JORNADA DE ESTUDOS SOBRE FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA FRANCESA ERASMUS MUNDUS / UFSCAR 21 E 23 DE MAIO 2012 CHAMADA PARA TRABALHOS Organização: Prof. Dra. Débora Cristina Morato Pinto (PPGFil-UFSCar) / Charlotte Loris-Rodionoff (Erasmus Mundus Europhilosophie)/ Tássia Nogueira Eid Mendes (PPGFil-UFSCar) A jornada de estudos sobre filosofia contemporânea francesa tem por objetivo abrir um espaço de pesquisa e diálogo interdisciplinar e internacional. Isto é, de reflexão sobre a interdisciplinaridade do diálogo e da recepção da filosofia contemporânea francesa, e de seus filósofos, através do trabalho dos estudantes e professores da UFSCar e do programa Erasmus Mundus Europhilosophie, pesquisadores de diferentes domínios acadêmicos. Os estudantes são convidados a apresentar uma exposição sobre suas pesquisas em vinte minutos, em francês, português, ou inglês. Para aqueles que optarem por uma apresentação em português será necessário enviarem um resumo em francês ou inglês. Ao final de cada período (manhã e tarde) será realizada uma mesa redonda entre os participantes e os professores. As apresentações serão organizadas tematicamente. A proposta é discutir filosofia contemporânea francesa, uma vez que esta é um dos eixos do programa Europhilosophie, também se fazendo presente na pesquisa de muitos estudantes e professores da UFSCar. A filosofia contemporânea francesa se configura como um campo privilegiado de diálogo para múltiplas leituras, gerando um espaço de discussão fecundo sobre as pesquisas de todos os envolvidos. Dessa forma, essa jornada se coloca como uma oportunidade de relacionar leituras e tradições diferentes e complementares. De fato, a filosofia contemporânea francesa é rica e diversificada, possui numerosos pensadores políticos (Foucault, Badiou, Althusser, Balibar,..), fenomenólogos (Sartre, Lévinas, Richir,…) bem como autores transversais (Deleuze et Guattari, Ricoeur,…). Entretanto, a jornada também é aberta para diálogos com autores de outras tradições e campos disciplinares. Por esse motivo, convidamos os estudantes e professores do Mundus e da UFSCar a apresentar suas pesquisas relacionadas a estes autores e a refletirem juntos sobre as transversalidades potenciais que apresentam estes filósofos ao serem utilizados em diversos domínios . 1 A jornada de estudos será organizada em torno de duas temáticas intituladas: transversalidade 1 e transversalidade 2. As duas sessões propõe explorar, respectivamente, as heranças e diálogos entres os filósofos franceses e os filósofos de outras tradições; e os diálogos interdisciplinares possíveis entre os filósofos contemporâneos franceses e as outras disciplinas, notadamente, a antropologia e a psicanálise. Transversalidade 1 Este primeiro recorte temático será dedicado aos diálogos entre a filosofia contemporânea francesa e outras tradições filosóficas. Parece, de fato, interessante a interrogação acerca da recepção da filosofia contemporânea francesa por outras tradições, mas também é pertinente refletir sobre suas fontes de inspiração. É possível, também, demonstrar a origem e o devir da filosofia contemporânea francesa explorando tanto as fontes de inspiração que ela possui, como àqueles trabalhos que inspira. Dentro de tal perspectiva, se coloca como fecunda uma demonstração da relação dessa escola com os pensadores e as tradições do pensamento brasileiro. Apresenta-se como indispensável, ao longo dessa primeira jornada, tentar refazer certas trajetórias ascendentes e/ou descendentes entre os filósofos franceses e seus antecessores e sucessores. Assim, poderemos determinar de uma só vez a originalidade e a fecundidade de uma tradição do pensamento que se desdobra em diferentes campos – pensamento político, estética, moral,... Nós gostaríamos então de dar voz aos pesquisadores que se interessam pelas filiações entre teorias e/ou conceitos desenvolvidos pelos filósofos franceses contemporâneos e aquiloe que eles devem aos filósofos que estudaram. Nesse sentido, o caso de Deleuze é sem dúvida o mais notável, uma vez que recorre marcadamente a Bergson, Nietzsche e Spinoza, entre outros, como demonstrado pelas obras de críticos que tem como tema esses autores. Podemos igualmente mencionar, no que concerne a fenomenologia, as filiações entre Sartre e Heidegger, no que se remete a reflexão sobre a angústia, a idéia de Deus, ou a redefinição da fenomenologia como existencialismo por Sartre. O elo rompido entre Lévinas e Heidegger é, do mesmo modo, uma pista de reflexão pertinente. Não obstante, é importante o questionamento acerca do futuro da filosofia contemporânea francesa, notavelmente os desdobramentos do pensamento focaultiano realizada Agamben, autor da revitalização do conceito de biopolítica, por exemplo, e seu desenvolvimento de um pensée concentrationnaire no l’Homo Sacer. 2 Podemos, ainda, nos interrogarmos sobre as fontes e mesmo as heranças do pensamento de Badiou. Ou, também, nos debruçarmos nos artigos que escreveu à respeito da política deleuziana, de sua relação com o marxismo, e mais recentemente sobre a publicação/tradução da obras de Platão. Transversalidade 2 Podemos pensar, como prolongamento dessa interrogação sobre a fecundidade da filosofia francesa contemporânea, as relações com outros domínios do conhecimento, principalmente as ciências humanas e sociais, como a psicanálise, a antropologia, a literatura ou o cinema. Este segundo recorte se concentra, assim, sobre a interdisciplinaridade. Isto é, sobre os elos entre a filosofia contemporânea francesa e outros campos disciplinares, notadamente a antropologia e a psicanálise. É notável a existência de uma importante tradição de diálogo interdisciplinar na filosofia contemporânea francesa: Deleuze e Guattari escreveram sobre literatura, cinema e psicanálise, especialmente no Capitalisme et Schizophrénie, Kafka, Cinéma 1 et 2. Foucault está em diálogo permanente com a história, a arte e o drama. Ricoeur se interessa por literatura, história e psicanálise. Escreveu em L’Utopie et l’Idéologie sobre Althusser, Marx e Habermas; no Écrits et Conférences 1, traça relações entre Freud e Lacan. Sartre, por sua vez, é ao mesmo tempo filósofo, escritor e crítico literário. Contudo, este movimento, é uma via de duas mãos, uma vez que as ciências humanas e sociais se apropriam igualmente do pensamento destes autores, especialmente no caso de Deleuze e Guattari. Os conceitos de intensidade, de rizoma ou devir são reinterpretados por E. Viveiros de Castro em sua definição de uma antropologia do anti-narciso (anthropologie mineure), e também por B. Latour, R. Wagner e M. Strathern, como demosntra E. Viveiros de Castro no cogito canibal (Métaphysiques Cannibales). Nesse sentido, a ligação entre o pensamento de Guattari e a psicanálise se coloca, também, como importante, quando pensamos, por exemplo, sobre as experiências de La Borde. Dessa forma, os trabalhos endereçados a esta seção podem ser dedicados a reflexão de autores contemporâneos como Lévi-Strauss e Lacan, visto que seus trabalhos possuem um caráter filosófico inegável. Essa jornada, assim, está aberta a pesquisadores de diversos horizontes, afim de estabelecer um diálogo entre os representantes de outros domínios acadêmicos com a filosofia contemporânea francesa, especialmente no Brasil 3 HAVERÁ CONVIDADOS A CONFIRMAR. Os estudantes interessados devem enviar um resumo com 10 a 15 linhas de sua apresentação, até o dia 10 de maio para: Débora Morato Pinto ([email protected]), Charlotte Loris-Rodionoff ([email protected]) e Tássia Eid Mendes ([email protected]). As apresentações deverão ter duração entre 20 e 25 minutos. 4