UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE QUÍMICA DEPARTAMENTO DE QUÍMICA INORGÂNICA QUÍMICA INORGÂNICA I – GQI00052 TEORIAS ÁCIDO–BASE Prof. Fabio da Silva Miranda e-mail: [email protected] Sala GQI 308, Ramal 2170 Aspectos históricos e sócio-econômico A distinção original de ácido e base era feita perigosamente baseando-se no paladar e no tato: ácidos são azedos e bases são amargas. Ácidos fazem com que os corantes mudem de cor e bases são escorregadias. Produção de chuva ácida Se inicia com uma reação simples entre dióxido de enxofre e água SO2 g + H2 O l → HOSO− 2 aq + H+ (aq) Processo de fabricação de sabão (reação de saponificação) NaOH aq + RCOOR′ aq → RCO2 Na aq + R′ OH 2 Aspectos históricos das teorias Ácido-Base Descrição Data Ácido Base Ácido Base Lavoisier ~1776 Óxidos de N, P, S Reage com ácido SO3 Liebig 1838 H substituível por metal Reage com ácido HNO3 NaOH Arrhenius 1894 Forma íon hidrônio Forma íon hidroxo H+ OH- BrØnsted-Lowry 1923 Doador de íon de hidrogênio Aceptor de íon de hidrogênio H3O+ H2O NH4+ H2O OHNH3 Lewis 1923 Aceitador de par de elétrons Doador de par de elétrons Ag+ NH3 Ingold-Robinson 1932 Eletrófilo Nucleófilo (Doador (Aceitador de par de de par de elétrons) elétrons) BF3 NH3 Lux-Flood 1939 Aceitador de íon óxido Doador de íon óxido SiO2 CaO Usanovich 1939 Aceptor de elétrons Doador de elétrons Cl2 Na Sistema Solvente 1950s Cátion do solvente Ânion do solvente BF2+ BF4- LUMO do aceptor HOMO do doador BF3 NH3 Orbitais de fronteira 1960s NaOH 3 Nomes importantes para as teorias ácido-base Svante Arrhenius Suéco, 1859-1927 Nobel em Química 1903 Johannes Nicolaus Brønsted Dinamarquês, 1879-1947 Thomas Martin Lowry Inglês, 1874-1936 Hermann Lux Alemão, 1904-1999 Håkon Flood Norueguês, 1905-2001 Mikhail Usanovich Russo Gilbert Newton Lewis Americano, 1875-1946 Ralph G. Pearson Americano, 1919 - 4 Nomes importantes para as teorias ácido-base Robert Robinson Inglês, 1886-1975 Nobel em Química 1947 Justus von Liebig Alemão, 1803-1873 Antoine-Laurent de Lavoisier Francês, 1743-1794 Christopher Kelk Ingold Britânico, 1893-1970 5 Nomes importantes para as teorias ácido-base Friedrich Wilhelm Ostwald Alemão, 1853-1932 Nobel em Química 1909 Jacobus Henricus van 't Hoff Holandês, 1852-1911 Primeiro Nobel em Química 1901 Esquerda, van 't Hoff e direita Ostwald 6 Conceito de Arrhenius Em solução aquosa o ácido de Arrhenius forma íons hidrogênio, enquanto que a base de Arrhenius forma íons hidroxo. A reação entre a os íons hidrogênio e hidroxo é reação ácido-base universal. ácido + base → sal + água Por exemplo: HCl H+ + Cl− + + NaOH → Na+ + NaCl OH− → + H2 O Na+ + Cl− + H2 O Este conceito funciona bem em solução aquosa, porém é inadequado para explicar reações em solventes não-aquosos, fase gasosa e estado sólido. Condições nas quais os íons H+ e OH- podem não existir. H3O+ é chamado frequentemente de íon hidrônio. A IUPAC recomenda chamar de oxônio. Em muitas equações aparece a notação H+, para qual a IUPAC recomenda íon hidrogênio ao invés de próton. TAVERNIER, D.; et. al. Pure & App. Chem., 1995, 67, 1307-1375 7 Conceito de BrØnsted-Lowry Ácido toda espécie com tendência a perder um íon hidrogênio Base toda espécie com tendência a ganhar um íon hidrogênio No contexto dessa definição o íon hidrogênio é chamado de próton Exemplo de ácido de BrØnsted: ácido fluorídrico, HF, que pode doar um próton para outra molécula, tal como a água, quando dissolvido em água: HF g + H2 O l → H3 O+(aq) + F − (aq) Exemplo de base de BrØnsted: amônia, NH3, que pode aceitar um próton de um doador de próton: H2 O l + NH3 aq → NH4+ (aq) + OH − (aq) Os dois exemplos mostram como a água pode se comportar tanto como ácido ou base de BrØnsted, sendo chamada de substância anfiprótica 8 Conceito de BrØnsted-Lowry 9 Conceito de BrØnsted-Lowry O íon H+ em água: • O íon H+(aq) é simplesmente um próton sem elétrons. (O H atômico possui um próton, um elétron e nenhum nêutron) • Em água, o H+(aq) forma aglomerados; • O aglomerado mais simples é o H3O+(aq). Aglomerados maiores são H5O2+ e H9O4+; • Geralmente usamos H+(aq) e H3O+(aq) de maneira intercambiável. 10 Íon hidrônio (H3O+) Quando um ácido doa um próton para a água forma o íon hidrônio Dimensões obtidas a partir do cristal de H3O+ClO4- 11 Íon hidrônio (H9O4+) A espécie H3O+ é uma simplificação do próton em água, pois o mesmo é fortemente ligado extensivamente por ligações de hidrogênio, sendo melhor representado por H9O4+. 12 Mecanismo de Grotthuss 13 Mecanismo de Grotthuss Lobaugh, J.; Voth, G. A. J. Chem. Phys. 1996, 104, 1, 2056 14 Mecanismo de Grotthuss Constantes de velocidade para reações de transferência de próton em solução aquosa a 25 ºC. Reação Kf (L mol-1 s-1) Kr (L mol-1 s-1) H3 O+ + OH− ⇌ H2 O + H2 O 1,4 x 1011 2,5 x 10-5 − H3 O+ + SO2− 4 ⇌ H2 O + HSO4 1,0 x 1011 7 x 107 H3 O+ + NH3 ⇌ NH4+ + H2 O 4,3 x 1010 8,4 x 105 OH− + NH4+ ⇌ H2 O + NH3 3,4 x 1010 6 x 105 15 BrØnsted-Lowry Equilíbrio em água da Transferência de Próton HF g H2 O l + H2 O l + NH3 aq H3 O+(aq) ⇌ ⇌ NH4+ (aq) + + F − (aq) OH− (aq) Ácidos e bases conjugadas Quando uma espécie doa um próton ela torna-se a base conjugada. Quando uma espécie ganha um próton torna-se o ácido conjugado. Ácidos e bases conjugadas estão em equilíbrio em solução: Ácido1 + Base2 ⇌ Ácido2 + Base1 16 BrØnsted-Lowry Pares ácido-base conjugados • O que quer que tenha sobrado do ácido após o próton ter sido doado é chamado de sua base conjugada. • Similarmente, o que quer que tenha sobrado da base após ela ter recebido o próton é chamado de um ácido conjugado. • Considere HA(aq) + H2O(l) H3O+(aq) + A-(aq) – Após o HA (ácido) perder seu próton ele é convertido em A- (base). Consequentemente o HA e o A- são pares ácido-base conjugados. – Após a H2O (base) receber um próton, ela é convertida em H3O+ (ácido). Conseqüentemente, a H2O e o H3O+ são pares ácido-base conjugados. • Os pares ácido-base conjugados diferem entre si apenas em um próton. 17 BrØnsted-Lowry Equilíbrio em água da Transferência de Próton Exercício: Identificando ácidos e bases 2− − HSO− 4 aq + OH (aq) ⇌ H2 O l + SO4 aq 2− − PO3− 4 aq + H2 O l ⇌ HPO4 aq + OH (aq) Dica: é necessário identificar as espécies que perdem próton e seu respectivos conjugados. 18 BrØnsted-Lowry Equilíbrio em água da Transferência de Próton Exercício: Identifique os ácidos e as bases e o respectivos pares conjugados para as seguintes reações: HNO3 aq + H2 O l ⇌ CO2− 3 aq + H2 O l ⇌ H2 S aq ⇌ NH3 aq + H3 O+ (aq) HCO− 3 aq NH4+(aq) NO− 3 (aq) + + + OH− (aq) HS −(aq) 19 BrØnsted-Lowry A força dos ácidos de BrØnsted A força de um ácido de BrØnsted é mensurada pela sua constante de acidez e a força de uma base BrØnsted é medida pela sua constate de basicidade. Uma base forte corresponde a um ácido conjugado fraco. pH = − log H3 O+ e H3 O+ = 10−pH → H3 O+ aq + F − aq H3 O+ F − 𝐾a = [HF] HA aq + H2 O l → H3 O+ aq + A− aq H3 O+ A− 𝐾a = [HA] HF g + H2 O l Nesta definição, [A-] denota o valor numérico da concentração molar da espécie A-. Um valor de Ka << 1 implica em que [HA] é maior que [A-] e portanto a retenção do próton pelo ácido é favorecida. 20 BrØnsted-Lowry A força dos ácidos de BrØnsted • Quanto mais forte é o ácido, mais fraca é a base conjugada; • O H+ é o ácido mais forte que pode existir no equilíbrio em solução aquosa; • O OH- é a base mais forte que pode existir no equilíbrio em solução aquosa; • Qualquer ácido ou base que é mais forte do que H+ ou OH- simplesmente reage estequiometricamente para produzir H+ e OH-; • A base conjugada de um ácido forte (por exemplo, Cl-) tem propriedades ácido-base desprezíveis; • Da mesma forma, o ácido conjugado de uma base forte tem propriedades ácido-base desprezíveis. 21 BrØnsted-Lowry A força dos ácidos de BrØnsted Ácidos fortes • Como em soluções aquosa o ácido forte é geralmente a única fonte de H+. Se a concentração em quantidade de matéria do ácido é menor do que 10-6 mol/L, a auto-ionização da água precisa ser considerada; • Assim, o pH da solução é a concentração em quantidade de matéria inicial do ácido. 22 BrØnsted-Lowry A força dos ácidos de BrØnsted Bases fortes • A maioria dos hidróxidos iônicos são bases fortes (por exemplo: NaOH, KOH, e Ca(OH)2); • As bases fortes são eletrólitos fortes e dissociam-se completamente em solução; • O pOH (e, consequentemente, o pH) de uma base forte é dado pela concentração em quantidade de matéria inicial da base. Tenha cuidado com a estequiometria; • Para um hidróxido ser uma base, ele deve ser solúvel; • As bases não têm que conter o íon OH-: O2-(aq) + H2O(l) 2OH-(aq) H-(aq) + H2O(l) H2(g) + OH-(aq) N3-(aq) + 3H2O(l) NH3(aq) + 3OH-(aq) 23 BrØnsted-Lowry A força dos ácidos de BrØnsted Ácidos Fracos • Os ácidos fracos são apenas parcialmente ionizados em solução; • Existe uma mistura de íons e ácido não-ionizado em solução; • Conseqüentemente, os ácidos fracos estão em equilíbrio: H3O+(aq) + A-(aq) HA(aq) + H2O(l) HA(aq) + - H (aq) + A (aq) [H3O ][ A- ] Ka [HA ] [H ][ A - ] Ka [HA ] 24 BrØnsted-Lowry A força dos ácidos de BrØnsted Ácidos Fracos • Ka é a constante de dissociação de ácido. • Observe que a [H2O] é omitida na expressão de Ka. (a H2O é um líquido puro.) • Quanto maior o Ka, mais forte é o ácido (neste caso, mais íons estão presentes no equilíbrio em relação às moléculas não-ionizadas). • Se Ka >> 1, o ácido está completamente ionizado e o ácido é um ácido forte. 25 Força relativa dos ácidos e bases de BrØnsted 26 27 28 29 BrØnsted-Lowry A força dos ácidos de BrØnsted Exemplo: Calculando constantes ácidas O pH de uma solução 0,145 M de CH3COOH é 2,80. Calcule o Ka do ácido etanóico: Para calcular o Ka é necessário calcular as concentrações de H3O+, CH3COO- e CH3COOH na solução. A concentração de H3O+ é obtida a partir do pH escrevendo [H3O+]=10-pH, assim em uma solução de pH = 2,80, a concentração molar de H3O+ é 1,6x10-3 mol dm-3. Cada desprotonação produz um íon H3O+ e um íon CH3COO-, assim [H3O+ ] = [CH3COO-] ( a auto-dissociação é negligenciada). A concentração do ácido resultante é (0,145 – 0,0016) mol dm-3 = 0,143 mol dm-3. Portanto: (1,6x10−3 )2 𝐾a = = 1,8x10−5 correspondendo a um p𝐾a = 4,75 0,143 30 BrØnsted-Lowry A força dos ácidos de BrØnsted Exercício: Para o ácido hidrofluórico o Ka = 3,5 x 10-4. Calcule o pH de uma solução 0,1 M de HF(aq) 31 BrØnsted-Lowry A força dos ácidos de BrØnsted O equilíbrio da transferência de próton característico de uma base, como NH3 em água também pode ser expresso em termos de uma constante de equilíbrio, constante de basicidade, Kb: NH3 aq + H2 O l ⇌ NH4+ aq + OH− aq NH4+ OH− 𝐾b = [NH3 ] Genericamente: B aq + H2 O l ⇌ HB+ aq + OH− aq BH+ OH− 𝐾b = [B] Se Kb << 1, então [HB+] << [B] e somente uma pequena fração de moléculas de B estará protonada. Portanto, a base é um fraco aceitador de prótons e o correspondente ácido conjugado está presente em solução em baixa concentração. 32 BrØnsted-Lowry Auto-ionização da água (Produto iônico da água) A transferência de um próton de uma molécula de água para outra é chamado de autoprotólise, é um processo muito rápido e expresso pelo equilíbrio abaixo: 2H2 O l ⇌ H3 O+(aq) + OH−(aq) 𝐾w = H3 O+ [OH − ] Kw = 1,00x10-14 a 25 ºC H3 O+ = OH − = 1,0x10−7 mol dm−3 A consequência importante da auto-ionização do solvente permite expressar a força da base através da força do seu ácido conjugado: 𝐾a 𝐾b = 𝐾w 33 Escala de pH Outras escalas ‘p’ • Em geral, para um número X, p X log X • Por exemplo, pKw = -log Kw. K w [H ][OH - ] 1.0 1014 pK w log [H ][OH - ] 14 log[ H ] log[OH - ] 14 pH pOH 14 34 Escala de pH • Na maioria das soluções a [H+(aq)] é bem pequena. • Em água neutra a 25 C, pH = pOH = 7,00. • Em soluções ácidas, a [H+] > 1,0 10-7, então o pH < 7,00. • Em soluções básicas, a [H+] < 1,0 10-7, então o pH > 7,00. • Quanto mais alto o pH, mais baixo é o pOH e mais básica a solução • A maioria dos valores de pH e de pOH está entre 0 e 14. • Não há limites teóricos nos valores de pH ou de pOH. (por exemplo, o pH de HCl 2,0 mol/L é -0,301.) 35 Escala de pH Medindo o pH • O método mais preciso de medir o pH é usar um medidor de pH; • Entretanto, alguns corantes mudam de cor quando o pH varia. Esses são indicadores; • Os indicadores são menos precisos que os medidores de pH; • Muitos indicadores não têm uma mudança acentuada como uma função do pH; • A maioria dos indicadores tende a ser vermelho em soluções mais ácidas. 36 Escala de pH e efeito da temperatura 37 Escala de pH 38 Escala de pH 39 Escala de pH 40 Escala de pH – indicadores 41 Escala de pH – indicadores 42 Escala de pH – indicadores 43 Escala de pH 44 Titulação de ácido forte com base forte 45 Titulação de ácido forte com base forte 46 Titulação de ácido fraco com base forte 47 Titulação de base fraca com ácido forte 48 Resumo dos tipos de titulação 49 Titulação de diácido fraco com base forte 50 Concentração de ácido fraco dissociado 51 Diagrama de espécie de um triácido 52 BrØnsted-Lowry A força dos ácidos de BrØnsted Exemplo: Calculando constantes ácida da amônia O Kb da amônia em água é 1,8x10-5. Dessa maneira o Ka do ácido conjugado (NH4+) será: 𝐾w 1x10−14 −10 𝐾a = = = 5,6x10 𝐾b 1,8x10−5 53 BrØnsted-Lowry A força dos ácidos de BrØnsted Devido a ordem de grandeza das constante ácidas e básicas é conveniente expressar as constantes em termos de logaritmo de base 10, similar ao pH: p𝐾 = − log 𝐾 Onde K pode ser qualquer constante. A 25ºC, pKw = 14 e através da definição teremos: p𝐾w = p𝐾a + p𝐾b = 14 Expressões similares se aplicam para calcular a força de ácidos e bases em qualquer solvente, substituindo o pKw pela constante de auto-ionização do solvente apropriado, pKsol. 54 BrØnsted-Lowry Ácidos e bases fortes A força de um ácido ou uma base depende da grandeza da suas constantes ácidas e básicas, respectivamente. Substâncias com pKa < 0 (correspondendo Ka >1 e normalmente Ka >> 1) são consideradas ácidos fortes. Por aproximação tais ácidos são considerados totalmente desprotonados em solução; Substâncias com pKa > 0 (correspondendo Ka < 1) são consideradas ácidos fracos. O equilíbrio de prótons favorece a espécie não ionizada; Uma base forte reage completamente com água para formar a espécie protonada. Por exemplo, o íon óxido, O2-, é convertido imediatamente a hidróxido, OH-; Uma base fraca é protonada parcialmente em água. Por exemplo, amônia dissolve em água resultando em pequenas porções de NH4+. 55 BrØnsted-Lowry Ácidos Polipróticos Constantes de acidez em solução aquosa a 25 ºC 56 BrØnsted-Lowry Ácidos Polipróticos Ácidos polipróticos perdem prótons em sucessão, ou seja, podem doar mais de 1 próton. As desprotonações sucessivas são termodinamicamente menos favorecidas. O diagrama de espécies resume a fração de cada espécie presente como função do pH da solução. Exemplo de ácido poliprótico: H2S H2 S aq + H2 O l ⇌ H3 O+ aq + HS − aq HS − aq + H2 O l ⇌ H3 O+ aq + S 2− aq 𝐾a1 H3 O+ HS− = [H2 S] 𝐾a2 H3 O+ S− = [HS −] 57 BrØnsted-Lowry Ácidos Polipróticos Exemplo: Calculando a concentração de íons em ácidos polipróticos Calcule a concentração de íons carbonato em uma solução 0,1 M de H2CO3(aq). Dados: Ka1 = 4,3 x 10-7; Ka2 = 4,6 x 10-11: Primeiramente deve-se analisar os dois equilíbrios: H2 CO3 aq + H2 O l HCO− 3 aq + H2 O l ⇌ H3 O+ aq ⇌ H3 O+ aq + HCO− 3 aq + CO2− 3 aq 𝐾a1 H3 O+ HCO− 3 = [H2 CO3 ] 𝐾a2 H3 O+ CO2− 3 = [HCO− 3] Supõem-se que a segunda desprotonação é tão desprezível que não irá afetar o valor de [H3O+] proveniente da primeira desprotonação, neste caso podemos escrever [H3O+] = [HCO3-] na expressão de Ka2, fornecendo: -11 3 𝐾a2 = [CO2− ]= 4,6 x 10 mol dm 3 Dessa maneira a concentração de carbonato é independente da concentração inicial de ácido. 58 BrØnsted-Lowry Ácidos Polipróticos A melhor maneira de representar a concentração das espécies que são formadas nas desprotonações sucessivas de ácidos polipróticos é através do diagrama de espécies, o exemplo abaixo ilustra o caso do ácido fosfórico: H3 PO4 aq + H2 O l ⇌ H3 O+ aq + H2 PO− 4 aq 2− + H2 PO− 4 aq + H2 O l ⇌ H3 O aq + HPO4 aq 3− + HPO2− 4 aq + H2 O l ⇌ H3 O aq + PO4 aq 𝐾a1 H3 O+ H2 PO− 4 = [H3 PO4 ] 𝐾a2 H3 O+ HPO2− 4 = [H2 PO− 4] 𝐾a3 H3 O+ PO3− 4 = [HPO2− 4 ] O diagrama de espécie mostra a fração de soluto presente para uma espécie específica X, f(X), como função do pH. Por exemplo, a fração de H3PO4 intacta (f(H3PO4 ))é dada por: 𝑓 H3 PO4 = H3 PO4 [H3 PO4 ] 3− 2− + H2 PO− + HPO + PO 4 4 4 59 BrØnsted-Lowry Ácidos Polipróticos Diagrama de distribuição de espécies para o ácido triprótico fosfórico em água como função do pH 60 Átomos, íons, moléculas, camadas de solvatação e hidratação 61 Átomos, íons, moléculas, camadas de solvatação e hidratação 62 Periodicidade em complexos aquo = z2/(r + d) = parâmetro eletrostático z = carga r = raio iônico d = diâmetro de uma molécula de água 63 Características dos ácidos de BrØnsted Complexos aquo 64 BrØnsted-Lowry Formação de compostos polioxos 65 BrØnsted-Lowry Complexos aquo Exemplo: Tendências na força dos aqua ácidos Explique a acidez dos seguintes íons aquo: [Mg(OH2)6]2+ < [Fe(OH2)6]2+ < [Fe(OH2)6]3+ < [Al(OH2)6]3+ ≈ [Hg(OH2)]2+ Dois fatores influenciam a acidez do [Hg(OH2)]2+: o aumento da polarizabilidade e da eletronegatividade. (Mg(c = 1,3) e Hg(c = 2,0) Ambos os fatores aumentam o caráter covalente da ligação M–O. A mudança no número de coordenação do mercúrio após perder o primeiro próton leva a segunda protonação ter um pKa mais baixo: Hg OH2 2 2+ Hg(OH) OH2 + H2 O + y ⇌ + H2 O Hg(OH) OH2 ⇌ Hg OH 2 + y + + H3 O+ H3 O+ pK a = 3.4 pK a = 2.6 Exercício: Coloque em ordem crescente de acidez os seguintes íons: [Na(OH2)6]+, [Sc(OH2)6]3+, [Mn(OH2)6]2+ e [Ni(OH2)6]2+ 66 Resposta: [Na(OH2)6]+ < [Mn(OH2)6]2+ < [Ni(OH2)6]2+ < [Sc(OH2)6]3+ 67 Oxoácidos A força dos oxoácidos substituídos pode ser racionalizada em termos do caráter retirador do substituinte. Em alguns casos, um hidrogênio não-ácido está ligado ao átomo central do oxoácido. 68 BrØnsted-Lowry Oxoácidos 69 BrØnsted-Lowry Oxoácidos - substituídos A força dos oxoácidos substituídos pode ser racionalizada em termos do caráter retirador do substituinte. Em alguns casos, um hidrogênio não-ácido está ligado ao átomo central do oxoácido. 70 BrØnsted-Lowry Oxoácidos – Regras de Pauling A regra de Pauling pode ser interpretada como um indicativo que a estabilização por ressonância do ânion aumenta com o número de grupos oxo. Porém, não aumenta com o número de grupos OH; O aumento do número de grupo oxos aumenta o estado de oxidação em duas unidades. 71 BrØnsted-Lowry Oxoácidos – Regras de Pauling O𝑛 E OH 𝑚 , p𝐾a = 8 − 5𝑛 72 Oxoácidos – Regras de Pauling 73 BrØnsted-Lowry Oxoácidos – anomalias estruturais Em certos casos um fórmula molecular simples não representa a composição da solução aquosa de um óxido não-metálico CO2 g + H2 O l ⇌ OC(OH)2 aq = H2 CO3 aq SO2 + H2 O l ⇌ H2 SO3 (aq) 74 BrØnsted-Lowry Óxidos ácidos e básicos Óxido ácido é qualquer óxido que se liga a água em solução e libera um próton para o solvente CO2 g + H2 O l H2 CO3 aq ⇌ OC(OH)2 aq = H2 CO3 aq + H2 O l ⇌ H3 O+ aq + HCO− 3 aq Uma definição equivalente de óxido ácido, é o óxido que reage com uma base em solução aquosa CO2 g + OH− aq ⇌ HCO− 3 aq Óxido básico é qualquer óxido que recebe prótons quando dissolvido em água BaO s + H2 O l ⇌ Ba2+ aq + 2OH− aq Alternativamente, um óxido básico pode ser definido como um óxido que reage com ácidos BaO s + 2H3 O+ aq ⇌ Ba2+ aq + 3H2 O l 75 BrØnsted-Lowry Óxidos – anfoterismo A fronteira entre os metais e não-metais na tabela periódica é caracterizada pela formação de óxidos anfóteros. O anfoterismo também varia com os estado de oxidação. Óxidos anfóteros reagem tanto com ácidos ou bases. Al2 O3 s + 6 H3 O+ aq + 3 H2 O l Al2 O3 s + 2 OH − aq + 3 H2 O l ⇌ 2 [Al OH2 6 ]3+ aq ⇌ 2 [Al OH 4 ]− aq 76 BrØnsted-Lowry Óxidos – anfoterismo Localização dos elementos que possuem óxidos com caráter anfotérico. Os elementos circulados apresentam óxidos anfóteros em todos os estados de oxidação. Os elementos dentro das caixas possuem óxidos ácidos em estados de oxidação elevados e óxidos anfotéricos em estados de oxidação baixo. 77 BrØnsted-Lowry Óxidos – anfoterismo Diferenciação dos tipos de óxidos através dos estados de oxidação para os elementos do primeiro período de transição. 78 BrØnsted-Lowry Óxidos – anfoterismo Exemplo: Usando a acidez dos óxidos em análise qualitativa No esquema tradicional de análise qualitativa, uma solução de íon metálico é oxidada e então amônia aquosa é adicionada para aumentar o pH. Os íons Fe3+, Ce3+, Al3+, Cr3+ e V3+ precipitam como óxidos hidratados. A adição de H2O2 e NaOH redissolve os óxidos de alumínio, cromo e vanádio. Discuta estas etapas em termos da acidez dos óxidos. Exercício: Se houver presença de íons Ti(IV) na amostra, como será o comportamento? 79 BrØnsted-Lowry Formação de compostos polioxos Ácidos contendo o grupo OH podem sofrer condensação para formar polioxiânions. A formação de policátions a partir de cátions aquo ocorre através da perda de H2O. Oxoânions formam polímeros conforme o pH diminui e e íons aquo formam polímeros conforme o pH aumenta. [Fe OH2 6 ]3+ aq + 3 + 𝑛 H2 O l ⇌ Fe OH 3 . 𝑛H2 O aq + 3 H3 O+ aq [Al OH2 6 ]3+ aq + 3 + 𝑛 H2 O l ⇌ Al OH 3 . 𝑛H2 O aq + 3 H3 O+ aq 2 CrO4 2− aq + 2 H3 O+ aq → O3 CrOCrO3 2− aq + 3 H2 O l 80 BrØnsted-Lowry ATP4− + 2 H2 O l Formação de compostos polioxos + → ADP3− + HPO2− 4 aq + 3H3 O aq Δr Go = −41kJ mol−1 (pH = 7,4) 81 BrØnsted-Lowry Formação de compostos polioxos 82 BrØnsted-Lowry Formação de compostos polioxos P2O74P4O124- 83 Formação de compostos polioxos Cromatograma em duas dimensões de uma mistura de fosfatos formada por reações de condensação. A amostra foi colocada no canto esquerdo inferior. A separação por solvente básico foi usada primeiro, seguida de separação por solvente ácido, perpendicular a básica. Essa separação mostra dois padrões: polímeros lineares e anéis. 84 BrØnsted-Lowry Fatores que governam a força dos ácidos e bases 85 BrØnsted-Lowry Efeito nivelador do solvente Um solvente com uma grande constante de autoprotólise pode ser usado para determinar a força de ácidos e bases em uma grande faixa de pKas Qualquer ácido mais forte que o H3O+ pode doar um próton para água formando H3O+. Como conseqüência não se pode conduzir um experimento em água para definir a força ácida de tais ácidos. O efeito nivelador do solvente pode ser expresso em termos de pKa do ácido. Um ácido tal como HCN dissolvido em um solvente, HSol, é classificado como forte se pKa < 0, sendo Ka a constante do ácido no solvente Sol: HCN sol + HSol l ⇌ H2 Sol+ sol + CN − sol H2 Sol+ CN − 𝐾a = HCN 86 BrØnsted-Lowry Efeito nivelador do solvente Bases em água tem o mesmo efeito. Qualquer base que faça a desprotonação completa da água produzindo íons OH- a cada molécula de base adicionada terá efeito similar. Não sendo possível distinguir a capacidade de aceitar prótons de cada base, ou seja, estão niveladas por uma mesma força. A base mais forte que podemos ter em água é o íon OHe por esta razão não podemos estudar em solução aquosa íons tais como NH2- ou CH3-: KNH2 + H2 O l Li4 CH3 4 → K + aq + OH− aq + NH3 (aq) s + 4 H2 O l → 4 Li+ aq + 4 OH− aq + 4 CH4 (g) O efeito de nivelamento da base é expresso em termos do pKb da base. A base dissolvida em um solvente HSol é considerada forte se pKb < 0. Sendo Kb a constante básica no solvente HSol.: NH3 sol + HSol l ⇌ NH4+ sol + Sol− sol NH4+ Sol− 𝐾b = NH3 87 BrØnsted-Lowry Efeito nivelador do solvente Sendo pKa + pKb = pKsol, qualquer ácido ou base em um determinado solvente HSol poderá ser nivelado se atender os seguintes requisitos: Ácido se pKa < 0 em HSol Base se pKa > pKsol no mesmo solvente Para água pKw = 14 e para a amônia a auto-ionização é expressa abaixo: 2NH3 l ⇌ NH4+ sol + NH2− sol p𝐾am = 33 É fácil observar que ácidos e bases são melhores descriminados em amônia do que em água. O DMSO (pKDMSO = 37) possui a maior janela de descriminação e por isso é usado para estudar uma variedade grande de moléculas como H2SO4 e PH3. 88 BrØnsted-Lowry Janela de descriminação ácido-base 89 BrØnsted-Lowry Janela de descriminação ácido-base 90 BrØnsted-Lowry Efeito nivelador do solvente Diferenciando acidez em solventes diferentes Quais solventes poderiam ser utilizados para diferenciar as acidezes de HCl (pKa ≈ -6) e HBr (pKa ≈ -9)? É necessário olhar o solvente com janela de discriminação entre -6 e -9. Os únicos solventes na tabela anterior que cobrem essa faixa são ácido fórmico HCOOH e fluorídrico HF. Exercício: Quais dos solventes podem ser empregados para descriminar a acidez do PH3 (pKa = 27) e GeH4 (pKa = 25)? Os únicos solventes que cobrem essa faixa são DMSO e amônia 91 BrØnsted-Lowry Sistema Solvente A definição de sistema solvente de ácidos e bases estende a definição de BrØnsted-Lowry para incluir espécies que não participam em transferências de prótons, em analogia a auto-dissociação da água: 2H2 O l ⇌ H3 O+(aq) + OH−(aq) Em água um ácido aumenta a concentração de H3O+ e base aumenta a concentração de OH-. Na definição do sistema solvente, qualquer soluto que aumentar a concentração de cátion gerado por auto ionização do solvente é definido como ácido e o soluto que causa o aumento da concentração de ânions é definido como base. Isso pode ser observado na reação abaixo: 2BrF3 l ⇌ BrF2+ sol + BrF4− sol 92 Solventes não-aquosos 93 Solventes não-aquosos 94 Solventes não-aquosos K d H2O KW = 1x10-14 1,00 NH3 Kam = 5,1x10-27 0,725 H2SO4 KW = 2,7x10-4 1,83 95 Solventes como ácidos e bases SbF5 s + BrF3 (l) → BrF2+ sol + SbF6− sol Solventes básicos – são comuns, podem formar complexos com o soluto e participar das reações de deslocamento. Exemplos: água, alcoóis, éteres, aminas, DMSO, DMF e MeCN, todos são bases duras Solventes ácidos e neutros – formação de ligação de hidrogênio é um exemplo de formação de complexo de Lewis, alguns solventes podem apresentar caráter ácido de Lewis. Ex: SO2 líquido, haloalcanos como CHCl3 e fluorocarbonos. 96 BrØnsted-Lowry Sistema Solvente Exemplo: Identificando os ácidos e as bases usando o método do sistema solvente O sal BrF2AsF6 é solúvel em BrF3. Esse composto irá se comportar como um ácido ou uma base neste solvente? Exercício: O KBrF4 se comportará como ácido ou base em BrF3? 97 BrØnsted-Lowry Sistema Solvente Identifique os ácidos e as bases nas seguintes reações: 98 Solventes não-aquosos – Amônia líquida Amônia líquida é um importante solvente não aquoso. Muitas reações em amônia líquida são análogas as reações em água 2NH3 l ⇌ CH3 COOH sol NH4 Cl sol NH4+ sol + NH3 l + NaNH2 sol + ⇌ ⇌ NH2− sol p𝐾am = 33 NH4+ sol + CH3 CO− 2 sol NaCl sol + 2NH3 l 99 Solventes não-aquosos – Amônia líquida KCl + AgNO3 AgCl + KNO3 → → AgCl s KCl s + KNO3 + AgNO3 em água em amônia 100 Solventes não-aquosos – Amônia líquida HClO4 sol HNO3 sol + NH3 l + NH3 l ⇌ ⇌ NH4+ sol NH4+ sol + ClO− 4 sol + NO− 3 sol 101 Solventes não-aquosos – Amônia líquida Zn2+ + 2OH− → Zn(OH)2 s Zn2+ + 2NH2− → Zn(NH2 )2 s → → [ Zn(OH)4 ]2− [ Zn(NH2 )4 ]2− 102 Solventes não-aquosos – Amônia líquida H− + NH3 → NH2− + H2 (g) O2− + NH3 → NH2− + OH− (g) NH4+ + e− → NH3 + 1 2 H2 g E =0V 103 Solventes não-aquosos – Amônia líquida vs. água 2 H2 O + CO2 2 NH3 + CO2 ⇌ Cl2 SO2 + 2 H2 O Cl2 SO2 + 4 NH3 ⇌ ⇌ H3 O+ NH4+ ⇌ + HOCO− 2 + H2 N − CO− 2 H2 SO4 (NH2 )2 SO2 + 2 HCl + 2 NH4 Cl 104 Solventes não-aquosos – Amônia líquida PH3 + NaNH2 → NaPH2 NaPH2 + CH3 Cl → CH3 PH2 C2 H2 + NaNH2 → NaC2 H NaC2 H + BuCl 1/2 H2 + NH2− → → H2 + NH2− → + NH3 + NaCl + NH3 Bu − C ≡ CH + NaCl NH3 NH3 + + e− (NH3 ) H− 105 Solventes não-aquosos – Amônia líquida K 2 Ni CN Fe CO Pt NH3 4 4 + 2K → K 4 Ni CN + 2 Na → Na2 Fe CO Br2 + 2 K → Pt NH3 5 9 Pb + 4 Na → 2+ Pb4− + 2 Pb 9 + 4 4 4 + CO 2 KBr Na4 Pb9 → 11 Pb 106 Solventes não-aquosos – Ácido fluorídrico O ácido fluorídrico é um solvente reativo, tóxico e altamente ácido 3 HF l CH3 COOH l HSO3 F sol LiF s → H2 F + sol + HF2− sol + 2 HF l → − CH3 C(OH)+ sol + HF 2 sol 2 + HF l → H2 F + sol + SO3 F − sol + HF l → Li+ sol + HF2− sol 107 Solventes não-aquosos – Ácido fluorídrico 2 HF ⇌ H2 F + + ⇌ HF2− F − + HF HF2− + HF ⇌ F− H2 F3− 108 Solventes não-aquosos – Ácido fluorídrico – Ligação de hidrogênio 109 Solventes não-aquosos –Ligação de hidrogênio assimétrica 110 Solventes não-aquosos – Ácido sulfúrico anidro A auto-ionização do ácido sulfúrico anidro é complexa, com várias reações de competição ocorrendo paralelamente. 2 H2 SO4 l H2 SO4 l H3 SO+ 4 sol ⇌ ⇌ H2 O sol SO3 sol + H2 SO4 l H2 S2 O7 sol + H2 SO4 l ⇌ ⇌ + HSO− 4 sol + SO3 sol H2 S2 O7 sol H3 SO+ 4 sol + HS2 O− 7 sol Podendo as duas etapas serem resumidas como: SO3 sol + 2 H2 SO4 l ⇌ H3 SO+ 4 sol + HS2 O− 7 sol 111 Solventes não-aquosos – Ácido sulfúrico anidro As mobilidades dos íons H3SO4+ e HSO4- são comparáveis aos dos íons H3O+ e OH- em água, indicando que o mecanismo de transferência de próton é similar ao que ocorre em água. 112 Solventes não-aquosos – Ácido sulfúrico anidro H3 PO4 sol + H2 SO4 l HNO3 sol + H2 SO4 l CH3 CH2 OH sol ⇌ H4 PO+ 4 sol + HSO− 4 sol − + ⇌ NO+ sol + H O sol + 2 HSO 3 4 sol 2 + 2 H2 SO4 l ⇌ CH3 CH2 HSO4 + HSO− 4 sol + H3 O+ 113 Solventes não-aquosos – Tetraóxido de dinitrogênio O tetraóxido de dinitrogênio se auto-ioniza através de duas reações. A rota preferencial pode ser alterada pela adição de doares ou aceitadores de pares de elétrons N2 O4 l ⇌ NO+ sol N2 O4 l ⇌ N2 O4 l N2 O4 l + + NO+ 2 sol + NO− 3 sol + NO− 2 sol XNO+ sol ∶X ⇌ BF3 ⇌ NO+ 2 sol + + NO− 3 sol F3 BNO− 2 sol 114 Ácidos de Lewis Ácido de Lewis é uma espécie aceitadora de pares de elétrons Base de Lewis é uma espécie doadora de pares de elétrons 115 Ácidos de Lewis 116 Ácidos de Lewis 117 Ácidos de Lewis - Exemplos Moléculas com o octeto incompleto: Cátions metálicos podem aceitar pares de elétrons das bases complexantes e formar compostos de coordenação. Ex: Co2+ ([Co(OH2)6]2+); Moléculas ou íons com octeto completo podem rearranjar-se para aceitar um par de elétrons adicional: Uma molécula ou íon pode expandir a sua camada de valência para acomodar outro(s) par(es) de elétron(s): 118 Ácidos de Lewis Exercício: identifique os ácidos e as bases de Lewis na seguintes reações: BrF3 + KH + H2 O FeCl3 + I2 + F− → → Cl− → I− → BrF4− KOH + H2 FeCl− 4 I3− 119 Ácidos de Lewis – Características por grupo Elementos do bloco-s – metais alcalinos atuam como ácidos de Lewis em água, formando espécies hidratadas. Não se comportam como base de Lewis, porém os sais de fluoreto atuam como fonte de base (F-) para reagir com ácidos de Lewis: CsF + SF4 → Cs + SF5 − Elementos do grupo 13 – a capacidade do trihaletos de boro funcionarem como ácidos de Lewis geralmente cresce na ordem BF3 < BCl3 < BBr3; Haletos de alumínio são diméricos em fase gasosa e são usados como catalisadores em solução; O boro trifluoreto é largamente utilizado industrialmente como catalisador. Tendo como papel gerar carbocátions ao capturar as bases ligadas ao carbono: 120 Ácidos de Lewis – Compostos do grupo 13 121 Ácidos de Lewis – Características por grupo Elementos do grupo 13 – Representação do orbital molecular vazio em espécies AlX3 e BX3: 122 Ácidos de Lewis – Características por grupo Elementos do grupo 13 – Formação de ligações p fortes no composto BF3 o que dificulta quebra da ligação B–F na formação de aductos. 123 Ácidos de Lewis – Características por grupo Elementos do grupo 13 – Ciclo catalítico de uma reação de alquilação de Friedel-Crafts: 124 Ácidos de Lewis – Características por grupo Elementos do grupo 14 – Com exceção do carbono todos os elementos podem apresentar hipervalência atuando como ácidos de Lewis aumento o número de coordenação para 5 ou 6. O cloreto de estanho(II) pode ser tanto um ácido ou base de Lewis. SnCl4 + 2 Cl− → SnCl2− 6 A força ácida dos compostos de estanho aumento na ordem abaixo: SnF4 > SnCl4 > SnBr4 > SnI4 125 Ácidos de Lewis – Compostos do grupo 14 126 Ácidos de Lewis – Características por grupo Elementos do grupo 15 – Os óxidos e haletos do elementos pesados do grupo 15 atuam como ácidos de Lewis. PF5 é um ácido de Lewis forte e forma complexos com éteres e aminas; Os elementos pesados do grupo 15 alguns dos ácidos de Lewis mais usados. O SbF5 reage com HF para produzir superácido: 127 Ácidos de Lewis – Características por grupo Elementos do grupo 16 – Dióxido de enxofre pode atuar como ácido ou base de Lewis. Como ácido quando forma complexos e como base quando doa o par de elétrons no oxigênio ou enxofre: H2 S2 O7 + H2 O → 2 H2 SO4 128 Ácidos de Lewis – Compostos do grupo 16 129 Ácidos de Lewis – Características por grupo Elementos do grupo 17, halogênios – Bromo e iodo funcionam como ácidos de Lewis de força média: Interação do Br2 com acetona. a) Estrutura tridimensional do (CH3)2COBr2. b) Sobreposição dos orbitais responsáveis para formação do complexo. c) Diagrama de orbitais moleculares. 130 Ácidos de Lewis – Características por grupo Elementos do grupo 17, halogênios – O íon triiodeto (I3-) é um exemplo de um complexo entre um halogênio ácido (I2) e um haleto básico (I-). Uma das aplicações dessa reação é o uso de iodo solúvel em água como agente de titulação I2 s + I − aq ⇌ I3− aq 𝐾 = 725 131 Ácidos de Lewis – Reações e propriedades Reações diversas 2 CaO s 2 RNH2 aq + + CO2 g SiO2 s → Ca2 SiO4 s + H2 O(l) → (RNH3 )2 CO3 aq 2 Hb − FeII + CO → Hb − FeII CO Ni2+ aq RCl + + 6 NH3 → AlCl3 → Ni NH3 R+ + 6 2+ AlCl4 − 132 Ácidos de Lewis – Reações e propriedades Formação de complexos A + ∶B → A−B 133 Ácidos de Lewis – Reações e propriedades Formação de complexos Orbital molecular representando a formação de complexos. 134 Ácidos de Lewis – Reações e propriedades Reação de deslocamento – um ácido ou uma base conduz a reação para a formação de outras bases e ácidos ou formação de complexo de Lewis. B−A HS − aq A′ + ∶ B′ + H2 O l + B−A → B: + ⇌ H3 O+ aq → A′ − B A − B′ + S 2− aq + A 135 Ácidos de Lewis – Reações e propriedades Reação de metátase A−B + A′ − B′ → A − B′ + A′ − B 136 Ácidos Moles e Duros Definição – ácidos e bases duras e moles são identificadas empiricamente através das tendências nas constantes de estabilidade dos complexos que estes formam: Ácidos duros tendem a ligar-se a bases duras Ácidos moles tendem a ligar-se a bases moles Ácidos duros ligam-se na seguinte ordem: I − < Br − < Cl− < F − Ácidos moles ligam-se na seguinte ordem: F − < Cl− < Br − < I − Ácidos duros ligam-se na seguinte ordem: R3 P ≪ R3 N ≪ R2 S ≪ R2 O Ácidos moles ligam-se na seguinte ordem: R2 O ≪ R2 S ≪ R3 N ≪ R3 P 137 Ácidos Moles e Duros As tendências nas constantes de estabilidade para formação de complexos com haletos. Linha azul – metais duros Linha vermelha – metais moles Linha verde - intermediários 138 Ácidos Moles e Duros 139 Ácidos Moles e Duros AgF s + H2 O l → Ag + aq + F − aq 𝐾𝑠𝑝 = 205 AgCl s + H2 O l → Ag + aq + Cl− aq 𝐾𝑠𝑝 = 1,8 x 10−10 AgBr s + H2 O l → Ag + aq + Br − aq 𝐾𝑠𝑝 = 5,2 x 10−13 AgI s + H2 O l → Ag + aq + I − aq 𝐾𝑠𝑝 = 8,3 x 10−17 140 Ácidos Moles e Duros Interpretação da dureza – As interações entre ácidos e bases duras são predominantemente eletrostáticas, enquanto que as interações entre moles são predominantemente covalentes; Consequências químicas da dureza – Interações duro-duro e mole-mole ajudam a sistematizar a formação de complexos, entretanto devem ser considerados outras possíveis influências para a formação das ligações Alguns fatores importantes que podem afetar •Competição com o solvente em reações em solução; •Rearranjos dos substituintes do ácido ou da base que são necessários para permitir a formação dos complexos; •Repulsão estérica entre os substituintes do ácido ou da base. 141 Ácidos Moles e Duros 142 Ácidos Moles e Duros 143 Ácidos Moles e Duros 144 Ácidos Moles e Duros 145 Ácidos Moles e Duros A g + B g → A−B g − Δr Ho A − B −Δr 𝐻o A − B / kJ mol−1 = 𝐸A 𝐸B + 𝐶A 𝐶B Cálculo para interação entre NH3 e BF3 −Δr 𝐻o = − 20,2 x 2,78 + 3,31 x 7,08 = −79,59 kJ mol−1 146 Ácidos Moles e Duros 147 Ácidos Moles e Duros 148 Ácidos Moles e Duros 149 Ácidos Moles e Duros 150 Superácidos e suberbases Superácidos são doadores de próton mais eficientes do que o ácido sulfúrico anidro Superbase são aceptores de prótons mais eficientes do que o íon hidroxo. SbF5 l + HSO3 F l SbF5 l + → H2 SO3 F+ sol + SbF5 SO3 F− sol 2 HF l H2 F + sol → + SbF6− sol Li3 N s + 3 H2 O l → Li3 N s + 3 H2 g → LiNH2 s 2 H2 O l → Ca(OH)2 s CaH2 s + 3LiOH aq + + NH3 g 2 LiH(s) + 2 H2 (g) 151 Superácidos 152 Superácidos [𝐼𝑛𝑑] 𝛾𝐼𝑛𝑑 𝑝𝐻 = 𝑝𝐾𝑎 + 𝑙𝑜𝑔 + 𝑙𝑜𝑔 [𝐻𝐼𝑛𝑑] 𝛾𝐻𝐼𝑛𝑑 B + H+ ⇌ BH+ [𝐵] 𝐻0 = 𝑝𝐾𝐵𝐻 + + 𝑙𝑜𝑔 [𝐵𝐻+ ] HInd ⇌ H+ + Ind− [𝐼𝑛𝑑− ] 𝐻− = 𝑝𝐾𝑎 + 𝑙𝑜𝑔 [𝐻𝐼𝑛𝑑] 153 Catálise heterogênea e reações ácido-base A superfície de muitos materiais catalíticos e minerais possui sítios ácidos de BrØnsted e Lewis 154 Ácido e bases sólidos Aluminiosilicatos formam a classe de compostos conhecidos como zeólitas. Variação das quantidades de Al(III), Si(IV), cátions metálicos e água Zeólitas comportam-se como ácidos de Lewis nos sítios Al3+ E como ácidos de Bronsted-Lowry quando íons H+ estão presentes Um grande número de pequenas moléculas podem serem acomodadas dentro dos poros formados entre as ligações –O –Al–O–Si– Os íons óxidos podem atuar como sítios básicos Superácidos sólidos podem ser preparados pelo tratamento de catalisadores sólidos com ácidos de Lewis ou Bronsted fortes Exemplo: Hidróxidos de Ti ou Zr tratados com H2SO4 e calcinados a 500 ºC são sólidos que atuam como catalisadores ácidos. 155 Lux-Flood HA → H+ + A− Ca + B → O2− + A vs. O2− + H2 O ⟶ Ca2+ + SiO2 + H2 O ⟶ H2 SiO3 CaO + SiO2 ⟶ CaSiO3 Fe2 O3 (s) + 3 CO2 (g) BaO + 3 Na2 O + CO2 P2 O5 ⟶ ⟶ ⟶ OH− Fe2 (CO3 )3 (s) BaCO3 2 Na3 PO4 156 Lux-Flood TiO2 + 3 SiO2 + SiO2 + Na2 S2 O7 ⟶ Ca3 (PO4 )2 CaSO4 (Gipsita) Na2 SO4 ⟶ ⟶ + CaSiO3 (TiO)SO4 + CaSiO3 P2 O5 (g) + SO3 (g) Gipsita também é conhecido como pedra do gesso S2 O2− 7 ZnO + Na2 O + ZnO ⟶ ⟶ Zn2+ + 2 Na+ + 2 SO2− 4 ZnO2− 2 157 Lux-Flood 3 NaF + Na2 S EtNa + AlF3 ⟶ 3 Na+ + AlF63− + CS2 ⟶ 2 Na+ + CS32− Et 2 Zn ⟶ Na+ + ZnEt − 3 158