Redalyc.Onze anos de avaliação dos planos de tratamento e

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Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e
Clínica Integrada
ISSN: 1519-0501
[email protected]
Universidade Federal da Paraíba
Brasil
POI, Wilson Roberto; Almeida LAWALL, Melaine de; SIMONATO, Luciana Estevam;
Greves GIOVANINI, Ellen; PANZARINI, Sônia Regina; PEDRINI, Denise
Onze anos de avaliação dos planos de tratamento e tratamentos realizados pela
disciplina de clínica integrada, faculdade de odontologia de araçatuba - UNESP
Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada, vol. 6, núm. 3, septiembrediciembre, 2006, pp. 237-242
Universidade Federal da Paraíba
Paraíba, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=63711504005
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Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
Wilson Roberto POI*
Melaine de Almeida LAWALL**
Luciana Estevam SIMONATO***
Ellen Greves GIOVANINI***
Sônia Regina PANZARINI****
Denise PEDRINI****
Objetivo: A proposta desse trabalho é avaliar os planos de
tratamento desenvolvidos e os tratamentos realizados pelos
alunos da disciplina de Clínica Integrada da Faculdade de
Odontologia de Araçatuba - UNESP, no período de 1993 a
2003. Método: Os dados foram coletados dos 1287 prontuários
de pacientes atendidos pela disciplina nesse período,
organizados em formulários próprios e tabulados. Resultados:
Dentre as principais necessidades odontológicas observadas
destacaram-se o preparo básico periodontal (84,61%) e as
próteses fixas (50,89% unitárias, 27,04% 3 elementos). Em
meio aos tratamentos, os mais realizados foram: restaurações
de resina composta (15,55%), amálgama (7,70%) e raspagem
corono-radicular (12,33%). Conclusão: Com base nos
resultados, foi possível concluir que os planos de tratamento
desenvolvidos na disciplina de Clínica Integrada apresentam
uma seqüência lógica que possibilita um tratamento mais
racional e que os tratamentos realizados cumpriram o que foi
proposto nos planos, a despeito das alterações provocadas
pelas dificuldades financeiras dos pacientes.
Objective: The aim of this work was to evaluate the treatment
plans and the treatments accomplished by the discipline of
Integrated Clinic, Araçatuba Dental School - UNESP, from 1993
to 2003. Method: Date were collected from 1287 patient
records who were treated by the department during that period
of time, and organized in specific form to be analyzed. Results:
Among the main dental needs detected it was possible to show
up periodontal basic procedures (84.61%) and fixed prosthesis
(50.89% units, 27.04% 3 elements). In the middle of developed
treatments, the most unfolded were: resin (15.55%), amalgam
(7.70%) and periodontal scaling (12.33%). Conclusion: Based
on the results, it was possible to conclude that plans of
treatment developed in the discipline of integrated clinic
present a logical sequence, that it makes possible a more
rational treatment and that the treatments accomplished what
was proposed in the plans, despite of changes due to patient's
economic problems.
Assistência odontológica integral; Prática geral de odontologia;
Odontologia.
Comprehensive dental care; Dental general practice; Dentistry.
* Professor Adjunto do Departamento de Cirurgia e Clínica Integrada da Faculdade de Odontologia de Araçatuba (UNESP), Araçatuba/SP, Brasil.
** Professora Substituta das Disciplinas de Patologia Geral e Bucal da Faculdade de Odontologia de Araçatuba (UNESP), Araçatuba/SP, Brasil.
*** Aluna do Curso de Mestrado em Estomatologia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba (UNESP), Araçatuba/SP, Brasil.
**** Professora Assistente Doutora do Departamento de Cirurgia e Clínica Integrada da Faculdade de Odontologia de Araçatuba (UNESP),
Araçatuba/SP, Brasil.
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Pesq Bras Odontoped Clin Integr, João Pessoa, v. 6, n. 3, p. 237-242, set./dez. 2006
POI et al. - Onze Anos de Avaliação dos Planos de Tratamento e Tratamentos Realizados Pela Disciplina de Clínica Integrada
O diagnóstico e o plano de tratamento são
aspectos integrantes da prática odontológica diária.
Esses procedimentos levam o clínico a avaliar seus
pacientes e suas atitudes, aspirações e medos, a fim de
alcançar decisões racionais no que diz respeito à
organização da condição dental comprometendo-se a
prover os melhores cuidados aos seus pacientes
(BURKE; WILSON, 1994).
O exame do paciente é um passo básico e muito
importante para o plano de tratamento. É impossível
diagnosticar corretamente de uma forma consistente e
desenvolver um plano de tratamento adequado se o
exame for falho ou incompleto (WOOD, 1983). Segundo
Genovese (1985) e Castro (2000), o objetivo
fundamental do exame do paciente é a elaboração do
diagnóstico, para a aplicação correta do planejamento
terapêutico.
Coleman e Nelson (1996) afirmam que o plano
de tratamento é a elaboração de uma estratégia para
resolver o maior número possível de problemas
odontológicos, sendo a etapa final do processo de
diagnóstico antes de começar o tratamento efetivo. É o
projeto para o direcionamento do caso, incluindo todos
os procedimentos necessários para o estabelecimento e
manutenção da saúde bucal (CARRANZA JUNIOR;
NEWMAN, 1997).
Um resultado bem sucedido dependerá da
sistemática análise do profissional a partir das queixas
dos pacientes e das condições bucais apresentadas a
fim de alcançar um diagnóstico e desenvolver uma
estratégia de tratamento apropriada. Isso inclui
observações subjetivas (paciente) e objetivas (dentista)
e a aplicação de conhecimento e experiência que
compõem o conhecimento clínico (HOCOTT, 1984).
A habilidade de desenvolver um plano de
tratamento é o fator chave que separa o técnico do
profissional (HOCOTT, 1984). Muitas estratégias
potenciais para planejar o tratamento existem e são
influenciadas por uma grande variedade de fatores
relacionados ao paciente e ao dentista. A combinação
dessas estratégias com uma aproximação flexível e a
adoção de uma filosofia de tratamento de longo prazo
pode resultar em planos de tratamento nos quais tanto o
operador quanto o paciente sentir-se-ão confortáveis e
serão beneficiados (BURKE; WILSON, 1994).
Exceto pelas urgências, nenhum tratamento
deve ser iniciado até que o plano de tratamento esteja
estabelecido (CARRANZA JUNIOR; NEWMAN, 1997).
Freqüentemente o cirurgião-dentista considera
uma das opções de tratamento como ideal e as demais
como aceitáveis. Entretanto, nem sempre é possível
para o paciente submeter-se a opção ideal de
tratamento. Isso ocorre principalmente devido aos custos
do tratamento (PERAZA, 1990; ALMEIDA et al. 2003). É
evidente que diferentes alternativas de tratamento não
possuirão o mesmo prognóstico. É provável que a opção
ideal de tratamento tenha uma durabilidade maior.
Enquanto planos alternativos devem ser apresentados,
os resultados esperados pelo paciente e profissional
podem sofrer algumas alterações (CHARBENEAU et al.,
1988; CRAWFORD, 2004).
Caberá ao profissional desenvolver um
tratamento completo, inteligente e consciencioso, que
só será possível através de um diagnóstico correto e
determinação de um plano de tratamento adequado,
detalhado e completo (SAMPAIO, 1987).
Segundo Botero (1963) a disciplina de Clínica
Integrada teria como uma de suas funções tornar o aluno
familiarizado com o plano de tratamento. Da mesma
maneira, Restrepo (1969) e Poi et al. (1997) afirmaram
que a disciplina de Clínica Integrada deve levar o aluno
ao aprimoramento técnico e, além disso, deve oferecer
condições para que os futuros profissionais tenham
como elaborar, após um correto diagnóstico, planos de
tratamento globais, formando um profissional
diferenciado capaz de resolver integralmente o caso,
restabelecendo a saúde do paciente.
A habilidade de planejar e prover tratamento são
as principais responsabilidades e qualidades primárias
requeridas do clínico, atributos que devem ser norteados
e alcançados por conhecimento e experiência
crescentes pela educação e aplicação continuada
(BURKE; WILSON, 1994). A disciplina de Clínica
Integrada, como sistema educacional, deve propiciar
através do processo ensino-aprendizagem a integração
dos conhecimentos, habilidades e valores adquiridos
pelos alunos ao longo do curso proporcionando ao
paciente uma atenção odontológica global das
necessidades evidenciadas (PADILHA et al., 1995).
Além de ter importância destacada na obtenção dessas
habilidades, ter cumprido esta função, de acordo com a
opinião dos cirurgiões-dentistas (PANZARINI et al.,
2001; POI et al., 2003) e de formar profissionais capazes
de elaborar vários planos de tratamento para um mesmo
caso clínico (POI et al., 2005).
A proposta desse trabalho é avaliar onze anos
de planos de tratamento apresentados e os tratamentos
realizados pelos alunos da disciplina de Clínica
Integrada da Faculdade de Odontologia de Araçatuba,
UNESP, no período de 1993 a 2003.
Para o presente estudo foram avaliados os
prontuários de 1287 pacientes que freqüentaram a
Disciplina de Clínica Integrada da Faculdade de
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Odontologia de Araçatuba no período de 1993 a 2003. Os
dados foram coletados da ficha utilizada pela disciplina e
registrados em fichas elaboradas para o registro dos
planos de tratamento desenvolvidos e dos tratamentos
realizados. Os dados foram analisados e os resultados
tabulados e apresentados sob a forma de gráficos e
tabelas.
Os planos de tratamento envolveram todas as
especialidades, abrangendo procedimentos desde
raspagem e polimento dentário a problemas oclusais.
Nos 1287 prontuários analisados, com os seus
respectivos planos de tratamento definitivos, observouse a indicação de preparo básico periodontal em 84,61%
deles; de exodontias em 37,76%; de restaurações de
resina em 81,2% e de amálgama em 59,83% (Tabela 1).
Nos mesmos 1287 prontuários foram realizados 5919
procedimentos sendo que 15,55% deles foram
restaurações de resina composta; 7,70% de
restaurações de amálgama; 12,33% corresponderam a
raspagem corono-radicular e apenas 5,40% envolviam
endodontia de uniradiculares (Tabela 2).
Tabela 1. Planos de tratamento realizados pelos alunos da
Disciplina de Clínica Integrada da Faculdade de
Odontologia de Araçatuba - UNESP, no período de 1993 a
2003.
PLANOS PROPOSTOS
TOTAL
Preparo básico periodontal
1089
Procedimento cirúrgico periodontal
133
Exodontia
486
Endodontia unirradicular
307
Endodontia birradicular
177
Endodontia multirradicular
176
Retratamento endodôntico
134
Restauração de resina
1045
Restauração de amálgama
770
PPR superior
448
PPR inferior
593
PPF unitária
655
PPF 3 elementos ou mais
348
PT superior
59
PT inferior
15
Provisório
24
Ortodontia
32
Oclusão
31
TOTAL DE PROCEDIMENTOS
6522
%
84,60%
10,33%
37,76%
23,85%
13,75%
13,67%
10,41%
81,20%
59,80%
34,80%
46,10%
50,90%
27,00%
4,58%
1,16%
1,86%
2,48%
2,40%
506,65%*
*A porcentagem é superior a 100,0% porque para um mesmo paciente
mais de um procedimento foi planejado.
Tabela 2. Procedimentos realizados pelos alunos da
Disciplina de Clínica Integrada da Faculdade de
Odontologia de Araçatuba - UNESP, no período de 1993 a
2003.
TIPOS DE PROCEDIMENTOS
Raspagem corono-radicular
Retalho de Widman modificado
Gengivectomia/gengivoplastia
Cirurgia para aumento de coroa clínica
Cunha distal
Cunha interproximal
Aplicação tópica de flúor
Exodontia simples
Exodontia por seccionamento
Exodontia por osteotomia (incluso)
Cirurgia com finalidade protética
Pulpotomia
Tratamento endodôntico unirradicular
Tratamento endodôntico birradicular
Tratamento endodôntico multirradicular
Clareamento
Restaurações de amálgama
Retratamento endodôntico
Restaurações de resina composta
Facetas de porcelana
Amálgama com pino
Cimento de ionômero de vidro
Resina composta com pino
Inlay
Onlay
Moldagem (com finalidade protética)
Provisório (elementos)
Restauração metálica fundida
Núcleos metálicos
Núcleo de fibra de carbono
Overdenture
Prótese adesiva direta
Prótese adesiva indireta
Prótese parcial fixa (elementos)
Prótese parcial removível
Prótese parcial removível (provisória)
Prótese total imediata
Prótese total
Prótese (reembasamento)
Pequenos movimentos ortodônticos
Tracionamento
TOTAL DE PROCEDIMENTOS
TOTAL
%
753
12,88%
55
0,90%
60
1,00%
83
1,40%
41
0,70%
64
1,10%
118
2,00%
425
7,20%
46
0,80%
6
0,10%
23
1,40%
32
0,50%
320
5,40%
172
2,90%
176
3,00%
23
0,40%
454
7,70%
122
2,20%
920
15,55%
2
0,03%
4
0,06%
197
3,30%
32
0,50%
2
0,03%
17
0,30%
494
8,30%
431
7,30%
1
0,02%
269
4,50%
16
0,30%
2
0,03%
12
0,20%
8
0,10%
198
3,30%
155
2,60%
84
1,40%
6
0,10%
26
0,40%
15
0,20%
13
0,20%
42
0,70%
5919
100,00%
A Figura 1 mostra a porcentagem de
procedimentos indicados em relação ao número total de
planos de tratamento definitivos encontrados nos 1287
prontuários avaliados. A Figura 2 apresenta a
porcentagem, em relação à somatória total (5919), de
procedimentos mais freqüentemente realizados.
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POI et al. - Onze Anos de Avaliação dos Planos de Tratamento e Tratamentos Realizados Pela Disciplina de Clínica Integrada
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
84,60%
81,20%
59,80%
46,10%
34,80%
37,76%
50,90%
27,00%
Preparo básico periodontal
Restauração de resina composta
PPR superior
PPF unitário
Exodontia simples
Restauração de amálgama
PPR inferior
PPF 3 elementos ou mais
Figura 1. Porcentagem de procedimentos indicados em
relação ao número total de planos de tratamento
definitivos encontrados nos 1287 prontuários avaliados no
período de 1993 a 2003.
18%
16%
14%
12%
10%
8%
6%
4%
2%
0%
15,55%
12,88%
7,70%
7,20%
Raspagem
Endo uniradicular
Resina composta
Provisórios
8,30%
7,30%
5,40%
Exodontia simples
Amálgama
Moldagem de prótese
Figura 2. Procedimentos mais freqüentes em relação à
somatória de tratamentos realizados pelos alunos da
Disciplina de Clínica Integrada da Faculdade de
Odontologia de Araçatuba - UNESP, no período de 1993 a
2003.
Considerando as medidas curativas afeitas à
prática odontológica, uma das funções básicas da
Clínica Integrada é formar profissionais capazes de
elaborar vários planos de tratamento, integrados, para
um mesmo caso clínico e, ao mesmo tempo, realizar
grande parte desse tratamento proposto (POI et al.,
1997; POI et al., 2005). Fato que parece estar sendo
alcançado, segundo relatos dos próprios profissionais
(POI et al., 2003).
A partir do exame adequado é possível alcançar
um diagnóstico correto que vai dar origem a um plano de
tratamento detalhado e completo (WOOD, 1983;
GENOVESE, 1985; SAMPAIO, 1987; CASTRO, 2000).
O atendimento na Clínica Integrada não é
diferente e, além disso, prioriza as necessidades
urgentes, assim como descrito por Carranza Júnior e
Newman (1997). Caso o paciente não precise desse tipo
de tratamento inicia-se o plano obedecendo a seguinte
seqüência: preparo básico periodontal, cirurgia,
endodontia, restaurações e próteses, sempre pensando
no oferecimento dos melhores cuidados (BURKE;
WILSON, 1994) e na solução do maior número de
problemas odontológicos (COLEMAN; NELSON, 1996).
No presente trabalho, pela análise dos
prontuários observou-se que foi feito o plano de
tratamento incluindo o preparo periodontal básico para
84,61% dos pacientes. Este item engloba os
procedimentos preventivos, como aplicação tópica de
flúor, adotados pela Clínica Integrada de Araçatuba
objetivando a promoção de saúde, além da raspagem
corono-radicular. São considerados, também, os
procedimentos destinados à educação dos pacientes e
aqueles relacionados ao controle e redução da placa
bacteriana, a despeito de constituírem um número
reduzido de procedimentos quando comparado com o
total de atitudes curativas. Essa mesma preocupação já
havia sido considerada com propriedade por Peraza
(1990) e Carvalho et al. (2002).
A flexibilidade, característica fundamental do
plano de tratamento (CROWFORD, 2004), leva a uma
alteração numérica quando feita uma comparação entre
o que foi proposto e os procedimentos realizados. Se
forem comparados, por exemplo, os números do preparo
básico periodontal proposto (1089 dos 1287 planos) com
aqueles realizados (753 raspagens corono-radiculares e
118 aplicações tópicas de flúor) nota-se uma diminuição
muito grande. Isso pode ser explicado pelo não
lançamento no prontuário, por parte do aluno, dos
procedimentos preventivos relacionados a educação do
paciente e ao controle da placa bacteriana. Outro fator
que pode explicar essa diferença é o número de
pacientes que inicia o tratamento e acaba desistindo
dele nas primeiras consultas, ainda na fase de coleta de
dados e elaboração dos planos possíveis para o caso
clínico. As alegações mais freqüentes para essas
desistências são: falta de tempo, falta de recursos
financeiros (que não teria influência nessa fase inicial,
pois o tratamento é gratuito), dificuldades de locomoção,
dificuldades de acomodações de horários em razão da
jornada regular de trabalho ou, simplesmente,
desistências sem justificativas.
Os procedimentos cirúrgicos periodontais, por
sua vez, apresentaram números superiores (133 para
248), justificados pelas necessidades observadas a
partir do início do tratamento.
Por outro lado, os procedimentos restauradores
presentes nos planos de tratamento mantiveram uma
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POI et al. - Onze Anos de Avaliação dos Planos de Tratamento e Tratamentos Realizados Pela Disciplina de Clínica Integrada
proximidade razoável com aqueles executados, sendo
notória a grande quantidade de restaurações com
cimento de ionômero de vidro (197) que não haviam sido
citadas no plano. Já as restaurações de amálgama
tiveram uma redução drástica. Apesar da indicação do
amálgama, os padrões estéticos atuais e a melhora na
qualidade dos materiais odontológicos resinosos
levaram a um aumento na escolha de restaurações de
resina no decorrer dos anos (LEINFELDER, 1997).
Uma grande diferença também pode ser
observada com relação à indicação de próteses e a sua
concretização, facilmente explicada pela falta de
recursos financeiros para o pagamento da fase
laboratorial, uma vez que esses custos são cobertos pelo
próprio paciente e não pela Instituição. Nesse contexto,
um dado preocupante é a diferença entre a quantidade
de provisórios propostos (24) e a realizada (431). A
iniciativa de se fazer um provisório, quando não está
inserido nas etapas da confecção da prótese parcial fixa,
resolve temporariamente uma urgência estética, mas
não soluciona o caso e, de acordo com Charbeneau et al.
(1988) e Crowford (2004), não apresenta o mesmo
prognóstico daquele plano que seria ideal. Isso pode ter
ocorrido porque, em alguns casos, o paciente autoriza a
execução do procedimento e acaba desistindo em
função dos custos.
Além disso, verificaram-se altos índices para os
tratamentos exodontia e prótese, o que pode refletir
baixos níveis sociais, econômicos e/ou culturais e
consequentemente a condição de saúde bucal
desfavorável que os pacientes apresentam quando
procuram a faculdade (PERAZA, 1990; GAIÃO et al.,
2002; ALMEIDA et al., 2003). Essas características de
uso e necessidade de prótese dentária são compatíveis
com o perfil dos pacientes atendidos em serviço de
atenção curativo (GAIÃO et al., 2002).
A disciplina de Clínica Integrada oferece
condições para que o aluno, por meio do exame do
paciente, elabore um diagnóstico e, a partir daí,
desenvolva planos de tratamento adequados à realidade
cultural, social e econômica do paciente, respeitando
seus anseios e seu estado geral de saúde, cumprindo
dessa maneira os objetivos da disciplina, segundo Botero
(1963). Além disso, o aluno aprende a seguir uma
seqüência lógica de tratamento atuando em todas as
especialidades, aprimorando-se tecnicamente e
tornando-se um profissional de visão generalista,
diferenciado e familiarizado com a prática profissional
(PANZARINI et al., 2001). Fato também relatado por
profissionais formados por diversas Instituições de
Ensino (POI et al., 2003). No entanto, Wanderley et al.
(2002) acreditam que o predomínio da atividade curativa
e deficiência no registro dos planejamentos podem
diminuir a efetividade do tratamento proposto pela
Clínica Integrada.
Tudo isso vem ao encontro do proposto por
Botero (1963), Restrepo (1969) e Padilha et al. (1995)
que enfocam a necessidade, que se impõe ao ensino
odontológico, de preparar o aluno para o desempenho
da sua vida profissional com uma visão verdadeiramente
integrada, devendo abranger o todo, desde o diagnóstico
até a completa execução do plano de tratamento
estabelecido.
Os planos de tratamento desenvolvidos pelos
alunos da disciplina de Clínica Integrada apresentam
uma seqüência lógica, fato que possibilita um tratamento
racional.
Os tratamentos realizados cumpriram o que foi
proposto nos planos, havendo flexibilidade em função de
intercorrências durante o tratamento, dos critérios
estéticos, das possibilidades econômicas do paciente e
da continuidade do tratamento estabelecido, já que
alguns o abandonaram.
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Correspondência:
Wilson Roberto Poi
Departamento de Cirurgia e Clínica Integrada
Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP
Rua José Bonifácio, nº1193 - Vila Mendonça
Araçatuba - SP
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e-mail: [email protected]
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