1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – DCH CAMPUS IV – JACOBINA-BA /COLEGIADO DE GEOGRAFIA CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA VANESSA SILVA RODRIGUES ROTEIRO PARA AULA DE CAMPO ENTRE TAQUARANDI E SANTA CRUZ DO COQUEIRO, MIRANGABA-BA. JACOBINA BA 2015 2 VANESSA SILVA RODRIGUES ROTEIRO PARA DE AULA DE CAMPO ENTRE TAQUARANDI E SANTA CRUZ DO COQUEIRO, MIRANGABA-BA. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do titulo de graduação Licenciatura Plena em Geografia ao Departamento de Ciências Humanas – DCH – Campus IV da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Orientador: Fernandes JACOBINA BA 2015 Me. Paulo César Dávila 3 VANESSA SILVA RODRIGUES ROTEIRO PARA AULA DE CAMPO ENTRE TAQUARANDI E SANTA CRUZ DO COQUEIRO, MIRANGABA-BA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de Licenciado em Geografia e aprovado em sua forma final pela Banca de avaliação abaixo do Curso de Licenciatura Plena em Geografia da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Departamento de Ciências Humanas (DCH), Campus IV – Jacobina-Ba. Jacobina-BA, ____ de __________________ 2015. __________________________________________________ Prof. Me. Paulo César Dávila Fernandes (UNEB) Orientador __________________________________________________ Prof. Me. Edvaldo Hilário dos Santos (UNEB) Avaliador Interno __________________________________________________ Prof. Dr. Gustavo Barreto Franco (UNEB) Avaliador Interno 4 DEDICATÓRIA Ao meu pai Jose Carlos e minha mãe Vanda. 5 Tua palavra é lâmpada para meus pés e luz para meu caminho. Salmos 119:105 6 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus por me conceder a vida e por me dar sabedoria e força para superar as dificuldades. Aos meus pais José Carlos e Aurivanda, expresso minha gratidão e amor, que do seu modo me deram todo apoio. Aos meus irmãos Iara, Raquel, João Carlos e Sebastião, pois sempre que precisei me estenderam a mão e estiveram sempre do meu lado. A minha formação como profissional não poderia ter sido concretizada sem a ajuda de minhas amáveis irmãs em Cristo Soraia, Suzana e Tita e claro a todos os outros que me ajudaram com suas orações. A Lucas e Margarete pelo cuidado, que no decorrer da caminhada, proporcionaram-me, além de extenso carinho, os conhecimentos da integridade, da perseverança e de procurar sempre em Deus à força maior para o meu desenvolvimento como ser humano. Por essa razão, gostaria de dedicar e reconhecer a vocês, minha imensa gratidão. À UNEB - Universidade do Estado da Bahia, Campus IV, ao seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte maior. Ao meu orientador Paulo César Dávila Fernandes externo aqui o meu carinho e eterna gratidão por ter me apoiado nessa empreitada, pelo suporte, pelas suas correções e incentivos. Ao professor Raul Reis Amorim pela sua preciosa colaboração. Um agradecimento especial aos meus queridos colegas da turma 2011.1, que permaneceram sempre ao meu lado, nos bons e maus momentos. A Cleonice e suas irmãs pela sua disposição em me ajudar quando precisei. A Veronice e sua filha Daiane pela imensa ajuda prestada, me auxiliaram e motivaram durante esse percurso. A todos aqueles que direta ou indiretamente, contribuíram para esta imensa felicidade que estou sentido nesse momento. 7 RESUMO O presente estudo consiste na elaboração de um roteiro para aula de campo para professores de escolas locais e estudantes de geografia e de outros cursos na região de Jacobina - Mirangaba, Bahia. Um transecto Leste-Oeste entre os povoados de Taquarandi e Santa Cruz do Coqueiro, no município de Mirangaba, foi escolhido em virtude de cortar a estrutura norte-sul, é fator predominante na configuração do relevo, do clima, da hidrografia e hidrogeologia e vegetação, influenciando direta e indiretamente as atividades antrópicas. O roteiro destina-se a contribuir com professores locais, por expor componentes da geografia física e contrastes bióticos e antrópicos da paisagem, aqui analisados segundo uma perspectiva geossistêmica. O transecto Taquarendi Santa Cruz do Coqueiro permite a identificação de diferentes unidades de paisagem: (i) um região semiárida a oeste, compondo um planalto cárstico no domínio da caatinga, onde predominam cambissolos, até pouco tempo ocupado por pecuária extensiva, no qual a água subterrânea vem facilitando a fruticultura irrigada em grande escala; (ii) um planalto granítico de conformação ondulada onde a vegetação transicional caatingafloresta estacional predomina em um clima subúmido - por causa do efeito de sombra de chuva devido a Montanha vizinha de Jacobina - onde a principal atividade econômica é a pecuária em áreas desmatadas e (iii) as “serras residuais” de Jacobina, onde as montanhas quartzíticas até mil metros de altura produzem elevação orográfica e chuvas regulares durante a maior parte do ano e na maioria dos anos. Na Serra, apesar dos solos pobres, os córregos perenes permitem manter a agricultura de pequena escala, baseada em pequenas propriedades que produzem principalmente frutas e mandioca por comunidades com forte herança cultural Africano-brasileira. O transecto permite uma visão clara dos contrastantes componentes físicos, bióticos e antrópicos de cada unidade de paisagem, bem como as interações econômicas, sociais e ambientais com eles. Ela pode ajudar professores e estudantes locais para entender a dinâmica das diferentes paisagens locais e regionais e as restrições que impõem sobre as actividades económicas humanas, e, como tal, pode cumprir as recomendações do PCN Parâmetros Nacionais para o ensino escolar, que sugerem que os alunos deveriam ser capazes de reconhecer isso, a fim de exercer os seus direitos de cidadão Palavras-chave: Aula de Campo.Geossistema. Ensino. Paisagem. 8 9 ABSTRACT The present study consists of a field trip guide for local school teachers and students of geography of the regions of Jacobina – Mirangaba, Bahia. An East-West transect between the hamlets of Taquarandi and Santa Cruz do Coqueiro, in the township of Mirangaba, has been chosen in account of its crosscutting the North-South geostructural trend, which constraints the local/regional relief, climate, soils, vegetation, hydrology and hydrogeology characteristics, besides most anthropic activity. It is intended to aid local teachers of geography to expose the differing and contrasting physical, biotic and anthropic components of the landscape in a geosystemic perspective. The transect Taquarendi – Santa Cruz do Coqueiro allows the identification of differing landscape units: (i) a semi-arid low-lying carstic plateau with cambisols and caatinga vegetation where irrigation-aided (mostly with underground water) intensive fruit plantation is now the main economic activity; (ii) the hilly granitic areas where dry forests predominate in a subhumid climate – on account of the rain shadow effect due to the neighbouring Jacobina Mountains - where the main economic activity is cattle raising in deforestated áreas and (iii) the mountainous Serra de Jacobina- where quartzitic mountains up to a thousand meters high produce orographic lifting and regular rains during most of the year and in most years. In the Serra, in spite of the poor soils, the perennial streams allow keeping a small-scale family – based agriculture in small estates which produce mostly fruit and cassava by communities with strong African-Brazilian cultural heritage. The transect allows a clear view of the contrasting physical, biotic and anthropic components of each landscape unit as well as the economic, social and environmental interactions between them. It may help local teachers and students to understand the dynamics of the differing local and regional landscapes and the constraints they impose on human economic activities, As such, it may fulfill the recommendations of the PCN – Brazilian National Parameters- for school teaching, which suggest that students should be capable to recognize this in order to exercise their citizen rights.. Keywords: Field Work, Geosystem, Teaching, Landscape 10 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1- Mapa de Localização do Município de Mirangaba-Ba..................................26 Figura 2 - Localização do Município de Mirangaba- Ba.................................................26 FIGURA 3 - Esboço Geológico do Município..................................................................28 FIGURA 4 - Domínio Hidrogeológico do Município.........................................................30 FIGURA 5 - Transecto dos respectivos pontos georreferenciado e estudados que inclui Taquarandi e Santa Cruz região de Mirangaba-Ba.........................................................32 FIGURA 6 - Perfil Topográfico do Trajeto Estudado.......................................................33 FIGURA 7 - Nascente do rio Branco-Taquarandi-Mirangaba-Ba....................................34 FIGURA 8 - Gruta do povoado Volta da Serra ...............................................................35 FIGURA 9 - Gruta do povoado de Volta da Serra com pinturas rupestres.....................36 FIGURA 10 - Captação de água para irrigação..............................................................37 FIGURA 11 - Plantação de Banana na Margem do rio Branco.......................................38 FIGURA 12 - Vale fluvial na estrada de Taqurandi.........................................................40 FIGURA 13 - Fragmento de Ardósia encontrado na fazenda Mulungu..........................42 FIGURA 14 - Granito Mirangaba.....................................................................................44 FIGURA 15 - Matacões de Granito.................................................................................44 FIGURA 16 - Patamar elevado da Serra de Jacobina....................................................47 FIGURA 17 - Árvores inclinada devido atuação do vento...............................................49 FIGURA 18-19 - Vegetação de campo rupestre e floresta estacional............................50 LISTA DE QUADRO QUADRO 1 - Pontos estudados e suas respectivas coordenadas..............................25 11 LISTA DE SIGLAS APP........................................................Área de Preservação Permanente CPRM..................................Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais DCH ...................................................Departamento de Ciências Humanas EMBRAPA...........................Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária GPS........................................................Sistema de Posicionamento Global INEMA...................................Instituto do Meio Ambiente Recursos Hídricos MEC..........................................................................Ministério da Educação PCN........................................................Parâmetros Curriculares Nacionais PCNEM ..................,...Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio SEI......................Superintendência de Estudo Econômico Sociais da Bahia TTG...........................................Tonalíticas-Trondhjemíticas-granodioríticas UFF .........................................................Universidade Federal Fluminense UNEB.......................................................Universidade do Estado da Bahia UTM.........................................................Universal Transversa de Mercator 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................12 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................14 2.1 A Importância da Aula de Campo o Ensino de Geografia........................................14 2.2 Geossistema e o Estudo da Paisagem.....................................................................21 3 METODOLOGIA..........................................................................................................24 4 DISCUSSÃO E RESULTADO.....................................................................................26 4.1 Caracterização da Área de Estudo...........................................................................26 4.2 Roteiro de Aula de Campo: Taquarandi a Santa Cruz-Mirangaba-Ba......................31 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................52 REFERÊNCIAS...............................................................................................................55 13 1 INTRODUÇÃO Durante muito tempo o ensino de geografia foi tido como secundário, sem muita relevância principalmente no contexto da educação básica. Por essa razão Tomita, (2003) defende a importância de buscar e aperfeiçoar as metodologias que auxiliem na prática, que às vezes é limitada apenas à informação e transmissão mecânica dos conteúdos. O desafio de hoje é superar as expectativas através de práticas que proponham uma aula mais eficiente e atraente. Segundo Pinheiro (2004) o estudo da paisagem baseado nos fundamentos geossistêmicos oferece informações sobre a dinâmica da natureza, e permite através desta um estudo prático do espaço geográfico, promovendo uma interação natural entre o potencial ecológico e a exploração biológica. São inúmeras as tentativas de promover uma diversificação na metodologia; é nesse contexto que se faz pertinente a aula de campo, que se apresenta como um importante aparato metodológico para o ensino de geografa, contribuindo para o estreitamento do ensino de geografia e realidade próxima do aluno. O presente trabalho tem como objetivo geral elaborar um roteiro de aula de campo entre Taquarandi e Santa Cruz do Coqueiro, com ênfase na geografia física local; e específicos: realizar a análise da paisagem em Taquarandi e Santa Cruz do Coqueiro, Mirangaba-Bahia, descrevendo os locais de interesse didático que pode ser trabalhados com alunos do ensino fundamental médio e do Município; elaborar um perfil topográfico representativo do relevo local; destacar a importância da aula de campo na aplicação prática da teoria aprendida na escola, em conteúdos trabalhados em geografia, sobretudo na geografia física. Espera-se que este trabalho venha a contribuir para a educação básica do município de Mirangaba, sendo mais um instrumento para o ensino da geografia, em especial da geografia física, a fim de aperfeiçoar a visão crítica dos alunos com relação ao ambiente que estão inseridos, promovendo o estudo integrado da paisagem. Esta concepção se constituiu numa enorme contribuição para uma visão mais integrada dos elementos naturais. A importância deste trabalho reflete a necessidade de estimular os alunos em especial, os do Ensino Fundamental e Médio, a desenvolver um pensar geográfico, 14 embasado na prática, que segundo Cavalcante (2012) possibilita aos alunos localizarem e darem significado aos lugares e suas experiências sociais e culturais na diversidade em que elas se realizam. É nesse momento que a escola incorpora o papel de estimular os alunos a desenvolver suas habilidades, baseada em seus conhecimentos prévios, ajudando-o, a formar um pensamento autônomo e crítico da realidade. A relevância do mesmo se considerada indispensável no sentido de proporcionar a viabilização da aula de campo, como um instrumento didático, e na importância do desenvolvimento da prática lastreado pela teoria no ensino da Geografia, sobretudo da Geografia Física. 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 A IMPORTÂNCIA DA AULA DE CAMPO NO ENSINO DE GEOGRAFIA Inicialmente, faz-se necessário registrar a importância do ensino da geografia na contemporaneidade, uma vez que práticas inovadoras estão sendo ampliadas e ressignificadas de acordo com o modelo educacional a ser seguido, abordando uma infinidade de temas que reforçam o estudo e contribuem na formação do indivíduo. Estes temas trazem consigo uma multidão de símbolos com profunda significação, os quais são representados através de elementos estabelecidos através da relação social, econômica, ambiental, nos conflitos sócios espaciais, da globalização, da dinâmica natural do planeta, e tantos outros que permeia o espação geográfico (CAVALCANTE, 2012). Nessa perspectiva, acredita-se que o espaço geográfico seja o condutor destas relações. Essa abordagem confere à geografia a capacidade de entender-se como uma ciência, que estuda o espaço construído pelo homem, a partir das relações que estes mantêm com a natureza, Calai (2001) vem nos apontar que as relações entre o homem e ambiente são imprescindíveis na construção do ideário desse sujeito a ser formado. A visão geográfica é particularmente importante no que se refere à geografia escolar e ao método de ensino, para que se tenha como expectativa a formação de um “homem inteiro” e que, por meio da prática aliada à reflexão, construa-se o caminho para essa conquista (PONTUSCHKA, 1999). Cabe à Geografia esclarecer a relação produzida pela sociedade no espaço, a qual está de acordo com seus interesses em determinado momento histórico, mostrando que este processo implica uma transformação contínua (CASTROGEOVANNI E GOULART, 1990). Desta forma, a construção do espaço pela sociedade se constitui em uma práxis coletiva, num movimento histórico no qual, professores e alunos principalmente do ensino básico, podem e devem se colocar como agentes ativos (VICENTINI, 1987). Um dos objetivos registrados nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) diz respeito à formação de cidadãos ativos capazes de realizar transformações no mundo. O ensino da geografia proporciona uma “visão espacial”, sendo por excelência 16 uma disciplina formativa, capaz de instrumentalizar o aluno para que exerça de fato a sua cidadania (CALAI, 2001). A partir de um pensar geográfico sistematizado, baseado, sobretudo em uma configuração de elementos e interpretação espacial, o aluno poderá construir uma visão qualificável e descritiva de fenômenos que constituem o ambiente. Desta forma, o ensino de geografia tem o papel de gerar conhecimentos que possam promover a compreensão do espaço nas práticas sociais, as quais são materializadas através da cultura e organização da sociedade, formando uma espacialidade. O MEC (1998) recomenda que no ensino básico, as competências necessárias para lidar com as questões ambientais estejam centradas basicamente nas disciplinas de geografia, de ciências e biologia, e na educação ambiental, que deveria idealmente perpassar todas as disciplinas dos currículos escolares. Segundo os Parâmetros Curriculares as propostas para o ensino de geografia teriam que levar em consideração: (MEC, 1998 p.533:534). Espera-se que, ao final do terceiro ciclo do ensino básico, os alunos sejam capazes de: (i) reconhecer que a sociedade e a natureza possuem princípios e leis próprios e que o espaço geográfico resulta das interações; entre elas, historicamente definidas; (ii) compreender a escala de importância no tempo e no espaço do local e do global e da multiplicidade de vivências com os lugares; (iii) distinguir as grandes unidades de paisagens em seus diferentes graus de humanização da natureza, inclusive a dinâmica de suas fronteiras, sejam elas naturais ou históricas, a exemplo das grandes paisagens naturais, as sociopolíticas como dos Estados nacionais e cidade-campo; (iv) compreender que os conhecimentos geográficos que adquiriram ao longo da escolaridade são parte da construção da sua cidadania, pois os homens constroem, se apropriam e interagem com o espaço geográfico nem sempre de forma igual; (v) perceber na paisagem local e no lugar em que vivem, as diferentes manifestações da natureza, sua apropriação e transformação pela ação da coletividade, de seu grupo social; (vi) reconhecer e comparar a presença da natureza, expressa na paisagem local, com as manifestações da natureza presentes em outras paisagens; (vii) reconhecer semelhanças e diferenças nos modos com que distintos grupos sociais se apropriam da natureza e a transformam; Para formar um pensar geográfico, Cavalcante (2012) diz que se faz necessário que os alunos, ao lidar com representações geográficas, formem conceitos que instrumentalizem esse pensamento. Nesse contexto, pode ser usada como exemplo a categoria geográfica paisagem, a qual é considerada um conteúdo escolar, mas não somente como forma física, mas sim como algo que pode se materializar de diversos modos e inclusive de forma subjetiva. 17 O MEC (1998) relata a importância que os alunos aprofundem procedimentos que fazem parte dos métodos de operar da Geografia. É necessário que os alunos pratiquem o observar, descrever, representar cartograficamente ou por imagens os espaços e construir explicações e procedimentos que podem aprofundar e utilizar, mesmo que ainda o façam com pouca autonomia, necessitando da presença e orientação do professor. A Geografia, como ciência das interações entre uma multiplicidade de fenômenos naturais e sociais, para não cair nas generalizações localizadas, poderá ter do professor cuidados metodológicos no tratamento das formas de explicações. Nunca perder de vista que é na construção do espaço como resultado dessas interações que deverá colocar seus objetivos. (BRASIL, 1998, p.54). Tal perspectiva de construção do conhecimento geográfico pode se dar sob diversas formas, tanto dentro do contexto escolar como fora dele. Na formação de indivíduos participantes dos espaços e de práticas sociais, destaca-se que a escola tem papel importantíssimo para a construção do conhecimento geográfico do aluno, mas esta construção também ocorre para além da escola como espaço físico, desde que haja uma intervenção pedagógica intencional e significativa na vida do aluno, contribuindo para a construção do seu próprio conhecimento (CAVALCANTE, 2012). Ao considerar as experiências cotidianas dos alunos, o professor deve avaliar que esses saberes precisam ser lapidados no intuito de promover um conhecimento mais sistematizado, promovendo uma aprendizagem significativa, e tornando os alunos sujeitos ativos na construção do seu conhecimento (CAVALCANTE, 2012). Nessa perspectiva, Salles (1997) enfatiza a importância da aprendizagem geográfica do meio físico, especialmente quando se tem apontado que a ação predatória sobre o meio físico tem constituído a tônica da sociedade moderna, havendo assim necessidade de saber a importância e a influência que o meio físico exerce sobre a vida humana, sobretudo quando a ação humana tem provocado danos. O autor destaca que a ciência geográfica está apta a contribuir para uma ação amenizadora dos problemas ambientais humanos. Salles (1997) ressalta que essa ação amenizadora pode surgir a partir do momento que o homem desenvolve uma racionalidade e compreensão da natureza e seus fenômenos. 18 A compreensão dos agentes formadores do nosso planeta passa pela necessidade de conhecer o mundo em que vivemos tanto nas ações internas e externas. Nesse contexto, a Geografia Física se apresenta como a principal provedora de tais conhecimentos juntamente com outras disciplinas como a Geologia, Geomorfologia, Climatologia, Pedologia, Hidrografia entre outras, abordando o conteúdo de acordo com nível cognitivo exigido dos alunos do ensino básico. Desta forma o trabalho extraclasse como a aula de campo apresenta exatamente essa oportunidade, de interação com o meio, proporcionando a interpretação e promovendo a compreensão da dinâmica dos agentes formadores da paisagem, como relevo, vegetação, hidrografia etc. Para tal, o professor desempenha um papel fundamental, segundo Scortegagna (2005) o professor atua como facilitador que promove a reflexão sobre interação entre aluno e o meio, conduzindo e dirigindo as ideias dos alunos, e desempenhando o papel de orientador durante a realização do trabalho/aula de campo. Assim, o trabalho de campo teria a função de incentivar os alunos a fazer a interação dos conhecimentos adquiridos na teoria e vivenciá-los na prática, visando a contribuir de forma significativa no aprendizado. Considera-se nesta perspectiva que o aluno não é somente espectador, mas atuante em seu próprio aprendizado, atribuindolhe uma conotação que vai além de ouvinte, que perpassa pela sensibilidade de que pode fazer suas próprias análises, interpretar, relacionar e assim intervir no meio a partir de uma prática reflexiva embasada na teoria. Marques (1986) confirma a importância dessa correlação, ao estabelecer que teoria e pratica devem interagir, favorecendo o desenvolvimento de ambas e, consequentemente, aprimorando o nível de conhecimento do aluno, em especial o ensino básico. Segundo Compiani (2007), o papel da aula de campo é fundamental para a construção do conhecimento: [...] o campo tem alto potencial para organizar e integrar uma ou mais disciplinas: parte-se de uma concepção de Geologia abrangente, integra se a cognição da natureza por meio da Geologia, ou método de conhecer a história geológica do planeta, e apreendem-se aspectos sociais e ambientais relacionados com esta ciência, propiciando integração com as outras ciências (COMPIANE, 2007.p. 35) 19 Portanto o campo aparece como um local de experimento, permitindo a transformação de informações obtidas na teoria, que sejam na prática confirmadas, mas também experimentadas, oportunizando assim essa inter-relação, enquanto um elemento importante na construção do conhecimento do sujeito/aluno. O modelo de proposta pedagógica seguida pelo professor influencia diretamente no aprendizado do aluno, o professor se apresenta como sistematizador das informações, transmitindo-as para o aluno a fim de que o mesmo obtenha informações suficientes para transformar em conhecimento. Outros autores como Justen e Carneiro (2009) também falam da importância do trabalho/aula de campo como instrumento que estabelece uma relação entre o aluno e o ensino/aprendizagem quanto à aquisição do conhecimento, sobre o meio: [...] para auxiliar no processo ensino-aprendizagem, no reconhecimento da realidade que envolve o aluno, na compreensão [...] pode-se utilizar diferentes práticas que propiciem a construção e a aquisição desses conhecimentos por parte do aluno, destacando-se aqui a importância dos trabalhos de campo (JUSTEN & CARNEIRO, 2009, P.4). Caberia então ao professor do ensino básico desenvolver práticas pedagógicas que contribuam para o aprendizado de forma eficiente, esta se daria na convivência com ambiente de estudo onde as falas dos professores e as observações sistemáticas, conduziriam ao questionamento e interdisciplinaridade (RODRIGUES, 2008). Os PCNs (1998) também trazem os temas transversais para o ensino básico, sugerindo que devam ser abordados, de forma interdisciplinar, todas as características do meio ambiente, incluindo a dinâmica dos processos naturais e a degradação causada pelas atividades humanas. No âmbito dos PCNs, o tema Sociedade e Meio Ambiente trata da formação socioespacial, das novas territorialidades e temporalidades do mundo, abordando de forma ampla os processos que geram uma determinada ocupação do solo, as demandas por recursos naturais, o crescimento populacional e a urbanização. No quarto ciclo, os PCNs propõem um trabalho mais detalhado com a modernização, modos de vida e a problemática ambiental. Nesse eixo, são discutidas as mudanças ambientais globais, a questão do desenvolvimento sustentável, e as formas de degradação ambiental. 20 É com essa intenção que o trabalho/aula de campo se apresenta como elemento integrador do aprendizado da Geografia, mas também de outras disciplinas como a Biologia, História, Química dentre outras, permitindo a interdisciplinaridade no ensino. O campo oferece subsídios que possibilitam experiências e saberes que poderão colaborar para a formação do aluno enquanto agente transformador do meio, contribuindo através de uma relação sócio- participativa e integrativa. Compiani e Carneiro (1993), citados por Scortegagna, (2005. p, 40.) definem seis tipos de atividade de campo como sendo: Ilustrativa [...] serve para mostrar ou reforçar os conceitos já vistos em sala de aula. É centrada no professor que se utiliza da lógica da ciência para reforçar o conteúdo no campo. Indutiva: [...] o papel do professor é de conduzir os alunos ou fazer com que eles sigam um determinado roteiro de atividades. Motivadora: este tipo de saída de campo tem como objetivo despertar o interesse dos alunos para um dado problema ou aspecto a ser estudado. Treinadora: [...] visa treinar habilidades, geralmente com o uso de aparelhos, instrumentos ou aparatos científicos. Investigativa: [...] propicia ao aluno resolver determinados problemas no campo. Autônoma: esta saída objetiva despertar no aluno o seu espírito investigativo e prepará-lo para a sua realidade profissional futura. É realizada, preferencialmente, na região onde os alunos se encontram, em áreas escolhidas por eles e sem a presença do professor. Essas propostas de atividade de campo descritas por Compiani e Carneiro (1993) apud Scotergagna (2005) se apresentam como uma proposta didática que objetiva promover o aprendizado através de métodos variados de ensino. A interação com o meio proporciona variadas possibilidades de aquisição de conhecimento, e principalmente na formação, do próprio conhecimento cientifico do aluno, que é obtido através de informações em campo e dos seus saberes prévios. A visita a campo permite ao aluno fazer a inter-relação entre a teoria e a prática, ou seja, trazer o que é visto na sala de aula para o seu cotidiano. Essa interação permite uma releitura do espaço visto e do que é vivenciado pelo aluno, sugerindo novos interesses referentes ao objeto de pesquisa e possíveis investigações. 21 O campo pode ser um fio condutor para uma disciplina, propiciando, a partir de uma área de estudo, o entendimento dos principais processos e conceitos desta e o melhor desenvolvimento das peculiaridades da prática científica [...] e dos respectivos procedimentos mentais. O autor considera que o campo pode ser gerador de problemas, isto é, uma ótima situação de ensino problematizadora e, também, pode ser agente integrador da Geologia e outras Ciências na construção de uma visão abrangente de natureza. (COMPIANI 1991 apud SCORTEGAGNA 2005: p.41) Scortegagna (2005) enfatiza a importância da realização da atividade de campo, como sendo um instrumento de pesquisa de cunho investigativo, qualitativo e quantitativo com contribuição extremamente importante na descoberta e desenvolvimento de estratégias e métodos tais como: coleta de dados, questionário, etc. para serem posteriormente trabalhado e sala de aula, transformando e sistematizando as informações em dados científicas. [...] é fundamental para o estudante essa noção de conhecimento como um construto da prática científica, do ir e vir à fonte de informações, de testar, reformular, elaborar e adquirir a noção dos limites da produção científica; tudo isso contribui para desmitificar o conhecimento científico e o cientista. (COMPIANI 1991 apud SCORTEGAGNA 2005: p.41). A investigação do campo aparece como instrumento propiciador de uma aprendizagem continua pelo aluno, que é orientado e acompanhado pelo professor, contribuindo para formular e adquirir experiência a partir da curiosidade que será potencialmente despertada no aluno, levando a uma futura pesquisa, o que pode fornecer conhecimento para sua atuação enquanto participante do meio. A pesquisa desenvolvida in loco, possibilita aos alunos uma abordagem e um aprendizado menos abstrato e mais significativo, baseando-se em princípios de pesquisa qualitativa. Esse momento também se constitui como uma oportunidade de desenvolver emoções e sensações dos alunos e promover reações que a sala de aula às vezes não permite, caracterizando-se às vezes como um ambiente entediante, enquanto que a ida ao campo apresenta-se mais atrativa, mesmo diante de fenômenos da natureza tão variados e complexos dos quais se compõe a paisagem. Ao recomendar parâmetros para o ensino de geografia, o MEC (1998) recomenda que a análise da paisagem deva focar as dinâmicas de suas transformações e não simplesmente a descrição e o estudo de um mundo aparentemente estático. Isso requer 22 a compreensão da dinâmica entre os processos sociais, físicos e biológicos inseridos em contextos particulares ou gerais. A proposta do trabalho de campo é promover uma aprendizagem intencional, sistematizadora e integrativa, para (Marandola Jr. e Lima apud Neves 2010 p.59) “A paisagem encerra duas dimensões – a material e a simbólica – cuja interação poderia salientar seu caráter integrador e permitir uma análise do espaço que abarcasse toda a sua complexidade.” Essa afirmativa ressalta a importância de se trabalhar em termos de exigir um grau de complexidade e compreensão mais profunda dos alunos da escola básica. O trabalho de campo fornece a oportunidade de promover aos alunos um conhecimento que só se consegue a partir desse contato real e material, que de certa forma advêm do simbólico e do subjetivo, mas que se efetiva através dessa interação com o meio. 2. 2 GEOSSISTEMA E O ESTUDO DA PAISAGEM A análise geossistêmica consiste em uma proposta metodológica de estudo integrado dos elementos naturais e sua inter-relação com elementos antrópicos (TROPMAIR & GALINA, 2006). De acordo com alguns autores, tem sido crescente a busca pelo estudo integrado dos fenômenos físicos e as diversas configurações socioespaciais. Amorim (2012) ressalta, sobretudo no estudo da geografia física, onde essa proposta surge como tentativas ou formulações teóricas metodológicas em especial na Geografia Física, surgida com a necessidade de a Geografia lidar com uma abordagem multiescalar e fundamentalmente dinâmica (RODRIGUES, 2001). O modo de abordar os fenômenos físicos e antrópicos destaca uma sistematização aplicada à Geografia auxiliando no desenvolvimento de seus estudos por proporcionar uma visão da emergência de atributos, gerados através da interligação das partes que compõe o “todo”, que para a Geografia é a organização do espaço (LIMBERG, 2006). 23 A concepção geossistêmica foi originada a partir de pressupostos teóricos advindos da Teoria Geral dos Sistemas, elaborada pelo biólogo austríaco Bertalanffy (1976), o qual propunha a integração das ciências e da interrelação dos elementos, contrapondo-se à abordagem tradicional de isolamento entre os diversos ramos da ciência. O autor ressalta que uma das propriedades essenciais do complexo sistêmico é a relação entre os organismos que são estabelecidas a partir de uma visão integrada (BERTALANFFY, 1976). No início da década de 60, embasado na Teoria Sistêmica, o geógrafo Russo Sotchava (1977) desenvolveu um estudo com base em pesquisa do espaço geográfico e na possibilidade de gestão territorial da antiga União Soviética inserindo o conceito de sistema na Geografia, gerando assim o termo geossistema. O autor propunha estudar, não os componentes da natureza, mas as conexões entre eles; de preferência, projetarse para o estudo de sua dinâmica, estrutura funcional, conexões etc. (SOTCHAVA, 1977). O conceito de geossistema também obteve a contribuição do geógrafo francês Bertrand (1972) que deu uma conotação diferente ao conceito de geossistema proposto anteriormente por Sotchava. Bertrand (1972) estabeleceu uma taxonomia para o geossistema, permitindo uma organização das escalas, definidas a partir de unidades de paisagem como a Zona, o Domínio e a Região Natural, as quais seriam unidades superiores, estando respectivamente na primeira, segunda e terceira grandezas; e o Geossistema, o Geofácies e o Geótopo, seriam as unidades inferiores. Esta concepção se constituiu numa enorme contribuição para uma visão mais integrada dos elementos naturais. O estudo da paisagem fundamentado nos geossistemas baseia-se na composição da paisagem, trazendo informações sobre a dinâmica da natureza, através da aplicação de uma metodologia que facilitou estudo prático do espaço geográfico, promovendo uma interação natural entre o potencial ecológico e a exploração biológica (PINHEIRO, 2004). Ao pesquisar os Geossistemas, que são sistemas dinâmicos e flexíveis devem-se ressaltar os elementos abióticos e bióticos e não somente os existentes no momento; mas levar em consideração também sua história (TROPPMAIR & GALINA, 2006). 24 O estudo da paisagem deve levar em conta uma visão geográfica geral e integrada do meio, permitido uma dialética entre os fatores físicos, biológicos e antrópicos (BERTRAND, 1972). Com isso os eventos de uma determinada região, os processos de um espaço, podem ser avaliados em sua complexidade na medida em que eles não são vistos ou analisados individualmente (BELIZÁRIO, 2014). Nos últimos anos, o estudo dos geossistemas e da paisagem tem ganhado uma maior notoriedade e crescente número de estudos que utilizam esta ferramenta no estudo da geografia. Entretanto no Estado da Bahia são incipientes os trabalhos relacionados com a utilização dos geossistemas como ferramenta de ensino. 25 3 METODOLOGIA Esta pesquisa foi realizada através de levantamentos bibliográficos utilizando livros, trabalhos, artigos e publicações relacionadas à área de estudo e adjacências. O embasamento teórico e prático ministradas nas aulas e na saída a campo pelo próprio orientador, com discussões pertinentes sobre o meio físico, especialmente no que se refere à geologia e geomorfologia, com ênfase na importância da aula de campo, foram fatores que consolidaram esta etapa. A Pesquisa de campo foi realizada em dois momentos. O primeiro, que ocorreu em setembro 2014, deu-se por meio de uma visita à área de estudo, que fica na região de Mirangaba, mas especificamente entre o distrito de Taquarandi e o povoado de Santa Cruz de Coqueiro, constituindo um transecto de aproximadamente 28 km sentido E-W. A visita permitiu um reconhecimento regional e a descrição dos aspectos mais relevantes, a serem abordados, identificados as principais características físicas dos diversos compartimentos dessa paisagem descrevendo os diferentes pontos de interesse didáticos que podem ser trabalhado com alunos do ensino fundamental e médio do município, em cada um dos pontos especificado abaixo (Figura 12), bem como suas respectivas coordenadas UTM. Além da descrição foram feitos registros fotográficos. A segunda visita deu-se em maio de 2015 juntamente com uma turma de graduandos do bacharelado em Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF) sob supervisão do Professor Doutor Raul Reis, acompanhado do orientador desta monografia. Durante esta viagem, foram feitas várias contribuições ao conhecimento existente sobre a área de estudo, já que foram agregadas diferentes percepções. Quadro 1: Pontos estudados e suas respectivas coordenadas Pontos Unidades Coordenadas X Coordenadas Y 1º 2º 3º 4º 5º Rio Branco – Taquarandi Vale Fluvial – Taquarandi Faz. Mulungu – Taquarandi Gnaisse Granítico Mirangaba Topo da Serra de Jacobina Santa Cruz 0315952 0316965 0315242 0325847 0335545 Fonte: Vanessa Rodrigues, 2015. 87955224 8793926 8793228 8789338 8782122 26 Para a coleta dos dados supracitados foram utilizados instrumentos como o Sistema de Posicionamento Global (GPS), máquina fotográfica digital, caderno de anotação, fita para identificação de amostras, cartas topográficas, marretas, etc. Os dados alcançados durante a pesquisa foram convertidos e integrados para a elaboração desta monografia. Para isto, foi necessária a utilização de alguns softwares como Google Earth e Maps, Excel, Word, Paint. Esta etapa incluiu o reconhecimento regional, e georreferenciamento, o que fez com que pudesse ser confeccionado um perfil topográfico da área de estudo. Através da análise da bibliografia, foram efetivadas a análise dos dados colhidos em campo e sua síntese, permitindo a confecção deste texto. 27 4 DISCUSSÃO E RESULTADO 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA O município de Mirangaba faz parte do Semiárido baiano e está inserido no polígono da seca a 369 km da capital, Salvador. Localiza-se na Mesorregião Geográfica do Centro Norte baiano, Piemonte da Diamantina esta inserida nas folhas cartográficas de Umburanas (SC.24-Y-A-V), Mirangaba (SC.24-Y-A-VI). A área municipal é de 1.697, 947 km², de acordo com o último Censo Demográfico do IBGE (2010) o município apresentou uma população de 16.279 habitantes, tendo uma sobreposição da população rural em relação à urbana, sendo 8.879 rural e 7.400 urbana. Figura 1: Mapa de Localização do Município de Mirangaba-Ba. Figura 2: Localização do Municipio de Mirangaba Fonte: CPRM, 2005. Fonte: SEI, 2011. 28 O município de Mirangaba é constituído pelos distritos de Taquarendi, Nugaçu e Canabrava e de vários povoados, entre os quais, os de Santa Cruz do Coqueiro e os quais serão descritos em parte neste roteiro. Limita-se ao Norte com os municípios de Campo Formoso e Antônio Gonçalves, ao Sul, com os municípios de Jacobina e Caem, ao Leste com Saúde e Pindobaçu, ao Oeste com o município de Ourolândia (SEI, 2012). Quanto aos aspectos físicos do município de Mirangaba é constituído por litótipos representantes da bacia sedimentar Proterozóica, na porção ocidental, constituído pelo grupo Chapada Diamantina (Formações Tombador, Caboclo e Morro do Chapéu), bem como pelas formações Bebedouro e Salitre. Na porção oriental, destaca-se a ocorrência dos Complexos Mairi, Itapicuru, e o Grupo Jacobina (Fig. 3), bem como vários corpos de rochas granitoides (CPRM, 2005). 29 Figura 3: Esboço Geológico do Município Fonte: CPRM, 2005. 30 A área do município é constituída geologicamente com a seguinte sequência litológica: O Arqueano é representado pelo Complexo Mairi, caracterizado por ortognaisses, (tonalito-trondhjemito-granodiorito) TTGs migmatizados, com intercalações metabásicas, metaultrabásicas e calcissilicáticas (CPRM, 2005). O Paleoproterozóico é constituído pelo Grupo Jacobina, com a Formação Rio do Ouro (quartzitos) e Formação Serra do Córrego (metaconglomerados e quartzitos subordinados e quartzitos). Além disso, ocorrem vários (Granitóides da Serra de Jacobina), bem como os Granitos de Lagoa d´Anta e Miguel Calmon (CPRM, 2005). No Mesoproterozóico a região foi em parte recoberta pelo Grupo Chapada Diamantina, constituída pela Formação Caboclo (laminitos algais, calcarenitos, arenitos conglomeráticos, lamitos, siltitos, argilitos, quartzoarenitos estromatólitos colunares) e Tombador (arenitos, conglomerados quartzoarenito eólicos com intercalações de arenitos) (CPRM, 2005). Como a unidade geológica de idade Mesoproterozóica-Neoproterozóica ocorre a Formação Morro do Chapéu, formada por arenito fino a médio, em parte feldspático, lamitos, siltitos, arenitos conglomeráticos e quartzo arenitos (CPRM, 2005). No Neoproterozóico foi depositada uma espessa sequência de rochas carbonáticas com associações de níveis metapelíticos reunidas no denominado Grupo Una, o qual foi subdividido em Formação Bebedouro, de possível origem glaciogênica, e a Formação Salitre dominantemente carbonática (CPRM, 2005). As unidades cenozóicas presentes são formações superficiais como a Formação Caatinga: brecha calcífera e calcrete, coberturas detrito-lateríticas: areia com níveis de argila e cascalho e crosta laterítica (CPRM, 2005). Além disso, ocorrem formações superficiais Cenozóicas, são constituídas por pacotes de rochas sedimentares de naturezas diversas, que recobrem as rochas mais antigas (CPRM, 2005). O município apresenta clima semiárido e seco a subúmido, com temperatura média anual de 20,4 ºC e pluviosidade de 975,4mm. Os solos são, essencialmente, latossolos, cambissolos, neossolos litólicos e luvissolos. O relevo é constituído por várias superfícies planálticas com diferentes altitudes (SEI, 2012). 31 No aspecto hidrográfico o município faz parte das Bacias do Rio Itapicuru e do Rio São Francisco, tendo como rios principais: os Rios Veredas da Tábua ou Rio Salitre e o e Rio Preto, ambos pertencentes à Bacia do São Francisco, e o Rio Itapicuru-Açu cujas nascentes localizam-se em Mirangaba (SEI, 2012). No território municipal pode-se distinguir três diferentes tipos de aquíferos, quais são ; (i) aquifero fissural, (ii) aquífero cárstico, (iii) aquífero granular (figura 4). Figura 4: Domínio Hidrogeológico do Município Fonte: CPRM, 2005. O aquifero fissural é tipico de metassedimentos cristalinos. Nesse tipo de rocha a porosidade primaria não existe, condicionada a uma porosidade secundária representada por fraturas e fendas, o que se traduz por reservatórios aleatórios, descontínuos e de pequena extensão. Essas condições definem um potencial hidrogeológico baixo sem, no entanto diminuir sua importância como alternativa no abastecimento nos casos de pequenas comunidades, ou como reserva estratégica em períodos de estiagens prolongadas (CPRM, 2005). 32 (ii) aquífero cárstico; predominate em terrenos calcários, caracterizado pela dissolução química dassas rochas, formando cavernas, sumidouros, dolinas e outras feições erosivas típicas desses tipos de rochas, o processos de dissolução pela água propiciam ao sistema uma porosidade e permeabilidade secundária, que permitem acumulação de água em volumes consideráveis. A água, no geral, é do tipo carbonatada, com dureza bastante elevada (CPRM, 2005). Os calcários propiciam a ocorrência de aquíferos com um sistema de elevada heterogeneidade (OLIVEIRA ET AL 2007). (iii) aquífero granular. Cada um desses aquíferos se coportam de maneiras distintas, de acordo com a geologia do terreno. Nas áreas superficiais constituidas por rochas de formação Cenozóica, predomina o aquífero do tipo Granular, caracterizado por possuir uma porosidade primária, e nos terrenos arenosos uma elevada permeabilidade, o que lhe confere, no geral, excelentes condições de armazenamento e fornecimento d’água (CPRM, 2005). Por conta da argila e areia as vazões são muito significativas em poços tabulares que são muito comuns na região. Outro fator expressivo nessa região e a presença de poços tubulares que favorece o uso da irrigação. O levantamento realizado pela CPRM sobre o levantamento de aguas subterrâneas do município registrou a presença de 160 pontos d’água, sendo 2 fontes naturais, 1 poço escavado e 157 poços tubulares, ofertando água para uso doméstico e para agropecuária (CPRM, 2005). 4. 2 ROTEIRO DE AULA DE CAMPO: TAQUARANDI A SANTA CRUZ DO COQUEIRO De acordo com o referencial geossistêmico de Bertrand (1972), foi tomado também como base para complementar este estudo, o trabalho de Pinheiro (2004) que fez uma avaliação geoambiental do município de Jacobina através das técnicas de geoprocessamento sendo este de extrema importância já que as unidades geoambientais I, II, III, IV, V descritas por Pinheiro, no município de jacobina continuam a norte, onde localiza-se o município de Mirangaba, contribuindo para o estudo dos referido pontos descritos no transecto e no perfil topográfico abaixo (figura 5,6). 33 Figura 5: Transecto dos respectivos pontos georreferenciado estudados que inclui Taquarandi e Santa Cruz região de Mirangaba-Ba. Fonte: Campos, 2015 adaptado Vanessa Rodrigues, 2015. 34 Figura 6: Perfil Topográfico do Trajeto Estudado Fonte: Amorim, 2015 adaptado Vanessa Rodrigues 2015. 35 4. 2.1.1 Ponto 1: Nascente do Rio Branco em Taquarandi - Mirangaba-Ba. Figura 7- Nascente do rio Branco-Taquarandi-Mirangaba-Ba. Fonte: Vanessa Rodrigues, 2015. Este ponto situa-se nas coordenadas UTM 0315.952 m E / 8.795.524 m S. O acesso é feito a através de uma estrada de chão que liga parte do centro de Taquarandi em direção a Fazenda Mandacaru. O Rio Branco (figura 7) fica dentro de uma propriedade privada e embora a nascente esteja localizada no domínio do aquífero cárstico é possível que a água presente nesta região também resulte de possível ressurgência de água decorrente da interseção de uma fratura ou falha com a superfície topográfica. Este local faz parte das unidades de paisagem Ia e Ib Pinheiro (2004), as quais estão inseridos na Baixada dos rios Salitre e Jacaré, a qual é constituída por substrato carbonático. O relevo local é formado por extensas zonas de chapadões, baixadas e esparsa drenagem, representada, principalmente, pelos rios Jacaré e Salitre (CPRM, 2005). O predomínio de rochas calcárias nessa região causa a existência de dolinas e 36 cavernas, que são formadas em decorrência da dissolução química que as rochas sofrem, provocando superfícies alargadas e descontinuas, permitindo o acumulo de água. Nas proximidades, existe uma gruta que fica às margens do Rio Preto, localizada no povoado de Volta da Serra, próximo a Taquarandi (figuras 8, 9) e se constitui um importante sitio arqueológico, contendo pinturas rupestres. Figura 8: Gruta do povoado de Volta da Serra Fonte: http://www.panoramio.com/ 37 . Figura 9: Gruta do povoado de Volta da Serra com pinturas rupestres. Fonte: http://www.ferias.tur.br/ Os carbonatos/metacarbonatos constituem um sistema aquífero desenvolvido em terrenos com predominância de rochas calcárias, magnesianas e dolomiticas, que têm como característica principal, a constante presença de formas de dissolução cárstica (dissolução química de rochas calcárias), formando cavernas, sumidouros, dolinas e outras feições erosivas típicas desses tipos de rochas. Fraturas e outras superfícies de descontinuidade, alargadas por processos de dissolução pela água propiciam ao sistema porosidade e permeabilidade secundária, que permitem acumulação de água em volumes consideráveis. A água, no geral, é do tipo carbonatada, com dureza bastante elevada (CPRM, 2005). O ponto 1 está localizado no domínio da Caatinga. Entretanto a vegetação presente na nascente são plantas aquáticas (nenúfares) e vegetação de brejo (“canabrava”). Às margens da nascente, existem restos de mata ciliar com árvores de pequeno e médio porte que refletem maior umidade ao local. O Rio Branco é usado para 38 o abastecimento da população e também para a irrigação da produção agrícola. O substrato de rochas carbonatadas influencia no potencial agricultável dos solos (cambissolos eutróficos e latossolo vermelho amarelo horizonte b latossolico ≥ 50cm ), que, apresenta boa concentração de bases (PINHEIRO, 2004). Figura 10: Casa de bomba utilizada para captação de água para irrigação no Rio Branco (à esquerda) Fonte: Vanessa Rodrigues, 2013. O uso da agua para irrigação do plantio de banana é muito comum (figura 10) mostra uma captação de agua para esse fim. É evidente nesse ponto a degradação da vegetação que cobre a nascente, restando apenas algumas árvores de pequeno porte, há alguns metros adiante, rio acima pode-se verificar a presença de uma área preparada para o plantio de banana (Fig. 11) mostra a captação de água para irrigação. 39 Figura 11: Plantação de Banana na Margem do rio Branco Fonte: Vanessa Rodrigues, 2013. Nesse momento o trabalho com os alunos pode ser feito também utilizando os conhecimentos de outras disciplinas, como biologia ou ciências, fazendo com que a discussão fique mais rica. Discutindo também a importância da preservação da margem do rio para a proteção da sua nascente. Segundo Código Florestal (Lei Nº 12.651, 25 de Maio de 2012), nas margens de rios, a área mínima de vegetação natural, (seja ela qual for e em qualquer estado de conservação), a ser mantida depende da largura de cada um: rios de até 10 metros de largura devem ter 30 metros de vegetação preservada; para rios de 10 a 50m de largura, 50m de vegetação preservada; de 50 a 200m de largura, 100m de área preservada; de 200 a 600m de largura, 200m de vegetação preservada; e rios de mais de 600m de largura devem ter 500m de mata preservada em suas margens. De acordo com o observado em campo, no local, a distância mínima da plantação para margem do rio era 40 em, média de 3 metros. As nascentes são águas provenientes do lençol freático que abastecem o aquífero que então ressurgem em superfície através de rios efluentes ou de nascentes (ZANI et al 2013). A recarga do aquífero acontece, quando em uma área da bacia é absorvida boa parte da água através do solo, e armazenada no lençol freático subterrâneo e aos poucos vai cedendo, a agua à superfície através das nascentes. Em sua dinâmica, usualmente é de formação local, delimitado pelos contornos da bacia hidrográfica, origina-se das águas de chuva que se infiltram através das camadas permeáveis do terreno até encontrar uma camada impermeável ou de permeabilidade muito menor que a superior (CALHEIROS, 2004). O solo funciona como um reservatório dinâmico de água, onde suas características podem influenciar esse sistema de partição de água, especialmente infiltração, afetando de forma direta o processo de recarga de aquíferos, uma vez que este está diretamente associado a atributos do solo que governam sua capacidade de infiltração (MENEZES ET AL, 2009). No entanto mesmo com um potencial hídrico subterrâneo considerado satisfatório, na região do planalto calcário, a atividade agrícola que tem predominado nessa área é cultivo da banana, o qual tem uma significativa importância econômica. Entretanto, por ser uma planta tipicamente tropical exige calor constante, precipitações bem distribuídas e elevada umidade para o seu bom desenvolvimento e produção, (EMBRAPA, 2015). O cultivo dessa planta necessita de uma grande quantidade de água para sua irrigação, o que pode compromete o a perenidade dos rios. Já que o clima da região não favorece o cultivo dessa planta de folhas largas, que propicia maior evapotranspiração, pois a vegetação típica dessa região de Caatinga apresenta características morfológicas extremamente distintas tantos nas folhas, espinhos e caules. 41 4.2.2.2 Ponto 2: Vale Fluvial na Estrada De Taquarandi- Mirangaba- Ba Este ponto encontra-se nas coordenadas UTM 0316.965 mE/ 8.793.926 mS. Na estrada de terra que liga Mirangaba ao Distrito de Taquarandi. O local faz parte da unidade de paisagem Ib Pinheiro (2004) identificando a susceptibilidade que os rios intermitentes mostram ao assoreamento pelo desmatamento de suas margens. Figura 12: Vale fluvial na estrada de Taquarandi Fonte: Vanessa Rodrigues, 2013. Pode-se observar (figura 12) que a mata ciliar foi quase totalmente retirada, e inclusive troncos de árvores derrubadas encontram-se jogados no leito fluvial. O leito do rio foi escavado para fazer um pequeno barramento, onde acumula água para dessedentação animal. Pinheiro (2004) define essa unidade Ia e Ib com um potencial 42 hídrico superficial é fraco, havendo uma sobreposição nessas unidades do potencial hídrico subterrâneos. O local pode suscitar discussões a respeito do desmatamento de áreas de preservação permanente e sobre a função da vegetação na prevenção da erosão, bem como seu papel na promoção da infiltração da água para os aquíferos. Proteção das APPs destinadas a proteger a estabilidade geológica e o solo também previne o assoreamento dos corpos d’água. A cobertura florestal natural das encostas, dos topos de morros, das margens de rios e córregos tem como função proteger o solo da erosão provocada por chuvas, permitir a alimentação dos lençóis d’água e a manutenção de nascentes e rios, e evitar que a água da chuva provoque o assoreamento do leito do rio, por conta da erosão do solo. 4.2.2.3 Ponto 3: Afloramento de Ardósia Calcífera: Estrada do Mulungu, Zona Rural de Taquarandi. Este ponto, localizado na Fazenda Mulungu, encontra-se nas coordenadas UTM 0315.242m E / 8.793.228m S na margem de uma estrada de chão. Altitude de 690 metros. Nesse ponto identifica-se a unidade geossistêmica como sendo a Unidade Ib de Pinheiro (2004) onde os modelados de aplanamento e dissolução são responsáveis pela pouca movimentação do relevo desta área. Isso pode também ser discutido com os alunos, tecendo considerações sobre a configuração plana desse de relevo, que foi formado a partir de uma deposição sedimentar. Neste local pode-se suscitar discussões sobre a presença de afloramento de blocos de ardósia calcífera cinza (figura13). Esta é uma rocha metamórfica, caracterizada pelo tamanho dos seus cristais e pela foliação. A ardósia é uma rocha formada pelo metamorfismo de folhelhos, com coloração que varia de cinza-escuro a preto. Por conta de sua orientação mineralógica foliada, a ardósia é utilizada como chapas grossas usadas para fabricação de telhas, lajes para pavimentação e quadronegro (PRESS, 2006). 43 Figura 13: Fragmento de Ardósia encontrado na fazenda Mulungu. Fonte: Vanessa Rodrigues, 2013. Esta rocha pertence ao Grupo Bambuí, sendo constituinte da Formação Salitre, e representa um evento de deposição marinha datado por Macedo e Bonhomme (1984) apud Guerra (1986) que através de determinações isotópicas em calcários da região Salitre definiram sua idade como sendo em torno de 767 ± 18 milhões de anos. A Formação Salitre representa um evento deposicional de carbonatos em um mar raso, o qual deu origem, por diagênese e metamorfismo de grau muito baixo, a rochas calcárias e ardósias calcíferas cinza, como a que ocorre neste local. O local é propício à discussão da solubilidade das rochas calcárias, no que diz respeito à facilidade de formação de cavernas e de aquíferos cársticos, os quais ressurgem em local próximo (Ponto1) ao Rio Branco. Os terrenos percolativos condicionam um significativo potencial hídrico subterrâneo predatoriamente explorado, principalmente em épocas de secas (PINHEIRO, 2004). A qualidade da água dos aquíferos cársticos depende basicamente da composição 44 química da rocha, o que na maioria das vezes apresenta uma dureza (percentual de sais dissolvidos) elevada. Isso ocorre por conta da solubilidade, fenômeno que pode ser ilustrado para os alunos, utilizando o exemplo de solubilidade usando sal e açúcar em água e, se for possível, se o professor puder coletar, em Taquarandi, uma garrafa com água proveniente de poços locais. Os alunos poderão também comparar o gosto da água com o da água fornecida na zona urbana de Mirangaba, a qual é proveniente de aquíferos fissurais localizados na Serra de Jacobina, onde a dureza da água é mais baixa. A partir das observações feitas quanto ao gosto da água, pode-se inclusive discutir o conceito de nutrientes do solo. Neste sentido, observa-se que parte dos sais que produzem o gosto salobro da água de Taquarandi (sais de cálcio, magnésio principalmente) são aqueles responsáveis pela nutrição das plantas, o que explica a adequabilidade da região de Taquarandi para a atividade agrícola Pode-se, ainda, solicitar aos alunos que coletem uma amostra da ardósia calcífera para posteriores comparações com outras rochas, à medida que o perfil for sendo percorrido. O professor deverá, assim, levar fita-crepe e um marcador de texto para que os alunos identifiquem a amostra e façam as anotações pertinentes (natureza da amostra, local de coleta) em seus cadernos ou cadernetas. 4.2.2.4 Ponto 4: Granito de Mirangaba Este ponto é localizado nas coordenadas UTM 0325. 847 E 8.783.338 S 774 m de altitude. Constitui um morrote de granito na estrada de chão que vai em direção a Taquarandi. Nese ponto observa se a unidade geoambiental Ia Pinheiro (2004), que caracteriza o modelado como sendo de rampas suaves sem bruscas variações de declives, as quais favorecem a pecuária, e onde os solos já não mostram tantas vantagens para a agricultura (latossolos vermelho amarelo álicos). 45 Figura 14: Granito Mirangaba Fonte: Vanessa Rodrigues, 2013. Figura 15: Matacão de Granito Fonte: Vanessa Rodrigues, 2013. 46 No local o relevo é ondulado, formado por colinas e morros, o que contrasta com as características dos pontos anteriores, que se localizam num planalto cárstico com altitudes mais baixas e relevo chapado (PINHEIRO, 2004). A vegetação é típica da transição entre caatinga arbustiva e floresta estacional, a qual é mais densa e mais alta nos topos de morros. Este local é uma área de pastagem. O granito forma matacões, de coloração cinza e granulação grossa. É uma rocha foliada formada por quartzo, feldspatos, biotita e anfibólios, contendo enclaves de rochas máficas. (figuras 14, 15). O granito foi gnaissificado pela ação do metamorfismo regional, constituindo na verdade um ortognaisse. Neste ponto pode ser trabalhado o conceito de rocha magmática plutônica. As rochas magmáticas ou ígneas são formadas pela cristalização do magma, rocha fundida que se forma no manto superior ou na base da crosta. As rochas ígneas pertencem a dois grupos, as intrusivas e extrusivas. Quando o magma cristaliza no interior da crosta de forma lenta, permitindo o crescimento dos cristais, dá origem a uma rocha de granulação grossa, chamada de ígnea intrusiva, como o granito. Já as rochas que se formam na superfície, a partir da erupção vulcânica, são de granulação fina, pois o magma resfria rapidamente, não permitindo o crescimento dos cristais, são chamadas de extrusivas como o basalto (PRESS ET AL, 2006). Durante o percurso pode ser feita a coleta de amostras das rochas encontradas no percurso e fazer uma comparação quanto a sua textura, cor, formação mineralógica. Os alunos poderão ver que as cores são diferentes, que a ardósia do ponto anterior tem granulação mais fina e é homogênea, enquanto o granito apresenta grãos maiores, de diferentes cores e aspectos. Pode-se ainda ver que a ardósia tem uma foliação, enquanto o granito, apesar de foliado, não apresenta planos de descontinuidade físicas, tão regulares. A foliação deste granito, em especial, indica que ele provavelmente foi também submetido a metamorfismo progressivo, provavelmente no Paleoproterozóico (cerca de 2 bilhões de anos atrás), quando formaram-se as foliações N-S da Serra de Jacobina e das regiões próximas (CPRM, 2005). A partir destas comparações, pode-se discutir os critérios de reconhecimento de materiais sedimentares e ígneos, e inclusive, a diferença entre rochas ígneas sensu strictu e as rochas ígneas sujeitas a metamorfismo, como o granito local. Além disso, pode-se utilizar ácido muriático, pingando o mesmo na ardósia, 47 o que revelará a presença de carbonato de cálcio efervescente, o que não ocorre com o granito. Se o professor quiser, pode levar um canivete e solicitar aos alunos que tentem riscar a ardósia e o granito com o mesmo, constatando que o granito não será riscado pelo aço, enquanto a ardósia é riscada. A menor dureza da ardósia reflete a presença de minerais de baixa dureza, como a calcita e as micas, enquanto os granitos são formados por feldspatos e quartzo predominantemente. É possível também correlacionar a maior dureza dos minerais que formam o granito com o relevo. Caracterizado por uma altitude maior do que a do ponto anterior, e resultado do tipo de rocha, que é o granito uma rocha resistente ao intemperismo por conta do alto teor de quartzo, o que dificulta o intemperismo e o processo erosivo da rocha. Pode-se ainda mostrar aos alunos o perfil topográfico com a localização dos pontos (Figura 6), mostrando a diferença de altitude entre o planalto calcário e as rochas graníticas. 4.2.2.5 Ponto 5: Patamar elevado da Serra de Jacobina Neste ponto as coordenadas UTM são 0335545E e 8782122S com altitude de 879 metros. Localiza-se na estrada que vai para a roça de Dona Vanda, junto a um afloramento de quartzitos (Figura 16). Para chegar ao mesmo, segue-se até a casa de Cosme, e dobra-se à esquerda, entrando em uma estrada entre duas casas, e segue-se em frente por cerca de 300 metros. 48 Figura 16: Patamar elevado da Serra de Jacobina Fonte: Vanessa Rodrigues, 2003. Este ponto faz parte da unidade de paisagem IVa de Pinheiro (2004) que corresponde ao macro conjunto metassedimentar da Serra de Jacobina, onde dominam fortes condições de dissecação diferencial que condicionam a elaboração dos vales estreitos e topos abaulados e em crista. O local situa-se num patamar elevado da Serra de Jacobina, cujo topo pode ser visto no horizonte. O relevo da Serra de Jacobina é formado por cristas quartzíticas muitas vezes pontiagudas, com vertentes de declives acentuados e vales geralmente em “V” . Nas proximidades só existem afloramentos de quartzitos, mas é possível que o relevo mais baixo em relação às áreas de topo, que são vistas a leste, seja mais arrasado pela presença de rochas menos resistentes, possivelmente conglomerados. A estratigrafia do Grupo Jacobina foi definida por Couto et al (1978) apud Sampaio (2001) como sendo uma sequência paleoproterozóica, puramente sedimentar, metamorfizada em baixo grau, onde predominam metassedimentos clásticos médios e grossos, distribuídos nas formações Serra do Córrego, composta por conglomerado e quartzito e Rio do Ouro, constituída por metaconglomerados e ortoquartzitos. 49 No caminho até este ponto passa-se por um afloramento de quartzitos. O professor poderá parar no mesmo e apresentar aos alunos esta rocha, mostrado o quanto ela é resistente ao risco, com auxilio de um canivete. Poderá inclusive comparar estas rochas com as demais amostras de ardósia e de granito que foram coletadas nos outros pontos, mostrando o quão dura a mesma é, sendo incapaz de ser riscada com um canivete de aço resistente ou com estilete de dentista. Isso se deve à presença de quartzo (dureza 7) no quartzito, enquanto o granito terá mais feldspato, e a ardósia calcífera, calcita e micas. Poderá também comparar a superfície de alteração do quartzito com aquela do granito e da ardósia, mostrando que os granitos e ardósias ao sofrerem intemperismo, podem produzir argilominerais, que sempre terão mais nutrientes para as plantas do que o quartzo, formado de sílica. Isso implica que os solos deste ambiente específico serão menos férteis. A altitude elevada da Serra de Jacobina permite a formação de chuva orográfica na região a barlavento, mas também por pequenas distancias a sotavento, por correntes de ar úmido com direção SE-NW constante, provenientes do Atlântico. A constância dos ventos de SE-NW pode ser demonstrada facilmente, pedindo aos alunos que observem as árvores, que têm copas e troncos deformados, todas inclinadas para oeste, devido à atuação dos ventos locais, que sopram constantemente de leste para oeste (figura 17). 50 Figura 17: Árvores com troncos e copas inclinados devido ao vento de direção constante Fonte: Vanessa Rodrigues, 2013. A chuva orográfica é suficiente para gerar um clima subúmido, com precipitações anuais que chegam a mais de 1000 mm, enquanto nas zonas a sotavento, como em Taquarandi, o total pluviométrico anual não ultrapassa 700. mm (INEMA, 2015). A altitude deste ponto permite também que se trabalhe, com os alunos, os conceitos de intemperismo e erosão, que é o processo de desgaste e transporte das rochas. O quartzito é uma rocha metamórfica muito resistente ao intemperismo, derivada do arenito rico em quartzo, que dificulta o processo de intemperismo. Embora o quartzito seja uma rocha metamórfica, não apresenta foliações visíveis. O professor poderá fazer a ressalva, neste caso, que a ausência de foliação visível no quartzito é devida ao fato de o mesmo ser constituído basicamente por quartzo, um mineral que não favorece a formação de planos de descontinuidade. Neste local torna-se necessário fazer observações sobre o sistema hidrológico das serras de Jacobina, responsável por um grande número de nascentes, resultantes do fraturamento das rochas quartziticas, dando origem a riachos e rios que compõe a bacia 51 do Itapicuru Açu, Mirim e do próprio Itapicuru, se caracterizando como um verdadeiro oásis no semiárido baiano. A observação do ponto 5 pode também trazer para os alunos considerações sobre a vegetação decorrente do tipo de relevo e formação pedológica. O solo originário da formação rochosa é identificado como neossolo litólico, caracterizado como solos rasos e pobres em nutrientes, somente com um horizonte A diretamente sobre a rocha. Figura 18,19: Vegetação de campo rupestre e floresta estacional Fonte: Vanessa Rodrigues, 2013. A vegetação é formada pelos campos rupestre (figuras 18,19) ou área de Refúgio Ecológico com transição para florestas estacional semidecidual, vegetação típica de ambiente montanhoso, possuindo estrutura arbustiva e/ou herbáceas, presentes nos cumes litólicos das serras, em altitude de até 1000 metros. Os campos rupestres são conhecidos pela sua característica arbustiva, além de arvores e arbustos e de plantas retorcidos. Os campos rupestres apresentam uma grande diversidade endêmica com espécies como as canela-da-ema (Vellozia squamata), quaresmeira da serra (Tibouchina candolleana Cogn), candeia (Eremanthus erythropappus) dentre tantas outras (IBGE, 2012). 52 Deste modo, pode-se levantar questões relativas às interrelações entre a formação rochosa, clima, solo, hidrografia, agricultura, e como esses fatores interferem na estrutura da produção e na economia do local. A formação pedológica local não permite uma agricultura de grande escala, sendo mais uma agricultura voltada para subsistência (raízes como mandioca, batata etc.), grãos (feijão, milho, café etc.) e frutas como banana, um dos principais produtos de grande importância econômica. O ponto ilustra o fato de que os condicionantes físicos interferem na estrutura fundiária e econômica da região. 53 54 CONSIDERAÇÕES FINAIS A apropriação do espaço resulta de ações que ocorrem de acordo com características históricas, econômicas e culturais, que se reproduzem ao longo do tempo, dando origem a produção do um espaço. Esta avaliação leva em consideração a interferência humana na transformação da paisagem. No perfil percorrido, pode notar que os fatores físicos e bióticos dos geossistemas locais têm uma grande influência na ocupação humana e na produção de espaço. Isso se deve, em grande parte, ao fato de que os contrastes entre os diversos geossistemas são muito grandes, em função da estrutura, a qual condiciona o relevo, o clima, os fatores hidrográficos, e a vegetação. A realização deste roteiro permitiu verificar as transformações existentes na paisagem. Com este propomos observar as transformações que têm interferido no ambiente natural de Taquarandi e Santa Cruz do Coqueiro, duas áreas próximas, localizado no município de Mirangaba, mas que, contêm grandes diferenças nas características do meio natural e organização produtiva. Nesse contexto é importante salientar que as diferentes características geomorfológicas, geológicas e pedológicas possuem influência direta no modo de produção agrícola desenvolvido nas regiões de Mirangaba, um dos fatores importantes que confirmam essa diferença estão na hidrografia e no solo. Nos geossistemas serranos, a pluviosidade dá origem à formação decursosd´agua perenes, o que garante a pequena agricultura – geralmente fruticultura e legumes - nas “grotas” que são os fundos de vales e nascentes da serra. Embora a evapotranspiração nas paisagens serranas seja a mesma das regiões dos baixos planaltos calcários, a presença de chuvas orográficas, e mesmo da umidade proveniente da neblina, nos topos de serras, viabiliza condições não tão intensas de déficit hídrico, o que favorece a manutenção da maior parte das nascentes – ou da umidade do solo – nos locais imediatamente próximos a leitos fluviais. São comuns as plantações de banana, por exemplo, no próprio leito dos rios. O que deveria ser melhor pensado, adotando-se outras soluções, já que, a depender da continuidade destas práticas, a perenidade dos rios pode estar sendo comprometida. 55 Na serra, predominam os solos litólicos, que são solos rasos, associados normalmente a relevos declivosos. Entretanto, a escala cartográfica dos mapeamentos de solos é muito pequena, e não permite definir com detalhe as manchas de solos, especialmente aquelas que se localizam em pequenas áreas de acúmulos de colúvios nas bases de elevações, nos pequenos patamares mais planos e nas margens de rios. Nestes locais a fertilidade natural é maior e geralmente não há pedregosidade, sua aptidão é boa para agricultura. São particularmente indicados para situações que não exige uma agricultura intensiva o que é mais comum em áreas de agricultura familiar, típica do modo de produção existente na a região serrana de Mirangaba, onde fica localizada o povoado de Santa Cruz do Coqueiro, o que caracteriza uma agricultura aparentemente mais sustentável. A partir da observação da paisagem local, contata-se que, especialmente no planalto cárstico, o processo de modernização mostra o agravamento das questões ambientais, onde as matas ciliares estão sendo destruídas e onde a procura por escalas mais intensivas de produção, inclusive com mecanização, vem aumentando o uso do solo, da água subterrânea e inclusive dos cursos d´agua superficiais para irrigação intensiva, o que vem ocorrendo em Taquarandi. Um dos fatores que colaboram para a degradação dos pontos nas áreas analisadas se deve a prática inadequada de plantio baseado na agricultura intensiva em Taquarandi e familiar em Santa Cruz do Coqueiro, fenômeno decorrente da expansão do modo capitalista. No entanto cabe ressaltar que além dos fatores físicos nota-se que a distinção entre esses dois locais, pode ser feita também por diferenças evidenciadas nos aspectos culturais, étnicos, históricos e econômicos. Pode-se verificar influências das diferentes identidades étnicas na região de Santa Cruz do Coqueiro que evidencia uma formação cultural voltada para a prática da agricultura familiar. A formação de uma comunidade tradicional, como Santa Cruz, que foi reconhecida legalmente como comunidade quilombola, bem como os povoados adjacentes, evidenciam a ocorrência de atividade econômica baseada na agricultura de subsistência ou pela pequena agricultura, que fornece basicamente excedentes agrícolas de banana, mandioca, milho, batata, etc. distribuídos nas feiras e mercados regionais. Esta 56 agricultura familiar e de pequeno porte é a única possível na área serrana, devido ao relevo acidentado e aos solos pouco desenvolvidos e com baixa fertilidade. Este tipo de ocupação parece ser resultante de processos históricos de ocupação da terra. Seria necessário pesquisar quais fatores determinaram a alocação e permanência destas comunidades afrodescendentes nas áreas serranas. É possível que isto tenha se dado pela maior facilidade de obter a posse de áreas remotas e de difícil acesso, talvez não tão atraentes para os grandes proprietários de terras da região. A região de Taquarandi, originalmente ocupada por pecuária extensiva em fazendas de médio ou grande porte - as únicas viáveis, devido às condições físicas locais - hoje tem um perfil produtivo diferente, graças ao uso de tecnologias de irrigação e agricultura mecanizada. O distrito de irrigação se desenvolveu a partir do vale do Rio Preto, onde fora cultivado a cana-de-açúcar, dando origem ao seu primeiro nome Canavieira. Taquarandi sempre foi conhecido por terras férteis, demonstrado um grande potencial na produção da agricultura irrigada que inicialmente era pequena, mas com a rentabilidade na sua produção este cultivo foi aumentando. Os produtos de maior produção na região são o alho e a banana, produzido em grandes quantidades. O alho é comercializado na sua forma natural e também beneficiado em pasta base e a banana a é vendida para região. Porém, esse crescimento poderá causar a superexploração dos recursos naturais, como a água, se não houver monitoramento dos efeitos sobre o aquífero cárstico. Neste trabalho reafirma-se a importância da aula de campo, como uma alternativa metodológica para o ensino de geografia, possibilitando que o aluno tenha uma maior participação em seu aprendizado, tirando o foco central e único do professor e do livro. Auxiliando na prática das habilidades necessárias em leitura da paisagem e tantos outros assunto que, competem não só ao estudo da geografia, mas em outras disciplinas como ciências e biologia. A aula de campo tem como objetivo a abordagem da paisagem local para o ensino de Geografia na educação básica. Os PCNS recomendam que o ensino de geografia analise a paisagem e sua dinâmica, o que requer a compreensão entre os processos 57 sociais, físicos e biológicos inseridos em contextos particulares ou gerais. Este roteiro de viagem parece ser potencialmente útil, para estes fins. 58 REFERÊNCIAS AMORIM, R. R. Um novo olhar na geografia para os conceitos e aplicações de geossistemas, sistemas antrópicos e sistemas ambientais. Caminhos da Geografia, v. 13, n. 41, p. 80–101, 2012. Disponível em:<http://www.seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/article/viewFile/16613/9240 >. Acesso em: 20 set. 2015 BELIZÁRIO, W S. Geossistemas E Climatologia Geográfica: Estudos Integrados Do Clima Em Bacias Hidrográficas. Revista Sapiência: sociedade, saberes e práticas educacionais (ISSN 2238-3565) 3.2 (2014): 2-21. Disponível em: <www.le/view/2959/2132revista.ueg.br/index.php/sapiencia/artic. >Acesso em: 20 jul. de 2015. BERTALANFFY, L.V. 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