local pode suscitar discussões a respeito do desmatamento de áreas de
preservação permanente e sobre a função da vegetação na prevenção da erosão, bem
como seu papel na promoção da infiltração da água para os aquíferos. Proteção das
APPs destinadas a proteger a estabilidade geológica e o solo também previne o
assoreamento dos corpos d’água.
A cobertura florestal natural das encostas, dos topos de morros, das margens de
rios e córregos tem como função proteger o solo da erosão provocada por chuvas,
permitir a alimentação dos lençóis d’água e a manutenção de nascentes e rios, e evitar
que a água da chuva provoque o assoreamento do leito do rio, por conta da erosão do
solo.
4.2.2.3 Ponto 3: Afloramento de Ardósia Calcífera: Estrada do Mulungu, Zona Rural
de Taquarandi.
Este ponto, localizado na Fazenda Mulungu, encontra-se nas coordenadas UTM
0315.242m E / 8.793.228m S na margem de uma estrada de chão. Altitude de 690
metros. Nesse ponto identifica-se a unidade geossistêmica como sendo a Unidade Ib de
Pinheiro (2004) onde os modelados de aplanamento e dissolução são responsáveis pela
pouca movimentação do relevo desta área. Isso pode também ser discutido com os
alunos, tecendo considerações sobre a configuração plana desse de relevo, que foi
formado a partir de uma deposição sedimentar.
Neste local pode-se suscitar discussões sobre a presença de afloramento de
blocos de ardósia calcífera cinza (figura13). Esta é uma rocha metamórfica,
caracterizada pelo tamanho dos seus cristais e pela foliação. A ardósia é uma rocha
formada pelo metamorfismo de folhelhos, com coloração que varia de cinza-escuro a
preto. Por conta de sua orientação mineralógica foliada, a ardósia é utilizada como
chapas grossas usadas para fabricação de telhas, lajes para pavimentação e quadronegro (PRESS, 2006).
43
Figura 13: Fragmento de Ardósia encontrado na fazenda Mulungu.
Fonte: Vanessa Rodrigues, 2013.
Esta rocha pertence ao Grupo Bambuí, sendo constituinte da Formação Salitre, e
representa um evento de deposição marinha datado por Macedo e Bonhomme (1984)
apud Guerra (1986) que através de determinações isotópicas em calcários da região
Salitre definiram sua idade como sendo em torno de 767 ± 18 milhões de anos. A
Formação Salitre representa um evento deposicional de carbonatos em um mar raso, o
qual deu origem, por diagênese e metamorfismo de grau muito baixo, a rochas calcárias
e ardósias calcíferas cinza, como a que ocorre neste local.
O local é propício à discussão da solubilidade das rochas calcárias, no que diz
respeito à facilidade de formação de cavernas e de aquíferos cársticos, os quais
ressurgem em local próximo (Ponto1) ao Rio Branco. Os terrenos percolativos
condicionam um significativo potencial hídrico subterrâneo predatoriamente explorado,
principalmente em épocas de secas (PINHEIRO, 2004).
A qualidade da água dos aquíferos cársticos depende basicamente da composição
44
química da rocha, o que na maioria das vezes apresenta uma dureza (percentual de sais
dissolvidos) elevada. Isso ocorre por conta da solubilidade, fenômeno que pode ser
ilustrado para os alunos, utilizando o exemplo de solubilidade usando sal e açúcar em
água e, se for possível, se o professor puder coletar, em Taquarandi, uma garrafa com
água proveniente de poços locais. Os alunos poderão também comparar o gosto da água
com o da água fornecida na zona urbana de Mirangaba, a qual é proveniente de aquíferos
fissurais localizados na Serra de Jacobina, onde a dureza da água é mais baixa.
A partir das observações feitas quanto ao gosto da água, pode-se inclusive discutir
o conceito de nutrientes do solo. Neste sentido, observa-se que parte dos sais que
produzem o gosto salobro da água de Taquarandi (sais de cálcio, magnésio
principalmente) são aqueles responsáveis pela nutrição das plantas, o que explica a
adequabilidade da região de Taquarandi para a atividade agrícola
Pode-se, ainda, solicitar aos alunos que coletem uma amostra da ardósia calcífera
para posteriores comparações com outras rochas, à medida que o perfil for sendo
percorrido. O professor deverá, assim, levar fita-crepe e um marcador de texto para que
os alunos identifiquem a amostra e façam as anotações pertinentes (natureza da
amostra, local de coleta) em seus cadernos ou cadernetas.
4.2.2.4 Ponto 4: Granito de Mirangaba
Este ponto é localizado nas coordenadas UTM 0325. 847 E 8.783.338 S 774 m
de altitude. Constitui um morrote de granito na estrada de chão que vai em direção a
Taquarandi. Nese ponto observa se a unidade geoambiental Ia Pinheiro (2004), que
caracteriza o modelado como sendo de rampas suaves sem bruscas variações de
declives, as quais favorecem a pecuária, e onde
os solos já não mostram tantas
vantagens para a agricultura (latossolos vermelho amarelo álicos).
45
Figura 14: Granito Mirangaba
Fonte: Vanessa Rodrigues, 2013.
Figura 15: Matacão de Granito
Fonte: Vanessa Rodrigues, 2013.
46
No local o relevo é ondulado, formado por colinas e morros, o que contrasta com
as características dos pontos anteriores, que se localizam num planalto cárstico com
altitudes mais baixas e relevo chapado (PINHEIRO, 2004).
A vegetação é típica da transição entre caatinga arbustiva e floresta estacional, a
qual é mais densa e mais alta nos topos de morros. Este local é uma área de pastagem.
O granito forma matacões, de coloração cinza e granulação grossa. É uma rocha
foliada formada por quartzo, feldspatos, biotita e anfibólios, contendo enclaves de rochas
máficas. (figuras 14, 15). O granito foi gnaissificado pela ação do metamorfismo regional,
constituindo na verdade um ortognaisse.
Neste ponto pode ser trabalhado o conceito de rocha magmática plutônica. As
rochas magmáticas ou ígneas são formadas pela cristalização do magma, rocha fundida
que se forma no manto superior ou na base da crosta. As rochas ígneas pertencem a
dois grupos, as intrusivas e extrusivas. Quando o magma cristaliza no interior da crosta
de forma lenta, permitindo o crescimento dos cristais, dá origem a uma rocha de
granulação grossa, chamada de ígnea intrusiva, como o granito. Já as rochas que se
formam na superfície, a partir da erupção vulcânica, são de granulação fina, pois o
magma resfria rapidamente, não permitindo o crescimento dos cristais, são chamadas de
extrusivas como o basalto (PRESS ET AL, 2006).
Durante o percurso pode ser feita a coleta de amostras das rochas encontradas
no percurso e fazer uma comparação quanto a sua textura, cor, formação mineralógica.
Os alunos poderão ver que as cores são diferentes, que a ardósia do ponto anterior tem
granulação mais fina e é homogênea, enquanto o granito apresenta grãos maiores, de
diferentes cores e aspectos. Pode-se ainda ver que a ardósia tem uma foliação, enquanto
o granito, apesar de foliado, não apresenta planos de descontinuidade físicas, tão
regulares. A foliação deste granito, em especial, indica que ele provavelmente foi também
submetido a metamorfismo progressivo, provavelmente no Paleoproterozóico (cerca de
2 bilhões de anos atrás), quando formaram-se as foliações N-S da Serra de Jacobina e
das regiões próximas (CPRM, 2005). A partir destas comparações, pode-se discutir os
critérios de reconhecimento de materiais sedimentares e ígneos, e inclusive, a diferença
entre rochas ígneas sensu strictu e as rochas ígneas sujeitas a metamorfismo, como o
granito local. Além disso, pode-se utilizar ácido muriático, pingando o mesmo na ardósia,
47
o que revelará a presença de carbonato de cálcio efervescente, o que não ocorre com o
granito.
Se o professor quiser, pode levar um canivete e solicitar aos alunos que tentem
riscar a ardósia e o granito com o mesmo, constatando que o granito não será riscado
pelo aço, enquanto a ardósia é riscada. A menor dureza da ardósia reflete a presença de
minerais de baixa dureza, como a calcita e as micas, enquanto os granitos são formados
por feldspatos e quartzo predominantemente.
É possível também correlacionar a maior dureza dos minerais que formam o
granito com o relevo. Caracterizado por uma altitude maior do que a do ponto anterior, e
resultado do tipo de rocha, que é o granito uma rocha resistente ao intemperismo por
conta do alto teor de quartzo, o que dificulta o intemperismo e o processo erosivo da
rocha.
Pode-se ainda mostrar aos alunos o perfil topográfico com a localização dos
pontos (Figura 6), mostrando a diferença de altitude entre o planalto calcário e as
rochas graníticas.
4.2.2.5 Ponto 5: Patamar elevado da Serra de Jacobina
Neste ponto as coordenadas UTM são 0335545E e 8782122S com altitude de 879
metros. Localiza-se na estrada que vai para a roça de Dona Vanda, junto a um
afloramento de quartzitos (Figura 16). Para chegar ao mesmo, segue-se até a casa de
Cosme, e dobra-se à esquerda, entrando em uma estrada entre duas casas, e segue-se
em frente por cerca de 300 metros.
48
Figura 16: Patamar elevado da Serra de Jacobina
Fonte: Vanessa Rodrigues, 2003.
Este ponto faz parte da unidade de paisagem IVa de Pinheiro (2004) que
corresponde ao macro conjunto metassedimentar da Serra de Jacobina, onde dominam
fortes condições de dissecação diferencial que condicionam a elaboração dos vales
estreitos e topos abaulados e em crista.
O local situa-se num patamar elevado da Serra de Jacobina, cujo topo pode ser
visto no horizonte. O relevo da Serra de Jacobina é formado por cristas quartzíticas
muitas vezes pontiagudas, com vertentes de declives acentuados e vales geralmente em
“V” . Nas proximidades só existem afloramentos de quartzitos, mas é possível que o
relevo mais baixo em relação às áreas de topo, que são vistas a leste, seja mais arrasado
pela presença de rochas menos resistentes, possivelmente conglomerados.
A estratigrafia do Grupo Jacobina foi definida por Couto et al (1978) apud Sampaio
(2001) como sendo uma sequência paleoproterozóica, puramente sedimentar,
metamorfizada em baixo grau, onde predominam metassedimentos clásticos médios e
grossos, distribuídos nas formações Serra do Córrego, composta por conglomerado e
quartzito e Rio do Ouro, constituída por metaconglomerados e ortoquartzitos.
49
No caminho até este ponto passa-se por um afloramento de quartzitos. O professor
poderá parar no mesmo e apresentar aos alunos esta rocha, mostrado o quanto ela é
resistente ao risco, com auxilio de um canivete.
Poderá inclusive comparar estas rochas com as demais amostras de ardósia e de
granito que foram coletadas nos outros pontos, mostrando o quão dura a mesma é, sendo
incapaz de ser riscada com um canivete de aço resistente ou com estilete de dentista.
Isso se deve à presença de quartzo (dureza 7) no quartzito, enquanto o granito terá mais
feldspato, e a ardósia calcífera, calcita e micas.
Poderá também comparar a superfície de alteração do quartzito com aquela do
granito e da ardósia, mostrando que os granitos e ardósias ao sofrerem intemperismo,
podem produzir argilominerais, que sempre terão mais nutrientes para as plantas do que
o quartzo, formado de sílica. Isso implica que os solos deste ambiente específico serão
menos férteis.
A altitude elevada da Serra de Jacobina permite a formação de chuva orográfica
na região a barlavento, mas também por pequenas distancias a sotavento, por correntes
de ar úmido com direção SE-NW constante, provenientes do Atlântico. A constância dos
ventos de SE-NW pode ser demonstrada facilmente, pedindo aos alunos que observem
as árvores, que têm copas e troncos deformados, todas inclinadas para oeste, devido à
atuação dos ventos locais, que sopram constantemente de leste para oeste (figura 17).
50
Figura 17: Árvores com troncos e copas inclinados devido ao vento de direção constante
Fonte: Vanessa Rodrigues, 2013.
A chuva orográfica é suficiente para gerar um clima subúmido, com precipitações
anuais que chegam a mais de 1000 mm, enquanto nas zonas a sotavento, como em
Taquarandi, o total pluviométrico anual não ultrapassa 700. mm (INEMA, 2015).
A altitude deste ponto permite também que se trabalhe, com os alunos, os
conceitos de intemperismo e erosão, que é o processo de desgaste e transporte das
rochas. O quartzito é uma rocha metamórfica muito resistente ao intemperismo, derivada
do arenito rico em quartzo, que dificulta o processo de intemperismo. Embora o quartzito
seja uma rocha metamórfica, não apresenta foliações visíveis. O professor poderá fazer
a ressalva, neste caso, que a ausência de foliação visível no quartzito é devida ao fato
de o mesmo ser constituído basicamente por quartzo, um mineral que não favorece a
formação de planos de descontinuidade.
Neste local torna-se necessário fazer observações sobre o sistema hidrológico das
serras de Jacobina, responsável por um grande número de nascentes, resultantes do
fraturamento das rochas quartziticas, dando origem a riachos e rios que compõe a bacia
51
do Itapicuru Açu, Mirim e do próprio Itapicuru, se caracterizando como um verdadeiro
oásis no semiárido baiano.
A observação do ponto 5 pode também trazer para os alunos considerações sobre
a vegetação decorrente do tipo de relevo e formação pedológica. O solo originário da
formação rochosa é identificado como neossolo litólico, caracterizado como solos rasos
e pobres em nutrientes, somente com um horizonte A diretamente sobre a rocha.
Figura 18,19: Vegetação de campo rupestre e floresta estacional
Fonte: Vanessa Rodrigues, 2013.
A vegetação é formada pelos campos rupestre (figuras 18,19) ou área de Refúgio
Ecológico com transição para florestas estacional semidecidual, vegetação típica de
ambiente montanhoso, possuindo estrutura arbustiva e/ou herbáceas, presentes nos
cumes litólicos das serras, em altitude de até 1000 metros. Os campos rupestres são
conhecidos pela sua característica arbustiva, além de arvores e arbustos e de plantas
retorcidos. Os campos rupestres apresentam uma grande diversidade endêmica com
espécies como as canela-da-ema (Vellozia squamata), quaresmeira da serra (Tibouchina
candolleana Cogn), candeia (Eremanthus erythropappus) dentre tantas outras (IBGE,
2012).
52
Deste modo, pode-se levantar questões relativas às interrelações entre a formação
rochosa, clima, solo, hidrografia, agricultura, e como esses fatores interferem na estrutura
da produção e na economia do local.
A formação pedológica local não permite uma agricultura de grande escala, sendo
mais uma agricultura voltada para subsistência (raízes como mandioca, batata etc.),
grãos (feijão, milho, café etc.) e frutas como banana, um dos principais produtos de
grande importância econômica. O ponto ilustra o fato de que os condicionantes físicos
interferem na estrutura fundiária e econômica da região.
53
54
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A apropriação do espaço resulta de ações que ocorrem de acordo com
características históricas, econômicas e culturais, que se reproduzem ao longo do tempo,
dando origem a produção do um espaço. Esta avaliação leva em consideração a
interferência humana na transformação da paisagem.
No perfil percorrido, pode notar que os fatores físicos e bióticos dos geossistemas
locais têm uma grande influência na ocupação humana e na produção de espaço. Isso
se deve, em grande parte, ao fato de que os contrastes entre os diversos geossistemas
são muito grandes, em função da estrutura, a qual condiciona o relevo, o clima, os fatores
hidrográficos, e a vegetação.
A realização deste roteiro permitiu verificar as transformações existentes na
paisagem. Com este propomos observar as transformações que têm interferido no
ambiente natural de Taquarandi e Santa Cruz do Coqueiro, duas áreas próximas,
localizado no município de Mirangaba, mas que, contêm grandes diferenças nas
características do meio natural e organização produtiva.
Nesse contexto é importante salientar que as diferentes características
geomorfológicas, geológicas e pedológicas possuem influência direta no modo de
produção agrícola desenvolvido nas regiões de Mirangaba, um dos fatores importantes
que confirmam essa diferença estão na hidrografia e no solo.
Nos geossistemas serranos, a pluviosidade dá origem à formação decursosd´agua
perenes, o que garante a pequena agricultura – geralmente fruticultura e legumes - nas
“grotas” que são os fundos de vales e nascentes da serra. Embora a evapotranspiração
nas paisagens serranas seja a mesma das regiões dos baixos planaltos calcários, a
presença de chuvas orográficas, e mesmo da umidade proveniente da neblina, nos topos
de serras, viabiliza condições não tão intensas de déficit hídrico, o que favorece a
manutenção da maior parte das nascentes – ou da umidade do solo – nos locais
imediatamente próximos a leitos fluviais. São comuns as plantações de banana, por
exemplo, no próprio leito dos rios. O que deveria ser melhor pensado, adotando-se outras
soluções, já que, a depender da continuidade destas práticas, a perenidade dos rios pode
estar sendo comprometida.
55
Na serra, predominam os solos litólicos, que são solos rasos, associados
normalmente a relevos declivosos. Entretanto, a escala cartográfica dos mapeamentos
de solos é muito pequena, e não permite definir com detalhe as manchas de solos,
especialmente aquelas que se localizam em pequenas áreas de acúmulos de colúvios
nas bases de elevações, nos pequenos patamares mais planos e nas margens de rios.
Nestes locais a fertilidade natural é maior e geralmente não há pedregosidade, sua
aptidão é boa para agricultura. São particularmente indicados para situações que não
exige uma agricultura intensiva o que é mais comum em áreas de agricultura familiar,
típica do modo de produção existente na a região serrana de Mirangaba, onde fica
localizada o povoado de Santa Cruz do Coqueiro, o que caracteriza uma agricultura
aparentemente mais sustentável.
A partir da observação da paisagem local, contata-se que, especialmente no
planalto cárstico, o processo de modernização mostra o agravamento das questões
ambientais, onde as matas ciliares estão sendo destruídas e onde a procura por escalas
mais intensivas de produção, inclusive com mecanização, vem aumentando o uso do
solo, da água subterrânea e inclusive dos cursos d´agua superficiais para irrigação
intensiva, o que vem ocorrendo em Taquarandi.
Um dos fatores que colaboram para a degradação dos pontos nas áreas
analisadas se deve a prática inadequada de plantio baseado na agricultura intensiva em
Taquarandi e familiar em Santa Cruz do Coqueiro, fenômeno decorrente da expansão do
modo capitalista.
No entanto cabe ressaltar que além dos fatores físicos nota-se que a distinção
entre esses dois locais, pode ser feita também por diferenças evidenciadas nos aspectos
culturais, étnicos, históricos e econômicos. Pode-se verificar influências das diferentes
identidades étnicas na região de Santa Cruz do Coqueiro que evidencia uma formação
cultural voltada para a prática da agricultura familiar.
A formação de uma comunidade tradicional, como Santa Cruz, que foi reconhecida
legalmente como comunidade quilombola, bem como os povoados adjacentes,
evidenciam a ocorrência de atividade econômica baseada na agricultura de subsistência
ou pela pequena agricultura, que fornece basicamente excedentes agrícolas de banana,
mandioca, milho, batata, etc. distribuídos nas feiras e mercados regionais. Esta
56
agricultura familiar e de pequeno porte é a única possível na área serrana, devido ao
relevo acidentado e aos solos pouco desenvolvidos e com baixa fertilidade.
Este tipo de ocupação parece ser resultante de processos históricos de ocupação
da terra. Seria necessário pesquisar quais fatores determinaram a alocação e
permanência destas comunidades afrodescendentes nas áreas serranas. É possível que
isto tenha se dado pela maior facilidade de obter a posse de áreas remotas e de difícil
acesso, talvez não tão atraentes para os grandes proprietários de terras da região.
A região de Taquarandi, originalmente ocupada por pecuária extensiva em
fazendas de médio ou grande porte - as únicas viáveis, devido às condições físicas locais
- hoje tem um perfil produtivo diferente, graças ao uso de tecnologias de irrigação e
agricultura mecanizada. O distrito de irrigação se desenvolveu a partir do vale do Rio
Preto, onde fora cultivado a cana-de-açúcar, dando origem ao seu primeiro nome
Canavieira.
Taquarandi sempre foi conhecido por terras férteis, demonstrado um grande
potencial na produção da agricultura irrigada que inicialmente era pequena, mas com a
rentabilidade na sua produção este cultivo foi aumentando. Os produtos de maior
produção na região são o alho e a banana, produzido em grandes quantidades. O alho é
comercializado na sua forma natural e também beneficiado em pasta base e a banana a
é vendida para região. Porém, esse crescimento poderá causar a superexploração dos
recursos naturais, como a água, se não houver monitoramento dos efeitos sobre o
aquífero cárstico.
Neste trabalho reafirma-se a importância da aula de campo, como uma alternativa
metodológica para o ensino de geografia, possibilitando que o aluno tenha uma maior
participação em seu aprendizado, tirando o foco central e único do professor e do livro.
Auxiliando na prática das habilidades necessárias em leitura da paisagem e tantos outros
assunto que, competem não só ao estudo da geografia, mas em outras disciplinas como
ciências e biologia.
A aula de campo tem como objetivo a abordagem da paisagem local para o ensino
de Geografia na educação básica. Os PCNS recomendam que o ensino de geografia
analise a paisagem e sua dinâmica, o que requer a compreensão entre os processos
57
sociais, físicos e biológicos inseridos em contextos particulares ou gerais. Este roteiro de
viagem parece ser potencialmente útil, para estes fins.
58
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