A FORMAÇÃO DO PREÇO NUMA FLORICULTURA NO MUNICIPIO DE BELÉM NO ESTADO DO PARÁ1 David da Silva e Silva2 Nazaré Doriene de Melo Reis3 RESUMO Diante do atual cenário econômico brasileiro o que torna o mercado cada vez mais competitivo, uma alta carga tributária, concorrência acirrada e um mix de produtos variando do mais simples ao mais complexo, muitos fatores necessitam ser analisados de forma criteriosa e detalhada e com o maior grau de precisão possível para que a continuidade da empresa não venha ser prejudicada e dentre esses fatores está à formação do preço que muitas das vezes é deixada em segundo plano por falta de conhecimento ou até mesmo ingenuidade em relação ao assunto. O presente artigo tem por objetivo demonstrar a importância da formação do preço numa floricultura situada no Município de Belém. Para tal fim, será abordada a Contabilidade de Custos como um dos instrumentos fundamentais para a formação do preço e a verificação do lucro, além de oferecer uma visão geral do mercado de flores no Brasil. Palavras chaves: Formação do Preço, Contabilidade de Custos, Lucro. ABSTRACT In today's Brazilian economic environment which makes the increasingly competitive market, a tax heavy duty, tough competition and product mix ranging from simple to more complex, many factors need to be analyzed in a careful and detailed way and with the most degree of accuracy possible for the continuity of the company will not be impeded and among these factors is the formation of the price that much of the time is left in the background for lack of knowledge or even naivety on the matter. This article aims to demonstrate the importance of price formation at a flower shop located in the city of Bethlehem. To this end, the Cost Accounting will be discussed as one of the key tools for the pricing and verification of income, thereby offering an overview of the flower market in Brazil. Key words: Price formation, Cost Accounting, Profit. 1. INTRODUÇÃO 1 Artigo apresentado a Faculdade do Pará, como requisito complementar na obtenção do Grau em Ciência Contábeis. Belém-PA, 2015. 2 Graduando do Curso de Ciências Contábeis, 2015. 3 Professora e orientadora de Graduação do Curso de Ciências Contábeis. Tendo em vista a diversificação e o crescimento desse ramo é de fundamental importância que vários aspectos e critérios sejam observados cuidadosamente para evitar que problemas e até mesmo a falência da empresa venham ocorrer. Entre eles, estão à formação do preço de venda dos produtos e/ou serviços. Segundo Martins (2010, p. 24) “Desde que duas pessoas resolvam comunicar-se, é absolutamente necessário que passem a dar aos objetos, conceitos e ideias o mesmo nome, sob pena de, no mínimo reduzir-se o nível de entendimento. ”. Justamente, por esse fato, que, os conceitos e outros aspectos da Contabilidade de Custos precisam ser definidos de forma clara e objetiva para que a formação do preço possa ser feita de maneira precisa e objetiva, tanto quanto possível for, assim, tendo o real conhecimento de seu lucro. Logo, quando os conceitos e ferramentas da Contabilidade de Custos são aplicados de forma adequada para formação do preço numa floricultura, traz como benefício a correta aferição do lucro. Para analisar esse elemento que faz parte de qualquer empresa, tem-se como referencial uma empresa de floricultura localizada no município de Belém tendo como foco central a seguinte indagação: Qual a importância da Contabilidade de Custos como ferramenta na formação do preço para uma floricultura? Dentro desse enfoque tem-se como objetivo geral demonstrar a importância da Contabilidade de Custos para a formação do preço e consequentemente a correta aferição do lucro. Como objetivos específicos, verificar a relevância dos conceitos fundamentais, tais como: custo fixo e variável; analisar o lucro pelo método de custeio e sua importância para o processo de formação do preço. Para tal finalidade foram utilizadas como base teórica, pesquisas bibliográficas, sites informativos, e aplicação de questionário com perguntas relacionadas ao custo dos produtos numa floricultura. 2. REFERÊNCIAL TEÓRICO 2.1. A CONTABILIDADE Desde a antiguidade a Contabilidade já dá o ar de sua graça. Por exemplo, na Bíblia: O livro de Jó, ainda que não seja o primeiro da Bíblia, é considerado o mais antigo. Jó era um homem muito rico e justo, na terra de Uz no Oriente, que certamente, tinha um bom contador, pois na descrição de sua riqueza, no versículo três do primeiro capitulo, observa-se: “E era seu gado sete mil ovelhas, e três camelos, e quinhentas juntas de boi e quinhentas jumentas.” (IUDÍCIBUS; MARION; FARIAS, 2009, p. 7). Diante disso, já nos primórdios da civilização começamos a verificar a função da Contabilidade (ibid. p. 4) que era “(...) avaliar a riqueza do homem; avaliar os acréscimos ou decréscimos dessa riqueza.” Com o passar do tempo e o surgimento do método das partidas dobradas, ou seja, o débito e crédito, do Frei Luca Pacioli em 1494, a Contabilidade ganha novos contornos e dimensões chegando ao status de Ciência. A Contabilidade diferentemente do que a maioria imagina não é uma Ciência do campo das Exatas, por mais, que ela se utilize dos instrumentos de tais ciências, como a Matemática, ela está inserida entre as Ciências Sociais e tendo como seu objeto de estudo o Patrimônio (conjunto de bens, direitos e obrigações). Hoje, temos, a Contabilidade como “(...) a ciência que estuda, registra e controla os atos administrativos, transformando-os em fatos contábeis.” (Pêgas, 2010, p. 19). Modernamente, a Contabilidade como qualquer outra ciência ganhou divisões ou formas, que: [...] a depender do usuário e do tipo de informações requerida, a contabilidade pode assumir diferentes formas, apresentadas como: contabilidade financeira: condicionadas as imposições legais e requisitos fiscais; contabilidade gerencial: voltada à administração de empresas, não se condiciona às imposições legais, o objetivo de gerar informações úteis para a tomada de decisões; contabilidade de custos: voltada à análise dos gastos realizados pela entidade no de correr de suas operações. (BRUNI; FAMÁ, 2007, p. 20). Dentro do universo da Contabilidade, para esse artigo, limita-se à Contabilidade de Custos, pois, a formação do preço possui vários fatores a serem considerados e analisados, por exemplo, a análise de mercado, em que, o produto ou serviço está inserido, assim, voltado mais para o ramo da Economia que não é o intuito desse artigo. Por ter esse foco contábil a formação do preço será analisada com base nos custos, mencionando os outros fatores quando necessário. 2.2. CONTABILIDADE DE CUSTOS A Contabilidade de Custos para esse artigo é de fundamental importância, pois, os seus conceitos e ferramentas dão a estrutura necessária para determinar o preço de venda de produtos e/ou serviços. Entre vários conceitos sobre a Contabilidade de Custos, temos Leone (2000, p. 47,48) que afirma: [...] a Contabilidade de Custos é o ramo da função financeira que coleta, acumula, organiza, analisa, interpreta e informa os custos dos produtos, dos serviços, dos estoques, dos componentes operacionais e administrativos, dos planos operacionais, dos programas, das atividades especiais e dos segmentos de distribuição para determinar a rentabilidade e avaliar o patrimônio da empresa, para controlar os próprios custos e as operações e para auxiliar o administrador no processo de planejamento e tomada de decisões. Dentro desse conceito a Contabilidade de Custos é abordada de forma gerencial, ou seja, não apenas com o intuito de mensurar os custos mais, como uma “fonte” produtora de informações relevantes. Já, segundo Lawrence (1977, apud BRUNI, FAMÀ, 2007, p. 22): “A Contabilidade de Custos pode ser definida como o processo ordenado de usar os princípios da contabilidade geral para registrar os custos de operação de um negócio.”. Segundo os autores o foco está centrado no registro da composição dos custos no processo produtivo, utilizando-se os conceitos contábeis e as informações financeiras derivados do mesmo. Afirma Ribeiro (2007, p. 13) que “A Contabilidade de Custos ou Contabilidade Industrial é um ramo da Contabilidade aplicado às empresas industriais.”. Dentro desse enfoque, a aplicação da Contabilidade de Custos está estritamente relacionada às empresas industriais. Entretanto, dentro desse contexto, Martins (2010, p. 22) trás uma grande contribuição quando afirma, que: “Com o advento da nova forma de usar Contabilidade de Custos, ocorreu seu maior aproveitamento em outros campos que não o industrial.”. Ou seja, ela expande suas fronteiras para além das empresas industriais, como por exemplo, as empresas prestadoras de serviços, através das informações, conceitos e ferramentas. 2.2.1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS Para este tópico e os outros que virão, utiliza-se como base, Eliseu Martins4, devido, o autor apresentar tais conceitos de forma simples e direta, além de não restringir o uso da Contabilidade de Custos às empresas industriais, tendo em vista, que, a empresa em análise é uma floricultura, ou seja, uma empresa comercial. Não deixando de citar de forma oportuna outros autores. Martins (2010, p. 24-26) defini os conceitos de gasto, desembolso, investimento, custo despesa e perda da seguinte forma: Gasto: compra de um produto ou serviço qualquer, que gera sacrifício financeiro para a entidade (desembolso), sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro); Desembolso: pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço; Investimento: gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuro (s) período (s); Custo: gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. O custo é também um gasto, só que reconhecido como tal, isto é, como custo, no momento da utilização dos fatores de produção (bens e serviços), para a fabricação de um produto ou execução de serviço. Despesa: bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para obtenção de receitas; Perda: bem ou serviço consumidos de forma anormal e involuntária. 2.2.2. CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS A classificação dos custos é outro ponto importante, pois, é através dela que conseguimos “separar” os materiais empregados de forma direta ou indireta na obtenção de produtos ou serviços. Para tal veremos o que são custos direto, indireto, fixo e variável, lembrando que, existem outras classificações, entretanto, nos prenderemos aos custos elencados acima. Segundo Martins (2010, p. 48,49): [...] alguns custos podem ser diretamente apropriados aos produtos, bastando haver uma medida de consumo (quilogramas de materiais consumidos, embalagens utilizadas, horas de mão de obra utilizada e até quantidade de força consumida). São 4 MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2010. os Custos Diretos com relação aos produtos. Outros realmente não oferecem condição de uma medida objetiva e qualquer tentativa de alocação tem de ser feita de maneira estimada e muitas vezes arbitrária5 (como aluguel, a supervisão, as chefias etc.). São os Custos Indiretos com relação aos produtos. Ainda (ibid. p. 49), a classificação de custos fixos e variáveis que são usualmente utilizados é a mais importante de todas as outras classificações, pois, considera a relação entre o valor total de um custo e o volume de atividade numa unidade de tempo. Dessa forma (ibid. p. 49,50): Por exemplo, o valor global de consumo dos materiais diretos por mês depende diretamente do volume de produção. Quanto maior a quantidade produzida, maior seu consumo. Dentro, portanto, de uma unidade de tempo [...], o valor do custo com tais materiais varia de acordo com o volume de produção; logo, materiais diretos são Custos Variáveis. Por outro lado, o valor do aluguel do imóvel em que ocorre a produção geralmente é contratado por mês, independentemente de aumentos ou diminuições naquele mês do volume elaborado de produtos. Por isso o aluguel, geralmente, é um Custo Fixo. 2.2.3. SISTEMAS DE CUSTEIO Para melhor compreensão do que é sistemas de custeio, segundo Leone (2000) de forma geral, custeio seria o modo de se calcular o custo de um objeto qualquer, ou seja, o valor total que foi empregado para se produzir um objeto (um bem). Por isso, saber o que é custeio, os tipos e como escolher é muito importante, pois, afeta diretamente o lucro. Devido à existência de vários tipos de custeio e suas diferentes formas de aplicação comentaremos de forma sucinta e para fins didáticos alguns desses tipos. Afirma Ribeiro: a) Sistema de Custeio Direto ou Variável: Esse sistema contempla como Custo de Fabricação somente os Custos Diretos ou variáveis. Nesse caso, os custos Indiretos integram o resultado juntamente com as despesas. b) Sistema de Custeio por Absorção: 5 Um critério de rateio geralmente é usado para essa finalidade. Segundo o Dicionário de termos de Contabilidade (1999, p. 282): Rateio (1) Normalmente, utiliza-se o rateio em Contabilidade de Custos quando se faz a distribuição dos custos indiretos aos produtos ou serviços. (2) Procedimento lógico para itens cuja identidade com o objeto não é perfeitamente identificada. Esse sistema de custeio contempla como Custo de Fabricação todos os custos incorridos no processo de fabricação do período, sejam eles diretos ou indiretos. Nesse caso, somente as despesas integrarão o resultado do exercício. (RIBEIRO, 2009, p. 41,42). O custeio variável pelo fato de não ser aceito pelo fisco, devido, por exemplo, subavaliar o estoque e o lucro líquido, fica restrito para fins gerenciais. Já o por absorção, além de, se ajustar aos princípios contábeis, também, conforme, lembra Martins (2010, p. 203) que “(...) o Custeio por Absorção está contemplado no Pronunciamento Técnico CPC 16, do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que trata da valoração de estoques, nos itens 12 a 14”. Além dos sistemas citados acima, temos o custeio departamental e o custeio baseado em atividades (ABC). O Custeio Departamental se fundamenta na atribuição dos custos indiretos (fixos) aos produtos, utilizando-se os departamentos (financeiro, comercial, etc.) para tal fim. O Custeio Baseado por Atividades, também conhecido, como ABC (ActivityBased Costing) atribui os custos indiretos aos produtos, por meio de atividades. 2.2.4. O PREÇO Em uma sociedade capitalista como a nossa uma das palavras mais comuns que nos deparamos diariamente é preço. Por isso, é comum se achar que “colocar o preço nas coisas” é algo muito simples. Entretanto, no decorrer desse tópico ficará claro que a formação do preço de um produto ou serviço não é tão simples como parece. Afirma Assef (2011, p. xv), que “a correta formação de preços de venda é questão fundamental para a sobrevivência e o crescimento autossustentado das empresas, independentemente de seus portes e de suas áreas de atuação”. Isso mostra que a formação do preço é um aspecto de tal importância que, quando não observado corretamente pode parar as atividades de uma empresa, assim podendo ocasionar até a falência. Para iniciarmos, primeiro, precisamos entender o que é um preço de venda? Segundo Cruz et al. (2012, p. 17). “Trata-se da quantia em moeda que deve ser entregue em troca de um produto ou serviço”. O conceito de preço pode até parecer simples e óbvio, porém, sua determinação não, pois levam em consideração vários aspectos como: o mercadológico, o tributário, o econômico e financeiro. Logo, não se pode “colocar” preço em um produto ou serviço de forma aleatória sem considerar o mercado (Monopolista, por exemplo.), a carga tributária incidente (ICMS, IPI, II, etc.) e os custos envolvidos nas operações, pois, incorrerão numa política de preços, lucro e lucratividade6 deficitárias. Contabilmente falando, existem vários tipos de lucros, o lucro bruto, lucro líquido, lucro tributável, etc. Entretanto, de forma mais genérica considera-se o lucro sendo a diferença entre receitas, custos e despesas, ou seja: L=R-C-D Segundo Crepaldi (2010, p. 360). “Os métodos de fixação de preços são geralmente classificados com base em três critérios: custo, demanda, concorrência”. Como foi explicado em tópico anterior, será abordada a formação do preço apenas pelo critério do custo. (ibid. p. 360): Preços baseados no custo se referem a qualquer método no qual o custo é utilizado como base do preço para fixação do preço de um produto ou serviço. Um método baseado no custo comumente empregado é o sistema de preços com base no acréscimo de uma margem sobre o custo. [...]. Embora simples e de fácil uso, este método ignora fatores do mercado, como a sensibilidade dos consumidores ao preço e os preço da concorrência e de produtos substitutos. O valor acrescido sobre o custo para se determinar o preço final de um produto é chamado de Mark-up que é dada de forma percentual, sendo calculado da seguinte forma: (1−𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜) Percentual de Mark-up = 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎 x 100% ou, pode-se calcular o preço de venda: (𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜) Preço = 100%−𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑀𝑎𝑟𝑘−𝑢𝑝 x 100 Para melhor compreensão, vejamos um exemplo: Vamos considerar um custo de R$ 24,00 para produzir uma calça, desejando-se um Mark-up de 50%. Preço = ? 6 Lucratividade: Indicadores calculados na Demonstração do Resultado do Exercício que mostram, por exemplo, quantos centavos se ganham por cada real vendido. Normalmente a base de cálculo são as vendas, custos, etc. (DICIONÁRIO DE TERMOS DE CONTABILIDADE, 1999, p. 207). Mark-up = 50% Custo = R$ 24,00 Tem-se: (24) Preço = 100%−50% x 100 → Preço = R$ 48,00 Ressalta-se que existem outras formas de calcular o preço de venda com base nos custos, como, a fixação de margem, fixação do ROI, preço de paridade, etc. Portanto, dentro dessa pequena abordagem sobre a formação do preço considerando apenas o critério do custo, fica claro, não só a sua importância como a complexidade do mesmo. 3. METODOLOGIA Referente à metodologia, o presente trabalho consiste em pesquisa descritiva e explicativa, pois, no decorrer da confecção do mesmo, serão descritos e explicados a importância e a formação do preço numa floricultura no município de Belém. Possuindo dessa forma uma abordagem qualitativa devido à necessidade da obtenção de informações para demonstrar a relevância do uso da Contabilidade de Custos na formação do preço de venda e analisar o lucro. Para tal, os meios empregados são a pesquisa bibliográfica, utilizando-se de dados teóricos extraídos de materiais já publicados, referentes à Contabilidade de Custos e outros assuntos afins, com o propósito de fundamentar e explicar o problema proposto; e a pesquisa de campo se fará presente através da aplicação de um questionário formulado com perguntas fechadas e abertas numa floricultura, cujo tratamento dos dados serviram como análise para essa pesquisa. O universo pesquisado se restringe ao administrador da empresa tendo em vista ser a pessoa mais apropriada para a obtenção das informações necessárias para análise dos resultados. 4. ANÁLISE DE DADOS Com base nas informações coletadas ficou evidente a importância da formação do preço e a análise do lucro numa floricultura localizada no município de Belém no Estado Pará. 4.1. CENÁRIO SÓCIOECONÔMICO As flores estão presentes em várias ocasiões especiais, como, o dia das mães, o dia dos namorados, finados e casamentos. Tendo como atrativo sua variedade de cores, tipos e o seu simbolismo. Devido esses fatores, o mercado de flores no Brasil tem grande importância para a economia, tendo em vista a crescente profissionalização do setor e o faturamento que se encontra na casa dos bilhões anuais. Segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), em 2012 o faturamento foi de R$ 4,8 bilhões. Já em 2014 chegou a R$ 5,7 bilhões, tendo como previsão em 2015 um aumento na ordem de 8%. Ainda segundo o Ibraflor o mercado de flores é responsável por cerca de 215.818 empregos diretos contando com 8 (oito) mil produtores de flores e plantas abrangendo mais de 350 espécies com cerca de 3 (três) mil variedades. Na tabela abaixo temos uma visão geral desse mercado: Resumo por Região7 Macro N° Área Pt. região Produtores (ha) Varejo Ano 2014 2014 2014 2014 Produção Atacado SUDESTE 4.018 8.561 12.089 51.171 7.065 SUL 2.232 2.714 3.699 12.324 500 NORDESTE 1.138 2.027 3.050 8.160 NORTE 437 861 859 C. OESTE 423 829 TOTAL 8.248 14.992 Emprego Varejo Apoio Total 4.812 132.962 22.358 1.527 36.709 415 16.835 1.169 26.579 3.598 145 3.960 282 7.985 1.427 3.232 285 7.507 559 11583 21.124 78.485 8.410 120.574 8.349 215.818 69.914 Fonte: Adaptação da tabela do Ibraflor. 4.2. DADOS O entrevistado é o administrador de uma floricultura localizada no município de Belém, uma micro empresa, tributada pelo Simples Nacional que atua no ramo a mais de 5 (cinco) anos. Além da atividade principal que é a comercialização de flores ela possui atividades secundárias como, decoração de eventos, buffet e aluguel de salão de festas. 7 O termo Pt. Varejo significa os pontos de vendas no varejo e Apoio são outras funções que, na maioria servem de apoio ao mercado de flores. Quando perguntado ao entrevistado sobre a aquisição da matéria prima, foi dito que, na sua maioria, são importadas, sendo que, apenas 15% são compradas no Estado, e desse total, aproximadamente 10% são flores tropicais e o restante são cachepós de madeira (vasos de madeira). Quando perguntado sobre a existência de sazonalidade na venda dos produtos, afirmou-se existir, assim, tendo altas demandas em períodos como o dia da mulher, dia das mães e dia dos namorados e uma baixa demanda nos meses de fevereiro e julho, respectivamente, o carnaval e as férias escolares. Em ambos os períodos os preços variam conforme a demanda. Como visto nesse artigo, o critério de rateio como instrumento auxiliador na formação do preço, também é utilizado nessa empresa, pois, quando perguntado, afirmou-se ser utilizado, o metro quadrado, o quilowatt/hora e salário/hora, como forma de compor o custo do produto. Para exemplificar como se da à formação do preço na floricultura analizada, será utilizado o produto bouquet de rosas vermelhas para tal fim, e assim, corroborando o que foi dito por Assef (2011, p. xv), que “a correta formação de preços de venda é questão fundamental para a sobrevivência e o crescimento autossustentado das empresas, independentemente de seus portes e de suas áreas de atuação”. Segundo o entrevistado, o Bouquet é composto por 6 (seis) rosas vermelhas, folhagem, outros tipos de folhagens que servem como acessório (Gypsofila, Tango e Trigo), papel celofane, fitas e adesivos. Gráfico – Composição do preço do bouquet em reais (R$) e em percentuais (%), Belém/PA 2015. 7% Rosas (6 und.) - R$ 12,00 5% Folhagem - R$ 4,00 5% 29% Outras folhagens - R$ 8,00 Papel, fitas e ades. - R$ 3,00 10% Impostos - R$ 4,00 Mão de obra direta - R$ 4,00 10% 10% Água e luz - R$ 3,00 7% 19% Fonte: Elaboração própria. Deprec. e manutenção - R$ 2,00 Perdas - R$ 2,00 O gráfico mostra a formação do preço de um bouquet de rosas com 6 (seis) unidades, os valores e percentuais são unitários, com exceção das rosas, cujo valor está totalizado. Os dados em percentuais estão arredondados para que a análise seja clara e objetiva. O entrevistado informou que a margem de lucro utilizada é de 100% devido às flores serem produtos perecíveis, além das perdas envolvidas na confecção do bouquet, como as folhas que não são aproveitadas, por exemplo. Logo, o preço final do bouquet de rosas vermelhas com 6 (seis) unidades é de R$ 80,00 sendo que, o custo total é de R$ 42,00 conforme demonstrado no gráfico acima, mas, esse valor é arredondando para R$ 40,00 por questões praticas. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a variedade de produtos e serviços circulando no mercado, o grau de complexidade que muitos deles necessitam para serem produzidas, a concorrência acirrada e as tomadas decisões que precisam ser o mais coerente possível com a realidade de cada empresa, a formação do preço tem sido um dos elementos de grande importância dentro desse contexto, contudo, trazendo também, muita preocupação para os gestores, pois, a má formação do preço pode acarretar problemas de grandes proporções. Quanto ao problema e os objetivos do artigo, eles foram alcançados, uma vez que ficou clara não apenas a importância da formação do preço numa floricultura, como também a complexidade do mesmo e o conhecimento real ou pelo menos o mais próximo da realidade do seu lucro, sendo que, sem esse parâmetro do quanto uma empresa está auferindo de lucro é impossível tomar decisões que não afetem o bom funcionamento e o processo de continuidade de uma empresa, que é um dos princípios da Contabilidade. Considerando o que foi evidenciado recomendo-se que um dos colaboradores seja capacitado, se possível, para manusear e transformar as folhas que não são utilizadas em adubo orgânico, assim diminuindo as perdas e inserindo um novo produto no rol da empresa, também aproveitar as sobras de papel celofane, das fitas e de outros materiais utilizados, para criar embalagens menores, acessórios ou detalhes em outros tipos de embalagens, pois, o desperdício é resultado de mau planejamento. 6. REFERENCIAS ASSEF, Roberto. Guia Prático de Formação de Preços: Aspectos mercadológicos, tributários e financeiros para pequenas e médias empresas. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. BRUNI, Adriano; FAMÀ, Rubens. Gestão de Custos e Formação de Preços: Com Aplicações HP 12C e Excel. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso Básico de Contabilidade de Custos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. CRUZ, June Alisson Westarb et al. Formação de Preços: Mercado e estrutura de custos. 1. ed. Curitiba: Intersaberes, 2012. IUDÍCIBUS, Sergio de; MARION, José Carlos; FARIA, Ana Cristina de. Introdução a Teoria da Contabilidade: Para o Nível de Graduação. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009. IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos; PEREIRA, Elias. Dicionário de Termos de Contabilidade: Breves definições, conceitos e palavras chaves de Contabilidade e palavras correlatas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003. LEONE, George Sebastião Guerra. Custos: planejamento, implantação e controle. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. PÊGAS, Paulo Henrique. Manual de Contabilidade Tributária. 6. ed. São Paulo: Freitas Bastos, 2010. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade de Custos Fácil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. Site pesquisado: INSTITUTO BRASILEIRO DE FLORICULTURA - IBRAFLOR. O mercado de flores no Brasil. Disponível em:< http://www.ibraflor.com/publicações/vw.php?cod=235>. Acesso em: 12 ago 2015.