Artigo de Pesquisa Original Research Artículo de Investigación Fatores de risco para câncer de mama FATORES DE RISCO PARA CÂNCER DE MAMA: NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS ACADÊMICOS DE UMA UNIVERSIDADE BREAST CANCER RISK FACTORS: LEVEL OF KNOWLEDGE AMONG UNIVERSITY ACADEMICS FACTORES DE RIESGO PARA CÁNCER DE MAMA: NIVEL DE CONOCIMIENTO DE LOS ACADÉMICOS DE UNA UNIVERSIDAD Catia Regina PirhardtI Nen Nalú Alves das MercêsII RESUMO: Estudo de natureza quantitativa, de caráter exploratório e descritivo, foi desenvolvido numa instituição de ensino superior do Estado de Santa Catarina, com 50 acadêmicos matriculados nos cursos de enfermagem, fisioterapia e psicologia no 1º semestre de 2008. O objetivo foi identificar o conhecimento dos referidos acadêmicos quanto aos fatores de risco para o câncer de mama. A coleta de dados ocorreu entre fevereiro e abril de 2008. Utilizou-se um questionário com perguntas fechadas e, para análise dos dados, a estatística descritiva. Os resultados apontaram que os estudantes dos cursos de enfermagem e fisioterapia demonstraram maior conhecimento sobre o tema do que os acadêmicos de psicologia. Compreender o nível de conhecimento de estudantes universitários sobre os fatores de risco do câncer de mama, numa perspectiva inter e pluridisciplinar, é importante para repensar a inserção da educação em saúde como conteúdo curricular imprescindível na promoção de uma universidade saudável. Palavras-chave Palavras-chave: Câncer de mama; fator de risco; estudante universitário; prevenção. ABSTRACT ABSTRACT:: This quantitative, exploratory and descriptive study was conducted at a University in Santa Catarina State among 50 academics enrolled in nursing, psychology and physiotherapy courses in the first semester of 2008. The aim was to identify knowledge in this group about breast cancer risk factors. Data was collected from February to April 2008 using a questionnaire, and data was analyzed by descriptive statistics. The results indicated that nursing and physiotherapy students were more knowledgeable than psychology students. Understanding university students’ knowledge of breast cancer risk factors, on an inter- and multidisciplinary perspective, is important to rethinking the role of health education as essential curricular content for promoting a healthy university. Keywords: Breast cancer; risk factor; university student; prevention. RESUMEN: Estudio de carácter cuantitativo, descriptivo y exploratorio, fue desarrollado en la Universidad de Santa Catarina-Brasil, con 50 académicos de enfermería, psicología y fisioterapia matriculados en el primer semestre de 2008. El objetivo fue identificar los conocimientos en este grupo acerca de los factores de riesgo para el cáncer de mama. La recolección de datos fue de febrero a abril de 2008. Se utilizó un cuestionario con preguntas cerradas y para el análisis de datos la estadística descriptiva. Los resultados mostraron que los académicos de enfermería y fisioterapia han demostrado un mayor conocimiento los estudiantes de psicología. Comprender el nivel de conocimiento y los factores de riesgo del cáncer de mama, en una perspectiva inter y multidisciplinar, es importante reflexionar sobre la necesidad de inclusión de la educación para la salud, como elemento esencial en la promoción de una universidad saludable. Palabras clave: Cáncer de mama; factor de riesgo; académico; prevención. INTRODUÇÃO O câncer é um conjunto de mais de 100 doenças de caráter crônico-degenerativo, que tem a capacidade de crescimento anômalo e desordenado das células, bem como de disseminação à distância em tecidos e órgãos. A distribuição da incidência e da mortalidade por câncer é importante para o conhecimento epidemiológico da doença, desde seus aspectos etiológicos até os fatores prognósticos envolvidos em cada tipo de câncer. Este conhecimento possibilita gerar hipóteses causais e avaliar os avanços científicos em relação às possibilidades de prevenção e cura, bem como a resolutividade da atenção à saúde1. Dessa forma delineou-se a seguinte pergunta de pesquisa: Qual o nível de conhecimento dos acadêmicos de enfermagem, fisioterapia e psicologia de uma instituição de ensino de nível superior em relação aos fatores de risco para o câncer de mama? O objetivo traçado foi o de identificar o conhecimento dos acadêmicos quanto aos fatores de risco para o câncer de mama. I Enfermeira. Graduada pela Universidade do Vale do Itajaí – SC, Brasil. Enfermeira. Mestre em Enfermagem – PEN/UFSC. Doutoranda em Enfermagem - PEN/UFSC. Enfermeira do Centro de Pesquisas Oncológicas – CEPON/SES/SC. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da UNIVALI/SC, Brasil. E-mail: [email protected]. II p.102 • Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 jan/mar; 17(1):102-6. Recebido em: 28.10.2008 - Aprovado em: 06.12.2008 Artigo de Pesquisa Original Research Artículo de Investigación MARCO REFERENCIAL No Brasil, o câncer da mama feminina se constitui na patologia maligna mais incidente na população, e tem o seu quadro agravado pelo fato do diagnóstico ainda ser estabelecido, na maioria das vezes, numa fase tardia da doença2. O número de casos novos de câncer de mama esperados para o Brasil, no ano de 2008, é de 49.400, com um risco estimado de 51 casos a cada 100 mil mulheres1. A Organização Mundial da Saúde estima que ocorram mais de 1.050.000 casos novos de câncer de mama por ano, em todo o mundo1. A cada 100 mulheres com câncer de mama, existe um homem que desenvolverá a doença. Sendo um tumor de ocorrência rara em homens, o número de casos novos vem aumentando nos últimos anos. O surgimento do câncer de mama em homens está relacionado a fatores de risco recorrentes nas mulheres como: histórico familiar correspondente aos pais, mãe, irmã ou filha, surgimento de alguma tumoração pré-maligna no passado, excesso de peso e dieta rica em gorduras3. Nesse contexto, o conhecimento dos fatores de risco para o câncer de mama é indiscutível e fundamental. As informações sobre a prevenção e detecção precoce do câncer de mama são veiculadas através de campanhas nacionais do Ministério da Saúde, pelos meios de comunicação em massa, inclusive nos Serviços de Saúde1-3. A Universidade tem o seu papel social na formação, criação de novos conhecimentos e divulgação desses conhecimentos, mas também o de participar nas estratégias de promoção da saúde e prevenção de doenças no meio acadêmico, visando uma Universidade saudável. Pirhardt CR, Mercês NNA - questionário com questões fechadas, compostas por duas seções: a seção A de identificação do acadêmico (curso, período, idade e gênero) e a seção B sobre os fatores de risco para o câncer de mama. Utilizou-se para a análise dos dados a estatística descritiva e os resultados foram discutidos com base em literatura especializada1-3,5-23. RESULTADOS E DISCUSSÃO O Perfil dos Sujeitos Quanto à caracterização dos acadêmicos participantes do estudo, 21 são de enfermagem, do 1º ao 8º período; quatro são da fisioterapia, do 3º, 5º e 7º períodos; e 25 são de psicologia, do 1º ao 9ª períodos. O curso de fisioterapia encontra-se em fase de extinção na instituição de ensino, campo do estudo, e por este motivo a amostra dos acadêmicos restringiu-se aos citados períodos. Em relação à idade, observou-se predominância da faixa etária de 18 a 26 anos nos três cursos, sendo a maioria do sexo feminino. No curso de psicologia, há acadêmicos acima dos 42 anos, do sexo feminino, com 8%. Em relação ao gênero, o sexo feminino foi predominante, variando de 81% na enfermagem a 84% na psicologia. Este dado reflete a realidade, em nível nacional, em que a maioria dos estudantes do ensino superior é representada por mulheres. Na fisioterapia, houve igual participação quanto ao sexo (50%). Como a definição dos sujeitos da amostra foi por sorteio, os 50% podem ser explicados pelos princípios da probabilidade. O Conhecimento dos Fatores de Risco METODOLOGIA Este estudo, de natureza quantitativa, de caráter exploratório e descritivo, foi desenvolvido numa instituição de ensino superior do estado de Santa Catarina. Os sujeitos da pesquisa foram 50 acadêmicos matriculados nos cursos de enfermagem, fisioterapia e psicologia no 1º semestre de 2008. A amostra foi constituída de 10% de um universo de 500 acadêmicos, sendo: 21 acadêmicos de enfermagem; quatro de fisioterapia e 25 de psicologia. A escolha de 10% seguiu o critério de significância dos dados, garantindo uma amostra estatisticamente aceitável para o objeto de estudo. A seleção dos acadêmicos foi por sorteio. Foram respeitados todos os princípios éticos determinados na Resolução nº 196/96, do Conselho Nacional de Saúde4. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de ensino superior, com o Parecer de nº 552/07. A coleta de dados foi realizada no período de fevereiro a abril de 2008. Utilizou-se um instrumento A partir do conhecimento dos fatores de risco para câncer de mama, as pessoas têm mais condições para adotar as medidas preventivas e de promoção de saúde, com vistas à melhor qualidade de vida1-3,5-23. Nessa perspectiva, quanto aos fatores de risco para o câncer de mama, observou-se que 100% dos acadêmicos de enfermagem e de fisioterapia e 76% de psicologia afirmaram terem ouvido falar sobre a os fatores de risco. Apesar de 81% da enfermagem, 75% da fisioterapia e 68% da psicologia responderem que o câncer de mama tanto acomete o homem quanto a mulher, para 19% da enfermagem, 25% da fisioterapia e 32% da psicologia ele só afeta a mulher. O câncer de mama ocorre tanto em mulheres, quanto em homens na proporção de 100/1, ou seja, em 100 casos de câncer de mama feminino há um caso de câncer de mama masculino5. A etiologia do câncer de mama masculina ainda é desconhecida, apesar de alguns fatores etiológicos estarem relacionados com o aumento do risco. Entre eles: estrogenoterapia, trauma mamário, história familiar, exposição a radiações Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 jan/mar; 17(1):102-6. • p.103 Fatores de risco para câncer de mama ionizantes, Síndrome de Klinefelter, esquistossomose mansônica, atividade laboral em ambientes com altas temperaturas e com manuseio de resinas, óleos e solventes6. Consumo de alimentos ricos em gordura animal Nesta questão, 80,9% dos acadêmicos de enfermagem, 100% da fisioterapia e 56% da psicologia responderam corretamente. Alguns estudos mostram que uma alimentação com alto teor de gordura aumenta a quantidade de estrógenos. Este hormônio é considerado essencial para o organismo, porém, em nível elevado aumenta o risco do surgimento do câncer de mama. Quando as mulheres iniciam uma alimentação com baixo teor de gorduras, seus níveis de estrógeno caem significativamente em curto espaço de tempo. Evitar laticínios também reduz os riscos de câncer de mama7. Há uma incidência menor entre os orientais, pois fazem ingesta de alimentos à base de soja, que auxilia na regulação hormonal feminina, devido aos fitoestrogênios, e que possuem um efeito similar aos dos estrogênios, bem como ao elevado teor de isoflavona8. Consumo de bebidas alcoólicas Verificou-se que 90,5% dos acadêmicos de enfermagem e 100% da fisioterapia apontaram como fator de risco o consumo de bebidas alcoólicas, demonstrando conhecimento. Somente 36% da psicologia afirmaram ser fator de risco e 28% não responderam a questão. Sabe-se que o consumo de bebida alcoólica está associado a um aumento no desenvolvimento do câncer de mama. A associação do câncer com a bebida alcoólica é proporcional ao que se ingere, ou seja, quanto mais se bebe maior o risco de ter este câncer. Porém, alguns pesquisadores contestam a bebida como fator de risco, apesar dos estudos indicarem que o etanol pode provocar alterações nas células mamárias, transformando-as em tumores malignos9. Tabagismo Observou-se que 85,7% dos acadêmicos de enfermagem, 100% da fisioterapia e 48% da psicologia apontaram como fator de risco o tabagismo. Interessante observar que 52% da psicologia não consideraram esse consumo um fator de risco. Sabe-se que há 6.700 compostos encontrados no tabaco dos quais 4.720 são substâncias identificadas quimicamente, entre as quais algumas farmacologicamente ativas, antigênicas, citotóxicas, mutagênicas e carcinogênicas10. Portanto, o tabagismo é um fator de risco, principalmente para vários tipos de câncer, bem como de doenças pulmonares e cardiovasculares. Obesidade Ficou evidenciado que 76,2% dos acadêmicos de enfermagem, 50% de fisioterapia e 48% de psicologia relacionam a obesidade como fator de risco para câncer de mama. Os demais não a consideraram um fator de risco. p.104 • Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 jan/mar; 17(1):102-6. Artigo de Pesquisa Original Research Artículo de Investigación O risco de câncer de mama aumenta em pessoas obesas porque a gordura é estrogênica. Os estrógenos que são convertidos em estrona, através da androstenediona também podem ser convertidos em estradiol no próprio tecido adiposo por atividade 17bhidróxi-esteróide-desidrogenase. O tecido adiposo é um grande reservatório de esteróides, pois a reação enzimática responsável pela conversão de andrógenos a estrógenos, ocorre tanto em homens, quanto nas mulheres11, portanto a obesidade é um fator de risco. Sedentarismo Detectou-se que 76,2% dos acadêmicos de enfermagem e 44% de psicologia responderam que o sedentarismo é fator de risco. Entretanto, 19% de enfermagem, 75% de fisioterapia e 28% da psicologia não o consideram como risco. Pode-se inferir com este dado que estes últimos não valorizam os benefícios da prática de exercícios físicos à saúde e não observam que o sedentarismo está diretamente relacionado com a possibilidade de aumento de peso e, consequentemente, que o risco de aparecimento de câncer de mama aumenta em pessoas obesas, porque a gordura secreta estrógenos. História familiar de câncer de mama Para 95,2% dos acadêmicos de enfermagem, 100% de fisioterapia e 56% de psicologia, a história familiar de câncer de mama de pelo menos um parente de primeiro grau, como mãe, irmãs, filha, é um fator de risco. Observa-se que a predisposição hereditária é responsável de 5% a 10% dos casos e a maioria ocorre devido a mutações em dois genes denominados BRCA1 e BRCA-2. Por esse motivo, o risco cumulativo dessas mulheres e de seus familiares para desenvolvimento de carcinomas de mama é muito maior que na população geral12. Com antecedente familiar em parentes de primeiro grau (mãe, irmã ou filha), o risco da doença aumenta cerca de duas vezes. As mulheres que já tiverem câncer de mama têm mais chances de desenvolver câncer no outro seio também. Mulheres com história familiar de câncer da mama masculino Observou-se que 57,1% dos acadêmicos de enfermagem, 100% de fisioterapia e 32% de psicologia afirmaram que essa condição é fator de risco. Vale ressaltar que 33,4% dos acadêmicos de enfermagem, parcela significativa, não reconhecem esse fator de risco, demonstrando falta de conhecimento. Na psicologia 40% não responderam. Os estudos apontam que a história familiar de câncer de mama masculino é fator de risco para desenvolver câncer de mama, pois a presença de mutações dos genes (BRCA1, BRCA2) aumentam o risco13. Mulheres com diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipia Observa-se que 71,4% dos acadêmicos de enfermagem, 75% de fisioterapia e 40% de psicologia têm conhecimento que uma diferenciação celular prolifeRecebido em: 28.10.2008 - Aprovado em: 06.12.2008 Artigo de Pesquisa Original Research Artículo de Investigación rativa é fator de risco para o câncer de mama em mulheres. Sabe-se que, na mama, a hiperplasia atípica pode ser ductal, quando há proliferação de células semelhantes às células do carcinoma ductal in situ de baixo grau; e lobular quando há proliferação homogênea de células comprometendo menos da metade dos ácinos, que se apresentam distorcidos ou distendidos. A hiperplasia atípica é identificada em 12 a 17% das biópsias feitas devido à presença de microcalcificações. O risco de câncer de mama em pacientes com hiperplasia atípica (lobular ou ductal) é aproximadamente igual em ambas às mamas14. Nuliparidade Constatou-se que 76,2% dos acadêmicos de enfermagem, 50% de fisioterapia e 40% de psicologia responderam que nuliparidade é um fator de risco. A nuliparidade ou o atraso na primiparidade são considerados fatores de risco, pois o desenvolvimento da primeira gestação ajuda no processo de maturação das células da mama, tornando-as potencialmente mais protegidas em relação à ação de substâncias cancerígenas. Durante a amamentação é liberado ocitocina, um hormônio que tem função de promover as contrações uterinas durante o parto e a ejeção do leite durante a amamentação e promove o retorno mais rápido do peso pré-gestacional, menor sangramento uterino pós-parto, além de diminuir o risco de câncer de mama e ovário15. Menarca precoce Para 57,1% dos acadêmicos de enfermagem, 50% de fisioterapia e 32% de psicologia, a menarca precoce é fator de risco. A menarca precoce é considerada fator de risco devido à exposição ao estrogênio. As mulheres que têm menarca precoce e estabelecem rapidamente um ciclo regular têm risco, uma vez que os níveis de estrogênio são maiores durante a fase lútea normal, e o índice de exposição acumulativa ao estrogênio é maior16. Menopausa tardia (depois dos 50 anos) Observou-se que 76,2% dos acadêmicos de enfermagem responderam que a menopausa é fator de risco, mas 75% dos acadêmicos de fisioterapia e 32%de psicologia não a consideram fator de risco e 32% de psicologia não responderam a questão. A menopausa tardia também está associada ao estrogênio, como a menarca precoce. Quanto mais tarde a mulher entrar na menopausa, mais tempo ela ficará exposta ao estrogênio, hormônio que é responsável por estimular as células da glândula mamária a se reproduzir. No climatério, os hormônios sexuais produzidos pelos ovários diminuem, ocorrendo a transição do período reprodutivo para o não reprodutivo17. O estrogênio não é mais secretado pelos ovários na fase da menopausa, e sim produzido por meio da conversão periférica de precursores andrógenos, que circulam numa variedade de tecidos incluindo músculo, tecido adiposo, Pirhardt CR, Mercês NNA folículo capilar, fígado, hipotálamo, entre outros18. Primeira gestação após 30 anos Verifica-se que 76,2% dos acadêmicos de enfermagem, 75% de fisioterapia e 24% de psicologia afirmaram que a primeira gestação após 30 anos é fator de risco. A ocorrência da primeira gestação em idade reprodutiva precoce ajuda na diminuição ao número de ciclos ovulatórios, estimuladores da mitose das células mamárias, ao longo da vida, ou seja, a precocidade da primeira gestação seria protetora contra as mudanças das células mamárias19. Exposição a radiações ionizantes em idade inferior a 35 anos Para 85,7% dos acadêmicos de enfermagem, 75% de fisioterapia e 56% de psicologia, o câncer de mama está associado à exposição a radiações ionizantes em idade inferior a 35 anos. O risco está na exposição à radiação, tanto em nível ocupacional ou na terapêutica de doenças. A pessoa que trabalha com radiação tem o tempo de serviço reduzido, se aposenta mais cedo, pois é acumulativo o risco da exposição9. Terapia de reposição hormonal (hormônios usados para combater os sintomas da menopausa) Observa-se que 76,2% dos acadêmicos de enfermagem, 100% de fisioterapia e 40% de psicologia responderam que a terapia de reposição hormonal é fator de risco. Para 32% dos acadêmicos de psicologia não é fator de risco e 28% não responderam. Sabe-se que a terapêutica de reposição contém hormônios femininos: estrogênio e progesterona. O estrogênio tem um importante papel no câncer de mama ao induzir o crescimento das células do tecido mamário, o que aumenta o potencial de alterações genéticas e, consequentemente, o desenvolvimento do câncer16. Uso de anticoncepcional oral Vale destacar que 71,4% dos acadêmicos de enfermagem, 75% de fisioterapia e 28% de psicologia responderam que o uso de anticoncepcional é fator de risco, enquanto 28,6% de enfermagem e 40% de psicologia não o consideraram como risco. Existem controvérsias na literatura. Há o risco, mas com os novos contraceptivos, com baixas doses de estrogênio, o potencial para desenvolver o câncer de mama é menor. Como os fatores são multicausais, o uso de anticoncepcional oral, associados a outros fatores, tais como tabagismo, obesidade, entre outros, aumentam a chance de ocorrência19. Pessoas acima dos 50 anos Para 85,7% dos acadêmicos de enfermagem, 100% de fisioterapia e 32% de psicologia, as pessoas acima de 50 anos possuem maior risco para câncer de mama; 32% dos acadêmicos de psicologia não consideram fator de risco e 32% não responderam a questão. A idade é um fator de risco devido ao envelhecimento, bem como ao tempo de exposição aos carcinógenos. Quanto mais se Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 jan/mar; 17(1):102-6. • p.105 Fatores de risco para câncer de mama avança na idade cronológica, o risco de exposição principalmente ambiental aumenta e, como o câncer de mama é multicausal, fatores associados aumentam a possibilidade do desenvolvimento da doença. Homens com história de ginecomastia Observa-se que 52,3% de enfermagem, 75% de fisioterapia e 36% da psicologia consideram a ginecomastia como risco. Na adolescência e na 3ª idade, a ginecomastia pode assumir caráter transitório. A ginecomastia é induzida pelo uso de drogas como: anabolizantes, estrogênios, digitálicos, isoniazida, espironolactona, reserpina e metildopa ou está vinculada a doenças orgânicas como lesões testiculares e hepáticas, carcinoma adrenocortical, adenoma de hipófise ou hipertireoidismo20. CONCLUSÃO Conclui-se que, em relação aos fatores de risco do câncer de mama, os acadêmicos dos cursos de enfermagem e fisioterapia demonstraram ter maior conhecimento do que os acadêmicos de psicologia. Compreender o nível de conhecimento de estudantes universitários sobre os fatores de risco do câncer de mama, numa perspectiva inter e pluridisciplinar, é importante para repensar a inserção da educação em saúde, como conteúdo curricular imprescindível na promoção de uma universidade saudável. Por outro lado, sendo o câncer de mama um agravo crônico e não transmissível, a educação, tendo em vista a sua prevenção e detecção precoce, não deve se constituir na simples transmissão de informação, mas ter por base o contexto sociocultural dos acadêmicos, seus valores, crenças e conhecimento. A questão está em como os cursos podem inserir essa prática em seus currículos e no cotidiano universitário, enfatizando o valor da educação em saúde junto à comunidade universitária, para democratizar o acesso à informação e a promoção de estilo de vida saudável. REFERÊNCIAS 1. Ministério da Saúde (Br). Instituto Nacional do Câncer. Incidência do câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde; 2007. 2. Abreu E, Koifman S. Fatores prognósticos no câncer de mama feminino. Rev Bras de Cancerol. 2002; 48 (1): 113-31. 3. Sociedade Brasileira de Mastologia. Risco de câncer de mama no homem é semelhante ao da mulher com uma diferença: eles não se cuidam [citado em 21 abr 2007]. Disponível em: http//www.sbmastologia.com.br. 4. Ministério da Saúde (Br). Conselho Nacional de Saúde. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envol- p.106 • Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 jan/mar; 17(1):102-6. 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