Produção de acetato de butila usando lipase Novozym 435 na ausência e na presença de solventes Danielle S. Queiroza, Nathália G. Duartea, Cláudia O. Velosoa, Aline M. de Castrob, Marta A.P. Langone a,* a Laboratório de Tecnologia Enzimática/Instituto de Química/Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil b Gerência de Biotecnologia/CENPES/PETROBRAS, Rio de Janeiro, Brasil *E-mail: [email protected] RESUMO O acetato de butila é um éster de baixa massa molecular produzido a partir da esterificação do ácido acético com o butanol e é usado em diversas indústrias. Diferentes tipos de lipases foram estudados como biocatalisador para a produção do acetato de butila. A inibição da atividade catalítica das enzimas pela presença dos substratos e o uso de solventes orgânicos são parâmetros importantes na obtenção deste éster. Neste trabalho, os efeitos da concentração inicial de ácido acético, da forma de adição do ácido, da concentração de enzima e da razão molar álcool/ácido foram investigados na reação de esterificação do ácido acético com o butanol, na ausência e presença de solvente, usando a lipase comercial Novozym 435. Na presença de hexano, uma conversão de ácido acético de 96 % foi obtida usando-se uma razão molar álcool/ácido = 1/1 com concentração inicial de 0,3 mol L-1 de ácido e 5 % de enzima a 50 C, após 4 h. A adição contínua do ácido usando-se uma bomba peristáltica preveniu a inativação da enzima e favoreceu a formação do acetato de butila, alcançando uma conversão de 37 % a 50 C, empregando 5 % de enzima e razão molar final álcool/ácido = 1/1. Palavras-chave: acetato de butila, esterificação, lipase, Novozym 435. ABSTRACT Butyl acetate is a low molecular weight ester produced by the esterification of acetic acid with butanol and it is used in several industries. Different types of lipases were studied as biocatalyst for the production of butyl acetate. Inhibition of enzymes catalytic activity by the presence of substrates and the use of organic solvents are important parameters to produce this ester. In this study, the effects of the initial acetic acid concentration, the acid addition, the enzyme concentration, and the alcohol/acid molar ratio were investigated on the esterification reaction of acetic acid with butanol, in the absence and presence of solvent, using the commercial lipase Novozym 435. In the presence of hexane, an acetic acid conversion of 96 % was obtained using an alcohol/acid molar ratio = 1/1 with initial acid concentration of 0.3 mol L -1 and 5 % of enzyme at 50 C after 4 h. The continuous addition of the acid using a peristaltic pump prevented the enzyme inactivation and favored the formation of butyl acetate, reaching a conversion of 37 % at 50 C employing 5 % of enzyme and alcohol/acid final molar ratio = 1 /1. Keywords: butyl acetate, esterification, lipase, Novozym 435. 1 1. Introdução O acetato de butila é um éster de baixa massa molecular produzido a partir da esterificação do ácido acético com o butanol. É um líquido límpido, incolor e com odor intenso de frutas quando em baixa concentração. Devido às suas características físico-químicas ele pode ser usado como solvente com aplicações em couro artificial, tintas de impressão, esmalte para unhas, adesivos e também na indústria alimentícia, conferindo aos alimentos características de sabor e odor, na produção de perfumes e cosméticos, e na indústria farmacêutica [1-4]. A esterificação entre o ácido acético e o butanol pode ser catalisada por ácidos inorgânicos e também por enzimas. Os catalisadores ácidos demandam condições de reação mais severas, são corrosivos e têm que ser neutralizados após a reação, enquanto que as enzimas imobilizadas podem ser facilmente separadas do meio reacional e apresentam boa reatividade em condições brandas de reação. Diferentes tipos de lipases têm sido estudados como biocatalisador para a produção de ésteres de baixa massa molecular, em especial o acetato de butila, tais como as lipases de Rhizopus oryzae [1], Candida antarctica [2,3], Pseudomonas aeruginosa [4], Rhizomucor miehei [5]. A inibição da atividade catalítica das enzimas pela presença dos substratos e o uso de solventes orgânicos são parâmetros importantes para o desenvolvimento de processos para a obtenção de ésteres de baixa massa molecular. Os ácidos e os alcoóis utilizados como reagentes para a obtenção de ésteres de baixa massa molecular podem inibir o desempenho catalítico das enzimas. De acordo com a literatura [6,7], os alcoóis agem como inibidores para as lipases, assim como os ácidos, que acidificam a interface aquosa da enzima inativando-a. A toxicidade dos solventes orgânicos e o alto custo de produção acarretado pelos processos de separação dos produtos são fatores que têm motivado a produção de ésteres de baixa massa molecular na ausência de solventes [1,5,7,8]. Martins et al. [2,3] estudaram a esterificação do ácido acético com o butanol para a produção de acetato de butila catalisada pela lipase B de Candida antarctica (Novozym 435) na presença de hexano usando um planejamento composto central e a metodologia de superfície XXV Congreso Iberoamericano de Catálisis de resposta para otimizar as seguintes condições experimentais: temperatura de reação, razão molar entre os substratos, teor de enzima e teor de água adicionada. A melhor concentração de ácido acético para a reação, sem que haja inativação da enzima, foi 0,3 mol L-1 [2]. As condições ótimas encontradas para a síntese de acetato de butila foram: temperatura de 40 C; razão molar butanol/ácido acético de 3/1; concentração de enzima de 7,5 % em massa de substrato; e 0,25 % (em massa de substrato) de água adicionada. Nestas condições, foi obtida uma conversão de 91,5 % após 2,5 h. Na presença de ultra-som de baixa frequência (40 kHz) [3], a concentração de ácido acético ótima para a reação foi de 2,0 mol L-1. É importante observar que esta concentração é muito mais elevada do que a maioria citada na literatura. Isto pode ser explicado pela melhor mistura do ácido acético no solvente orgânico, devido ao uso do ultra-som, evitando o acúmulo de ácido e possivelmente também devido à formação de uma fase de água no microambiente da enzima, o que poderia inativar a enzima (Martins et al., 2011)[2]. A reação de esterificação entre ácido acético e butanol para produzir acetato de butila foi estudada na ausência de solvente usando lipases de Rhizopus oryzae imobilizada em Celite 545 [1] e de Rhizomucor miehei comercial e imobilizada (Lipozyme RM IM) [5]. As melhores condições experimentais para a produção de acetato de butila foram: quantidade de lipase imobilizada, 500 UI; quantidade de água adicionada inicialmente, 45 %; razão molar ácido acético/butanol, 1/1; e temperatura de incubação, a 37 C, quando se obteve uma conversão de 60 % [1], e 25 % de enzima (m/m em relação à quantidade total de substrato) a 37 C por 18 h de reação, na qual se encontrou uma conversão de ácido superior a 78 %. Neste trabalho, os efeitos da concentração inicial de ácido acético, da forma de adição do ácido, da concentração de enzima e da razão molar álcool/ácido foram investigados na reação de esterificação do ácido acético com o butanol, na ausência e na presença de solvente, usando como catalisador a lipase comercial Novozym 435. 2 2. Experimental 2.1. Materiais Ácido acético P.A. ACS, 1-butanol P.A. ACS, etanol P.A. e acetona P.A. utilizados foram fornecidos pela Vetec Química Fina Ltda (Brasil). A lipase comercial Novozym 435 foi obtida da Novozymes Latin America Ltda (Brasil). A Novozym 435 é uma lipase de Candida antarctica B produzida por fermentação do microrganismo Aspergillus oryzae geneticamente modificado e adsorvida em resina acrílica macroporosa. As partículas da enzima imobilizada possuem de 0,3 a 0,9 mm de diâmetro e 1 a 2 % m/m de água. Em relação à especificidade da lipase imobilizada, a Novozym 435 apresenta especificidade para as posições 1 e 3, mas também atua como uma lipase não específica [9]. 2.2. Reações de esterificação A reação de esterificação entre o ácido acético e o butanol foi conduzida em reator batelada fechado de capacidade de 15 mL, provido de agitação magnética e condensador. A temperatura do meio reacional foi mantida a 50 C através da circulação de etileno glicol, proveniente de banho termostático (Haake D10), pela camisa do reator. O meio reacional consistiu na mistura de ácido acético, butanol e da lipase imobilizada. O meio reacional composto pela mistura de quantidades equimolares de ácido acético e butanol resultou em uma concentração de ácido acético de 6,7 mol L-1. Em alguns experimentos foram avaliados os efeitos da concentração de ácido acético na conversão da reação. Assim, concentrações menores de ácido acético (3,0; 0,3; 0,03 mol L-1) foram testadas pela adição de solvente ao meio. Os solventes testados foram o hexano e o próprio reagente butanol, usado em excesso (razão molar álcool/ácido = 3/1; 36/1 e 360/1). A influência da concentração de lipase na conversão da reação foi estudada empregando concentrações de biocatalisador iguais a 5, 10 e 15 % m/m em relação à massa de ácido acético. A forma de adição do ácido acético também foi avaliada. Três estratégias foram usadas: o volume total de ácido foi adicionado no início da reação; adição escalonada, na qual quantidades iguais de ácido foram adicionadas nos tempos 0, 30 e 60 min; adição contínua com uso de bomba peristáltica. XXV Congreso Iberoamericano de Catálisis O progresso da reação foi acompanhado por titulometria de neutralização (titulador automático Mettler modelo T50), determinandose o consumo de ácido acético no meio reacional através da titulação de aproximadamente 0,03 g de meio reacional contra uma solução de NaOH a 0,02 mol L-1. Alíquotas de 50 μL foram retiradas usando-se pipeta automática, pesadas, e, imediatamente, adicionadas a uma mistura acetona/etanol (1/1), sem a separação do biocatalisador. As análises foram feitas em duplicata. O acompanhamento da reação foi expresso através da conversão de ácido acético. 3. Resultados e discussão 3.1. Reação de esterificação do ácido acético e do butanol na presença de solvente Dois solventes foram usados para minimizar a desativação da enzima, o hexano e o butanol. O hexano é um solvente frequentemente utilizado para a produção de ésteres de baixa massa molar [1-3,6]. No entanto, seu uso aumenta os custos de operação do processo. Como o butanol é o álcool usado como reagente, sua utilização como solvente poderia ser interessante e, portanto, foi avaliada. A atividade enzimática em solventes orgânicos varia significativamente com o solvente utilizado [10], o que está relacionado com vários fatores. O solvente pode alterar a conformação nativa da proteína através do rompimento das interações hidrofóbicas e das ligações de hidrogênio, reduzido a atividade e a estabilidade da enzima. A influência do solvente orgânico na atividade enzimática também pode ser explicada através da habilidade do solvente em afetar as interações água–enzima e remover a camada essencial de água que estabiliza a conformação nativa da enzima. Os solventes mais prejudiciais às enzimas são aqueles altamente polares e mais hidrofílicos (que têm afinidade pela água), pois são capazes de remover a camada de água essencial da superfície da enzima e de competir pelas ligações de hidrogênio entre os átomos da proteína, causando desnaturação do biocatalisador, com perda da atividade catalítica [11]. Geralmente, os solventes apolares e os solventes hidrofóbicos causam menor desativação. Um dos mais importantes indicadores da hidrofobicidade de um solvente é o coeficiente de partição octanol/água (P). Os solventes com log P maior que 4 permitem expressar melhor a atividade 3 catalítica da maioria das enzimas, pois são mais hidrofóbicos [12]. No caso dos solventes testados, n-butanol tem log P = 0,79, enquanto que o n-henaxo possui log P = 3,5. 3.1.1. Concentração inicial de ácido acético igual a 3,0 mol L-1 As reações de esterificação do ácido acético, com concentração inicial de ácido igual a 3,0 mol L-1, e o butanol foram realizadas a 50 C com concentração de enzima de 5, 10 e 25 % m/m. Quando o butanol foi testado como solvente, foi necessário o uso de uma razão molar álcool/ácido igual a 3/1 para que a concentração inicial de ácido acético fosse igual a 3,0 mol L-1. A Figura 1 A e B apresenta a variação da conversão de ácido acético com o tempo de reação na presença de excesso de butanol e de hexano com razão molar álcool/ácido igual a 1/1, respectivamente. Notase que para ambos os solventes só houve formação de acetato de butila quando a concentração de enzima foi igual a 25 % m/m. Quando uma grande quantidade de enzima é utilizada (25 %), parte dela é desativada pela presença do ácido, porém alguns sítios ativos ainda permanecem inalterados possibilitando a formação do acetato de butila. 3.1.2. Concentração inicial de ácido acético igual a 0,3 mol L-1 As reações de esterificação entre o ácido acético, com concentração inicial de ácido igual a 0,3 mol L-1, e o 1-butanol foram realizadas a 50 C com concentração de enzima de 5 % m/m. Quando o butanol foi testado como solvente, foi necessário o uso de uma razão molar álcool/ácido igual a 36/1 para que a concentração inicial de ácido acético fosse igual a 0,3 mol L-1. A Figura 2 apresenta a variação da conversão de ácido acético com o tempo de reação na presença de excesso de butanol, de hexano usando uma razão molar álcool/ácido igual a 1/1 e de hexano usando uma razão molar álcool/ácido igual a 3/1. Conversão de ácido acético (%) 80 A 5% 10 % 25 % 60 40 20 80 hexano, razão 1/1 hexano, razão 3/1 butanol em excesso 60 40 20 0 1 0 1 2 3 100 B 5% 10 % 25 % 80 2 3 4 Tempo de reação (h) 4 Tempo de reação (h) Conversão de ácido acético (%) Conversão de ácido acético (%) 100 100 Figura 2. Resultados do progresso da reação entre o ácido acético e o 1-butanol a 50 C usando 5 % m/m de Novozym 435 com concentração inicial de ácido de 0,3 mol L-1 em excesso de butanol (razão molar álcool/ácido = 36/1) e na presença de hexano (razão molar álcool/ácido = 1/1 e 3/1). 60 40 20 0 1 2 3 4 Tempo de reação (h) Figura 1. Resultados do progresso da reação entre o ácido acético e o 1-butanol a 50 C usando 5, 10 e 25 % m/m de Novozym 435 com concentração inicial de ácido de 3,0 mol L-1. A: excesso de butanol (razão molar álcool/ácido = 3/1). B: presença de hexano. XXV Congreso Iberoamericano de Catálisis Para a concentração de enzima igual a 5 % m/m, observa-se que quando o butanol foi usado como solvente não houve conversão de ácido acético, porém na presença de hexano empregando a razão molar álcool/ácido de 1/1 foi obtida uma conversão de 96 % após 4 h de reação. De acordo com estes resultados, pode-se inferir que o butanol apresenta um efeito de desativação da lipase e que o decréscimo da concentração inicial de ácido acético possibilitou a reação entre este ácido e o butanol (Figura 1B e Figura 2). Na presença de hexano, também foi 4 verificada a inativação da enzima pela presença de excesso de butanol na reação conduzida com razão molar álcool/ácido de 3/1, visto que a conversão alcançada foi de 43 %. 3.1.3. Concentração inicial de ácido acético igual a 0,03 mol L-1 As reações de esterificação entre o ácido acético, com concentração inicial de ácido igual a 0,03 mol L-1, e o 1-butanol foram realizadas a 50 C com concentração de enzima de 5 % m/m. Quando o butanol foi testado como solvente, foi necessário o uso de uma razão molar álcool/ácido igual a 360/1 para que a concentração inicial de ácido acético fosse igual a 0,03 mol L-1. A Figura 3 apresenta a variação da conversão de ácido acético com o tempo de reação na presença de excesso de butanol e de hexano com razão molar álcool/ácido igual a 1/1. Conversão de ácido acético (%) 100 80 60 butanol hexano 40 20 0 1 2 3 4 Tempo de reação (h) Figura 3. Resultados do progresso da reação entre o ácido acético e o butanol a 50 C usando 5 % m/m de Novozym 435 com concentração inicial de ácido de 0,03 mol L-1 e em excesso de butanol (razão molar álcool/ácido = 360/1) e na presença de hexano (razão molar álcool/ácido = 1/1). Quando o butanol foi usado como solvente não houve conversão de ácido acético, porém na presença de hexano com a razão molar álcool/ácido de 1/1 foi obtida uma conversão de 93 % após 4 h de reação. Estes resultados mostram, assim como os resultados obtidos com a concentração inicial de ácido acético de 0,3 mol L-1, que o excesso de butanol inativa a lipase Novozym 435, o que pode ser justificado pela sua maior hidrofilicidade, comparada a do nhexano. O n-hexano se mostrou um melhor solvente para a reação de esterificação do ácido acético com o 1-butanol, pois uma alta conversão foi obtida quando a concentração inicial de ácido era de 0,3 mol L-1. XXV Congreso Iberoamericano de Catálisis 3.2. Reação de esterificação do ácido acético e do butanol na ausência de solvente Sistemas reacionais para a produção de acetato de butila na ausência de solventes acarretariam em menor custo operacional e também seriam considerados ambientalmente mais seguros, pois um reagente de alta toxicidade seria removido do processo. Os efeitos da concentração de enzima, da razão molar álcool/ácido e da forma de adição do ácido foram avaliados a 50 C. O efeito da concentração de enzima foi estudado usando-se 5, 10 e 25 % m/m de enzima em relação à quantidade de ácido acético, na concentração inicial de 6,7 mol L-1, equivalendo a razão molar álcool/ácido de 1/1. Não houve conversão de ácido acético para os três níveis de concentração de enzima testados. Duas razões molares álcool/ácido foram testadas: 1/1 e 3/1. A variação da razão molar entre os substratos acarretou em diferentes concentrações iniciais de ácido acético, 6,7 e 3,2 mol L-1, respectivamente. Nenhuma conversão de ácido acético foi observada quando 5 % m/m de enzima foi usada. Segundo a literatura [2,6,7,13], a presença de ácidos carboxílicos de cadeia curta como o ácido acético inativa as lipases usadas como catalisador para reações de esterificação. Sendo assim, a concentração inicial de ácido acético deve ser controlada. De acordo com os resultados anteriores, pode-se concluir que a enzima Novozym 435 foi inativada na presença de ácido acético nas concentrações de 6,7 e 3,2 mol L-1 e que o aumento da concentração de enzima na faixa estudada não favoreceu a reação. Martins et al. [2] relataram que a melhor concentração inicial de ácido acético para a reação esterificação com butanol na presença de Novozym 435, sem inativação da enzima, foi de 0,3 mol L-1. De modo a manter a concentração de ácido acético no meio reacional baixa, foram testadas a adição escalonada de ácido, isto é, o ácido foi adicionado em três etapas após 0, 30 e 60 min de reação, e a adição de ácido usando-se uma bomba peristáltica, onde a quantidade total de ácido necessária para a reação foi adicionada ao longo de 4 h de reação. Estes experimentos foram realizados a 50 C com uma razão molar álcool/ácido igual a 1/1 e 5 % m/m de concentração de enzima. A adição escalonada não favoreceu o consumo de ácido acético, possivelmente porque a concentração de ácido 5 acético após a primeira adição de ácido já era de 2,7 mol L-1. Já o uso da bomba peristáltica proporcionou uma conversão de ácido acético de 37 % após 4 h de reação. A forma de adição do ácido acético através do uso de uma bomba peristáltica foi uma alternativa interessante, pois possibilitou uma baixa concentração de ácido no meio reacional evitando a desativação da enzima. 4. Conclusões O estudo da esterificação do ácido acético com o butanol para produção de acetato de butila usando a lipase Novozym 435 mostrou que esta enzima foi inativada na presença de excesso de butanol e de concentrações elevadas de ácido acético. O controle da concentração inicial deste ácido pode ser feito através do uso de solventes ou de diferentes formas de adição do ácido ao meio reacional. Na presença de hexano, a maior conversão de ácido acético (96 %) foi obtida em um meio reacional com uma razão molar álcool/ácido = 1/1 contendo 0,3 mol L-1 de ácido acético e 5 % m/m de enzima a 50 C, após 4 h de reação. Porém foi possível verificar a conversão de ácido acético em acetato de butila em um meio reacional cuja concentração inicial de ácido acético foi de 3,0 mol L-1 tanto na presença de hexano (41 %) quanto em excesso de butanol (50 %) a 50 C após 4 h empregando 25 % m/m de Novozym 435 (em relação à quantidade inicial de ácido). A forma de adição do ácido acético ao meio reacional é uma alternativa para prevenir a inativação da enzima. A adição contínua do ácido usando-se uma bomba peristáltica favoreceu a formação de acetato de butila, tendo sido alcançada uma conversão de 37 % a 50 C, empregando 5 % m/m de concentração de enzima e razão molar final álcool/ácido = 1/1. 6. Referências 1. R. Salah, H. Ghamghui, N. Miled, H. Mejdoub, Y. Gargouri. Journal of Bioscience and Bioengineering 103 (2007) 368-372. 2.A. Martins, N. Graebin, A. Lorenzoni, R. Fernandez-Lafuente, M. Ayub, R. Rodrigues. Process Biochemistry 46 (2011) 2311–2316. 3.A. Martins, M. Schein, J. Friedrich, R. Fernandez-Lafuente, M. Ayub, R. Rodrigues. Ultrasonics Sonochemistry 20 (2013) 1155-1160. 4. R. Peng, J. Lin, D. Wei. African Journal of Food Science and Technology 2 (2011) 059-066. 5. S. Radzi, W. Mustafa, S. Othman, H. Noor. World Academy of Science, Engineering and Technology 5 (2011) 456-459. 6.M. Romero, L. Calvo, C. Alba, A. 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