Renascimento 2

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RENASCIMENTO (2)
As fases e a pintura renascentista
Podem-se identificar três fases distintas no desenvolvimento do renascentismo, movimento
intelectual e artístico surgido na Itália. São elas: trecentismo (anos 1300), quatrocentismo (anos
1400) e cinquecentismo (anos 1500). (Veja também
como surgiu e as principais características).
Trecentismo
No século 14, o renascentismocimento ainda
estava concentrado na Itália, mais especificamente
em Florença. Seus principais expoentes artísticos
eram Giotto, Boccaccio e Petrarca.
As características desse momento foram a
valorização do indivíduo e dos detalhes humanos e
a ruptura com o imobilismo e a hierarquia da
pintura medieval. Eram traços diretamente
"O Nascimento de Vênus", de Botticelli (1483)
relacionados ao pensamento humanista.
Quatrocentismo
No século 15, o renascentismo estendeu-se pela península itálica e atingiu seu auge. São desse
período Botticelli, Leonardo da Vinci, Rafael e Michelangelo. Suas características foram: o
racionalismo, o resgate da estética greco-romana e o experimentalismo.
Quinhentismo
Último período do renascimento, em que as obras de arte atingiram seu mais elevado grau de
elaboração. Espalhado por toda a Europa, no século 16, o movimento vê também sua decadência.
O maneirismo, um estilo "anticlássico", e o barroco, ganham força devido à reação da Igreja.
A pintura renascentista
De um modo geral, os pintores da renascença procuravam reproduzir a realidade, sob a influência
do ideal de beleza grego. O espírito clássico, a ordem e as formas simétricas são traços marcantes
dessa pintura.
Podemos distinguir três grandes escolas com características próprias: a florentina, de Florença,
que se caracterizou pelo racionalismo demonstrado tanto pelo predomínio da linha sobre a cor,
como pelo "sfumato"; a veneziana (de Veneza), caracterizada pelo sentimento, pela emoção, o
predomínio da cor sobre o desenho ou a linha; e a romana, que tenta equilibrar linha e cor, razão e
sentimento.
A pintura renascentista inovou com a descoberta da perspectiva, que permite abordar o espaço e
a luz de maneira realista. Além disso, a nova técnica da pintura a óleo possibilitou novas
associações e graduações da cor. Por fim, o surgimento de novos suportes, como a tela e o
cavalete e a imprensa, permitiram uma circulação mais fácil das obras e do pensamento.
Principais pintores
Giotto (1266-1337). Pintor italiano, introduziu a perspectiva na pintura. Foi considerado o
precursor da pintura renascentista, o elo entre essa e a pintura medieval. A característica principal
do seu trabalho é a identificação da figura de santos com seres humanos de aparência comum.
Sua pintura coincide com a visão humanista que se consolidava naquele momento.
Botticelli (1444-1510). Pintor da escola florentina, nasceu e viveu em Florença. Trabalhou na
decoração da Capela Sistina, em 1481. Suas obras abordavam principalmente dois temas: a
antigüidade grega e o cristianismo. Em sua obra chama a atenção a leveza dos corpos esguios e
desprovidos de força: eles parecem flutuar, expressando suavidade e graça.
Leonardo da Vinci (1452-1519). Maior figura da pintura renascentista, também da escola
florentina, Leonardo considerava-se, em primeiro lugar, um cientista. Imaginou máquinas
voadoras, estudou mecânica, geologia, ótica, hidráulica, anatomia, botânica e astronomia. Além
de pintor foi desenhista, escultor, engenheiro e arquiteto.
Seus estudos de perspectiva são considerados insuperáveis. O "sfumato", técnica de uso de tons
claros e escuros, foi utilizado em suas obras com maestria.
Seu trabalho mais conhecido, talvez a obra de arte mais reproduzida mundialmente, é a
"Monalisa". Vários artistas fizeram sua releitura ao longo dos tempos, como Botero, Duchamp
(mestre da arte contemporânea) e Andy Warhol, no século 20.
Veja as reproduções dessas telas:
A "Mona Lisa" de Botero e a versão de Duchamp
A "Mona Lisa" dupla de Warhol.
Ticiano (1490-1576). Foi o maior pintor da escola veneziana. Produziu obras religiosas,
mitológicas e retratos utilizando cores vivas e movimentos que mais tarde serviram de base para
outros artistas. Suas obras têm um grande apego à vida e à beleza feminina. A paisagem, com
freqüência, é mais importante que as figuras. Ticiano foi um dos primeiros a pintar um tipo de
paisagem moderna.
Rafael (1483-1520). Da escola romana, destaca-se pela delicadeza de traços, pela conciliação do
paganismo com o cristianismo e pelo equilíbrio entre a linha e a cor. Conhecido como o pintor de
madonas, tipos ideais de beleza feminina, suaves, muitas vezes convencionais, mas, com
eminentes qualidades.
Suas composições são expressivas na organização e na distribuição dos elementos, massas,
volumes, áreas, cores e linhas. Rafael aplicou com sensibilidade os princípios matemáticos e
geométricos em seus quadros.
"A Sagrada Família", de Rafael (1507).
 Michelangelo (1475-1564). Arquiteto, pintor, poeta e escultor, é difícil classificá-lo dentro das
características gerais das escolas. A pedido do Papa Júlio 2, pintou o teto da Capela Sistina,
dividindo-o em nove retângulos para contar a história da criação do mundo e do homem.
As poses das figuras na capela são baseadas em famosas esculturas gregas e romanas. Por isso,
uma das raríssimas imagens de Deus, senão a única na cultura ocidental, apresenta um Deus de
barba branca, como seriam na antigüidade clássica Zeus e Posseidon, deuses considerados pais.
Para os gregos antigos, a barba era uma insígnia de homem velho e sábio, modelo que persiste
até os dias de hoje.
"A Criação do Homem", detalhe do teto da Capela Sistina (1512).
*Valéria Peixoto de Alencar é historiadora formada pela USP e cursa o mestrado em Artes no
Instituto de Artes da Unesp.
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