INSTITUTO POLITÉCNICO DE TOMAR Escola Superior de Tecnologia de Tomar Curso de Engenharia de Civil DISCIPLINA DE FÍSICA II 2006/2007 Capitulo 1 – Movimento Vibratório e Ondulatório (continuação) Ondas Sísmicas Um tipo de ondas que nos interessa e nos afecta particularmente na engenharia civil, são as ondas ditas sísmicas. Quando ocorre no nosso planeta um sismo, são geradas ondas sísmicas que se propagam ao longo da Terra. A geração das ondas depende da sua fonte sismo-genética, da sua localização e as suas propagações são função dos materiais atravessados. A ocorrência dos eventos sísmicos não é aleatória no espaço e também não tem um carácter estritamente aleatório no tempo. Sismo (natural): Vibração do solo causada pela passagem das ondas elásticas geradas pela libertação súbita de energia acumulada no interior da Terra (ou na sua superfície). Brusca vibração da terra causada por uma grande libertação de energia no seguimento da ruptura de rochas na crosta terrestre deslize de falha em geral, (ou por impacto, derrocada). Esta vibração propaga-se através do globo sob a forma de ondas denominadas ondas sísmicas, até esgotarem a sua energia cinética. Sismo (artificial): São também gerados eventos artificiais, por exemplo uma explosão controlada ou detonação de um engenho nuclear, que produzem “igualmente” ondas sísmicas que percorrem o globo. Sismologia: Ramo da ciência que estuda a geração, propagação e registo dos sismos. Sísmica, Engenharia Sísmica: Ramo da ciência e engenharia que aplica os conhecimentos da sismologia para efectuar prospecção do solo e projectar equipamentos que resistam à acção das ondas sísmicas. Fonte sísmica: Conjunto das zonas de ruptura na crosta terrestre que originam um sismo. Esta(s) zona(s) pode(m) ser mais ou menos extensa(s), e a energia libertada está geralmente relacionada com isso, sendo assim maior ou menor. Ondas Sísmicas: Propagação através dos meios sólidos e líquidos, da energia libertada por uma fonte sísmica. Estas ondas são responsáveis pelo movimento vibratório do solo perto da superfície, quando da sua propagação (passagem). Podemos dividi-las em duas categorias; ondas volúmicas e ondas superficiais. Física II – Engenharia Civil 38 Ondas Volúmicas: Onda sísmica que atravessa o interior (volume) da Terra, e que não está relacionada com fenómenos de interface exterior da Terra. Os dois tipos de ondas volúmicas são; as ondas P (longitudinais) e as ondas S (transversais). Onda P: É uma onda longitudinal que se pode propagar nas rochas, nos líquidos e no ar. É uma onda de som. É a onda sísmica mais rápida (máximo de 8,6 km/s ) e é a “P”rimeira a ser detectada em cada lugar. A velocidade de propagação da onda P, pode ser calculada por: VP = ( K + 4 µ 3) ρ (1.81) onde; K é o módulo de compressibilidade, µ é a rigidez do material atravessado (é nula nos líquidos, µ = 0) e ρ é a densidade (massa volúmica) do material atravessado. Onda S: É uma onda transversal que propaga apenas nos sólidos (e não no ar ou nos líquidos). As ondas S são mais rápidas que as ondas superficiais, mas mais lentas que as ondas P. É a “S”egunda a ser detectada em cada lugar. A velocidade de propagação da onda S, pode ser calculada por: VS = µ ρ 1.82) Ondas Superficiais: São as ondas sísmicas mais lentas. A sua amplitude é maior na superfície da Terra e decresce com a profundidade. Existem dois tipos de ondas superficiais; as de Love (L) e as de Rayleigh (R). As ondas L são ligeiramente mais rápidas do que as ondas R. Figura 1.49 – Propagação de ondas sísmicas e correspondente movimento do solo. Física II – Engenharia Civil 39 Raio Sísmico: Definimos a direcção perpendicular à frente de onda como o raio sísmico. A progressão do raio sísmico (da onda) no decurso do tempo ao longo do espaço, define a trajectória desde a fonte sismo-genética até ao observador (por exemplo), como podemos ver na figura 1.50. Deste modo é possível admitir que a energia sísmica se propaga ao longo dos raios sísmicos. Na Terra, devido à sua composição heterogénea, o trajecto (raio sísmico) das ondas sísmicas é, regra geral, curvilíneo. Figura 1.50 – Raio sísmico e propagação de ondas volúmicas. Sismómetro: Instrumento de medida, que regista os movimentos “exactos” do solo, provocados pela passagem de ondas sísmicas. Actualmente os sismómetros têm detectores electromagnéticos, são de registo digital e podem ser operados remotamente. Os sismómetros são instalados nas estações sísmicas. Estas estão distribuídas no território de forma a maximizar a cobertura dos eventos sísmicos locais, regionais e globais. Figura 1.51 – Registo vertical e horizontal de ondas sísmicas. Sismómetro electromagnético. Física II – Engenharia Civil 40 Sismograma: Um sismograma é um gráfico, registado pelo sismómetro, que representa o movimento do solo provocado pela propagação das ondas de um sismo, ao longo do tempo, num determinado local. Este movimento é registado em duas direcções horizontais (este-oeste e norte-sul) e na direcção vertical. Figura 1.52 – Exemplo de registo de um evento sísmico, com identificação das várias fases. Figura 1.53 – Rede sísmica do Instituto de Meteorologia (IM) no continente (2003) e do SIVISA/IM nos Açores (2003). Física II – Engenharia Civil 41