GEOQUÍMICA DO PÓ DE ROCHA VISANDO APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS Andréia Gislaine de Mello1 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo estudar as caracterizações químicas e mineralógicas, a disponibilidade de nutrientes minerais e estimar o desempenho agronômico das rochas, após pulverização, para a sua aplicação como fertilizante para o solo, usando uma técnica conhecida como rochagem. O estudo foi realizado em quatro amostras de rochas basálticas da Formação Serra Geral no nordeste do estado do Rio Grande do Sul (RS), Brasil, extraídas no município de Nova Prata. As técnicas de análises utilizadas foram as seguintes: − Difração de Raios-X (DRX); − Fluorescência de Raios-X (FRX); − Espectrometria de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP - MS); − e ensaios de lixiviação com uma solução de ácido cítrico 2%. Com base nestas técnicas de análises foi possível identificar as seguintes características nas amostras: − a presença de cálcio e magnésio, tal como carbonatos; − alta alcalinidade; − boa disponibilidade de fósforo; − média disponibilidade de potássio; − e a presença de micronutrientes tais como zinco, boro, cobre, ferro, e manganês. Os resultados indicaram a presença de um potencial que poderá proporcionar nutrientes para o solo, confirmando os resultados de outros estudos baseados na técnica de Rochagem. 1 Discente do Curso de Engenharia Ambiental do centro Universitário La Salle – Unilasalle, matriculado na disciplina de Trabalho de Conclusão II, sob a orientação do prof. Dr. Marcos L. S. Oliveira. E-mail: [email protected] e coorientadora Mestranda em Avaliação de Impactos Ambientais em Mineração Claudete G. Ramos. E-mail: [email protected]. Data de entrega: 26 jun. 2014. 1 Palavras chave: Rochagem, Rocha basáltica, Rejeito de rocha, Caracterização de pó de rocha. 1 INTRODUÇÃO O presente estudo tem o intuito de através da utilização da técnica denominada Rochagem, buscar alternativas para a solução de dois problemas: o de como efetuar o descarte adequado das sobras das mineradoras de basalto, e o de como recuperar ou melhorar a fertilidade do solo com baixo custo, sem utilizar fertilizantes industrializados. Cabe ressaltar que mais da metade dos fertilizantes consumidos no nosso país é importado e que pequenos agricultores não possuem condições para corrigir o solo, ou melhorar, suas terras, ao mesmo tempo que as mineradoras acumulam milhares de macros e micros nutrientes em suas pilhas de rejeitos de basalto. A partir destes problemas o presente trabalho pretende estudar os macro e micro nutrientes destes rejeitos, como são liberados, em quais quantidades, e como se comportam misturados ao solo. A técnica denominada rochagem, ou também chamada remineralização do solo, ou petrofertilização são termos usados para descrever a técnica de fertilização do solo com a aplicação de rejeito de rocha (MACHADO et al., 2009). Esta técnica é muito antiga, são relatados casos centenários conforme Leonardos (1976a). Nos últimos anos esta técnica vem se difundindo no nosso país, e muitos estudos realizados apresentaram resultados positivos (SILVA et al., 2011; LOURENÇO, 2011; PRATES, 1998; PLEWKA et al., 2009). Com o intuito de apresentar os resultados parciais das pesquisas sobre rochagem no Brasil em 2009, foi realizado o Primeiro Congresso Brasileiro (EMBRAPA, 2009). Já o II Congresso Brasileiro de Rochagem realizado em 2013 destacou o estímulo à pesquisa tecnológica e desenvolvimento do potencial do uso como mecanismos de remineralização e rejuvenescimento de solos degradados. Em experimentos realizados com o solo do Cerrado em casa de vegetação, pode-se verificar que a técnica mostrou efeitos positivos sobre a qualidade química do subsolo (SILVA et al., 2008). Os estudos de Fyfe et al. (1983) mostraram que a 2 aplicação de pó de rocha, aproximadamente 1 t/ha/ano, com o potássio (K+), cálcio (Ca2+) e fósforo (P5+) podem restaurar a fertilidade em solos esgotados, como algumas áreas do Cerrado. Pode-se dizer que a aplicação desta técnica é um tipo de fertilização sustentável que permite, ao longo do tempo, o rejuvenescimento do solo agrícola com a recuperação de parte de seus componentes, sem afetar seu equilíbrio químico natural. O uso destas rochas oferece benefícios ao solo, motivando o aumento da capacidade de troca catiônica (CTC), devido a formação de novos minerais de argila durante o processo de desgaste das rochas (MELAMED et al., 2009). Apesar destas vantagens, Van Straaten (2006) preveniu que a técnica pode ter desvantagem se os materiais adicionados têm baixas concentrações de nutrientes e baixa solubilidade, características que podem reduzir a eficiência agronômica, especialmente em regiões temperadas. A facilidade de fragmentação de pós de rocha facilita a exposição dos minerais quando a matriz rochosa é microcristalina, tais como rochas vulcânicas, as utilizadas neste estudo. Quanto menor o tamanho das partículas maior a exposição das fases minerais e, consequentemente, a ação do intemperismo, que promove a alteração de minerais, incluindo geração de minerais de argila e liberação de elementos na fase dissolvida e aumento de troca catiônica. A rocha basáltica está entre as rochas mais estudadas, por terem a maior possibilidade de fornecimento de nutrientes ao solo, especialmente fósforo, cálcio, magnésio e micronutrientes, com um teor de sílica baixo (THEODORO, 2011). Estas rochas pulverizadas podem fornecer ao solo os macro nutrientes Ca2+ e Mg2+ e micronutrientes ou elementos traços como Cu2+, Zn2+, Mn2+, Fe3+, Co2+, Ni2+ e V4+ (LAPIDO; RIBEIRO, 2009). Com base em estudos já realizados sobre o assunto, foi desenvolvido um projeto de pesquisa para avaliar as características dos rejeitos de basaltos de mineração da formação Serra Geral, produzidos no Arranjo Produtivo Local (APL) Basaltos Nova Prata, no nordeste do RS com a possibilidade de sua utilização em rochagem. Os mineiros locais são de pequeno porte e sua finalidade é apenas a exploração das pedreiras para produzir agregados utilizados na construção civil. 3 Nova Prata e sua região além de suas pedreiras também é conhecida pela produção intensiva de cereais, vinhas, frutas e legumes, e atividade de silvicultura, todos exigindo aplicação periódica de insumos para a fertilização e correção de solos, o que provavelmente é ocasionado pelo intemperismo da matriz basáltica e dependente de mudanças petrográficas e topográficas. O presente trabalho apresentará os primeiros resultados da caracterização química e mineralógica de quatro amostras de rochas basálticas extraídas das Pedreiras Concresul Britagem, Sindicato da Indústria de Extração de Pedreiras de Nova Prata e Zilli e Britagem de Basalto, de Nova Prata no estado do Rio Grande do Sul (RS), Brasil. 2 REFERENCIAL TEÓRICO Conforme Leonardos, (1976b) a rochagem é um técnica definida como uma prática agrícola de incorporação de rochas e/ou minerais ao solo, e a calagem e casos particulares de fosfatos naturais e segundo o mesmo autor o pó de rocha é usada para rejuvenescer o solo pobre ou lixiviado, a busca do equilíbrio da fertilidade, conservação dos recursos naturais e produtividade naturalmente sustentável (LEONARDOS et al., 2000). Com base em uma visão pessimista sobre a disponibilidade de alimentos no mundo (ALMEIDA; NAVARRO, 1998), com risco de uma crise global na produção de alimentos, o aumento da população mundial, nos anos 60 criou-se a Revolução Verde, que foi implantado na América Latina, defendendo a ideia de produção de alimentos em massa através da manipulação do solo com uso intensivo de insumos industriais, irrigação e mecanização agrícola. A partir deste fato, o consumo de insumos agrícolas, como fertilizantes químicos, tem atingido altos valores de preços prejudicando o equilíbrio do setor no Brasil, um país com base agrícola e dependente de matéria-prima importada de fertilizantes e com os solos de fertilidade baixa, que são em sua maioria ácidos e têm crescido a deficiência de nutrientes, especialmente de fósforo e potássio (SANCHES; SALINAS, 1981). A recuperação de nutrientes através do uso de rochas pode ser considerada uma forma alternativa para reduzir o uso de produtos químicos, especialmente 4 incorporado em formas altamente solúveis, como as formulações de fertilizantes NPK (nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K)) (PINHEIRO; BARRETO, 1996; THEODORO, 2000). Os NPKs foram descobertos em meados dos anos 80 pelo químico alemão Justus von Liebig que deu início à era de fertilizantes químicos (PINHEIRO, 2003; MAAR, 2006). Em contra ponto, Hensel (2014) propôs que rochas em pó têm o mesmo efeito sem desequilibrar o meio ambiente, e a baixo custo, mas apenas alguns agricultores reconheciam esta prática, e seu livro Pão de Pedra, foi censurado (PINHEIRO, 2003). Este foi reeditado em 1997, aproveitando-se das preocupações com a qualidade nutricional e segurança alimentar. Desde o século XVIII são realizados testes com pó de rochas. James Hutton utilizou barro e rochas similares em sua fazenda na Escócia para aumentar a fertilidade do solo (BAKEY, 1967). Mas só Lacroix (1922) chamou a atenção para o potencial de nutrientes contidos na maioria das rochas. Na América do Norte, Graham (1941) sugeriu o uso de plagioclásio como fonte de cálcio com base em dados experimentais e Keller (1950) indicou vários tipos de rochas, como uma fonte de potássio, de cálcio e elementos vestigiais. A rochagem ou utilização de pó de rocha, é uma técnica de baixo custo com a produção descentralizada, e é recomendada para a remineralização dos solos (GILLMAN, 1980), também é considerada uma alternativa para reduzir o uso de fertilizantes industriais no solo. Ela constitui uma fonte de nutrientes para as plantas cultivadas por longos períodos e proporciona o aumento da capacidade de troca de cátions do solo, ocasionado da formação de novos minerais de argila durante o processo de alteração mineral (MELAMED et al., 2005). Nos testes de Gillman (1980), após 12 meses de incubação pode-se observar um aumento significativo no pH e da capacidade de troca de cátions, destacando o efeito com a diminuição do tamanho das partículas e aumento do tempo de contato entre o material e o solo. Os nutrientes são liberados da rede cristalina das rochas através da ação de ácidos orgânicos produzidos por plantas e microrganismos no solo (MORAES, 2014). Mas, segundo as conclusões de Escosteguy e Klant (1998), esses materiais não podem ser utilizados como principal fonte de nutrientes para as plantas, devido a baixa liberação de nutrientes. Os dois também descobriram que, em geral, 5 pequenas doses produziram aumentos de potássio, cálcio, magnésio, e pH. Vale ressaltar que o uso de pó de rocha é uma prática de fertilização de solos, cujos resultados são obtidos a médio e longo prazo, sendo seus efeitos mais duráveis do que a fertilização química, que deve ser aplicado necessariamente em todas as culturas. Segundo Blum, (1989) as taxas de libertação de nutrientes acontecem muito lentamente e a eficácia das partículas de rocha como uma fonte de nutrientes para o solo é questionada devido à baixa solubilidade e a necessidade de aplicar grandes quantidades para dar as respostas positivas. 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Área de Estudo e Tratamento das Amostras O material em estudo foi coletado no distrito mineiro da região de Nova Prata, onde encontram-se rochas vulcânicas básicas, intermediárias, basálticas e ácidas. As amostras foram obtidas em 04 pedreiras distintas denominadas, Basel Indústria e Comércio de Minerais (amostra B1), Concresul Britagem (amostra C1), Sindicato da Indústria de Extração de Pedreiras de Nova Prata (amostra NP2) e Zilli Britagem de Basalto (amostra Z1). As amostras foram denominadas como B1, C1, Z1 e NP2 e foram preparadas conforme os seguintes procedimentos: Secagem: Seguiu os procedimentos da norma (ABNT 6457, 1986); Quarteamento para obter alíquotas: feito em um divisor do tipo Jones; Pulverização: foram pulverizados em moinho de bolas planetário Pulverisette 5; Triagem das alíquotas: peneiramento foi feito a <0,6 mm, com o material de passagem destinado para análise. A amostra B1 apenas foi submetida ao peneiramento, porque já estava em estado de pó com um tamanho de partícula próximo ao 0,6 mm. 3.2 Procedimentos de Análise Granulométrica, Química e Mineralógica 6 As análises granulométricas foram realizadas em dois locais, no Laboratório de Solos do Centro de Estudos Ambientais do Centro Universitário La Salle (UNILASALLE) e no Laboratório de Processamento Mineral (LAPROM), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Para a fração grosseira, foi montado um conjunto de peneiras com diferentes tamanhos de manhas em ordem decrescente sobre uma máquina de vibração. Para o material fino (tamanho de partícula inferior a 500 µM), foi utilizado um granulômetro da marca Silas por difração a laser. A análise mineralógica semi-quantitativa foi realizada no Laboratório de Difração de Raios -X da UFRGS, com um difratômetro Siemens, modelo Bruker AXS D5000. Os dados foram processados usando DiffracPlus ® Siemens - Bruker AXS, versão de software 11. As análises químicas foram realizadas utilizando o método de espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS), no Acme Analytical Laboratories Ltd. (Acmelabs), Vancouver, Canadá, e SGS Geosol Laboratórios Ltda., Belo Horizonte. Parte das mesmas amostras enviadas para o Laboratório de Solos da Faculdade de Agronomia foram testados para a extração no Laboratório de Química UNILASALLE, utilizando a metodologia descrita por Theodoro et al. (2010), que usa uma solução de ácido cítrico diluído para 2%, para a extração. O ácido cítrico no estudo de liberação de nutrientes simula o ambiente do solo e raízes promovendo condições semelhantes às do ambiente natural. Ácidos orgânicos, especialmente o ácido cítrico, são comumente liberados pelas raízes das plantas e permanece em concentração elevada na rizosfera (Song e Huang, 1988). Estes tipos de ácidos possuem uma alta capacidade de interagir com metais para formar complexos metal-orgânicos na solução do solo, levando à liberação de nutrientes ao solo (MARTIN; SPARKS, 1983; MELO et al., 1995). A extração com ácido cítrico, foi realizada da seguinte forma: 1.0g de amostra foi transferida para um frasco de Erlenmeyer de 250 mL e 100 mL de solução de ácido cítrico diluído a 2% foi adicionado. A solução foi agitada durante 30 minutos, a cerca de 30-40 oscilações por minuto. Após este tempo, as amostras foram filtradas em vácuo com um filtro de membrana de 0,45 mm e acrescentado 2 gotas de HNO3 para preservá-las e, em seguida, enviadas para o Centro Analítico da Embrapa 7 Clima Temperado para a análise do cálcio, cobre, ferro, magnésio, manganês, potássio e zinco. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 Distribuição Granulométrica Com base nos dados da Figura 1 foi possível observar, que os resíduos da extração de basalto da região de Nova Prata, possuem diferentes tamanhos de partículas, mas todos têm um tamanho de partícula predominante na granulometria de areia fina e silte; isto pode influenciar a área da superfície, a exposição de minerais, e, portanto, a liberação de nutrientes. Fig. 1. Histogramas da distribuição de tamanho de partículas das amostras in situ em quatro gamas de granulometria. Fonte: NARDY, 2008 A partir dos resultados da difração a laser montou-se o gráfico da Figura 2 que mostra as curvas de distribuição granulométrica <500-µm. Pode-se observar que apenas a amostra Z1, está sem fração de argila, e tem um comportamento diferente, e as outras amostras mostram comportamento semelhante. 8 Fig. 2. Curvas de distribuição granulométrica do <500 - µm fração obtidas por difração a laser das quatro amostras. Fonte: NARDY, 2008 4.2 Análise Mineralógica A partir dos resultados obtidos na Difração de Raios - X (DRX) da fase cristalina da amostra montou-se a Tabela 1. A técnica utilizada não detecta o conteúdo amorfo presente na rocha. De acordo com Nardy et al. (2008), o conteúdo amorfo presente na rocha do tipo Palmas é em torno de 63%. Pode-se observar a presença dominante da labradorita em todas as amostras e com isto determinar a afinidade química cálcica das rochas estudadas. Além disso, determinada dosagem de potássio na amostra C1, pode ser devido à concentração relativamente elevada de feldspato alcalino. A baixa quantidade de quartzo na amostra B1 em relação as outras amostras, provavelmente, está relacionada com a segregação dos grãos minerais mais grosseiros durante o processo de beneficiamento, limitando sua ocorrência em resíduos <0,6mm. O gesso encontrado na amostra C1 pode ser contaminação da usina de concreto localizada próximo ao 9 ponto de coleta. Caulinita e esmectita são derivados de argila minerais comuns de alteração dos plagioclásios. Tabela 1: Minerais predominantes da fase cristalina nas amostras de rochas basálticas B1, C1, NP2 e Z1. Mineral B1 C1 NP2 Z1 Labradorita 73,5 51 52 61 Quartzo 9 19 15 13 Augita 6 12 13 Feldspato alcalino 5 15 Esmectita 3 7 10 Barita 2 3 4 4 Hematita 1 1 2 2 Heulandita 0,5 5 7 Gesso 4 Caolinita Fonte: Autoria própria, 2014 O potencial de reatividade dos minerais cristalinos nas amostras estão listados na Tabela 2. Nestes testes foram consideradas as seguintes categorias: minerais não-reativos (quartzo e hematita); ligeiramente reativo (barita e caulinita); reativo (labradorita, augita e feldspato alcalino); e muito reativo (esmectita e heulandita). Tabela 2: Potencial (%) de reatividade (climatização) de minerais da fase cristalina nas amostras de rochas basálticas B1, C1, NP2 e Z1. Classe Mineral Não-reativos B1 (%) C1 (%) NP2 (%) Z1 (%) 9 19 15 13 3 4 11 13 Ligeiramente reativo 10 Reativo 84,5 66 64 74 Muito reativo 3,5 11 10 0 Fonte: Autoria própria, 2014 4.3 Análise Química Com base nos resultados químicos obtidos no presente estudo podemos considerar que as amostras consistem principalmente de ferro e alumínio. Estes resultados são consistentes com os dados obtidos a partir da mineralogia, indicando a presença de óxidos amorfos, labradorita, augita, feldspato, e esmectita em maiores quantidades. Além da presença dos óxidos amorfos, também apresenta alguns macro e micronutrientes que se sabe são importantes para o desenvolvimento e manutenção de plantas (MALAVOLTA, 2006). Mas, deve-se considerar que estes resultados indicam apenas a presença de nutrientes, a sua liberação e reatividade são variáveis independentes. As concentrações de macro e micronutrientes contidos nas amostras obtidas por análise de ICP-MS estão na Tabela 3. Tabela 3: Concentrações de nutrientes nas amostras de rochas basálticas B1, C1, NP2 e Z1. Elemento Al B1 (%) 1,25 C1 (%) 0,83 NP2 (%) 1,93 Z1 (%) 0,52 Ca 1,1 0,7 0,6 0,8 Fe 2,9 3,05 3,67 2,62 P 0,1 0,1 0,1 0,1 Mg 0,3 0,3 0,3 0,3 Na 0,4 0,22 0,14 0,12 K 0,3 0,2 0,2 0,1 B1 (mg/dm3) C1 (mg/dm3) NP2 (mg/dm3) Z1 (mg/dm3) B 4 3 3 2 Co 46 7 27 7 Cu 51 49 70 50 S <200 <200 <200 <200 Mn 388 351 1076 381 11 Mo 0,4 1 0,7 1 Ni 3 4 6 3 Zn 48 49 57 44 Fonte: Autoria própria, 2014 Os conteúdos de composição são semelhantes para as quatro amostras, considerando que se tratam de amostras processadas e submetidas a separação de minerais. Os óxidos são predominantes de SiO2 (Tabela 4). Tabela 4: Principais óxidos (%) nas amostras de rochas basálticas B1, C1, NP2 e Z1. Oxido B1 C1 NP2 Z1 Al2O3 13,2 13,1 13,7 13 BaO 0,1 0,1 0,1 0,1 CaO 3,9 3,5 2,7 3,9 Fe2O3 7 6,9 7,5 7 K2O 3,6 3,8 3,3 3,5 MgO 1,4 1,4 1,2 1,5 MnO 0,1 0,1 0,2 0,1 Na2O 3,3 3,2 2,7 3,3 P2O5 0,3 0,3 0,2 0,3 SiO2 65,1 66 63,8 65,1 Fonte: Autoria própria, 2014 4.4 Análise da Disponibilidade de Nutrientes Os nutrientes disponíveis nas amostras de pó de rocha basáltica estão listados na Tabela 5. Tabela 5: Nutrientes disponíveis em meio aquoso nas amostras de rochas basálticas B1, C1, NP2 e Z1. Nutriente B1 C1 NP2 Z1 12 Al (cmolc/dm3) Nd Nd Nd Nd 3 6,7 7 8,1 7,8 3 1 1 2,2 0,9 3 Mn (mg/dm ) 3 2 6 2 P (mg/dm3) >100 >100 >100 >100 K (mg/dm3) 152 59 104 76 B (mg/dm3) 0,2 0,2 0,2 0,2 Cu (mg/dm3) 8 4 2 5 2 2 2 2 Ca (cmolc/dm ) Mg (cmolc/dm ) 3 Zn (mg/dm ) Nd: não detectado. Fonte: Autoria própria, 2014 Pode-se observar que mesmo que as amostras apresentem altos níveis de óxido de alumínio, como detectado no estudo FRX, o mesmo não é liberado para o meio aquoso, como mostra a Tabela 5. Este elemento é tóxico para as plantas e pode causar a redução do seu crescimento (MALAVOLTA, 2006). Já os elementos fósforo, cálcio e zinco apresentaram valores disponíveis de concentrações considerados altos para os solos, de acordo com estudos de Malavolta (MALAVOLTA, 2006). De acordo com Malavolta (2006), o potássio é considerado "alto" apenas para a amostra B1, em compensação o magnésio e boro apresentaram valores médios. Parâmetros físicos e químicos de qualidade agronômica estão descritos na Tabela 6. Tabela 6: Características agronômicas identificadas nas amostras de rochas basálticas B1, C1, NP2 e Z1. Características B1 C1 NP2 Z1 pH 7,7 8,6 6,7 8,6 CTC (cmolc/dm3) 8,8 8,9 11,6 9,5 (%) argila 12 6 51 6 Agronômicas Fonte: Autoria própria, 2014 13 Para avaliar a melhor capacidade destes materiais e para manter os níveis de disponibilidade de nutrientes no solo, deve-se realizar testes contínuos e em longos períodos. Segundo Theodoro et al. (2010), as rochas podem levar muitos anos para liberar seus nutrientes para o meio. Os resultados positivos obtidos foram o pH elevado das amostras (entre 6,7 e 8,6) como pode-se observar na Tabela 6, o que não agrava a condição normal da acidez do solo da área de estudo, e a ausência de alumínio (Al3+), pois o elemento nesta forma é tóxico e dificulta a troca catiônica de minerais de argila. Apesar dos valores nutricionais serem significativos nas amostras, os valores de CTC são baixos, inclusive na amostra NP2, que possui alto teor de argila (51%) e 11,6 cmolc/dm3 de CTC. Ao contrário de solos argilosos, que têm cargas negativas da superfície, as amostras possuem minerais primários com baixa carga negativa na superfície. Os valores de CTC encontrados nas amostras de pó de rocha são devidos à presença de caulinita e esmectita conforme listado na Tabela 1. Avaliou-se a disponibilidade de alguns macro-nutrientes e micronutrientes em condições próximas ao natural através da técnica de extração de nutrientes com solução de ácido cítrico diluído a 2% (THEODORO et al., 2010). A Tabela 7 apresenta os resultados desta extração para alguns elementos. Tabela 7: Teor de nutrientes nas amostras de rochas basálticas B1, C1, NP2 e Z1. Elemento B1 (mg/dm3) C1 (mg/dm3) NP2 (mg/dm3) Z1 (mg/dm3) Al 0,43 0,41 0,4 0,39 Ca 2,37 1,19 2,82 0,11 Mg 0,07 0,03 0,13 0,1 Cu 0,06 0,14 0,11 0,14 Fe 3,88 4,18 6,01 5,76 Mn 0,87 0,46 2 1,81 K 5,4 3,6 1,9 1,1 Zn 0,03 0,1 0,1 0,07 Fonte: Autoria própria, 2014 Através da extração, obteve-se resultados que mostraram um teor de potássio disponível menor do que os extraídos no processo de análise do solo, que utilizou 14 ácidos fortes tais como HCI e H2SO4. Os melhores resultados na extração de fósforo foram das amostras NP2 e B1. Como já era suposto os testes com ácido cítrico diluído a 2%, não coincidem com os resultados obtidos nas análises agronômicas clássicas. As extrações com solução de ácido cítrico a 2% de Ca2+, Mg2+ e K+ apresentaram uma redução de 101000 em comparação à extração por análises agronômicas, enquanto que para o Cu e Zn, os resultados foram semelhantes em ambas às extrações. 5 CONCLUSÕES As vantagens que podem ser destacadas na utilização dos resíduos de rochas basálticas são: a correção de pH do solo no fornecimento de nutrientes e o seu efeito residual prolongado. Mas o seu desgaste lento, que é a forma que ocorre a liberação dos nutrientes para as plantas, é uma grande desvantagem. Com base nos resultados de disponibilidade de nutrientes para o meio aquoso pode-se afirmar que todas as amostras testadas liberaram macro nutrientes e micronutrientes importantes para o crescimento das plantas. Destaca-se como uma grande vantagem, a indisponibilidade do alumínio para o meio aquoso, pois este, se trata de um elemento tóxico para o desenvolvimento das plantas. Deve-se levar em consideração que dependendo das características do ambiente em que vai ser aplicado, como tipos de solo, plantas e organismos, e que as rochas testadas como alternativas para substituir os nutrientes no solo cultivado são complexas, com composições tanto químicas quanto físicas diferentes, existem vários obstáculos a serem superados e ainda muito a ser pesquisado e testado. REFERÊNCIAS ALMEIDA, J., NAVARRO, Z., 1998. Reconstruindo a agricultura: idéias e ideais na perspectiva do desenvolvimento sustentável. Porto Alegre: ED. da UFRGS, 1998. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 6457: Amostragem de solo: preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização. Método de Ensaios, 1986. BAKEY, E.B. James Hutton: The Founder of Modern Geology. New York, 1967. 15 BLUM, W. 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