A Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal (RIDE

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A Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito
Federal (RIDE-DF) no Censo 2010
Coordenação: Rômulo José da Costa Ribeiro
Responsável: Rômulo José da Costa Ribeiro1
Colaboração: Juciano Rodrigues, Rosetta Mammarella, Érica Tavares da Silva
Introdução
A RIDE-DF é formada por 22 municípios e o Distrito Federal, sendo 19
municípios pertencentes ao Estado de Goiás e 3 pertencentes ao Estado de
Minas Gerais. No contexto do desenvolvimento a maioria dos municípios
concentra-se em torno do Distrito Federal (DF), sendo que esses apresentam
alta dependência do DF. Os municípios mais afastados praticamente têm seu
desenvolvimento independente do DF. Os 22 municípios da RIDE-DF têm
como principal atividade econômica a agropecuária, sendo que em dois
municípios (Pirenópolis e Corumbá de Goiás) destaca-se também a
participação do setor turístico.
Em 2010, a população do DF chegou a 2.570.160 habitantes e entre os
anos de 2000 e 2010houve um incremento populacional da ordem de 519.014
habitantes. Em comparação com a sua Região integrada de Desenvolvimento
(RIDE), que também teve acréscimo populacional, o peso da população no DF
praticamente permaneceu o mesmo, 69,3% em 2000 e 69,0% em 2010,
continuando a ser considerado elevado.
O objetivo deste documento é explorar os primeiros resultados do Censo
de 2010, por meio de uma abordagem demográfica utilizando a divisão em três
partes, município da RIDE, DF e RIDE-DF. Assim, serão considerados nesse
trabalho 4 regiões: os municípios de Goiás, os município de Minas Gerais, o DF
e a RIDE-DF. (Figura 1)
Figura 1 – RIDE-DF – Municípios por Estado.
1
Professor da Universidade de Brasília – UnB, Campus UnB Planaltina, Programa de Pós-graduação em
Arquitetura e Urbanismo – PPG-FAU-UnB; Coordenador do Núcleo Brasília-RIDE do INCT Observatório
das Metrópoles.
Distribuição da População
A partir dos dados censitários percebe-se que praticamente não houve
mudanças na composição da participação da população entre os municípios da
RIDE e o DF. Em 2000 a participação dos municípios da RIDE era de 30,7%
passando para 31% em 2010, e o DF passou de 69,3% em 2000 para 69,0%
em 2010. Apesar da diminuição muito pequena da participação do núcleo
metropolitano (DF), como já dito, a população da metrópole ainda é muito
grande em relação aos 22 municípios que compõem a RIDE, como pode ser
visto no Gráfico 1.
Gráfico 1 – População residente por UF: RIDE-DF – 2000/2010
Fonte: Censos Demográficos de 2000 e 2010.
Ao analisar os dados da RIDE-DF verifica-se uma taxa de crescimento
populacional de 2,3% no período de 2000 a 2010. Sendo que os municípios do
Estado de Goiás tiveram uma taxa de crescimento de 2,6%, os municípios do
Estado de Minas Gerais 1,0% e o DF de 2,3% para o mesmo período. (Gráfico
2)
Gráfico 2 – Taxa de Crescimento por UF: RIDE-DF – 2000/2010
Fonte: Censos Demográficos de 2000 e 2010.
Pode-se notar que os municípios do Estado de Goiás apresentaram
maior taxa de crescimento, fato provavelmente decorrente de essa região ser
composta por 19 municípios (o maior conjunto). Essa situação também pode
ter sido causada pela migração de moradores do DF para os municípios da
RIDE, chamados de Entorno, em busca de custo de vida menor. Essa situação
não será tratada neste trabalho, pois ainda não foram divulgados os dados
censitários referentes à migração.
Composição da População
No gráfico 3, tem-se a distribuição de homens e mulheres entre os
Estados e o Distrito Federal que compõem a RIDE-DF. Em 2010 nota-se que a
participação de homens é menor que a das mulheres na composição da
população, com exceção de Minas Gerais. Na composição geral da RIDE-DF a
tendência de participação menor dos homens prevalece.
Gráfico 3 – Distribuição de homens e mulheres por UF: RIDE-DF – 2010
Fonte: Censos Demográficos de 2000 e 2010.
É interessante notar que a participação dos homens diminuiu entre 2000
e 2010 e a das mulheres cresceu. Outro fato a ser observado é que o
crescimento do número de homens e mulheres no DF permaneceu constante,
apresentando a mesma participação em 2000 e 2010. (Gráfico 4)
Gráfico 4 – Distribuição de homens e mulheres por UF: RIDE-DF – 2000/2010
Distribuição de Homens – 2000/2010
Distribuição de Mulheres – 2000/2010
Fonte: Censos Demográficos de 2000 e 2010.
Ao observar a idade média da população (Gráfico 5), verifica-se a
repetição da tendência de comportamento que ocorre em todo o país, o
envelhecimento populacional. Nota-se que o comportamento é semelhante nas
regiões estudadas. Apesar da pouca variação, os municípios do Estado de
Minas Gerais apresentam o maior envelhecimento. Destaca-se que a média de
idade da RIDE-DF se aproxima muito da média do DF, uma vez que o DF
apresenta a maior população, e a variação entre as regiões é muito próxima, é
esperado que o comportamento médio do conjunto seja controlado por ele.
Gráfico 5 – Idade Média por UF: RIDE-DF – 2000/2010
Fonte: Censos Demográficos de 2000 e 2010.
Ao se comparar a estrutura etária da RIDE-DF com a do Brasil, pode-se
notar que há maior contribuição de faixas etárias mais velhas, o que indica uma
população mais envelhecida do que a do país em geral (Gráfico 6).
Gráfico 6 – Pirâmide Etária do Brasil e da RIDE-DF – 2000/2010.
Brasil – 2000/2010
RIDE-DF – 2000/2010
Fonte: Censos Demográficos de 2000 e 2010.
Tal diferença se torna mais clara quando se analisa o Gráfico 7, no qual
se tem a diferença dos dados de 2010 entre o Brasil e a RIDE-DF. Claramente
se vê que a população da RIDE-DF tem uma contribuição maior na faixa etária
acima de 45 anos do que a população geral do Brasil.
Gráfico 7 – Diferença de contribuição etária – Brasil e RIDE-DF 2000/2010.
Fonte: Censos Demográficos de 2000 e 2010.
Quando se comparam os dados do censo demográfico da RIDE-DF
entre os anos de 2000 e 2010, verifica-se mudança na composição da
população, também marcada pelo envelhecimento. Percebe-se que em 2000 a
faixa etária mais larga era de 20 a 24 anos, em 2010 a faixa mais larga passa a
ser a de 25 a 30 anos. Percebe-se também uma redução da contribuição da
faixa etária de 0 a 24 anos e um aumento das maiores idades (Gráfico 8).
Gráfico 8 – Pirâmide etária – RIDE-DF – 2000/2010.
Fonte: Censos Demográficos de 2000 e 2010.
Essa situação de envelhecimento é claramente percebida no Gráfico 9,
no qual se tem representada a diferença de contribuição por faixa etária, entre
os anos de 2000 e 2010, para a RIDE-DF. É interessante notar um maior
envelhecimento das mulheres do que dos homens para a composição da
população.
Gráfico 9 – Diferença de contribuição etária – RIDE-DF 2000/2010.
Fonte: Censos Demográficos de 2000 e 2010.
Devido ao peso da população do DF, na composição da RIDE-DF, a
pirâmide etária da RIDE-DF é bem parecida com a do DF (Gráfico 10). Mas ao
se separar os municípios do Estado de Goiás e de Minas Gerais, que
compõem a RIDE-DF, percebem-se algumas distinções. Tanto os municípios
do Estado de Goiás quanto os de Minas Gerais apresentam base mais larga
que o DF, o que significa que a população dessas duas regiões tem maior
contribuição na formação de sua população de jovens. Esse fato é bem mais
realçado nos municípios do Estado de Goiás (Gráficos 11 e 12). Também é
possível notar que a população do DF é a mais envelhecida do conjunto.
Gráfico 10 – Pirâmide etária: DF – 2000/2010.
Fonte: Censos Demográficos de 2000 e 2010.
Gráfico 11 – Pirâmide etária: Municípios do Estado de Goiás que compõem a RIDE-DF –
2000/2010.
Fonte: Censos Demográficos de 2000 e 2010.
Gráfico 12 – Pirâmide etária: Municípios do Estado de Minas Gerais que compõem a RIDE-DF
– 2000/2010.
Fonte: Censos Demográficos de 2000 e 2010.
Considerações Finais
De uma forma geral, as diferentes regiões que compõem a RIDE-DF
apresentam dinâmicas diferentes, que podem trazer detalhes importantes.
Apesar da enorme contribuição do DF na composição da RIDE-DF, as
dinâmicas de cada região apresentam mudanças significativas, como uma taxa
de crescimento maior nos municípios de Goiás e uma taxa pequena para os
municípios de Minas Gerais. Fato esse que possivelmente pode ser causado
pela proximidade dos primeiros e o afastamento dos segundo do DF. Sendo
que o DF é um grande pólo atrator na região em função das oportunidades de
emprego e de forte concentração de concursos públicos.
A pesquisa deve continuar, uma vez que se aguarda a liberação pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dos dados finais do censo
de 2010. Com esses dados será possível analisar as mudanças ocorridas no
perfil da população entre os anos de 2000 e 2010 com maiores detalhes,
permitindo a formulação de considerações mais profundas e definições de
perspectivas para o desenvolvimento futuro dessa população.
Bibliografia
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Documentação
dos Microdados da Amostra do Censo Demográfico de 2000. Rio de
Janeiro, 2002.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sinopse do
Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro, 2011.
LEVIN, Jack e FOX, James Alan. Estatística para Ciências Humanas. São
Paulo, 9ed, Prentice Hall, 2004.
RIBEIRO, Luiz César de Queirós, SILVA, Érica Tavares, RODRIGUES, Juciano
e MOLINA, Arthur. O estado do Rio de Janeiro no Censo de 2010. Rio de
Janeiro. Boletim do Observatório das Metrópoles, 185, III, 2011.
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