TCC Andréia - Biblioteca Unilasalle

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GEOQUÍMICA DO PÓ DE ROCHA VISANDO APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS
Andréia Gislaine de Mello1
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo estudar as caracterizações químicas e
mineralógicas, a disponibilidade de nutrientes minerais e estimar o desempenho
agronômico das rochas, após pulverização, para a sua aplicação como fertilizante
para o solo, usando uma técnica conhecida como rochagem.
O estudo foi realizado em quatro amostras de rochas basálticas da Formação Serra
Geral no nordeste do estado do Rio Grande do Sul (RS), Brasil, extraídas no
município de Nova Prata.
As técnicas de análises utilizadas foram as seguintes:
−
Difração de Raios-X (DRX);
−
Fluorescência de Raios-X (FRX);
−
Espectrometria de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP - MS);
−
e ensaios de lixiviação com uma solução de ácido cítrico 2%.
Com base nestas técnicas de análises foi possível identificar as seguintes
características nas amostras:
−
a presença de cálcio e magnésio, tal como carbonatos;
−
alta alcalinidade;
−
boa disponibilidade de fósforo;
−
média disponibilidade de potássio;
−
e a presença de micronutrientes tais como zinco, boro, cobre, ferro, e manganês.
Os resultados indicaram a presença de um potencial que poderá proporcionar
nutrientes para o solo, confirmando os resultados de outros estudos baseados na
técnica de Rochagem.
1
Discente do Curso de Engenharia Ambiental do centro Universitário La Salle – Unilasalle,
matriculado na disciplina de Trabalho de Conclusão II, sob a orientação do prof. Dr. Marcos L. S.
Oliveira. E-mail: [email protected] e coorientadora Mestranda em Avaliação de
Impactos Ambientais em Mineração Claudete G. Ramos. E-mail: [email protected]. Data
de entrega: 26 jun. 2014.
1
Palavras chave: Rochagem, Rocha basáltica, Rejeito de rocha, Caracterização de
pó de rocha.
1 INTRODUÇÃO
O presente estudo tem o intuito de através da utilização da técnica
denominada Rochagem, buscar alternativas para a solução de dois problemas: o de
como efetuar o descarte adequado das sobras das mineradoras de basalto, e o de
como recuperar ou melhorar a fertilidade do solo com baixo custo, sem utilizar
fertilizantes industrializados.
Cabe ressaltar que mais da metade dos fertilizantes consumidos no nosso
país é importado e que pequenos agricultores não possuem condições para corrigir
o solo, ou melhorar, suas terras, ao mesmo tempo que as mineradoras acumulam
milhares de macros e micros nutrientes em suas pilhas de rejeitos de basalto. A
partir destes problemas o presente trabalho pretende estudar os macro e micro
nutrientes destes rejeitos, como são liberados, em quais quantidades, e como se
comportam misturados ao solo.
A técnica denominada rochagem, ou também chamada remineralização do
solo, ou petrofertilização são termos usados para descrever a técnica de fertilização
do solo com a aplicação de rejeito de rocha (MACHADO et al., 2009). Esta técnica é
muito antiga, são relatados casos centenários conforme Leonardos (1976a).
Nos últimos anos esta técnica vem se difundindo no nosso país, e muitos
estudos realizados apresentaram resultados positivos (SILVA et al., 2011;
LOURENÇO, 2011; PRATES, 1998; PLEWKA et al., 2009). Com o intuito de
apresentar os resultados parciais das pesquisas sobre rochagem no Brasil em 2009,
foi realizado o Primeiro Congresso Brasileiro (EMBRAPA, 2009). Já o II Congresso
Brasileiro de Rochagem realizado em 2013 destacou o estímulo à pesquisa
tecnológica e desenvolvimento do potencial do uso como mecanismos de
remineralização e rejuvenescimento de solos degradados.
Em experimentos realizados com o solo do Cerrado em casa de vegetação,
pode-se verificar que a técnica mostrou efeitos positivos sobre a qualidade química
do subsolo (SILVA et al., 2008). Os estudos de Fyfe et al. (1983) mostraram que a
2
aplicação de pó de rocha, aproximadamente 1 t/ha/ano, com o potássio (K+), cálcio
(Ca2+) e fósforo (P5+) podem restaurar a fertilidade em solos esgotados, como
algumas áreas do Cerrado.
Pode-se dizer que a aplicação desta técnica é um tipo de fertilização
sustentável que permite, ao longo do tempo, o rejuvenescimento do solo agrícola
com a recuperação de parte de seus componentes, sem afetar seu equilíbrio
químico natural. O uso destas rochas oferece benefícios ao solo, motivando o
aumento da capacidade de troca catiônica (CTC), devido a formação de novos
minerais de argila durante o processo de desgaste das rochas (MELAMED et al.,
2009). Apesar destas vantagens, Van Straaten (2006) preveniu que a técnica pode
ter desvantagem se os materiais adicionados têm baixas concentrações de
nutrientes e baixa solubilidade, características que podem reduzir a eficiência
agronômica, especialmente em regiões temperadas.
A facilidade de fragmentação de pós de rocha facilita a exposição dos
minerais quando a matriz rochosa é microcristalina, tais como rochas vulcânicas, as
utilizadas neste estudo. Quanto menor o tamanho das partículas maior a exposição
das fases minerais e, consequentemente, a ação do intemperismo, que promove a
alteração de minerais, incluindo geração de minerais de argila e liberação de
elementos na fase dissolvida e aumento de troca catiônica.
A rocha basáltica está entre as rochas mais estudadas, por terem a maior
possibilidade de fornecimento de nutrientes ao solo, especialmente fósforo, cálcio,
magnésio e micronutrientes, com um teor de sílica baixo (THEODORO, 2011). Estas
rochas pulverizadas podem fornecer ao solo os macro nutrientes Ca2+ e Mg2+ e
micronutrientes ou elementos traços como Cu2+, Zn2+, Mn2+, Fe3+, Co2+, Ni2+ e V4+
(LAPIDO; RIBEIRO, 2009).
Com base em estudos já realizados sobre o assunto, foi desenvolvido um
projeto de pesquisa para avaliar as características dos rejeitos de basaltos de
mineração da formação Serra Geral, produzidos no Arranjo Produtivo Local (APL)
Basaltos Nova Prata, no nordeste do RS com a possibilidade de sua utilização em
rochagem. Os mineiros locais são de pequeno porte e sua finalidade é apenas a
exploração das pedreiras para produzir agregados utilizados na construção civil.
3
Nova Prata e sua região além de suas pedreiras também é conhecida pela
produção intensiva de cereais, vinhas, frutas e legumes, e atividade de silvicultura,
todos exigindo aplicação periódica de insumos para a fertilização e correção de
solos, o que provavelmente é ocasionado pelo intemperismo da matriz basáltica e
dependente de mudanças petrográficas e topográficas.
O presente trabalho apresentará os primeiros resultados da caracterização
química e mineralógica de quatro amostras de rochas basálticas extraídas das
Pedreiras Concresul Britagem, Sindicato da Indústria de Extração de Pedreiras de
Nova Prata e Zilli e Britagem de Basalto, de Nova Prata no estado do Rio Grande do
Sul (RS), Brasil.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Conforme Leonardos, (1976b) a rochagem é um técnica definida como uma
prática agrícola de incorporação de rochas e/ou minerais ao solo, e a calagem e
casos particulares de fosfatos naturais e segundo o mesmo autor o pó de rocha é
usada para rejuvenescer o solo pobre ou lixiviado, a busca do equilíbrio da
fertilidade, conservação dos recursos naturais e produtividade naturalmente
sustentável (LEONARDOS et al., 2000).
Com base em uma visão pessimista sobre a disponibilidade de alimentos no
mundo (ALMEIDA; NAVARRO, 1998), com risco de uma crise global na produção de
alimentos, o aumento da população mundial, nos anos 60 criou-se a Revolução
Verde, que foi implantado na América Latina, defendendo a ideia de produção de
alimentos em massa através da manipulação do solo com uso intensivo de insumos
industriais, irrigação e mecanização agrícola. A partir deste fato, o consumo de
insumos agrícolas, como fertilizantes químicos, tem atingido altos valores de preços
prejudicando o equilíbrio do setor no Brasil, um país com base agrícola e
dependente de matéria-prima importada de fertilizantes e com os solos de fertilidade
baixa, que são em sua maioria ácidos e têm crescido a deficiência de nutrientes,
especialmente de fósforo e potássio (SANCHES; SALINAS, 1981).
A recuperação de nutrientes através do uso de rochas pode ser considerada
uma forma alternativa para reduzir o uso de produtos químicos, especialmente
4
incorporado em formas altamente solúveis, como as formulações de fertilizantes
NPK (nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K)) (PINHEIRO; BARRETO, 1996;
THEODORO, 2000).
Os NPKs foram descobertos em meados dos anos 80 pelo químico alemão
Justus von Liebig que deu início à era de fertilizantes químicos (PINHEIRO, 2003;
MAAR, 2006). Em contra ponto, Hensel (2014) propôs que rochas em pó têm o
mesmo efeito sem desequilibrar o meio ambiente, e a baixo custo, mas apenas
alguns agricultores reconheciam esta prática, e seu livro Pão de Pedra, foi
censurado (PINHEIRO, 2003). Este foi reeditado em 1997, aproveitando-se das
preocupações com a qualidade nutricional e segurança alimentar.
Desde o século XVIII são realizados testes com pó de rochas. James Hutton
utilizou barro e rochas similares em sua fazenda na Escócia para aumentar a
fertilidade do solo (BAKEY, 1967). Mas só Lacroix (1922) chamou a atenção para o
potencial de nutrientes contidos na maioria das rochas. Na América do Norte,
Graham (1941) sugeriu o uso de plagioclásio como fonte de cálcio com base em
dados experimentais e Keller (1950) indicou vários tipos de rochas, como uma fonte
de potássio, de cálcio e elementos vestigiais.
A rochagem ou utilização de pó de rocha, é uma técnica de baixo custo com a
produção descentralizada, e é recomendada para a remineralização dos solos
(GILLMAN, 1980), também é considerada uma alternativa para reduzir o uso de
fertilizantes industriais no solo. Ela constitui uma fonte de nutrientes para as plantas
cultivadas por longos períodos e proporciona o aumento da capacidade de troca de
cátions do solo, ocasionado da formação de novos minerais de argila durante o
processo de alteração mineral (MELAMED et al., 2005). Nos testes de Gillman
(1980), após 12 meses de incubação pode-se observar um aumento significativo no
pH e da capacidade de troca de cátions, destacando o efeito com a diminuição do
tamanho das partículas e aumento do tempo de contato entre o material e o solo.
Os nutrientes são liberados da rede cristalina das rochas através da ação de
ácidos orgânicos produzidos por plantas e microrganismos no solo (MORAES,
2014). Mas, segundo as conclusões de Escosteguy e Klant (1998), esses materiais
não podem ser utilizados como principal fonte de nutrientes para as plantas, devido
a baixa liberação de nutrientes. Os dois também descobriram que, em geral,
5
pequenas doses produziram aumentos de potássio, cálcio, magnésio, e pH. Vale
ressaltar que o uso de pó de rocha é uma prática de fertilização de solos, cujos
resultados são obtidos a médio e longo prazo, sendo seus efeitos mais duráveis do
que a fertilização química, que deve ser aplicado necessariamente em todas as
culturas. Segundo Blum, (1989) as taxas de libertação de nutrientes acontecem
muito lentamente e a eficácia das partículas de rocha como uma fonte de nutrientes
para o solo é questionada devido à baixa solubilidade e a necessidade de aplicar
grandes quantidades para dar as respostas positivas.
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Área de Estudo e Tratamento das Amostras
O material em estudo foi coletado no distrito mineiro da região de Nova Prata,
onde encontram-se rochas vulcânicas básicas, intermediárias, basálticas e ácidas.
As amostras foram obtidas em 04 pedreiras distintas denominadas, Basel Indústria e
Comércio de Minerais (amostra B1), Concresul Britagem (amostra C1), Sindicato da
Indústria de Extração de Pedreiras de Nova Prata (amostra NP2) e Zilli Britagem de
Basalto (amostra Z1).
As amostras foram denominadas como B1, C1, Z1 e NP2 e foram preparadas
conforme os seguintes procedimentos:
Secagem: Seguiu os procedimentos da norma (ABNT 6457, 1986);
Quarteamento para obter alíquotas: feito em um divisor do tipo Jones;
Pulverização: foram pulverizados em moinho de bolas planetário Pulverisette 5;
Triagem das alíquotas: peneiramento foi feito a <0,6 mm, com o material de
passagem destinado para análise.
A amostra B1 apenas foi submetida ao peneiramento, porque já estava em estado
de pó com um tamanho de partícula próximo ao 0,6 mm.
3.2 Procedimentos de Análise Granulométrica, Química e Mineralógica
6
As análises granulométricas foram realizadas em dois locais, no Laboratório
de Solos do Centro de Estudos Ambientais do Centro Universitário La Salle
(UNILASALLE)
e
no
Laboratório
de
Processamento
Mineral
(LAPROM),
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Para a fração grosseira, foi
montado um conjunto de peneiras com diferentes tamanhos de manhas em ordem
decrescente sobre uma máquina de vibração. Para o material fino (tamanho de
partícula inferior a 500 µM), foi utilizado um granulômetro da marca Silas por
difração a laser. A análise mineralógica semi-quantitativa foi realizada no Laboratório
de Difração de Raios -X da UFRGS, com um difratômetro Siemens, modelo Bruker AXS D5000. Os dados foram processados usando DiffracPlus ® Siemens - Bruker AXS, versão de software 11.
As análises químicas foram realizadas utilizando o método de espectrometria
de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS), no Acme Analytical
Laboratories Ltd. (Acmelabs), Vancouver, Canadá, e SGS Geosol Laboratórios
Ltda., Belo Horizonte.
Parte das mesmas amostras enviadas para o Laboratório de Solos da
Faculdade de Agronomia foram testados para a extração no Laboratório de Química
UNILASALLE, utilizando a metodologia descrita por Theodoro et al. (2010), que usa
uma solução de ácido cítrico diluído para 2%, para a extração.
O ácido cítrico no estudo de liberação de nutrientes simula o ambiente do solo
e raízes promovendo condições semelhantes às do ambiente natural. Ácidos
orgânicos, especialmente o ácido cítrico, são comumente liberados pelas raízes das
plantas e permanece em concentração elevada na rizosfera (Song e Huang, 1988).
Estes tipos de ácidos possuem uma alta capacidade de interagir com metais para
formar complexos metal-orgânicos na solução do solo, levando à liberação de
nutrientes ao solo (MARTIN; SPARKS, 1983; MELO et al., 1995).
A extração com ácido cítrico, foi realizada da seguinte forma: 1.0g de amostra
foi transferida para um frasco de Erlenmeyer de 250 mL e 100 mL de solução de
ácido cítrico diluído a 2% foi adicionado. A solução foi agitada durante 30 minutos, a
cerca de 30-40 oscilações por minuto. Após este tempo, as amostras foram filtradas
em vácuo com um filtro de membrana de 0,45 mm e acrescentado 2 gotas de HNO3
para preservá-las e, em seguida, enviadas para o Centro Analítico da Embrapa
7
Clima Temperado para a análise do cálcio, cobre, ferro, magnésio, manganês,
potássio e zinco.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Distribuição Granulométrica
Com base nos dados da Figura 1 foi possível observar, que os resíduos da
extração de basalto da região de Nova Prata, possuem diferentes tamanhos de
partículas, mas todos têm um tamanho de partícula predominante na granulometria
de areia fina e silte; isto pode influenciar a área da superfície, a exposição de
minerais, e, portanto, a liberação de nutrientes.
Fig. 1. Histogramas da distribuição de tamanho de partículas das amostras in situ
em quatro gamas de granulometria.
Fonte: NARDY, 2008
A partir dos resultados da difração a laser montou-se o gráfico da Figura 2
que mostra as curvas de distribuição granulométrica <500-µm. Pode-se observar
que apenas a amostra Z1, está sem fração de argila, e tem um comportamento
diferente, e as outras amostras mostram comportamento semelhante.
8
Fig. 2. Curvas de distribuição granulométrica do <500 - µm fração obtidas por
difração a laser das quatro amostras.
Fonte: NARDY, 2008
4.2 Análise Mineralógica
A partir dos resultados obtidos na Difração de Raios - X (DRX) da fase
cristalina da amostra montou-se a Tabela 1. A técnica utilizada não detecta o
conteúdo amorfo presente na rocha. De acordo com Nardy et al. (2008), o conteúdo
amorfo presente na rocha do tipo Palmas é em torno de 63%.
Pode-se observar a presença dominante da labradorita em todas as amostras
e com isto determinar a afinidade química cálcica das rochas estudadas. Além disso,
determinada dosagem de potássio na amostra C1, pode ser devido à concentração
relativamente elevada de feldspato alcalino. A baixa quantidade de quartzo na
amostra B1 em relação as outras amostras, provavelmente, está relacionada com a
segregação dos grãos minerais mais grosseiros durante o processo de
beneficiamento, limitando sua ocorrência em resíduos <0,6mm. O gesso encontrado
na amostra C1 pode ser contaminação da usina de concreto localizada próximo ao
9
ponto de coleta. Caulinita e esmectita são derivados de argila minerais comuns de
alteração dos plagioclásios.
Tabela 1: Minerais predominantes da fase cristalina nas amostras de rochas
basálticas B1, C1, NP2 e Z1.
Mineral
B1
C1
NP2
Z1
Labradorita
73,5
51
52
61
Quartzo
9
19
15
13
Augita
6
12
13
Feldspato
alcalino
5
15
Esmectita
3
7
10
Barita
2
3
4
4
Hematita
1
1
2
2
Heulandita
0,5
5
7
Gesso
4
Caolinita
Fonte: Autoria própria, 2014
O potencial de reatividade dos minerais cristalinos nas amostras estão
listados na Tabela 2. Nestes testes foram consideradas as seguintes categorias:
minerais não-reativos (quartzo e hematita);
ligeiramente reativo (barita e caulinita);
reativo (labradorita, augita e feldspato alcalino);
e muito reativo (esmectita e heulandita).
Tabela 2: Potencial (%) de reatividade (climatização) de minerais da fase cristalina
nas amostras de rochas basálticas B1, C1, NP2 e Z1.
Classe Mineral
Não-reativos
B1 (%)
C1 (%)
NP2 (%)
Z1 (%)
9
19
15
13
3
4
11
13
Ligeiramente
reativo
10
Reativo
84,5
66
64
74
Muito reativo
3,5
11
10
0
Fonte: Autoria própria, 2014
4.3 Análise Química
Com base nos resultados químicos obtidos no presente estudo podemos
considerar que as amostras consistem principalmente de ferro e alumínio. Estes
resultados são consistentes com os dados obtidos a partir da mineralogia, indicando
a presença de óxidos amorfos, labradorita, augita, feldspato, e esmectita em maiores
quantidades. Além da presença dos óxidos amorfos, também apresenta alguns
macro e micronutrientes que se sabe são importantes para o desenvolvimento e
manutenção de plantas (MALAVOLTA, 2006). Mas, deve-se considerar que estes
resultados indicam apenas a presença de nutrientes, a sua liberação e reatividade
são variáveis independentes. As concentrações de macro e micronutrientes contidos
nas amostras obtidas por análise de ICP-MS estão na Tabela 3.
Tabela 3: Concentrações de nutrientes nas amostras de rochas basálticas B1, C1,
NP2 e Z1.
Elemento
Al
B1 (%)
1,25
C1 (%)
0,83
NP2 (%)
1,93
Z1 (%)
0,52
Ca
1,1
0,7
0,6
0,8
Fe
2,9
3,05
3,67
2,62
P
0,1
0,1
0,1
0,1
Mg
0,3
0,3
0,3
0,3
Na
0,4
0,22
0,14
0,12
K
0,3
0,2
0,2
0,1
B1 (mg/dm3)
C1 (mg/dm3)
NP2 (mg/dm3)
Z1 (mg/dm3)
B
4
3
3
2
Co
46
7
27
7
Cu
51
49
70
50
S
<200
<200
<200
<200
Mn
388
351
1076
381
11
Mo
0,4
1
0,7
1
Ni
3
4
6
3
Zn
48
49
57
44
Fonte: Autoria própria, 2014
Os conteúdos de composição são semelhantes para as quatro amostras,
considerando que se tratam de amostras processadas e submetidas a separação de
minerais. Os óxidos são predominantes de SiO2 (Tabela 4).
Tabela 4: Principais óxidos (%) nas amostras de rochas basálticas B1, C1, NP2 e
Z1.
Oxido
B1
C1
NP2
Z1
Al2O3
13,2
13,1
13,7
13
BaO
0,1
0,1
0,1
0,1
CaO
3,9
3,5
2,7
3,9
Fe2O3
7
6,9
7,5
7
K2O
3,6
3,8
3,3
3,5
MgO
1,4
1,4
1,2
1,5
MnO
0,1
0,1
0,2
0,1
Na2O
3,3
3,2
2,7
3,3
P2O5
0,3
0,3
0,2
0,3
SiO2
65,1
66
63,8
65,1
Fonte: Autoria própria, 2014
4.4 Análise da Disponibilidade de Nutrientes
Os nutrientes disponíveis nas amostras de pó de rocha basáltica estão
listados na Tabela 5.
Tabela 5: Nutrientes disponíveis em meio aquoso nas amostras de rochas basálticas
B1, C1, NP2 e Z1.
Nutriente
B1
C1
NP2
Z1
12
Al (cmolc/dm3)
Nd
Nd
Nd
Nd
3
6,7
7
8,1
7,8
3
1
1
2,2
0,9
3
Mn (mg/dm )
3
2
6
2
P (mg/dm3)
>100
>100
>100
>100
K (mg/dm3)
152
59
104
76
B (mg/dm3)
0,2
0,2
0,2
0,2
Cu (mg/dm3)
8
4
2
5
2
2
2
2
Ca (cmolc/dm )
Mg (cmolc/dm )
3
Zn (mg/dm )
Nd: não detectado. Fonte: Autoria própria, 2014
Pode-se observar que mesmo que as amostras apresentem altos níveis de
óxido de alumínio, como detectado no estudo FRX, o mesmo não é liberado para o
meio aquoso, como mostra a Tabela 5. Este elemento é tóxico para as plantas e
pode causar a redução do seu crescimento (MALAVOLTA, 2006). Já os elementos
fósforo, cálcio e zinco apresentaram valores disponíveis de concentrações
considerados altos para os solos, de acordo com estudos de Malavolta
(MALAVOLTA, 2006). De acordo com Malavolta (2006), o potássio é considerado
"alto" apenas para a amostra B1, em compensação o magnésio e boro
apresentaram valores médios.
Parâmetros físicos e químicos de qualidade agronômica estão descritos na
Tabela 6.
Tabela 6: Características agronômicas identificadas nas amostras de rochas
basálticas B1, C1, NP2 e Z1.
Características
B1
C1
NP2
Z1
pH
7,7
8,6
6,7
8,6
CTC (cmolc/dm3)
8,8
8,9
11,6
9,5
(%) argila
12
6
51
6
Agronômicas
Fonte: Autoria própria, 2014
13
Para avaliar a melhor capacidade destes materiais e para manter os níveis de
disponibilidade de nutrientes no solo, deve-se realizar testes contínuos e em longos
períodos. Segundo Theodoro et al. (2010), as rochas podem levar muitos anos para
liberar seus nutrientes para o meio.
Os resultados positivos obtidos foram o pH elevado das amostras (entre 6,7 e
8,6) como pode-se observar na Tabela 6, o que não agrava a condição normal da
acidez do solo da área de estudo, e a ausência de alumínio (Al3+), pois o elemento
nesta forma é tóxico e dificulta a troca catiônica de minerais de argila.
Apesar dos valores nutricionais serem significativos nas amostras, os valores de
CTC são baixos, inclusive na amostra NP2, que possui alto teor de argila (51%) e
11,6 cmolc/dm3 de CTC. Ao contrário de solos argilosos, que têm cargas negativas
da superfície, as amostras possuem minerais primários com baixa carga negativa na
superfície. Os valores de CTC encontrados nas amostras de pó de rocha são
devidos à presença de caulinita e esmectita conforme listado na Tabela 1.
Avaliou-se a disponibilidade de alguns macro-nutrientes e micronutrientes em
condições próximas ao natural através da técnica de extração de nutrientes com
solução de ácido cítrico diluído a 2% (THEODORO et al., 2010). A Tabela 7
apresenta os resultados desta extração para alguns elementos.
Tabela 7: Teor de nutrientes nas amostras de rochas basálticas B1, C1, NP2 e Z1.
Elemento
B1 (mg/dm3)
C1 (mg/dm3)
NP2 (mg/dm3)
Z1 (mg/dm3)
Al
0,43
0,41
0,4
0,39
Ca
2,37
1,19
2,82
0,11
Mg
0,07
0,03
0,13
0,1
Cu
0,06
0,14
0,11
0,14
Fe
3,88
4,18
6,01
5,76
Mn
0,87
0,46
2
1,81
K
5,4
3,6
1,9
1,1
Zn
0,03
0,1
0,1
0,07
Fonte: Autoria própria, 2014
Através da extração, obteve-se resultados que mostraram um teor de potássio
disponível menor do que os extraídos no processo de análise do solo, que utilizou
14
ácidos fortes tais como HCI e H2SO4. Os melhores resultados na extração de fósforo
foram das amostras NP2 e B1.
Como já era suposto os testes com ácido cítrico diluído a 2%, não coincidem
com os resultados obtidos nas análises agronômicas clássicas. As extrações com
solução de ácido cítrico a 2% de Ca2+, Mg2+ e K+ apresentaram uma redução de 101000 em comparação à extração por análises agronômicas, enquanto que para o Cu
e Zn, os resultados foram semelhantes em ambas às extrações.
5 CONCLUSÕES
As vantagens que podem ser destacadas na utilização dos resíduos de
rochas basálticas são: a correção de pH do solo no fornecimento de nutrientes e o
seu efeito residual prolongado. Mas o seu desgaste lento, que é a forma que ocorre
a liberação dos nutrientes para as plantas, é uma grande desvantagem.
Com base nos resultados de disponibilidade de nutrientes para o meio aquoso
pode-se afirmar que todas as amostras testadas liberaram macro nutrientes e
micronutrientes importantes para o crescimento das plantas. Destaca-se como uma
grande vantagem, a indisponibilidade do alumínio para o meio aquoso, pois este, se
trata de um elemento tóxico para o desenvolvimento das plantas.
Deve-se levar em consideração que dependendo das características do
ambiente em que vai ser aplicado, como tipos de solo, plantas e organismos, e que
as rochas testadas como alternativas para substituir os nutrientes no solo cultivado
são complexas, com composições tanto químicas quanto físicas diferentes, existem
vários obstáculos a serem superados e ainda muito a ser pesquisado e testado.
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