Mecânica dos Fluidos II Camada limite turbulenta Prof. António Sarmento Tel. 21 8417405 Email: [email protected] Problema FF 8.12 O perfil de velocidades numa camada limite turbulenta sobre uma placa plana sujeita a um escoamento estacionário de velocidade uniforme U paralela à placa numa região nãoperturbada, pode ser aproximado pela lei de perfil 1/7, 1/ 7 u y U u u a) Calcule o valor do parâmetro do perfil de velocidades a 1 dy U U 0 (R: a=7/72) b) Admitindo que a tensão de corte na parede é dada pela lei empírica U 14 0 0,0227 U 2 determine a evolução da espessura da camada limite com a distância x ao bordo de ataque da placa. Admita que a camada limite passa a turbulenta na secção x=x0 e que a espessura da camada limite nessa secção é 0. A resposta vem em função de x0, 0, e U. 14 45 54 (R: 0 0,292x x0 U NOTAS Não pode usar o perfil de velocidades 1/7 no cálculo da tensão de corte na parede, pois dá infinito. Tal significa que na região da sub-camada laminar o perfil de velocidades não é bem aproximado por aquela expressão. O parâmetro a relaciona a espessura de quantidade de movimento com a da camada limite: m = a. METODOLOGIA Para resolver a alínea b) utilize a equação de von Kármán d dU U 2 m U d dx dx notando que neste escoamento a pressão exterior é constante (pelo que U também o é) e que m = a. 0 Fluid Flow 8.13 Utilizando o perfil de velocidades 1/7, calcule a espessura da camada limite no fim da placa e a força de resistência que actua num dos lados de numa placa de 6 m de comprimento e 3 m de largura imersa num escoamento de água (=1000 kg/m3, =1,1310-3 Pa.s) com uma velocidade de 6 m/s. Admita que a camada limite é turbulenta desde o início da placa. Parecelhe razoável essa hipótese? Qual seria a resistência se a camada limite se mantivesse laminar em toda a placa? Qual seria a rugosidade máxima na extremidade da placa para que esta pudesse ser considerada hidraulicamente lisa? (R: DT=737 N, =0,0692 m; DL=71,7 N; =31 m) NOTAS A camada limite começa por ser laminar devido à grande intensidade das forças viscosas junto ao bordo de ataque. À medida que nos afastamos do bordo de ataque as tensões viscosas vão diminuindo e, se a placa for suficientemente longa, dá-se a transição para turbulento. Essa transição, que ocorre na secção crítica (x=xc), verifica-se para números de Reynolds baseados na distância ao bordo de ataque (Rex=Ux/) na casa dos 5105 no caso de placas lisas. O crescimento da camada limite turbulenta é mais rápido que a da camada limite laminar devido à maior capacidade de mistura das primeiras por acção dos vórtices turbulentos. No entanto, se a secção que nos interessa estiver muito afastada da secção onde se verifica a transição (x>>xc) é razoável admitir que a camada limite é turbulenta desde o bordo de ataque da placa. Da mesma forma, se a placa for muito mais comprida que o comprimento onde ocorre camada limite laminar, é razoável admitir que a camada limite se comporta como turbulenta desde o bordo de ataque (L>>xc). Tal como nos tubos, a camada limite turbulenta sobre uma placa plana é hidraulicamente lisa se as irregularidades da parede não ultrapassarem a sub-camada laminar, isto é se u 5 . METODOLOGIA Utilize a equação obtida no problema anterior para calcular a espessura da camada limite. Note que a resistência resulta da acção integrada da tensão de corte sobre a placa. Utilize a equação de von Kármán e o resultado m = a (ver metodologia do problema anterior) para relacionar a força de resistência com a espessura da camada limite calculada atrás. Compare o comprimento da placa com a distância da secção crítica ao bordo de ataque e conclua sobre a razoabilidade da aproximação sugerida (ver nota acima). Utilize o resultado da solução de Blasius relativo ao CD para calcular a resistência se a camada limite fosse laminar. Use a informação apresentada na última nota deste problema para responder à última questão colocada. Fluid Flow 8.16 Considere uma camada limite turbulenta sobre uma placa plana resultante de um escoamento estacionário, uniforme e paralelo à placa na região não perturbada (velocidade e pressão uniformes e constantes na região exterior à camada limite). A placa é muito rugosa, sendo a dimensão característica da rugosidade, e, muito superior à espessura da sub-camada laminar que existiria se a placa fosse lisa. Admita que o perfil de velocidades dentro da camada limite turbulenta segue uma lei 1/7 baseada na rugosidade característica e, tal que, 17 u y K , u e em que K é uma constante, y a distância à parede, u a velocidade média temporal em cada ponto e u a velocidade de atrito u 0 , em que 0 é a tensão de corte na parede e a massa volúmica do fluido. Utilizando uma teoria aproximada para a camada limite estime a espessura da camada limite, , em função de x, a distância ao bordo de ataque da placa. Admita que =0 em x=0. O resultado é expresso em termos de e, de K e do parâmetro do perfil a (igual a 0,0972). 7 13,2 x 9 (R: 2 ) e K e METODOLOGIA A teoria aproximada a que o enunciado se refere é a equação de von Kármán que deve simplificar para as condições indicadas (U constante). Utilize a lei de velocidades indicada para exprimir a velocidade de atrito u, e portanto 0, com a velocidade exterior e a espessura da camada limite. Substitua a expressão encontrada para 0 na equação simplificada de von Kárman e integre em .