a fitoterapia como terapeutica complementar no tratamento do

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A FITOTERAPIA COMO TERAPÊUTICA COMPLEMENTAR NO TRATAMENTO
DO ALZHEIMER
Juarez Silvestre Neto1
Camila Regina Medeiros Bezerra2
Nathalia Palitot Fernandes2
Raylanne Marcelino de Medeiros2
Ana Raquel Melo Vila Nova3
Danielle Serafim Pinto4
RESUMO
A doença de Alzheimer (DA), caracterizada pelo neuropatologista alemão Alois
Alzheimer em 1907, é uma afecção neurodegenerativa progressiva e irreversível de
aparecimento insidioso, que acarreta perda da memória e diversos distúrbios
cognitivos. Em geral, a DA de acometimento tardio, de incidência em torno dos 60
anos de idade, apresenta menor ocorrência entre os indivíduos, enquanto que a DA
de acometimento precoce, de incidência em torno dos 40 anos, mostra recorrência
familiar. Tanto a DA de acometimento tardio quanto a de acometimento precoce
consistem em uma mesma unidade clínica e neurológica. O uso da fitoterapia como
recurso terapêutico tem aumentado, de forma significativa, nos últimos anos,
apresentando um papel fundamental na atenção primária à saúde, sendo
consolidada pelas diretrizes da atual Política Nacional de Medicina Natural e
Práticas Complementares, desenvolvida pelo Ministério da Saúde. Este estudo
compreendeu em um levantamento bibliográfico relacionado ao tema “o uso de
terapêuticas complementares no tratamento de pacientes com Alzheimer”, sendo
desenvolvido e fundamentado a partir da análise de artigos científicos obtidos nas
bases de dados Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Evidenciou-se que terapias
complementares como o Ginkgo biloba e outros extratos vegetais podem ser
utilizadas no tratamento conjunto da doença Alzheimer, promovendo um aumento do
suprimento sanguíneo cerebral por vasodilatação e redução da viscosidade do
sangue, além de reduzir a densidade de radicais livres de oxigênio nos tecidos
nervosos. Recomenda-se também de maneira eficaz o uso de inibidores de
colinesterases. Estas drogas estão associadas a melhorias nos aspectos cognitivos
e funcionais; seus efeitos incluem também benefícios comportamentais.
1
Graduando em Medicina da Faculdade de Medicina Nova Esperança (FAMENE). End.: Arquiteto
Hermenegildo di Lacio, nº324, Tambauzinho, João Pessoa – PB. CEP: 58042-140. Tel.: (83) 88497466. E-mail: [email protected].
2
Graduandos em Medicina da Faculdade de Medicina Nova Esperança (FAMENE).
3
Graduanda em Enfermagem da Faculdade de Medicina Nova Esperança (FACENE).
4
Farmacêutica e Bioquímica. Doutora em Plantas Naturais e Sintéticas Bioativos pela Universidade
Federal da Paraíba (UFPB). Mestre em Saúde Plantas Naturais e Sintéticas Bioativos pela
Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Professora do módulo de Terapêutica das Faculdades de
Enfermagem
e
de
Medicina
Nova
Esperança
(FACENE/FAMENE).
E-mail:
[email protected].
Rev. Ciênc. Saúde Nova Esperança – Dez. 2014;12(2):106-113
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Palavras-chave: Doença de Alzheimer. Fitoterapia. Plantas Medicinais. Ginkgo
biloba. Saúde Pública.
INTRODUÇÃO
A doença de Alzheimer (DA)
é definida como uma afecção
neurodegenerativa
progressiva
e
irreversível de aparecimento insidioso,
que pode acarretar perda da memória
e diversos distúrbios cognitivos. Em
geral, a DA de acometimento tardio, de
incidência ao redor de 60 anos de
idade, ocorre de forma que acomete
um ou outro indivíduo, enquanto que a
DA de acometimento precoce, de
incidência ao redor de 40 anos, mostra
recorrência familiar. A DA de
acometimento tardio e a DA de
acometimento precoce consistem em
uma mesma unidade clínica e
neurológica.1
À medida que a expectativa
de vida torna-se cada vez mais
elevada, principalmente em países
desenvolvidos, tem-se observado um
aumento da prevalência da DA. Visto
assim, essa afecção representa cerca
de 50% dos casos de demência nos
EUA e na Grã-Bretanha, e se estima
que corresponda à quarta causa de
morte de idosos, principalmente,
nestes países.2
Olhando do ponto de vista
neuropatológico, pode-se observar, no
cérebro de indivíduos com DA atrofia
cortical difusa, a presença de um
grande número de placas senis e
novelos neurofibrilares, degenerações
grânulo-vacuolares e perda neuronal.
Verifica-se ainda um acúmulo da
proteína β-amiloide nas placas senis e
da microtubulina tau nos novelos
neurofibrilares, nos quais acredita que
a concentração das placas senis
esteja correlacionada ao grau de
demência nos afetados. Transtornos
da transmissão da acetilcolina e
acetiltransferases
ocorrem,
frequentemente,
nos
indivíduos
afetados.3
Pode
se
reparar
que
alterações observadas nos cérebros
dos portadores de DA podem também
ser encontradas em idosos sadios,
porém, não conjuntamente e em tal
intensidade. O curso da doença varia
entre 5 e 10 anos e a redução da
expectativa de vida situa-se em torno
de 50%.2,4
É importante ressaltar que o
fator
genético
é
considerado,
atualmente, como preponderante na
etiopatogenia da DA, entre diversos
fatores relacionados. Nestes, além do
componente
genético,
pode-se
observar que foram apontados, como
agentes etiológicos, a toxicidade a
agentes infecciosos, ao alumínio, a
radicais livres de oxigênio, a
aminoácidos
neurotóxicos
e
a
ocorrência de danos em microtúbulos
e proteínas associadas. É de suma
importância, tornando-se bastante
interessante salientar que estes
agentes podem ainda atuar por dano
direto no material genético, levando a
uma mutação somática nos tecidos.4
Pode se traçar o tratamento
farmacológico da DA, em quatro
níveis: (1) temos a terapêutica
específica, cujo objetivo é reverter
processos
patofisiológicos
que
conduzem à morte neuronal e à
demência; (2) abordagem profilática,
que visa retardar o início da demência
ou
prevenir
declínio
cognitivo
adicional, uma vez deflagrado o
processo; (3) tratamento sintomático,
que visa restaurar, ainda que parcial
ou provisoriamente, as capacidades
Rev. Ciênc. Saúde Nova Esperança – Dez. 2014;12(2):106-113
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cognitivas, as habilidades funcionais e
o comportamento dos pacientes
portadores de demência; e (4)
terapêutica complementar, que busca
o tratamento das manifestações nãocognitivas da demência, tais como
depressão,
psicose,
agitação
psicomotora, agressividade e distúrbio
do sono, incluindo-se, neste nível, o
emprego da fitoterapia.5,6
Pode-se dizer que a palavra
fitoterapia é derivada do grego phitos,
que significa plantas, e terapia, quer
dizer tratamento. A fitoterapia é um
recurso de prevenção e tratamento de
doenças
através
das
plantas
medicinais, e a forma mais antiga e
fundamental de medicina da Terra.
Podendo ser utilizado por qualquer
indivíduo,
embora
traga,
paradoxalmente,
benefícios
e
malefícios à população, pelo fato do
uso inadequado de algumas plantas,
que podem levar o indivíduo à morte.7
O uso da fitoterapia como
recurso terapêutico tem aumentado,
de forma significativa, nos últimos
anos,
apresentando
um
papel
fundamental na atenção primária à
saúde, sendo consolidada pelas
diretrizes da atual Política Nacional de
Medicina
Natural
e
Práticas
Complementares, desenvolvida pelo
Ministério da Saúde.8
Deve ser incorporado o uso
de plantas medicinais na atenção
primária à saúde, de modo que faça
parte do sistema de saúde pública,
pois, além de baixo custo, resgata o
conhecimento popular e promove o
seu uso racional, embasado nos
conhecimentos científicos.8,9
Diante desse contexto, o
Ginkgo biloba tem sido empregado
como
produto
fitoterápico
no
tratamento de pacientes com DA. O
extrato de Ginkgo biloba, EGb761,
contém glicosídeos de ginkgoflavonas
e terpenoides, cuja ação combinada
promove o aumento do suprimento
sanguíneo cerebral por vasodilatação
e redução da viscosidade do sangue,
além de reduzir a densidade de
radicais livres de oxigênio nos tecidos
nervosos.
Modelos
laboratoriais
demonstraram que o extrato de Ginkgo
biloba exerce ação preventiva sobre a
neurotoxicidade
da
proteína bamiloide,
além
de
inibir
vias
apoptóticas e proteger os tecidos
nervosos contra lesão oxidativa.10
Diante dessas premissas, o
presente trabalho teve como finalidade
realizar um levantamento bibliográfico
relacionado ao uso de fitoterápicos no
tratamento
de
pacientes
com
Alzheimer, tais como o Ginkgo biloba e
outros extratos vegetais.
MATERIAL E MÉTODOS
Neste estudo, optou-se pela
realização de um levantamento
bibliográfico relacionado ao tema “o
uso de terapêuticas complementares
no tratamento de pacientes com
Alzheimer”.
Assim,
a
revisão
bibliográfica
foi
desenvolvida
e
fundamentada a partir da análise de
artigos científicos, obtidos nas bases
de dados Scientific Eletronic Library
Online (SciELO) e Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da
Saúde (LILACS). Os descritores
utilizados durante a pesquisa foram
fitoterapia, plantas medicinais, saúde
pública,
Ginkgo
biloba.
Artigos
originais e revisões bibliográficas,
publicados entre 2002 e 2012, foram
incluídos na revisão e seus dados
discutidos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A doença de Alzheimer (DA)
é um problema importantíssimo na
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saúde pública, não só do Brasil como
de todo o mundo, devido a seus
aspectos clínicos e custos diretos e
indiretos
associados
à
perda
ocupacional, ao tratamento e à
reabilitação dos indivíduos. Não
menos importante é o impacto desta
doença sobre os cuidadores, incluindo
a perda de produtividade destes e as
consequências sobre a sua própria
saúde1.
A linha de tratamento da DA
envolve,
principalmente,
duas
estratégias que agem em conjunto,
que são as farmacológicas e
intervenções psicossociais para o
paciente e seus familiares. No campo
do tratamento farmacológico, inúmeras
substâncias psicoativas têm sido
utilizadas
para
preservar
ou
restabelecer
a
cognição,
o
comportamento e as habilidades
funcionais do paciente com demência.
Contudo, os efeitos das drogas, hoje
aprovadas para o tratamento desta
patologia, limitam-se ao retardo na
evolução
natural
da
doença,
permitindo apenas estabilização ou
uma melhora temporária do estado
funcional do paciente.11
Atualmente,
diversas
medicações são utilizadas como
terapêutica complementar, através das
quais se busca o tratamento das
manifestações não cognitivas da
demência. Podemos citar os distúrbios
do humor, agitação psicomotora,
agressividade, psicose e distúrbio do
sono.10
Na linha de frente, temos os
principais fármacos utilizados no
tratamento dessa afecção, dos quais
os inibidores de colinesterase (IChE)
são as principais drogas aprovadas
para o tratamento específico da DA.
Seu uso baseia-se no aumento da
disponibilidade
sináptica
de
acetilcolina, através da inibição das
enzimas
acetilcolinesterase
e
butirilcolinesterase (BChE). Além do
efeito sobre a cognição, há também
benefício adicional sobre os sintomas
comportamentais
e
alterações
funcionais da doença, em relação ao
grupo placebo.5,11
A iniciação do tratamento do
DA se deu através da tacrina que foi a
primeira droga utilizada em pacientes
com essa afecção, em que se podem
notar os benefícios da reposição
colinérgica na doença de Alzheimer. É
um inibidor reversível da AChE e
BChE de meia-vida curta. Entretanto,
observou-se
elevado
risco
de
hepatotoxicidade, observada em até
50% dos casos. Devido à dificuldade
posológica (quatro tomadas diárias) e
aos efeitos colaterais, a tacrina não é
mais utilizada na prática clínica.6,11
Os ditos como segunda
geração dos IChE, disponíveis no
mercado brasileiro, em que trata a DA
de leve a moderada (rivastigmina,
donepezil e galantamina) apresentam
propriedades
farmacológicas
e
terapêuticas semelhantes. Os perfis de
efeitos colaterais dessas drogas são
também similares e incluem efeitos
gastrintestinais adversos, incluindo
náuseas, vômitos, diarreia, anorexia,
dispepsia e dor abdominal; efeitos
cardiovasculares como oscilação da
pressão arterial, síncope, arritmia e
bradicardia,
que
geralmente
é
insignificante, mas pode estabilizar
pacientes com defeitos de condução
prévios, o que justifica a realização de
um eletrocardiograma, antes do início
do uso de um IChE6; outros sintomas
gerais envolvem tonteiras, cefaleia,
agitação,
insônia,
câimbras
e
sudorese.2,5,6,11
Nos tempos atuais, existe
uma disponibilidade do adesivo
cutâneo, cujo maior benefício é a
administração. Ele é aplicado na pele
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110
do paciente uma única vez ao dia e a
liberação da substância é contínua.
Para os indivíduos que ainda mantém
algum grau de independência e que
tomam medicações sozinhos, esta via
de administração garante que o
cuidador aplique o adesivo e tenha a
certeza de que o paciente está
recebendo a dose correta da
medicação.5,11
A galantamina é um inibidor
reversível da AChE de duração
intermediária e também apresenta
modulação alostérica dos receptores
nicotínicos de ACh. A dose inicial de
uso é 4 mg, 2 vezes ao dia e a dose
de manutenção é 8-12 mg, 2 vezes ao
dia. Também é metabolizado pelo
citocromo P-450, com risco de
interação
medicamentosa.
Cinco
estudos randomizados, controlados e
duplo-cegos, incluindo cerca de 3000
indivíduos, evidenciaram estabilização
cognitiva e funcional durante um
período de 6 a 12 meses, ao contrário
da deterioração do grupo placebo, com
boa tolerabilidade.2,5
Foi recém-desenvolvida uma
formulação que buscou a liberação
prolongada da galantamina, com uma
dosagem flexível, uma única vez ao
dia, de 16 ou 24 mg, a qual
demonstrou ser totalmente segura e
eficaz para o tratamento da DA leve à
moderada. Esta formulação pode estar
associada à menor incidência de
náuseas e vômitos, embora novos
estudos ainda sejam necessários em
relação a esta avaliação.5
Deve-se iniciar o tratamento
o mais precoce possível após o
diagnóstico, no qual se pode observar
que a resposta aos IChE é bastante
individual. De uma forma geral, os
benefícios são geralmente observados
a partir de 12 semanas, e
desaparecem após seis a oito
semanas
da
interrupção
do
tratamento.6
É de suma importância
explanar que a eficácia da terapêutica
depende da continuidade do uso da
medicação. Períodos de interrupção,
mesmo por algumas semanas, podem
acarretar
piora
cognitiva,
comportamental e/ou funcional. Desta
forma, os anticolinesterásicos devem
ser mantidos durante doenças agudas
e hospitalizações, exceto na presença
de
efeitos
colaterais
ou
na
incapacidade de administração dos
comprimidos.3
Atualmente,
existe
uma
diversidade estrutural dos IChE
conhecidos,
que
permite
a
possibilidade de se explorar modos de
ação bastantes distintos, tendo como
estímulo o estudo fitoquímico de várias
espécies
vegetais
e
de
microorganismos,
que
possam
fornecer
novos
modelos
de
substâncias anticolinesterásicas. A
galantamina, por exemplo, é um
alcaloide isolado de espécies vegetais
da família Amaryllidaceae, e seu
estudo
vem
proporcionando
o
aparecimento de outros derivados
ainda mais ativos.5,6
A Ginkgo biloba, é outro
exemplo
de
espécies
vegetais
empregadas
no
tratamento
de
pacientes com Alzheimer, sendo
utilizada na medicina tradicional
chinesa para melhoria do estado de
alerta e da cognição. Seus efeitos
protetores estão relacionados à
presença de constituintes terpênicos e
flavonoides,
com
propriedades
antioxidantes
e
anti-inflamatórias.
Seus princípios ativos promovem
aumento da irrigação cerebral e
redução dos radicais livres, prevenindo
a neurotoxicidade da proteína βamiloide.12,13
Rev. Ciênc. Saúde Nova Esperança – Dez. 2014;12(2):106-113
111
Os efeitos do Ginkgo biloba,
na cognição de indivíduos sem déficit
cognitivo, são de melhora da
velocidade
de
processamento
cognitivo e otmização subjetiva da
memória, mas não foi confirmado o
benefício quanto à prevenção da
doença de Alzheimer. Quando são
avaliados pacientes portadores de DA,
os resultados são inconsistentes e
ainda não há comprovação da eficácia
do uso deste extrato como terapia
adjunta.
Novos
estudos
são
necessários e estão em andamento.
Um estudo multicêntrico sugeriu que o
tratamento com o extrato de Ginkgo
biloba (EGb761) por 52 semanas, na
dose de 120 mg ao dia, proporcionou
benefícios
modestos,
porém,
objetivamente detectáveis. Estudo de
metanálise mostrou, quanto à eficácia
pela impressão clínica global, que
existem benefícios em parâmetros
cognitivos, de atividades da vida diária
e humor, com superioridade em
relação ao placebo. Encontram-se em
andamento
alguns
estudos
multicêntricos
internacionais
para
avaliar o efeito do EGb761, na
prevenção de demência do tipo DA.10
Um estudo com plantas
brasileiras identificou extratos que
poderiam conter substâncias inibidoras
da AChE. Paullinia cupana (guaraná),
Amburana cearensis (cumaru) e Lippia
sidoides (Alecrim-pimenta) foram as
espécies que demonstraram os
melhores resultados, inibindo de 65100% da atividade enzimática. No
caso do guaraná, foi evidenciado um
efeito positivo de incremento de
memória, após a administração aguda
e crônica.13
Outra pesquisa realizada
com espécies vegetais da medicina
popular chinesa e do Oriente Médio
levou ao isolamento de vários
alcaloides ativos, dentre estes a
huperzina A, isolada da espécie
Huperzia serrata. Seu efeito revelou
reduzir a morte neuronal causada por
altas concentrações de glutamato.
Trata-se, portanto, de um I-ChE
seletivo, potente, e o uso sistêmico
aumenta a liberação de ACh,
dopamina e norepinefrina, sem ação
sobre a butirilcolinesterase plasmática.
Foi também isolada a a-onocerina, que
mostrou ser equipotente ao donepezil;
é considerado um inibidor de
colinesterase reversível ou nãocompetitiva, e, portanto, não será tão
tóxico como os inibidores reversíveis
competitivos ou não competitivos da
colinesterase.10,13
Outros extratos ativos com
atividade
inibitória
da
aceticolinesterase foram isolados de
Fiatoua villosa, Solanum tuberosum
(presente na casca da batata) e Buxus
hyrcana (buxo ou buxinho).10
Além
disso,
foram
descobertos novos inibidores de AChE
através da triagem sistemática de
produtos naturais produzidos por
fungos, como a ciclofostina, a
arisugacina A e B, territrens B e C e a
ciclopenina. Dentre estes derivados,
as arisugacinas A e B apresentaram
excelente perfil de seletividade. Apesar
de muito potente, a ciclofostina foi a
substância que apresentou menor
seletividade. Da cepa de Penicillium
citrinum estudada, foram isoladas
quinolactacina A1 e A2, sendo que
esta última apresentou atividade
inibitória e seletiva da AChE 14 vezes
superior a de A1, utilizando-se em
todos os ensaios a tacrina como
padrão.10,13
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A doença de Alzheimer se
caracteriza por perda progressiva da
memória, distúrbios psíquicos que
Rev. Ciênc. Saúde Nova Esperança – Dez. 2014;12(2):106-113
112
alteram
a
personalidade
e
comprometimentos
cognitivos,
perturbando a ideação, o julgamento e
a linguagem. As consequências
físicas, emocionais e socioeconômicas
desta doença têm gerado um grande
impacto na sociedade contemporânea.
Através desta pesquisa, foi
possível evidenciar que terapias
fitoterápicas, como o Ginkgo biloba e
outros extratos vegetais, podem ser
utilizados no tratamento conjunto da
doença Alzheimer, promovendo um
aumento do suprimento sanguíneo
cerebral por vasodilatação e redução
da viscosidade do sangue, além de
reduzir a densidade de radicais livres
de oxigênio nos tecidos nervosos.
Recomenda-se, também de maneira
eficaz, o uso de inibidores de
colinesterases. Estas drogas estão
associadas a melhorias nos aspectos
cognitivos e funcionais; seus efeitos
incluem
também
benefícios
comportamentais.
É importante que os efeitos
positivos do tratamento acarretem
melhor desempenho nas atividades de
vida diária e melhora subjetiva global
dos
pacientes.
Infelizmente,
as
medicações são paliativas e não
mudam o curso da doença a longo
prazo. Portanto, novas pesquisas
científicas são necessárias para o
desenvolvimento de terapêuticas mais
eficazes e com efeitos adversos
mínimos.
É
imprescindível
a
construção
de
um
plano
de
atendimento aos pacientes e de uma
rede de serviços que lhes proporcione
atenção comunitária e institucional. É
fundamental que os profissionais
estejam capacitados para diagnosticar
o problema e iniciar o tratamento
precocemente, a fim de melhorar a
qualidade de vida dos idosos e de
suas
famílias.
PHYTOTHERAPY AS ADDITIONAL THERAPEUTIC TREATMENT OF
ALZHEIMER
ABSTRACT
Alzheimer's disease (AD), characterized by the German neuropathologist Alois
Alzheimer in 1907, is a progressive and irreversible neurodegenerative disorder of
insidious onset, which causes memory loss and various cognitive disorders. In
general, late- onset, incidence around 60 years of age with less frequent among
individuals, whereas early onset AD, incidence around age 40, shows familial
recurrence. Both late- onset as early involvement consist of the same clinical and
neurological unit. The use of herbal medicine as a treatment method has increased
significantly in recent years, with a key role in primary health care, being consolidated
by the guidelines of the current National Policy on Natural Medicine and
Complementary Practices, developed by the Ministry of Health This understood in a
related study on " the use of complementary therapies in the treatment of patients
with Alzheimer " bibliographic , being developed and reasoned from the analysis of
scientific papers through the databases scientific Electronic Library Online ( SciELO )
and Latin Literature American and Caribbean Health Sciences ( LILACS ) . It was
evident that complementary therapies such as Ginkgo biloba and other herbal
extracts can be used in conjunction Alzheimer's disease treatment, causing an
increase in cerebral blood supply by vasodilation and reduced blood viscosity and
reduce the density of oxygen free radicals in nervous tissue. We also recommend
effectively using cholinesterase inhibitors. These drugs are associated with
Rev. Ciênc. Saúde Nova Esperança – Dez. 2014;12(2):106-113
113
improvements in cognitive and functional aspects, its effects include behavioral
benefits .
Keywords: Alzheimer's disease. Herbal Medicine. Medicinal Plants. Ginkgo Biloba.
Public Health.
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Aceito em: 30.04.14
Rev. Ciênc. Saúde Nova Esperança – Dez. 2014;12(2):106-113
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