5º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação – UFF | UFRJ | UERJ | PUC-RIO Universidade Federal Fluminense, Niterói. 24 a 26 de outubro de 2012. O Underground Virtual Metálico A reconfiguração da cena metal a partir dos novos mediadores online Natália Ribeiro da Silva1 Resumo O presente artigo busca apresentar algumas mudanças sofridas na configuração da cena underground de heavy metal a partir de novos mediadores online, dando luz a questões que nos ajudam na compreensão de sua atual articulação, seja online ou offline. A intensão é investigar como o amplo uso de redes sociais e de plataformas musicais tem interferido em sua composição, ampliando a noção de cena, tensionado sua relação com espaço urbano e sua territorialidade, apresentando a ideia de underground virtual com base em grupos específicos sobre heavy metal no Facebook e o uso de widgets incorporados aos posts. Palavras-chave cena musical; heavy metal; plataformas musicais; redes sociais; widgets Introdução Como ferramenta interpretativa, a ideia de cena deve encorajar, portanto, o exame da interconectividade entre os atores sociais e os espaços culturais das cidades – suas indústrias, suas instituições e suas mídias (JANOTTI; PIRES, 2011, p 17). As redes sociais e as plataformas de música online, no contexto apontado por Jeder Janotti e Victor Pires, podem ser entendidas como parte das articulações que representam uma cena musical. Embora esteja ligada a uma ideia de território, “espaços culturais da cidade”, a noção de cena se estende no ambiente virtual, ampliando suas possibilidades de circulação, produção e consumo, partindo para outros níveis de sociabilidade. Este artigo irá trabalhar com as peculiaridades da cena underground de metal analisando o uso que seus atores e agentes fazem das plataformas de música online, 1 Graduanda em Estudos de Mídia pela Universidade Federal Fluminense –UFF. www.conecorio.org 1 5º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação – UFF | UFRJ | UERJ | PUC-RIO Universidade Federal Fluminense, Niterói. 24 a 26 de outubro de 2012. em especial a plataforma ReverbNation2, combinado com o uso do Facebook3, rede social com um grande número de usuários no país, que permite, entre outras atividades, a criação de grupos para variadas finalidades. O presente artigo usará como base de análise a atuação dos usuários nos grupos no Facebook voltados para a cena metal do Rio de Janeiro como: “Metal RJ”, “Headbangers”, “Rio Metal Works” e “M.U.C - Movimento Underground Carioca” entre outros. Esses grupos, que lembram em vários aspectos as comunidades do Orkut, rede que estava em voga antes do Facebook, reunem pessoas interessadas em divulgar eventos, trocar informações e que de modo geral, estejam interessadas em sociabilizar com outras pessoas integradas à cena metal do Rio de Janeiro. Nesses grupos estão presentes um grande número de bandas, que veem esses espaços como locais potenciais para a divulgação de seus trabalhos, uma vez que reune um público segmentado, alvos poteciais4. Um dos recursos usados pelas bandas para divulgarem seus trabalhos é a incorporação de widgets nas postagens para o Facebook, facilitando o acesso à música da banda, entre outras informações, para o usuário; Widgets: De acordo com o Longman Dictionary of Contemporary English é um termo informal utilizado para se referir: 1) a uma pequena peça de equipamento que não sabemos o nome 2) a um produto imaginário que uma companhia poderá vir a produzir. No campo da informática, ele adquire um sentido diferente, existindo diversos tipos como de interface gráfica, de mecanismo ou da web. (...)Atualmente outros termos são usados para descrever os web widgets, incluindo: gadget, distintivo, módulo, cápsula, snippet, mini e flake. Web widgets quase sempre usam as linguagens de programação Adobe Flash ou JavaScript. Usuários finais podem utilizar Web Widgets para aumentar o número de servidores baseados na Web ou alvos. A serem atingidos. Categorias de alvos a serem atingidos incluem redes sociais, blogs, wikis e páginas pessoais. (AMARAL, 2007, p 230-231) E possível, a partir do post5, dar play no widget e ouvir a música sem ser preciso abrir uma nova janela ou atrapalhar a navegação na página da rede social ou site aonde foi publicado. A plataforma ReverbNation foi escolhida pois permite a 2 http://www.reverbnation.com/ http://www.facebook.com/ 4 Ver: ANDERSON, Chris. 2006. 5 Termo em inglês para “postagem”, que equivale também a “publicar” em português. 3 www.conecorio.org 2 5º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação – UFF | UFRJ | UERJ | PUC-RIO Universidade Federal Fluminense, Niterói. 24 a 26 de outubro de 2012. incoporação desses dispositivos e tem sido utilizada por um grande número de bandas de rock e metal do Rio de Janeiro, entre outros Estados do Brasil6. A partir dos usos desses dispositivos, dentro do ambiente coletivo e de sociabilidade apresentadados pelas redes sociais, sejam nos grupos ou nos perfis pessoais, é possível falarmos de um consumo coletivo da música, pois embora não possamos mensurar quantas pessoas clicaram no play da widget naquele mesmo momento, o consumo se faz de forma coletiva. Ao postar a música de uma determinada banda por afinidade de gosto, ou para recomendá-la ao grupo, ao mesmo tempo que o usuário marca sua presença, agindo nesse espaço, convidando outras pessoas a ouvirem aquele som, ele se auto-afirma perante o grupo como pertencente a cena underground de metal compatilhando seus valores e ideologias para outros que estarão de certa forma, avaliando sua conduta. O metal underground Quando o Cannibal Corpse empesteou a Billboard, as vendas exorbitantes de álbuns representavam não um público genérico consumidor de música em geral, mas sim um formidável número de empenhados fãs de metal. Esses eram consumidores cultivados, mais afeitos a irem em busca de fitas demo e LPs underground do que comprar outro gênero (...) Por volta do fim de 1990, a Earache Rocords7 anunciou que o Napalm Death e o Morbid Angel haviam vendido mais de um milhão de álbuns cada. (CHRISTE, 2010, p.317) O metal é um gênero musical que abarca uma enorme variedade de vertentes, desde o heavy metal tradicional, de bandas como Black Sabbath, Dio, Iron Maiden, até o death metal extremo de bandas como a brasileira Krisiun e a norte americana Nile. É provável que muitas pessoas já tenham ouvido falar das bandas de metal tradicional, ou metal clássico, como também é conhecido, pessoas que não necessariamente sejam fãs dedicadas de metal, mas que apreciem uma coisa ou outra sem compromisso. No entanto aqueles que não se encontram inseridos na cultura 6 1,586 no ranking global do Alexa. Alexa Internet, Inc. é uma empresa californiana subsidiária da Amazon.com que fornece dados de tráfego, rankings globais e outras informações sobre milhares de sites. Ver: http://en.wikipedia.org/wiki/ReverbNation.com 7 Gravadora de origem inglesa, fundado em 1985, responsável pelo lançamento pioneiro de bandas de grindcore e death metal www.conecorio.org 3 5º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação – UFF | UFRJ | UERJ | PUC-RIO Universidade Federal Fluminense, Niterói. 24 a 26 de outubro de 2012. metal dificilmente já terão ouvido falar de bandas que pertencem a uma vertente mais extrema ou mais restrita, como o grindcore e o death metal. Cannibal Corpse, Napalm Death, Morbid Angel, Krisiun e Nile são bandas que se encontram num lugar privilegiado dentro da cena metal, são bandas consagradas e celebradas em todo mundo, porém, elas não podem ser consideradas mainstream no nível de bandas como o Metallica ou o Iron Maiden, pois estas possuem “processos de circulação em dimensão ampla e não segmentada” como apontam Jorge Cardoso Filho e Jeder Janotti (2006, p.8) na distinção entre mainstream (fluxo principal) e underground. Como propõe os autores, o nível de proximidade entre as condições de produção e de reconhecimento é o diferencia underground de mainstream, bem como a dimensão de seus processos de circulação. Enquanto as músicas do Metallica tocam nas rádios, em grandes produções cinematográficas, a banda aparece em entrevistas e até em desenhos animados, as músicas das bandas com sonoridades mais extremas estarão, de certa forma, restritas ao meio underground, que trabalha principalmente com veículos voltados para um público segmentado, rádios, revistas, sites especializados, entre outros. Com esse argumento podemos afirmar que boa parte da produção de metal hoje pertence ao meio underground, uma vez que os veículos de grande circulação dão pouca ou nenhuma atenção ao metal, o que inclui o interesse de grandes gravadoras e empresas de mídia que alimentam esse circuito. O underground não e apenas o lugar aonde vai parar o que não é apropriado, ou o que não é conveniente, para a grande mídia; ele engloba além das bandas que partilham de um reconhecimento a nível mundial, bandas que estão começando suas carreiras e bandas que já existem há um longo tempo, mas que por diversos motivos ainda não conseguiram alcançar esse “lugar privilegiado” dentro da cena. Vale lembrar aqui que a ideia de underground gira em torno das bandas e das músicas produzidas por elas, mas que não se restringe apenas a isso. Pensar o underground como um meio é entender que fazem parte dele além das bandas, tudo mais que envolve a produção, circulação e o consumo de música. Músicos, casas de show, produtores de eventos, técnicos de som, público, mídia, redes sociais, lojas e bares, todos esses elementos fazem parte de um circuito que funciona ao redor do consumo de música, neste caso o metal. www.conecorio.org 4 5º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação – UFF | UFRJ | UERJ | PUC-RIO Universidade Federal Fluminense, Niterói. 24 a 26 de outubro de 2012. Cena virtual metálica A ideia de “cena” foi pensada para tentar da conta de uma série de práticas sociais, econômicas, tecnológicas e estéticas ligadas aos modos como a música se faz presente nos espaços urbanos. Isso inclui processos de criação, distribuição e circulação, além das relações sociais, afetivas e econômicas decorrentes desses fenômenos. (JANOTTI; PIRES, 2011, p.11) A cena underground de metal não escapa a conceituação elabora por Jeder Janotti e Victor Pires apresentada acima. A cena acontece nos espaços urbanos, aonde se reúnem boa parte de seus elementos, sejam os encontros casuais de grupos de amigo para discutirem música em locais públicos, sejam eles bares e praças ou nos eventos com bandas e/ou música ambiente de metal. Nesses locais as conversas e interações giram em torno das disputas e das negociações referentes ao gênero. Os gêneros instauram um ambiente afetivo, estético e social no qual as redes de comunicação e compartilhamento de símbolos irão operar. (...) a construção de sentido da música opera a partir dos gêneros musicais e do potencial reconhecimento de suas categorizações e classificações. Portanto, para que gostos e identidades musicais sejam formados é necessário que haja este reconhecimento dos gêneros que habitam um mesmo universo sonoro compartilhado pelo corpo social envolvido. (TROTTA, 2008, p.1-2) Discute-se o novo disco do Testament8, comparando-o com os outros de sua discografia, o que requer um conhecimento bastante específico da história da banda, é preciso ter ouvido boa parte de sua discografia eu ter uma boa base de leitura. Ainda sobre o novo disco do Testament discute-se o uso exacerbado de blast beat9 e se isso não estaria fazendo a banda extrapolar as fronteiras do thrash metal, mostrando uma aproximação maior com o death metal, aqui o conhecimento solicitado é sobre a parte dos instrumentos musicais e das técnicas utilizadas, assim como o reconhecimento de marcas discursivas de diferentes estilos dentro do metal. Boa parte dessas disputas e discussões que se dão presencialmente podem surgir ou serem prolongadas no ambiente virtual. Um bom exemplo são os eventos abertos no Facebook que antes, durante e depois dos eventos, funcionam como espaços de interação, reunindo pessoas que pretendem ir ao evento, antes mesmo que ele venha a 8 Banda norte americana de thrash metal formada em 1983 Blast beat é uma levada de bateria que se originou no jazz e com frequência é associada com o metal extremo e o grindcore. Ela é utilizada por diferentes estilos de metal. O termo foi cunhado pela banda Napalm Death embora essa forma de tocar já viesses sendo usada por outros. Tradução livre de: http://en.wikipedia.org/wiki/Blast_beat 9 www.conecorio.org 5 5º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação – UFF | UFRJ | UERJ | PUC-RIO Universidade Federal Fluminense, Niterói. 24 a 26 de outubro de 2012. acontecer; após o evento ainda é possível utilizar o espaço para que sejam postados comentários sobre os shows ou sobre os acontecimentos daquele dia. As bandas compartilham suas fotos que foram tiradas durante o evento, o público posta suas imagens e as pessoas, se assim preferirem, podem usar o recurso “marcação de fotos”, o que abre mais um grande espaço de sociabilização, criando laços afetivos entre as pessoas que estavam presentes e que agora podem ficar “amigas”10 no Facebook. A ideia de uma cena virtual não exclui a ideia de cena local, uma vez que uma trabalharia em função da outra. Assim sendo, ideia de territorialidade ligada à cena local não deixaria de ser relevante na cena virtual, mas esta, por estar inserida no contexto da web 2.011, pode construir laços para além das fronteiras territoriais locais. Por meio da web e das plataformas musicais, entre outros recursos é possível criar pontes entre cenas geograficamente distantes, como as do Rio de Janeiro e de Fortaleza. Não é dizer que essas pontes não existissem anteriores a esses recursos, as trocas de fitas, fanzines e cartas pelo correios foram muito presentes no desenvolvimento do gênero em si, mas essas trocas de informações não se comparam em termos de fluxo com o que temos hoje. O que este artigo leva em questão é a presença de um ambiente online, criado especificamente para o relacionamento entre pessoas e a troca de informações e como esse ambiente online tem interferido na configuração do “ambiente off-line”. Como aponta Raquel Recuero em seu livro “Redes Sociais na Internet” é possível investigar mudanças nas estruturas sociais através da análise das interações e dos fluxos de informações dispostos nas redes sociais: O estudo das redes sociais na Internet, assim, foca o problema de como as estruturas sociais surgem, de que tipo são, como são compostas através da comunicação mediada pelo computador e como essas interações mediadas são capazes de gerar fluxos de informações e trocas sociais que impactam essas estruturas. (RECUERO, 2009, p.24) O uso de redes sociais por atores da cena underground de metal para construir ambientes online (grupos do Facebook) pode ser entendido assim como uma extensão 10 “Amigo” é a forma como o Facebook chama as pessoas que fazem parte da sua lista de contatos, o que não necessariamente quer dizer que entre essas pessoas exista um laço forte de socialização. Ver: AQUINO, 2007. 11 Ambiente online cuja principal característica é a cooperação. Ver: AQUINO, 2007. www.conecorio.org 6 5º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação – UFF | UFRJ | UERJ | PUC-RIO Universidade Federal Fluminense, Niterói. 24 a 26 de outubro de 2012. da cena local, aonde a interação se faz por contato físico e a comunicação face a face. Ao mesmo tempo em que esse ambiente virtual serve aos acontecimentos da cena offline, ele de alguma forma acaba transformando, agindo sobre ela. Parte das informações que fazem parte desse fluxo é o compartilhamento de material de bandas underground: músicas, vídeos, notícias e flyers de eventos, por exemplo. O papel das widgets e das plataformas de música online nas redes sociais As widgets são pedaços das plataformas musicais que podem ser incorporados a blogs, páginas pessoais e a redes sociais, permitindo que o usuário tenha acesso a músicas e vídeos ao mesmo tempo em que checa suas mensagens ou confere os comentários dos “amigos” em seu mural por exemplo, é uma pequena janela que se abre e permite o acesso a um novo conteúdo, um material mais específico, que normalmente é seguido de algum comentário ou recomendação de quem postou. Sinome Sá em seu trabalho sobre os sistemas de recomendação musical pensa as plataformas de música online como artefatos culturais: “a dimensão social das plataformas é crucial para a eficiência do sistema e para recriação da experiência da música” (SÁ, 2009, p.11). Ela destaca a importância do espaço de rede social no avivamento das discussões sobre rótulos (as “tags”) e classificações, disputa simbólica crucial ao campo musical. As widgets permitem levar as plataformas (em pequenos móludos) para dentro das redes sociais, e a criar, a partir disso, novos espaços para as discussões, recomendações e mediações de modo geral. A plataforma ReverbNation foi escolhida para ilustrar este trabalho após um longo tempo de observação da atividade dos usuários e, em especial, das bandas através do Facebook. Foi possível notar que um bom número de bandas começaram a divulgar seus perfis montados no ReverbNation e não mais seus links de MySpace12. O MySpace tornou-se ultrapassado comparados a sites como o ReverbNation que possuem um layout mais dinâmico, players mais ágeis e maiores possibilidades de compartilhamento. 12 Plataforma musical criada em 2003, muito utilizado por bandas e artistas para divulgarem seus trabalhos, mas que com o tempo foi perdendo sua popularidade. www.conecorio.org 7 5º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação – UFF | UFRJ | UERJ | PUC-RIO Universidade Federal Fluminense, Niterói. 24 a 26 de outubro de 2012. Embora o ReverbNation possua seu próprio espaço de rede social, a plataforma se permite fazer parte de outras redes, como Facebook, Twitter e blogs, o que é próprio da ideia de convergência proposta por Henry Jenkins: Convergência é uma palavra que consegue definir transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo de quem está falando e do que imaginam estar falando. (...) a convergência representa uma transformação cultural, à medida que consumidores são incentivados a procurar novas informações e fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos dispersos. (JENKINS, 2009, p.29-30) O autor diz ainda que a convergência ocorre dentro dos cérebros dos consumidores individuais e em suas relações sociais, ele é contra a ideia de que a convergência seja entendida simplesmente como um “processo tecnológico que une múltiplas funções dentro dos mesmos aparelhos.” (2009, p.29). Portanto, essa migração das plataformas de música online para dentro das plataformas de redes sociais pode ser entendida como um movimento de convergência entre diferentes mídias que acabam convergindo por sua vez, da cena virtual, para a cena local. Na ilustração acima temos uma widget do ReverbNation incorporada a um post no mural do grupo “M.U.C. – Movimento Underground Carioca” dentro do Facebook. Essa widget, diferente da que é disponibilizada pelo YouTube, por www.conecorio.org 8 5º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação – UFF | UFRJ | UERJ | PUC-RIO Universidade Federal Fluminense, Niterói. 24 a 26 de outubro de 2012. exemplo, possui abas que dão acesso a diferentes tipos de conteúdo referentes àquele material que está sendo exibido; não apenas músicas, mas também “info”, “videos” e “photos”. Ao postar o link direto da URL para o mural do Facebook13, ou por meio do botão “share” no site, a widget fica em “estado latente”, ao ser acionada com um clique, ela abre automaticamente, já com a aba “music” acionada e com a primeira música da playlist da banda selecionada, pronta para ser ouvida. Clicando nas outras abas, é possível ter acesso às outras informações sem que a música seja interrompida. Primeiro são mostrados resumos das informações dentro da widget, fotos e vídeos em miniatura, por exemplo, que ao serem selecionadas, direcionam o usuário de volta à plataforma, abrindo uma nova janela no navegador. “O ReverbNation.com é um site, lançado em 2006, focado na indústria independente de música. Sua intenção é funcionar como um site central para bandas, músicos, produtores e como local de colaboração e comunicação.”14 Assim sendo, o papel das plataformas de música online e das widgets dentro das redes sociais amplia a ideia de compartilhamento de informações, fazendo convergir diferentes sites e estruturas para dentro de um post, que por sua vez está dentro de um grupo reunido dentro de um determinado contexto. Pode-se dizer que tais recursos utilizados juntos, compreendidos em diferentes contextos: tanto da web, quanto offline, (convergência entre os meios virtuais, e não virtuais, online e off-line) dão novas dimensões à ideia de cena e de consumo coletivo de música. O Underground Virtual Metálico e algumas considerações O que este artigo vem propor é a uma ampliação da ideia de cena musical, incluindo suas articulações no espaço virtual. Tendo como objeto de análise a cena underground de metal e a forma como seus atores se relacionam no Facebook, fazendo uso dos recursos dessa plataforma de rede social, combinado com os do ReverbNation, plataforma musical. A partir disso, foi possível notar a crição de ambientes similares aos espaços de sociabilização e de consumo coletivo de música da cena off-line, no espaço virtual da web 2.0. 13 14 Copiando o link e colando no mural do Facebook Tradução livre de: http://en.wikipedia.org/wiki/ReverbNation.com www.conecorio.org 9 5º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação – UFF | UFRJ | UERJ | PUC-RIO Universidade Federal Fluminense, Niterói. 24 a 26 de outubro de 2012. Essas aplicações tencionam a relação de cena com o espaço urbano no momento em que não necessariamente, é preciso estar nesses espaços para compactuar daquela sociabilização e daqueles acontecimentos. No entanto, a relação com a questão local (ou a cena off-line, como em alguns momentos foi usado no texto para se referir o espaço “não-virtual”) em nenhum momento é esmaecida, aqueles que deixam de viver o local para acompanharem os acontecimentos e discussões em rede, acabam vivendo a cena à margem de seus acontecimentos. O fluxo de informações do ambiente online por sua vez, colaboram nas reconfigurações das fronteiras e dos modos de produção; (...)as fronteiras da cena são reconfiguradas constantemente devido ao desenvolvi-mento das tecnologias de comunicação e aos fluxos contínuos de informação. O que pressupõe que a circulação atualiza de forma dinâmica as condições de produção e consumo dos produtos musicais. (JANOTTI; PIRES, 2011, p.15) Um exemplo dessa reconfiguração nos modos de produção que já pode ser notada é o da preocupação das bandas em laçarem algum tipo de material audiovisual de qualidade, muitas vezes um videoclipe, sabendo demanda do públido para este material. Algumas bandas em vez lançarem álbuns completos, gravam apenas uma ou duas músicas para disponibilizarem na rede ou em coletâneas promovidas por blogs e sites, existem também várias promoções com entradas de shows, CDs e camisas, promovidas pelas bandas e por organizadores de eventos nas páginas do Facebook. Quando se fala de reconfiguração de fronteiras é preciso atentar mais especificamente sobre o gênero com o qual estamos lidando. A cena metal tem uma ligação muito forte com a ideia de territótio, existe a cena metal do Rio de Janeiro, a cena brasileira, a cena latino-americana, e essas por sua vez se comunicam com outras de diferentes territórios, parte dessa definição local pode vir do embate causado pelo encontro dessas fronteiras. É preciso ainda um maior esforço de análise sobre o papel dessas reconfigurações na atual articulação da cena underground de metal. O que podemos concluir no decorrer deste trabalho é que o uso de dispositivos como as widgets, fazem parte desses mecanismos de mudança, e um estudo sobre elas é relevante para entendermos de que formas elas vem trabalhando. www.conecorio.org 10 5º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação – UFF | UFRJ | UERJ | PUC-RIO Universidade Federal Fluminense, Niterói. 24 a 26 de outubro de 2012. Referências bibliográficas AMARAL, Adriana. 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