JAN-JUN/2015 Médicos e Hospital: evoluindo juntos Personagem HAOC Dr. Arrigo Raia faz 103 anos em 2015 Entrevista Dr. Raphael Di Paula apresenta o novo braço da oncologia do HAOC ÍNDICE GIRO PELO HOSPITAL Neuronavegador é novidade em cirurgias GIRO PELO HOSPITAL Neuronavegador é novidade em cirurgias 04 04 PERSONAGEM HAOC 09 Uma vida longa de dedicação à medicina ENTREVISTA Oncologia abrangente 10 EDUCAÇÃO E CIÊNCIA MBA em Administração Hospitalar e Gestão em Saúde 12 EXAMES LABORATORIAIS O autoanticorpo contra o receptor da fosfolipase a2 (anti-pla2r) e a investigação das glomerulopatias 14 COMO EU TRATO A importância da colonoscopia no diagnóstico e tratamento 15 TEMPO LIVRE À procura das ondas perfeitas 17 17 TEMPO LIVRE Dr. Jacques Tabacof e suas ondas MATÉRIA DE CAPA 18 O futuro do Programa de Desenvolvimento Médico COMISSÃO DE BIOÉTICA Câncer: Melhor Maneira de Morrer? 22 LIVRARIA “A Busca”, um livro sobre fontes energéticas 23 QUALIDADE E ACREDITAÇÃO Cuidados especiais para pacientes de alto risco 24 ARTIGO INTERNACIONAL 26 A temozolomida e o Glioblastoma Multiforme (GBM) EVENTOS EM DESTAQUE Simpósio Internacional de Endoscopia Digestiva 28 RESPONSABILIDADE JURÍDICA31 Remuneração Médica RELATO DE CASO 1° Transplante de Microbiota Fecal 02 VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 32 29 EVENTOS EM DESTAQUE Simpósio Internacional de Nutrição Clínica Contemporânea EDITORIAL EXPEDIENTE A revista “Visão Médica” é uma publicação direcionada ao Corpo Clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Comitê Editorial: Dr. Jefferson Gomes Fernandes (Editor-Chefe) Dr. Andrea Bottoni Dr. Claudio José C. Bresciani Dr. Luis Fernando Alves Mileo Dr. Marcelo Ferraz Sampaio Dr. Mauro Medeiros Borges Dr. Stefan Cunha Ujvari Dra. Valéria Cardoso de Souza Dr. Vladimir Bernik Gerência de Marketing: Melina Beatriz Gubser Coordenação Editorial: Michelle Barreto - Conteúdo Comunicação Jornalista responsável: Inês Martins MTb/SP 024095 Projeto Gráfico e Diagramação: Azza.ag Direção de Arte e Design: Adriano Piccirillo e Jéssica Valiukevicius Fotos: Mario Bock, Roberto Assem, Lalo de Almeida, Eduardo Tarran, Banco de Imagens do Hospital e Thinkstock Tiragem: 2.500 exemplares FOCO NA EXPECTATIVA DO PACIENTE HUMANISMO ALIADO À TECNOLOGIA Realidade em hospitais de ponta da Europa, e sobretudo, da América do Norte, a atenção sobre a qualidade dos desfechos dos pacientes é a nossa principal meta em 2015. Acabamos de completar um ciclo de infraestrutura e tecnologia que nos coloca no primeiro grupo entre as instituições de excelência do hemisfério sul. Recentemente, fincamos um outro pilar, o de desenvolvimento de produção científica, ao inaugurar a Faculdade de Educação em Ciências da Saúde (FECS) e criar cursos de extensão voltados para especialização de nossos médicos. Quando olhamos de forma retrospectiva a história de nossa Instituição, encontramos 118 anos de sucesso assistencial e administrativo, sucesso este essencialmente caucado na excelência do seu Corpo Clínico e de Enfermagem, bem como no extremo zelo dos imigrantes de língua germânica que compuseram as áreas de Conselhos Administrativos nesse período. É chegada a hora, portanto, de potencializarmos o nosso modelo médico-assistencial, baseado no paciente, visando aprimorar os prontuários e as condutas protocolares. O escopo é poder garantir que, não apenas possamos medir os resultados de uma prática médica que está em contínua evolução, como também nos capacitemos a mantê-la no nível excelente, através de indicadores de eficiência como o PROMs (Patient Related Outcome Measures), utilizado pelos melhores centros médicos do mundo. Até aqui, conduzimos ações que nos trouxeram para este patamar de excelência apoiado no tripé infraestrutura, tecnologia e assistência. Daqui para frente, a nossa performance dependerá da nossa capacidade de atender os pacientes de forma excelente, medindo a qualidade dos resultados. O nosso modelo assistencial é voltado para o paciente, portanto, os nossos resultados devem mostrar esta qualidade. É por meio deste trabalho conjunto que construiremos um Hospital cada vez melhor. Dr. Mauro Medeiros Borges Superintendente Médico Hoje, nos deparamos com o mundo digital, veloz e ansioso por “resolutividade” que exige de qualquer instituição de saúde, organização e métodos adequados, as melhores práticas assistenciais disponíveis, isto é, tão necessário e imprescindível que, acredito que uma instituição de saúde que não estiver organizada em sua estrutura e não respeitar os seus protocolos assistenciais corre o risco de não se tornar perene. É importante que nós médicos compreendamos esse processo que é irreversível nos dias de hoje, mas essencialmente que participemos dele, pois com as nossas experiências e práticas poderemos influenciá-lo decisivamente. Entendo que nosso Hospital evoluiu muito nestes últimos meses, está cada vez mais adaptado ao mercado de saúde. Novos sistemas, mais atualizações e recursos tecnológicos de última geração irão chegar durante os próximos meses e entendo que isso deve contribuir e facilitar nossa assistência ao paciente. No entanto, acredito que somente com contínuo e consistente prestígio ao médico e necessário reforço do humanismo, aliado à tecnologia, poderemos nos diferenciar como uma Instituição modelar e que prima pelo melhor cuidado aos seus pacientes e aos seus médicos. Dr. Marcelo Ferraz Sampaio Diretor Clínico VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 03 GIRO PELO HOSPITAL MICROSCÓPIO OPMI PENTERO COM FLOW 800 Com perfil tecnológico de ponta, o microscópio OPMI Pentero com Flow 800, será utilizado em parceria com o Neuronavegador, principalmente nos casos de tumores complexos da base do crânio e coluna vertebral. Ele é o único com ferramentas capazes de identificar com precisão a velocidade dos fluxos sanguíneos intra-operatórios. Graças à sua capacidade de transformar uma seqüência de dados em um mapa, o cirurgião pode verificar prontamente as artérias nutridoras da malformação arteriovenosa (MAV), os vasos nidais e as veias de drenagem. Ao visibilizar esses elementos detalhadamente, o profissional pode tomar uma decisão com rapidez e NOS MÍNIMOS DETALHES Cirurgia com Neuronavegador Neuronavegador Curve é o modelo mais avançado do mercado brasileiro mais segurança para o paciente. Outro benefício do equipamento é a função de comparação lado a lado, que permite realizar uma análise direta dos dados dos pacientes, durante diferentes momentos da cirurgia. Uma visibilização privilegiada é o que proporciona o Neuronavegador Curve, ao oferecer riqueza de detalhes nas imagens e diferentes ângulos da área a ser operada. O modelo é o mais avançado de neuronavegação disponível em território nacional e um dos equipamentos de ponta da primeira sala de cirurgia 3D da América Latina, pertencente ao Hospital Alemão Oswaldo Cruz. OPMI PENTERO COM FLOW 800 O Neuronavegador foi instalado num ambiente desenhado especialmente para a realização de neurocirurgias que exigem precisão e resultado, a exemplo dos tumores da base do crânio, coluna vertebral, malformação de arteriovenosas e aneurismas complexos. “A aquisição deste equipamento mostra a preocupação com o nosso desenvolvimento tecnológico, visto que é um dos únicos no País”, afirma o Dr. Paulo Henrique Pires de Aguiar, neurocirurgião do HAOC e presidente da Academia Brasileira de Neurocirurgia. O novo equipamento possui monitores de 26 polegadas, sensíveis ao toque, e funciona junto ao sistema Bus, que permite a integração e a fusão de imagens com qualidade ímpar, que podem ser gravadas para que o procedimento cirúrgico possa ser assistido em tempo real ou gravado para posterior transmissão. Por causa dessa tecnologia de toque, feita por uma onda acústica de superfície, a deterioração das imagens é menor, o que garante também uma melhor apresentação 3D e maior contraste na diferenciação tecidual. NOVO CENTRO CIRÚRGICO Com nove salas, de até 70m², o novo Centro Cirúrgico do HAOC foi idealizado especialmente para atender os casos mais complexos. Os focos cirúrgicos das salas são todos de LED, contribuindo para realçar as cores dos tecidos durante o procedimento, além de proporcionar mais conforto térmico para a equipe médica. Toda a equipe de Outra vantagem do modelo Curve é o acesso ao Picture Archiving Communication System enfermagem do Centro Cirúrgico passou por (PACs), que permite a visibilização dos exames realizados no Centro de Diagnóstico de Imagens um treinamento especializado em relação do hospital. Também é possível realizar o download de aplicativos para desenhar sobre as lesões ao novo sistema de informatização de e realizar a fusão de imagens, funções que auxiliam o cirurgião a traçar o melhor caminho para controle das salas cirúrgicas. a realização das cirurgias. 04 VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ MOMENTO DE VESTIR A CAMISA DO HAOC Os 110 médicos que passaram pelo programa de Integração Médica foram atualizados sobre assuntos tão diversos quanto a missão e os valores do HAOC, a taxa atual de Infecção Hospitalar, Segurança Ocupacional da Prática Médica, e muitos outros temas vinculados à segurança do paciente ou ao seu próprio desenvolvimento dentro do hospital. Foram realizadas 10 palestras, repletas de informação, num curto período de duas horas, para que os novos integrantes do Corpo Clínico pudessem ficar mais familiarizados com os conceitos que regem esta parceria. De acordo com a Dra. Fabiane Salman, Gerente de Relacionamento Médico, a Integração Médica é fundamental, principalmente, porque ela define em que bases a convivência se dará, de maneira a transformar-se num benefício recíproco. Os novos médicos recebem as boas-vindas do Dr. Marcelo Sampaio, Diretor Clínico da Instituição e, em seguida, são inteirados pelos outros integrantes da Diretoria Clínica e da Superintendência Médica, a respeito das diretrizes, protocolos e padrões institucionais de atendimento do HAOC. Na ocasião, eles recebem uma pasta com folders, materiais impressos e conteúdo digital já carregado numa Caneta Pendrive com 2 GB, que também vem junto com o kit. Além disso, são alertados da importância de vestirem o jaleco com o logo do HAOC. “É o momento em que chamamos a atenção sobre o ato simbólico de vestir a camisa do Hospital e de apresentá-los ao serviço localizado no espaço do Relacionamento Médico que existe com a finalidade de emprestar cerca de 800 jalecos mensalmente”, enfatiza a Dra. Fabiane. RECRUTAMENTO PARA A PESQUISA DE DIABETES DO TIPO 2 Passou de 70 para 100 o número de pacientes que deverá fazer parte da pesquisa coordenada pelo Dr. Ricardo Cohen, responsável pela Coordenação Médica do Centro de Obesidade e Diabetes, com o objetivo de comprovar os benefícios do tratamento cirúrgico, em comparação ao melhor tratamento clínico para doenças microvasculares decorrentes do Diabetes tipo 2. Até agora, a pesquisa já recrutou cerca de 50 pacientes que serão acompanhados por 5 anos; um dos grupos, de 25 integrantes foi submetido à cirurgia, e o outro, ao tratamento com os medicamentos de última geração disponíveis no mercado. “É o primeiro estudo feito de forma prospectiva e randomizada no mundo, e provavelmente o único”, afirma o Dr. Cohen, explicando que para chegar a esses 50 pacientes foi necessário analisar a característica de mais de 500 candidatos selecionados Os interessados em participar do estudo devem ter histórico de Diabetes Mellitus tipo 2 há dentro da população específica exigida pela pesquisa. 15 anos ou menos e apresentar diagnóstico ou sintoma inicial de doenças microvasculares, Ele diz que a intenção é acelerar a procura pelos que apresentam alta incidência entre diabéticos, tais como as da retina (retinopatia outros 50 pacientes e dar andamento ao estudo, diabética), dos rins (nefropatia diabética) ou neuropatia periférica. Os candidatos também cuja publicação deverá solidificar o Hospital Alemão devem ter o Índice de Massa Corpórea (IMC) entre 30 e 35 kg/m2, ou seja, obesidade leve. A Oswaldo Cruz como referência no tratamento de candidatura deve ser realizada por meio do preenchimento de um formulário disponível no site complicações renais do diabetes –, e demonstrar, muito http://www.vidasemdiabetes.com.br. Os dados serão avaliados por uma equipe de triagem provavelmente, a superioridade da cirurgia metabólica e as pessoas consideradas aptas para o estudo serão chamadas para uma primeira consulta com em relação aos medicamentos. endocrinologista, realização de exames e definição das próximas etapas. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 05 GIRO PELO HOSPITAL ANVISA APROVA BALÃO INTRAGÁSTRICO AJUSTÁVEL QUE DURA UM ANO Um balão ajustável, com durabilidade de um ano, é a última novidade dirigida aos pacientes sobrepeso ou obesos que não entram nos critérios ou que não desejam fazer a cirurgia bariátrica. Aprovado recentemente pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o balão provoca uma sensação de saciedade precoce, resultando em menor ingestão alimentar e consequente perda de peso. O dispositivo substitui com vantagens os balões convencionais que duram apenas seis meses e costumam permitir que o estômago recupere a sensação de apetite perdida inicialmente. “Com o passar do tempo o estômago se adapta e a sensação de saciedade precoce diminui. Neste momento, se a perda de peso também estiver sendo menor, pode-se realizar um procedimento de reajuste do balão, que consiste em uma nova endoscopia para aumentar o volume do balão, induzindo novamente a sensação de saciedade”, explica o Dr. Bruno da Costa Martins, médico do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Segundo o médico, o novo balão vem sendo utilizado na Europa, podendo manter a perda de peso depois dos três meses, em até 20%. Ele explica que a sua indicação é adequada no caso dos pacientes que têm um índice Dr. Bruno da Costa Martins de massa corpórea (IMC= P (KG) / A² (M)) entre 27 e 35 kg/m2, ou 40% acima do peso ideal, e que estejam dispostos a passar por uma reeducação alimentar e desenvolver um novo estilo de vida, por questões de saúde. “É preciso que a pessoa tenha tentado perder peso sem sucesso anteriormente com dieta e exercícios físicos”, observa ele, lembrando que apesar de minimamente invasivo, o procedimento traz riscos. Por isso é recomendado, sobretudo, para àqueles que têm algum tipo de comorbidade como diabetes, artropatia (dor no joelho ou nas costas causado pelo excesso de peso) ou dislipidemia, descontrole dos lipídios e triglicérides. De acordo com o Dr. Bruno, alguns estudos recentes comprovaram que o uso do balão intragástrico promove não só a perda de peso, como também reduz em até 44,8% os casos de hipertensão arterial e em até 32,8% os de diabetes. Mas o balão também tem contraindicações. Não pode ser utilizado por quem tem úlcera ativa ou refluxo importante, cirurgia prévia de hérnia de hiato, dentre outros. De qualquer forma, como ele destaca, “é fundamental que o paciente seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar”, como a do Centro de Obesidade e Diabetes do HAOC. 06 VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ O PASSADO VIVO Atualmente, as luzes são de LED e os recursos são inúmeros no sentido de aumentar a segurança do paciente e a visão tridimensional que os cirurgiões têm das áreas que precisam ser operadas. A tecnologia dirigida às salas cirúrgicas foi uma das que mais evoluiu e o Hospital Alemão Oswaldo Cruz é o único a possuir uma sala inteiramente 3D na América Latina. No novo ambiente, os médicos contam com vários monitores de alta resolução, e sistemas que permitem visualizar os exames digitalizados dos pacientes, em vários ângulos. Os equipamentos permitem gravar, transmitir e assistir todo o procedimento cirúrgico. DICAS DO TASY Você sabia que no Tasy foi disponibilizada a prescrição protocolo “Sepse Grave/Choque Séptico” para os perfis “médico unidades”, “médico UTI” e “médico PA”? Você vai encontrá-la no item “prescrições” do prontuário eletrônico do paciente (PEP). Clique com o botão direito sobre a opção “prescrição protocolo”. Dentro deste protocolo estão disponíveis as prescrições: •“Origem comunitária COM uso prévio de antimicrobianos” • “Origem comunitária SEM uso prévio de antimicrobianos” • “Origem hospitalar” VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 07 GIRO PELO HOSPITAL DIA A DIA DO MÉDICO Ano a ano a Receita Federal vem aperfeiçoando o processo de elaboração da declaração do IRPF visando facilitar a sua elaboração por parte dos contribuintes. Dentre algumas estão: a importação da Declaração Pré-Prenchida, utilização de aplicativos móveis (tablets e smartphones), possibilidade de rendimentos tributáveis oriundos de pessoa física. Vale ressaltar que, desde o ano passado, os contribuintes que têm imposto de renda a pagar, podem optar pelo recolhimento parcial, até o limite de 3% do imposto devido apurado na declaração, de forma direta, aos Conselhos Tutelares dos Direitos da Criança e do Adolescente, quer seja no âmbito nacional, estadual e municipal. comprovantes Uma mudança que está chamando atenção para o eletrônicos de rendimentos e de IRPF2016 é que a partir de 1º de Janeiro de 2015, os pagamentos de Serviços Médicos e profissionais autônomos que exercem as atividades de Saúde e utilização de rascunho da de médico, dentista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, Declaração. terapeuta importação dos Outro item que merece destaque, é a obrigação do recolhimento das contribuições previdenciárias, até o ocupacional, advogado, psicólogo e psicanalista deverão obrigatoriamente informar em seus recibos o número do CPF de seus pacientes/clientes, assim como identificar o beneficiário do serviço. limite do teto máximo da Previdência Ficou com dúvidas? Entre em contato comigo. Terei o SociaI, quando o contribuinte utiliza maior prazer em ajudá-lo o Livro Caixa para oferecer os Celso Hideo Fujisawa | [email protected] 08 VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ QUAL A SUA OPINIÃO? Caso relatado pelos Drs. Jaime Diógenes, Flávio Pimentel, Ruy Galves Jr. e Serli Nakao Ueda. Paciente masculino, 54 anos, com dor óssea e nódulo em mama direita (confirmado CA de mama com metástases ósseas). Iniciou tratamento sistêmico (QT e RT) e, nos exames de controle, surgiram nódulos esplênicos. PERSONAGEM HAOC ARRIGO RAIA: UM CENTENÁRIO À SERVIÇO DA MEDICINA Ele completa 103 anos em 2015 Por ser um dos alunos mais antigos, ele recebeu uma homenagem mais do que justa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), na época do seu centenário, ocorrido em 23 de agosto de 2012. A data coincidia com os 100 anos da própria faculdade, escola na qual o aluno vindo de Araraquara, no interior de São Paulo, se formou e viu a medicina dar os saltos mais significativos de evolução que se tem notícia. Foi lá também que o paulista Arrigo Antonio Raia, começou a trabalhar, aos 26 anos, como assistente da cadeira de Clínica Cirúrgica, e fez sua carreira crescer até conquistar, aos 61 anos – em concurso –, o título de Professor Titular do Departamento de Cirurgia – cargo, no qual, dividiu a especialidade em grupos referentes aos vários órgãos do aparelho digestivo, de forma pioneira, tornando-se conhecido no mundo inteiro. Além de trabalhar e dar aulas na FMUSP, em 1940, apenas quatro anos depois de ter se formado, entrou para o Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Ao longo dos seus 58 de profissão, realizou 12 mil cirurgias nos vários hospitais que trabalhou. O seu último procedimento, aliás, também aconteceu no HAOC, em 1996. Freqüentou outros hospitais paulistanos como cirurgião, é verdade, mas o Hospital Alemão é, sem dúvida, o de sua preferência, por uma série de fatores que o mantém como uma Instituição de ponta, entre eles, o de contar com enfermeiras oriundas de uma escola alemã que exigia seis anos de formação para as profissionais. Filho do farmacêutico que criou as Drogas Raia, em 1905, ele diz que a cadeia de farmácias, mais atrapalhou do que ajudou a sua vida, em decorrência da atenção que foi obrigado a dedicar, por um período, ao negócio, hoje, tocado por alguns membros da família “longeva e dura”, na sua opinião. O seu pai João Baptista que morreu perto dos 90, nunca tirou férias e sobreviveu à gripe espanhola, que assolou o mundo em 1918, logo depois do término da Primeira Guerra Mundial, quando ele próprio já tinha 6 anos. Teve vários parentes que se aproximaram dos 100 anos e conta que um primo seu, na casa dos 80, costuma dizer que vai viver até os 120. “Ele garante que vai chegar lá”, diz o Dr. Raia, com um sorriso matreiro, de desconfiança. Prestes a completar 103 anos, com três livros publicados, 33 prêmios concedidos por sociedades científicas e congressos médicos nacionais e internacionais, uma filha, dois netos e quatro bisnetos, ele não tem do quê reclamar. A não ser o fato de que uma isquemia cerebral, sofrida há um ano e meio, o força agora a viver uma parte “não tão doce” da vida; uma parte que o deixou com uma certa dificuldade de falar e de controlar as pernas. Viúvo por duas vezes, umas das coisas que mais gostava de fazer era dançar tango, valsa, entre outros estilos, com as esposas – cada um dos casamentos durou cerca de 30 anos. E também apreciava viajar. Conheceu praticamente o mundo inteiro; faltaram apenas os países da Oceania. No momento é obrigado a andar de bengala, tendo sido forçado a diminuir o ritmo de exercícios da natação e das caminhadas que chegavam a ser de cinco quilômetros antes do episódio isquêmico. Ainda assim, movimenta-se um dia sim, outro não, na academia do prédio onde mora, com vista para a Marginal Pinheiros. Cultiva a leitura de livros e jornais – está inteirado sobre as questões políticas que o Brasil atravessa – e como um bom descendente de italianos, aprecia um bom vinho, duas vezes por semana, e uma boa comida. O senhor está aposentado desde quando? R. Fiz a minha última operação em 1996, aos 84 anos, no Hospital Alemão [Oswaldo Cruz]. Ainda me lembro do paciente. Era um italiano de Santa Catarina que já havia sido operado de câncer de estômago, mas teve uma recidiva. Ele estava com a saúde um tanto precária e teve metástase. Tive dificuldades com o seu tronco celíaco e a operação durou sete horas, já que naquele tempo os recursos em termos de equipamentos não eram como são hoje. Mas o senhor viveu a maior parte da sua vida num século em que surgiram as grandes invenções como a televisão, o avião e o foguete, quando o homem foi à lua e a medicina avançou mais do que nunca. Como o senhor vê a evolução da Medicina na sua área? R. Hoje, não há mais nada que fazer com relação ao aparelho digestivo. Quando eu comecei fazendo curativos na enfermaria da Clínica Cirúrgica, da FMUSP, nem haviam grandes cirurgias, só haviam Dr. Arrigo Antonio Raia procedimentos pequenos como o das úlceras varicosas. A partir dos anos 50, a evolução foi mais rápida. Quando eu me aposentei o leque era maior: fazia desde apendicite até transplante de fígado. Gostava de qualquer área da cirurgia digestiva, mas me surpreendi especialmente com a possibilidade e a técnica dos transplantes. Atualmente, tudo é mais fácil para quem opera, com o grande avanço dos equipamentos voltados para a especialidade. E qual é o segredo para uma longevidade como a sua? R. Uma boa genética. Ao longo da vida, me submeti a oito cirurgias do aparelho digestivo, coincidentemente, todas as oito no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Mas foi só isso. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 09 ENTREVISTA ÊNFASE EM ONCOLOGIA Quimioterapia intraoperatória é mais uma alternativa de tratamento oncológico Utilizada como tratamento exclusivo nos raros cada caso precisa ser avaliado individualmente e pacientes portadores de Pseudomixoma Peritoneal nem todos os pacientes devem se submeter a esse e em metástases peritoneais ou pleurais de tratamento. As melhores indicações para HIPEC alguns tumores malignos como os de intestino hoje são: Pseudomixoma Peritoneal; Carcinomatose e de ovário, a Cirurgia Citorredutora seguida de Peritoneal de origem apendicular ou colorretal (em Quimioterapia Intraoperatória (HIPEC) – sigla em inglês especial tumores mucinosos de baixo grau histológico); para Quimioterapia Intraperitoneal Hipertérmica – Recidivas peritoneais exclusivas de Carcinoma Ovariano passa a integrar os tratamentos realizados pelo Centro e Mesoteliomas de baixo grau. de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz em caráter permanente. O processo de incorporação do procedimento às AMBULATÓRIO E EXPERTISE HAOC demais opções de tratamento foi lento e cuidadoso em Cada caso será, de fato, um caso. E o Hospital Alemão função de sua grande complexidade e da necessidade Oswaldo Cruz vai disponibilizar um ambulatório para de seleção criteriosa dos casos. Hoje, as evidências prestar esse aconselhamento e fazer as devidas acumuladas ao longo dos últimos 30 anos, nos análises, de forma a avaliar criteriosamente as permitem começar a entender qual o efeito dessa situações em que a Quimioterapia Intraperitoneal opção terapêutica e em quais casos ela tem pode ser Hipertérmica puder ser indicada. oferecida. O oncologista observa que tecnologia de ponta e “É mais um passo no sentido de tornar a infraestrutura são características importantes para Oncologia abrangente e oferecer um serviço a realização do procedimento, e que o Hospital está completo também em termos cirúrgicos”, diz o bem preparado, tendo à sua disposição anestesistas, Dr. Raphael Di Paula, responsável por dezenas de patologistas, perfusionistas e equipe cirúrgica treinada casos tratados com esta técnica, no Hospital, ao longo e qualificada, além de uma UTI equipada para dar de pouco mais de uma década. suporte para essas cirurgias complexas. A Cirurgia Citorredutora seguida de Quimioterapia Tudo isso somado, torna o hospital perfeitamente Intraoperatória (HIPEC) consiste em associar a remoção capaz de desempenhar o papel de um grande centro, de toda a doença visível a um banho de quimioterapia contribuindo positivamente para o avanço dos hipertérmica aplicada diretamente na cavidade a ser tratamentos relacionados à Carcinomatose Peritoneal. tratada. A técnica se vale de algumas características “Sem essa retaguarda não poderíamos oferecer da doença (como a sensibilidade térmica e a maior esse serviço”, finaliza o Dr. Raphael. Dr. Raphael di Paula afinidade pelo quimioterápico que os tecidos normais) e do organismo - que tende a absorver para o sangue apenas uma fração do que é aplicado no peritônio, possibilitando o uso de concentrações maiores das drogas do que aquelas obtidas pela administração endovenosa. O método foi vastamente difundido por um entusiasta desta técnica, o cirurgião americano Dr. Paul Sugarbaker e, atualmente, vem ganhando cada vez mais espaço nos grandes centros especializados dos Estados Unidos, Europa e Japão. Os grandes centros médicos, por sinal, conforme acrescenta o Dr. Raphael, são os mais recomendados para a realização desses procedimentos, por terem as condições técnicas e a experiência para obter os melhores resultados. É importante ressaltar ainda que pelo caráter particular de resposta de cada doença e por se tratar de cirurgia de grande porte, VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 11 EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS UPGRADE NA CARREIRA DO GESTOR HOSPITALAR Dr. Andrea Bottoni Desenvolver as competências essenciais para atuar como gestor de organizações de saúde é O fato de o Hospital ser reconhecido pelo Ministério da o principal objetivo do MBA em Administração Hospitalar e Gestão em Saúde, lançado Saúde como um dos seis Hospitais de Excelência do recentemente pela Faculdade de Educação em Ciências da Saúde (FECS). Com duração de Brasil e possuir o selo de Acreditação Hospitalar da Joint 18 meses, o curso visa aliar o conhecimento às práticas do mercado corporativo de saúde, Commission International (JCI), também contribui para capacitando os alunos a desenvolver uma visão estratégica sobre pessoas, processos, que o novo curso seja visto como uma oportunidade tendências e negócios. dos alunos estarem aprendendo dentro de uma “O crescimento do mercado da saúde no Brasil vem proporcionando grandes oportunidades para profissionais qualificados. Por isso, o objetivo é desenvolver prática consolidada e tida como exemplar, em todo o território nacional. nos participantes a capacidade de contribuir para a sustentação e crescimento As disciplinas previstas durante o curso passam pelo das instituições, além de promover uma visão empreendedora para atuação neste fortalecimento dessa ótica do dirigente hospitalar mercado competitivo e complexo dos sistemas de saúde do Brasil”, afirma o Prof. que precisa estar cada vez mais sintonizado com o Dr. Jefferson Gomes Fernandes, Diretor Geral da FECS e Superintendente de Educação em que existe de melhor em termos legais, de marketing, Ciências do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. tecnologia e modelos de gestão nas diferentes “Aqui o aluno irá sentir-se parte de um processo que busca a excelência em cadeia para assegurar, o tempo todo, uma perfeita assistência aos pacientes e seus familiares. Isso é o que faz a diferença em todos os nossos cursos”, complementa o Dr. Andrea Bottoni, Coordenador Adjunto do MBA. Ele destaca que o MBA em Administração Hospitalar e Gestão em Saúde alia visão empresarial a competência técnica, justamente, para auxiliar o aprendizado dirigido aos profissionais que já estejam atuando ou pretendem atuar em instituições de saúde, ou que desejam empreender no segmento. 12 VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ áreas da saúde. Isso propicia uma especialização que até pouco tempo atrás, “ainda não era considerada prioritária”, conforme observa o Dr. Andrea. competitividade entre os profissionais “A nesse segmento vem aumentando na mesma proporção em que cresce a exigência no nível da qualidade. Hoje, os profissionais precisam ser resolutivos”, afirma ele. PROFESSORES EXPERIENTES E REDE DE RELACIONAMENTO CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: • Cenários, Políticas e Sistemas em Saúde • Gestão Estratégica em Saúde • Gestão de Pessoas em Saúde Além de uma proposta pedagógica que tenciona • Liderança e Desenvolvimento de Equipes proporcionar uma experiência de aprendizado global e • Negociação nas Organizações de Saúde contemporânea, com participação ativa dos alunos, o • Contabilidade em Organizações de Saúde MBA vai contar com aulas ministradas por professores • Custos e Formação de Preços e Vendas em Organizações de Saúde com experiência na área da saúde e atividades • Gestão Financeira em Organizações de Saúde educacionais a • Gestão de Serviços em Saúde conteúdos das áreas de gestão e negócios em saúde. • Hotelaria Hospitalar e Home-Care Outra vantagem é o fato de permitir aos participantes • Qualidade e Acreditação em Saúde a possibilidade de criar uma rede de relacionamento • Gestão de Marketing em Organizações de Saúde de potencial valor para a vida profissional. • Aspectos Legais na Gestão de Saúde • Auditoria em Saúde • Gestão de Projetos em Organizações de Saúde • Gestão da Tecnologia da Informação em Saúde • Gestão de Operadoras nas Organizações de Saúde • Responsabilidade Social e Ética nas Organizações de Saúde • Educação Corporativa em Saúde • Método Científico e Avaliação de Tecnologias em Saúde • Gestão da Promoção em Saúde e Gerenciamento de Doenças • Plano de Negócios (aulas e orientação aos TCCS) complementadas pelo acesso O curso tem como Coordenador Geral o Prof. Dr. Jefferson Gomes Fernandes, com a Coordenação Adjunta realizada pelo Prof. Dr. Andrea Bottoni, Diretor Acadêmico da Faculdade de Educação em Ciências da Saúde e a Coordenação Acadêmica realizada por Isabel Cristina Scafuto. Com uma carga horária estimada em 465 horas presenciais, as aulas serão realizadas sempre às sextas-feiras à noite, e aos sábados, o dia todo, quinzenalmente. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 13 EXAMES LABORATORIAIS O AUTOANTICORPO CONTRA O RECEPTOR DA FOSFOLIPASE A2 (ANTI-PLA2R) E A INVESTIGAÇÃO DAS GLOMERULOPATIAS Assessoria Médica Dr. Luis Eduardo Coelho Andrade | [email protected] Dr. Sandro Félix Perazzio | [email protected] Presente na superfície dos podócitos, localizados na 20% a 25% são classificados como secundários, face extracapilar da membrana basal glomerular, o devido à associação com outras condições clínicas, receptor da fosfolipase A2 (PLA2R) foi recentemente como lúpus eritematoso sistêmico (LES), neoplasias, identificado como o principal alvo antigênico na infecções virais ou bacterianas ou uso de drogas. Para o glomerulonefrite membranosa primária (GNMP) ou manejo clínico e seguimento adequados dos pacientes idiopática, sugerindo uma etiologia autoimune para essa com glomerulonefrite membranosa, o diagnóstico condição. Estudos mostram que os anticorpos anti- diferencial entre os quadros idiopáticos e secundários PLA2R estão presentes na circulação em 50% é essencial. a 70% dos pacientes com GNMP em atividade, mas não são encontrados nos indivíduos com quadros de glomerulonefrites membranosas secundárias ou com outras doenças renais, o que confere uma especificidade em torno de 97% a este novo biomarcador. Ademais, seus níveis séricos guardam boa correlação com a atividade da glomerulonefrite e com a resposta ao tratamento, o que auxilia o monitoramento clínico dos pacientes. A nefropatia membranosa é uma das principais causas de síndrome nefrótica em adultos. Aproximadamente 80% dos casos são considerados idiopáticos, pois não se encontra uma etiologia bem definida. Os restantes Marcador sorológico Anti-DNA nativo Antinucleossomo Antimembrana basal glomerular ANCA - Antiproteinase 3 - Antimieloperoxidase Crioglobulinas Antiestreptolisina O Anti-DNase B Complemento hemolítico total (CH50, C1q, C2, C3 e C4) Avaliação funcional da via alternativa do complemento (AH50) 14 VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ Na prática, o anti-PLA2R é considerado um marcador altamente sensível e específico e pode ser detectado por Elisa com a proteína recombinante com substrato antigênico, método recém-incorporado à rotina do Fleury Medicina e Saúde, ou por imunofluorescência indireta em células HEK-293 transfectadas com o cDNA de PLA2R. Assim, a determinação semiquantitativa desse autoanticorpo auxilia não só a corroborar o diagnóstico da GNMP, como também tem alto valor preditivo para remissão e recaída da doença. Outros marcadores sorológicos de utilidade na investigação e no seguimento das glomerulopatias: Condição clínica associada Nefrite lúpica Nefrite lúpica Síndrome de Goodpasture Vasculites ANCA-mediadas Granulomatose de Wegener Glomerulonefrite (GN) rapidamente progressiva com crescentes Poliangiite microscópica GN pauci-imune GN associada a HCV e doenças linfoproliferativas Utilidade Diagnóstico e monitoramento Principalmente diagnóstico, embora os níveis de antiproteinase 3 possam se correlacionar com a atividade da nefrite Diagnóstico GN pós-estreptocócica Várias GN por imunocomplexos Monitoramento Síndrome hemolítico-urêmica e GNMP por fator C3 nefritogênico Rastreamento diagnóstico COMO EU TRATO COLONOSCOPIA Dr. Paulo Roberto Arruda Alves (CRM 20426) A colonoscopia é uma importante ferramenta de diagnóstico e tratamento. Na área diagnóstica, a colonoscopia se aplica na investigação de sintomas atribuíveis ou relacionados ao reto, cólon e íleo terminal, bem como ao estudo do intestino grosso de indivíduos assintomáticos com risco de câncer colorretal. O estudo de indivíduos assintomáticos inclui populações de risco virgens de tratamento – denominado rastreamento do câncer colorretal – e as populações já submetidas à colectomias e polipectomias – denominada vigilância para câncer colorretal. A vigilância colonoscopia para câncer também se colorretal por estende ao acompanhamento de portadores de retocolite ulcerativa e doença de Crohn de longa duração1. Dentre as aplicações terapêuticas da colonoscopia, a mais importante e freqüente é a polipectomia e suas variantes mais recentes: a mucosectomia e a restrita a mucosa, considera-se a lesão como benigna, dissecção submucosa de neoplasias do intestino evitando-se os termos carcinoma intramucoso e grosso. A imensa maioria das lesões passíveis de carcinoma in situ. No intestino grosso, não existem tratamento colonoscópico é removida por meio de vasos linfáticos ou sanguíneos na lâmina própria, polipectomia convencional. portanto as lesões superficiais em relação à muscular O procedimento não é isento de risco. As complicações significativas das polipectomias são as hemorragias e perfurações. As lesões sésseis, com base larga, as lesões planas e as de localização no cólon direito, cuja parede e muito delgada, representam o maior risco. Realizada a ressecção própria, não produzem metástases. Infelizmente, o uso do termo adenocarcinoma para designar lesões não invasivas causa grande sofrimento para os pacientes nesta condição e, algumas vezes, decisões equivocadas e colectomias desnecessárias. Uma vez ressecada endoscopicamente, uma lesão cuja analise endoscópica, o material é encaminhado in totum para estudo anatomopatológico, da mucosa, ou seja, restritas a mucosa e lamina devendo-se decidir se o tratamento foi radical ou se há necessidade de tratamento cirúrgico subseqüente. histológica revelou adenocarcinoma, implica em tratamento cirúrgico complementar. O tratamento cirúrgico objetiva remover eventual adenocarcinoma residual, no local de ressecção endoscópica, e incluir as vias de drenagem linfática, O pólipo maligno ou malignizado é, de acordo com obstando a disseminação do câncer. Para tanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS)2, aquele mesmo em uma pequena lesão primitiva, com câncer que apresenta displasia de alto grau, que invade ou invasivo, o tratamento cirúrgico complementar ultrapassa a muscular da mucosa. De acordo com consiste em uma ressecção oncológica idêntica a de esta definição, quando ocorre displasia de alto grau, uma lesão típica. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 15 COMO EU TRATO A conduta cirúrgica é a tendência quando se critérios levaram a operação de muitos pacientes sem trata de um paciente jovem, no qual o risco que se detectassem resquícios de neoplasia, tanto na de parede cólica quanto nos gânglios linfáticos, das peças uma colectomia seria bastante baixo, próximo de 0,5%. operatórias. Na busca por um tratamento cirúrgico Nos pacientes com antecedentes significativos de câncer colorretal e com maior motivo, quando se suspeita de HNPCC (Hereditary non-polyposis colorectal cancer), situações em que os tumores complementar com critérios mais adequados, propôsse que a ressecção de um pólipo maligno séssil seria suficiente, por via colonoscópica, quando se atendessem a cinco critérios3: metacrônicos são mais freqüentes, há indicação 1) a ressecção satisfatória; 2) o câncer, bem diferenciado; para tratamento cirúrgico e até colectomia total. A 3) margem livre de comprometimento; 4) sem evidência localização da lesão é outro fator a ser considerado de comprometimento vascular e 5) não comprometimento na decisão terapêutica. Nas lesões de reto distal em de nervos. que o esfíncter anal e a continência estão em jogo, há tendência para o tratamento conservador, pesados os riscos de recidiva ou disseminação. Sempre completo é necessário do um paciente, outras aplicações terapêuticas no tratamento da pseudo-obstrução intestinal, na dilatação de estenoses, estadiamento com Além das polipectomias, a colonoscopia apresenta método no tratamento paliativo do câncer estenosante e nas hemorragias. tomográfico ou ultrassonográfico, e níveis séricos de CEA. Quando se considera a conduta conservadora, não operar o paciente, a decisão é bastante diferente em relação aos pólipos sésseis e REFERÊNCIAS: nos pólipos pediculados. No pólipo pediculado com 1 lesão displásica invasiva, se o patologista informa haver margem livre de comprometimento neoplásico, o tratamento endoscópico é considerado suficiente. Nos casos em que a margem esta comprometida, o paciente devera ser operado. Nos pólipos sésseis, se for detectada displasia invasiva, o paciente devera ser operado, uma vez que a invasão da muscular da mucosa coloca o tecido displásico em contato com os vasos linfáticos e sanguíneos da submucosa. Estes 16 VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ Habr-Gama A, Arruda Alves PR, Rex DK. Indications and contraindications in Colonoscopy: Principles and Practice. Waye JD, Rex DK, Williams CB. 2003, Blackwell Publishing Ltd. 2 Hamilton SR, Aaltonen LA. Pathology and genetics of the digestive tract. World Health Organization Classification of Tumours. 5th ed. Lyon: IARC Press; 110-111. 2000. 3 Katz JA, Nogueras JJ. Management of the malignant polyps. Clinics in Colon and Rectal Surgery 14: 369-378. 2001. TEMPO LIVRE VIVENDO A VIDA SOBRE AS ONDAS Ele surfou muito na praia de Pitangueiras, no Guarujá quais as fases da lua que influenciam a maré. “Lua nova (SP), entre os 12 e 16 anos. Durante cerca de duas e lua cheia são extremas e prejudicam a prática do surf. décadas, tempo em que se preparou para estudar Vento maral é ruim. Vento terral é bom”, classifica. É medicina, frequentou a faculdade e depois fez exigente ainda com relação à perfeição das ondas. Não residência, foi obrigado a afastar-se do esporte que é à toa que enfrenta muitas horas de vôo para realizar só foi retomado por volta dos 35 anos. Hoje, aos ao menos uma surf trip anual para lugares do outro 52, o oncologista Jacques Tabacof, responsável lado do planeta, quando a oferta de praias por aqui é pelo Centro de Oncologia do HAOC, prefere ondas pra lá de farta. “As melhores praias do mundo para o frequentadas por surfistas profissionais em locais surf têm fundos fixos, em geral, feitos de coral, o que como as Maldivas, El Salvador, Indonésia, Nicarágua garante a previsão de ondas mais perfeitas”, ensina. – sempre em águas quentes. “O meu negócio é o lazer. Não gosto de ondas muito altas, nem de água gelada, nem de local muito crowdeado”, afirma ele, para fazer menção às praias muito cheias de gente, conforme a gíria dos surfistas. Para ele o surf é uma válvula de escape de um cotidiano profissional, às vezes, muito difícil, mas acima de tudo é a certeza de poder contemplar a natureza e seus espetáculos. “Os surfistas gastam mais tempo olhando o mar ou remando do que descendo Da mesma forma que discorre sobre os termos nas ondas”, diverte-se ele, ressaltando que para científicos que integram o seu dia a dia de médico, manter-se em forma tem um personal duas vezes por ele explica as sutilezas entre os vários tamanhos das semana, joga tênis ao menos uma, e ainda pratica o pranchas e de algumas características de estatura e pilates. “O ideal mesmo é a natação, mas ando idade que diferenciam a escolha por aquelas maiores, sem tempo”. que facilitam a flutuação e a entrada nas ondas – para os mais velhos, como ele –, e as menores, que conferem mais velocidade, e por isso requerem mais agilidade, usadas “pelos mais novos”. O oncologista confessa que adora conhecer lugares de paisagens exóticas e natureza abundante, o que costuma aliar à prática do surf, embora nem sempre isso seja possível. Recentemente, por exemplo, esteve “Hoje, as pranchas são medidas por litros e produzidas no Nepal e no Butão, apenas por turismo. Mas ele de acordo com a altura e o peso do esportista”, informa, acha que o melhor mesmo é estar ao ar livre e, de admitindo que gosta das duas modalidades, aquela preferência, na água salgada, “para limpar a alma”. As praticada com a long board – a pranchona – que dá montanhas, em geral, são exploradas eventualmente mais estabilidade, e a chamada pranchinha, de maior para o exercício de trekking ou para esquiar com os mobilidade. quatro filhos. Garante que vai se sentir plenamente Aficionado pela tecnologia, ele está sempre atento aos novos aplicativos de internet e celular que facilitam a prática deste esporte. Um deles indica qual o melhor swell, ondulação das ondas, ritmo e freqüência com que elas se formam em alto mar. Mas, a exemplo dos marinheiros, sabe intuitivamente, e por observação, realizado, quando o seu filho menor, de 11 anos, que vem aprendendo a surfar, estiver pronto a encarar um desses mares dedicados exclusivamente ao esporte. “Não vejo a hora de levar ele e o mais velho, de 19 anos, para uma dessas minhas viagens. Esse é o meu sonho”, diz Tabacof. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 17 MATÉRIA DE CAPA EVOLUÇÃO DA RELAÇÃO MÉDICO-HOSPITAL 18 Baseado no tripé ensino-pesquisa, assistência e Neste próximo ciclo, o intuito é definir indicadores qualidade, o Programa de Desenvolvimento específicos para as diversas especialidades e Médico, iniciado nos Fóruns Médicos de 2013, sofrerá aumentar o número de critérios que possam medir os seus primeiros ajustes, a partir do balanço do seu o desempenho médico, focado até então apenas funcionamento em 2014. Segundo o Dr. Mauro na avaliação da prescrição médica, prontuários Medeiros Borges, Superintendente Médico do e prescrição de hemocomponentes. Isso porque, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o objetivo é efetuar segundo ele, o terceiro pilar, que é justamente o algumas modificações que possam reequilibrar os da qualidade, deverá crescer em importância para seus pilares de sustentação. permitir que o Hospital dê início a uma trajetória de VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ evolução que o equipare às melhores instituições, principalmente no que se refere à capacidade de poder mensurar e manter num nível excelente, os desfechos dos pacientes. “O programa de Desenvolvimento Médico, que é usado para atender a certificação internacional JCI (Joint Commission International), também será utilizado para avaliar o desempenho dos nossos profissionais. Desta forma, poderemos aprimorar ainda mais as nossas práticas e o atendimento oferecido aos nossos pacientes”, afirma o Superintendente Médico. INSPIRAÇÃO ESTRANGEIRA Foram as instituições norte-americanas, e especialmente o Memorial Hospital Cancer, de Nova Iorque, que inspiraram o programa que está sob a gestão do setor de Relacionamento Médico. Enquanto uma das organizações mais respeitadas do mundo, à frente das pesquisas mais avançadas em câncer, o hospital norte-americano mantém, com sucesso, uma iniciativa semelhante à do Hospital que, por sua vez, já está sendo considerada bem sucedida. “Estamos criando as condições para que o Corpo Clínico Dr. Roberto Santin possa crescer junto com a própria Instituição, pontuados receberam estímulos para o seu de forma a qualificar e elevar a reputação de desenvolvimento acadêmico e científico: o escopo é ambos”, afirma o Dr. Mauro. mantê-los atualizados acadêmica e cientificamente, Nos seus 12 meses iniciais, o Programa de com técnicas embasadas nas mais recentes Desenvolvimento Médico superou as expectativas descobertas de suas respectivas áreas de atuação. de adesão, atraindo 401 inscrições. Os médicos Se o profissional tem mestrado, doutorado ou é professor titular, ele já acumula pontos; se é O programa não visa priorizar o médico que faz 50 cirurgias por ano, aquele que conduziu uma pesquisa com resultados expressivos ou o que publicou um artigo relevante numa revista internacional. O que buscamos é o somatório disso tudo”, define o Superintendente Médico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. convidado a ser palestrante em território nacional ou no exterior, escreveu capítulos em livros estrangeiros ou conseguiu a publicação de artigos em revistas científicas internacionais, por exemplo, também pontua. Mas como lembra a Dra. Fabiane Cardia Salman, Gerente do Relacionamento Médico, o essencial é que ele associe essas atividades ao nome do Hospital, pois somente dessa maneira estará contabilizando positivamente para a estratificação da sua pontuação -, pontuação essa que deve ser de no mínimo quatro e no máximo 33 pontos. “O programa tem regras claras, é democrático e totalmente VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 19 MATÉRIA DE CAPA 20 baseado na meritocracia, mas requer essa parceria”, Para o ano de 2015, está prevista a participação de um diz ela. A Gerente do Relacionamento Médico também grupo maior de médicos em consequência dos benefícios destaca a necessidade de alinhar a estratégia de já comprovados do Programa de Desenvolvimento Médico. crescimento mútuo, visando metas de médio e longo De acordo com o Dr. Mauro, alguns dos profissionais que prazo. “O benefício é recíproco, mas o objetivo é tiveram o melhor score, chegaram a obter quase 20 comum. Se cresce o médico que vai desenvolver uma pontos, o que representou um incentivo considerável pesquisa, também ganhará em projeção a Instituição. para uma ida a um congresso internacional, um curso A questão, portanto, é olhar para frente e avançar em de especialização, ou simplesmente para incrementar todos em todos os três pilares do Programa”, observa a reserva particular utilizada para custear atividades a Dra. Fabiane. de consultório. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ MUDANÇA DE CULTURA O comitê de apoio ao programa, formado pela Superintendência Médica, em sinergia com a Diretoria Clínica do hospital, vem dando todo o apoio, no que diz respeito à infraestrutura necessária para a realização de pesquisas, que contam com o suporte da Faculdade de Educação em Ciências da Saúde. Como ressalta a Dra. Fabiane, a experiência é nova para os médicos, tanto quanto é para o Hospital. Ela conta que, se no início houve uma certa dificuldade em registrar os pontos, simplesmente porque eles não tinham o hábito de comunicar suas atividades, agora já existe uma preocupação por parte dos médicos, no sentido de indicar o que andam fazendo para o seu desenvolvimento. “É preciso que essa proatividade aconteça sempre. Não adianta o profissional comunicar que aumentou a sua produção assistencial, se houver esquecido um trabalho científico ou uma O aprendizado na direção de uma mudança participação em um congresso de importância na cultural, depende, é claro, de ambas as partes, do sua área”, ressalta a Gerente do Relacionamento Médico. Hospital e do Corpo Clínico, na medida em que ela “Tudo é importante”, ressalta ela. está sendo construída com base neste conceito do relacionamento médico, que constitui uma colaboração conjunta, e alia direitos e deveres, dos dois lados, em prol de um bem maior. Mas uma forte indicação deverá vir, sobretudo, da análise deste primeiro ciclo em que a Coordenação está escutando o Corpo Clínico e analisando o impacto do programa, com vistas a aprimorar os critérios que poderão deixálo ainda mais estimulante. Aumentar o peso da qualidade do desempenho médico é, com certeza, o próximo passo do Programa de Desenvolvimento Médico. A lista de indicadores, para isso, ainda não estava definida na ocasião do fechamento desta publicação, mas é bem provável que ela contenha um número que vá muito além dos três atuais. E que eles possam dar conta de medir o nível de mortalidade registrado na Instituição ou a média de permanência dos pacientes, dentre outros quesitos que visam aumentar a sua segurança, garantindo-lhes um retorno à vida normal em um patamar ainda mais superior. A Dra. Fabiane lembra que Programa de Desenvolvimento Médico somente terá parâmetros comparativos, a partir deste novo ciclo. “Já começamos a evoluir juntos para construir um hospital ainda melhor”, conclui o Dr. Mauro. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 21 COMISSÃO DE BIOÉTICA CÂNCER: MELHOR MANEIRA DE MORRER? Dra. Janice Caron Nazareth O médico Richard Smith, ex-editor do British Journal of Medicine, criou certo alvoroço na Inglaterra ao afirmar que o câncer é a opção mais digna de morte. Segundo ele: “A morte por câncer é a melhor. Você pode dizer adeus, refletir sobre sua vida, deixar últimas mensagens, talvez visitar lugares especiais pela última vez, ouvir suas músicas favoritas, ler poemas queridos, e preparar, de acordo com suas crenças, o encontro com seu criador, ou desfrutar esquecimento eterno”. Oliver Sacks, escritor e neurologista, em artigo recente no NY Times, avisou a todos que deverá morrer em breve, por câncer no fígado: “Não posso negar que estou com medo. Mas meu sentimento predominante é de gratidão. Eu amei e fui amado; doei muito e retribuí; li e viajei e refleti e escrevi. Eu tive uma boa relação com o mundo, a relação especial de escritores e leitores. Acima de tudo, eu fui uma criatura sensível, um animal pensante neste planeta maravilhoso, e isso já é um enorme privilégio e aventura.” Recentemente, perdemos Dr. Wagner Weidebach (Waguito), reumatologista e intensivista, colega fantástico, que trabalhou muitos anos em nosso hospital. O mesmo fora operado de câncer de intestino há 5 anos, com metástases há 3 anos, período em que se submeteu a vários tratamentos com má 22 rever seus momentos de amor com a família e de dar orientações preciosas aos jovens filhos, e, até, de enviar, como de costume fazia desde os tempos de namoro, rosas vermelhas à sua esposa. À missa de sétimo dia, com igreja repleta, a família falou sobre sua experiência privilegiada. Disse um colega após: “Nunca se queixava, apesar das dores constantes, inclusive de seus males e suas possibilidades, e falava naturalmente sobre as condutas a serem tomadas. Um grande ensinamento para todos à sua volta.” É fácil entender o alvoroço em torno da melhor morte por câncer, em uma sociedade que privilegia o belo artificial, o conforto e a matéria, na qual o contato humano, principalmente espiritual, é deixado para planos secundários, estimulando, como primeiro plano, convívios supérfluos e sensações de falso prazer, muito distantes daquelas que o desenvolvimento espiritual proporciona, uma sociedade onde o chorar e sentir dor passaram não só a serem amenizados, mas totalmente impossíveis de serem tolerados. Se perguntasse a meus amigos e pacientes sobre a maneira como gostariam de morrer, todos diriam que subitamente e, de preferência, dormindo, e confesso que também compartilhava dessa opinião, pois a achava fácil, tranquila, sem sofrimento e uma verdadeira bênção para resposta e progressão inexorável da doença, com quem se vai. várias internações, inclusive em UTI, decidindo, junto Hoje, porém, após participar de várias experiências com de seu oncologista, por tratamento paliativo. Foi fiel pacientes e amigos em fim de vida, não só em câncer, ao que conversávamos quando muito mais jovens e mas outras doenças que preservam a mente, pude ver totalmente saudáveis: trabalhou até 15 dias antes da essa realidade, colocada em artigos pelos colegas Smith morte, quando fechou seu consultório e se despediu e Sacks, e em atitude pelo colega Waguito: precioso esse da secretária, colegas, pacientes, tomou as medidas tempo de rever sua vida, de se reconciliar com pessoas administrativas necessárias, optando por ficar em e situações antes não solucionadas, de ensinar àqueles casa enquanto possível, visitado por seu oncologista que ficam a dignidade da aceitação do inevitável, de e amigo regularmente. poder se despedir e agradecer pelas coisas boas por Após esse período, já com dor e falta de ar insuportáveis, que passou. internou-se para a sedação final, não sem antes Difícil, sim, mas de uma riqueza sem par! LIVRARIA A BUSCA: ENERGIA, SEGURANÇA E A CONSTRUÇÃO DO MUNDO MODERNO Dr. Stefan Cunha Ujvari Infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz A busca pela energia que impulsiona a economia Composto em seis partes, o livro retrata, de maneira mundial está intimamente relacionada à medicina. completa e clara, a história dessa constante busca O aquecimento global não é mais uma alteração moderna: a fonte energética. A medicina, por trás cíclica e normal da dinâmica planetária. O homem dessa história, aguarda os futuros passos humanos já é seu principal responsável. As alterações climáticas que poderão influenciar mais ainda o surgimento de já recheiam trabalhos científicos como responsáveis doenças modernas. pela prevalência e incidência de diferentes patologias. O livro “A Busca”, de Daniel Yergin, Editora A BUSCA é um relato arrebatador sobre uma “Esta obra fascinante é o trabalho definitivo sobre a questão global mais importante da atualidade: a busca por fontes sustentáveis de energia.” questão que afeta o mundo contemporâneo: onde encontrar a energia de que tanto necessitamos. Uma das maiores autoridades mundiais sobre o assunto, Daniel Yergin demonstra que a questão energética é o motor de transformações políticas e econômicas globais dos nossos tempos. Neste livro, ele aborda as formas de energia tradicionais sobre as quais nossa civilização se ergueu e as novas fontes que prometem substituí-las. Das ruas engarrafadas de Pequim ao litoral do mar Cáspio, dos conflitos no Oriente Médio até o Capitólio e o Vale do Silício, Yergin revela as decisões que estão moldando o futuro. Walter Isaacson, autor de Einstein: sua vida, seu universo e Steve Jobs Intrínseca - 2011, relata a longa e árdua história “A busca é leitura obrigatória para qualquer pessoa interessada em compreender a economia e a política do século XXI.” da humanidade pela obtenção de fontes Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos energéticas. Um emaranhado político, econômico e “Magistral e esclarecedora, esta é a obra definitiva sobre o tão essencial tema da energia e influenciará a política e a economia internacional.” geográfico, dita parte dessa narrativa. Henry Kissinger, ex-secretário de Estado americano e autor de Sobre a China A obra narra os primórdios da busca pelo petróleo “Com sua escrita clara e inteligente, Daniel Yergin apresenta uma análise ampla e rigorosa das relações entre energia, ciência, economia e geopolítica.” O drama em torno do petróleo — as disputas para controlá-lo, a insegurança quanto ao seu abastecimento, as consequências de seu uso, o impacto que provoca na economia global e a geopolítica que o domina — ainda exerce uma profunda influência sobre todo o planeta. Yergin devassa os bastidores do mercado, analisando o aumento dos preços, a corrida pelos estoques do antigo império soviético e as fusões colossais que transformaram o cenário mundial. E encara algumas perguntas polêmicas: o petróleo vai acabar? Seria ele capaz de provocar um conflito inevitável entre a China e os Estados Unidos? Como a turbulência no Oriente Médio afetará o futuro dos estoques globais? Steve Coll, autor de Os Bin Laden: uma família árabe no século norte-americano no século XIX, ainda como fonte de querosene, “Este livro é uma obra profunda, singular e brilhante.” coincidente com o Corporation avanço Frederick W. Smith, CEO da FedEx das máquinas industriais, e, principalmente da eletricidade. “A busca é provocante, imparcial e incrivelmente atual. A obra é leitura obrigatória para executivos, ambientalistas, políticos, escritores, espiões, terroristas ambiciosos e muitas outras pessoas.” The New York Times Suas páginas explicam como a extinta União Soviética, já falida na década de 1970, se manteve “Uma grande história, cheia de material original, detalhes peculiares e anedotas engraçadas. É pontilhada por fatos que desmentem falsas percepções, e Daniel Yergin analisa com autoridade como a indústria do petróleo de fato funciona.” uma década mais na dianteira comunista. Descrevem The Wall Street Journal Yergin também relata a história surpreendente e, às vezes, tempestuosa da energia nuclear, do carvão, da eletricidade e do gás natural e oferece uma perspectiva singular sobre o problema das mudanças climáticas ao elucidar a evolução da ciência do clima — antes motivo de preocupação para um punhado de cientistas do século XIX que acreditavam na iminência de uma nova Era do Gelo, o tema se tornou um dos mais polêmicos e importantes da atualidade. a importância geopolítica das novas nações “É impossível pensar numa introdução melhor aos princípios básicos da questão energética no século XXI. Na escrita lúcida e leve de Yergin, as mais de oitocentas páginas fluem com facilidade. A busca é o guia definitivo de como chegamos até aqui.” emergidasFinancial doTimesdesmoronamento soviético. Explicam como países ricos em reserva petrolífera se afundaram em instabilidades políticas e econômicas: O autor nos conduz ainda pelo ressurgimento das energias renováveis e explora o potencial de recursos como o vento, o sol e os os chamados petro-estados. www.intrinseca.com.br O livro também aborda as novas fontes energéticas que despontam como futuras alternativas “A busca: energia, segurança e a ao petróleo. Descreve a história evolutiva da construção do mundo moderno” energia solar, eólica e nuclear, desde seus primórdios. Autor: Daniel Yergin Abordagem especial é feita em relação às reservas Editora Intrínseca, 2011. mundiais de gás natural que tanto influenciam as 864 Páginas relações diplomáticas européias e russas. R$ 55,22 7/7/14 7:00 PM VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 23 QUALIDADE E ACREDITAÇÃO PACIENTES DE ALTO RISCO REQUEREM CUIDADOS ESPECIAIS por ser multidisciplinar, ela é amparada por vários profissionais, especialmente em função do “risco aumentado”, ocasionado pela complexidade das doenças ou dos tratamentos. É o caso de um paciente que sofreu um infarto e terá que contar com uma assistência emergencial multidisciplinar, daqueles que terão de ter um auxílio especializado para o manuseio específico de um equipamento como as máquinas de hemodiálise, ou ainda daquele doente que está sendo submetido à quimioterapia. Este último vai demandar, provavelmente, um suporte psicológico para entender e aceitar e seu diagnóstico. “Essa atenção é maior porque costuma envolver muitas áreas assistenciais“, Os pacientes de alto risco merecem toda a atenção no sentido de preservar a sua integridade e dignidade. Por conta disso, eles têm um processo próprio que é Daniella Romano frequentemente avaliado, e será um dos alvos da reacreditação pela qual o Hospital Alemão Oswaldo enfatiza Colombari. Questões de ordem emocional e psicológica, aliás, também necessitam de cautela, constituindo fatores que podem determinar o atendimento de alto risco. Cruz passará no final de 2015, junto à Joint Commission International (JCI). De acordo com a Gerente de Desenvolvimento Institucional, Daniella Romano, eles exigem um cuidado redobrado por Para a Joint Commission International (JCI), que tem uma estarem em situações de maior fragilidade. atuação internacional e regulamenta os processos de “Todos os profissionais da área de saúde são treinados a prestar um atendimento à altura dessas pessoas e dos seus momentos delicados. Mas em razão dos inúmeros detalhes relacionados a esses cuidados é que os processos estão em constante evolução”, afirma a gerente. Dr. Fernando Colombari qualidade e segurança de assistência aos pacientes, nos melhores hospitais do mundo, esses cuidados especiais fazem parte de um leque de elementos que devem ser mensurados e avaliados com freqüência. São ao todo cerca de 1.200 elementos que classificam as instituições e estabelecem uma pontuação dentro do ranking mundial dos hospitais. Todos os processos de avaliação junto à JCI passam em primeiro lugar Pacientes de alto risco são aqueles que requisitam um por uma análise interna do próprio hospital, e depois atendimento de urgência ou emergência — que estão por uma identificação e um monitoramento dos internados em conseqüência de uma vulnerabilidade planos de ação. decorrente de um estado de coma, por exemplo — ou pelo fato de precisarem de algum tipo de suporte à vida. Tratam-se, na prática, de idosos, gestantes, aqueles que têm dificuldades de fala, audição, dentre outras deficiências, ou, que por conta de um estágio evolutivo de uma doença crônica, não têm consciência do que está acontecendo; podem ter sofrido traumas ou síndromes demenciais, a exemplo do Alzheimer. “É um cuidado que vai além daquele puramente técnico com o objetivo de não deixá-los expostos”, complementa Fernando Colombari, Gerente Médico de pacientes graves. Ele explica que essa assistência mais cuidadosa não é de exclusividade dos médicos, mas que 24 QUALIDADE E ACREDITAÇÃO VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ “No caso dos pacientes de alto risco precisamos processos possam ser devidamente gerenciados pela desenvolver toda uma tratativa que deve impactar própria instituição. positivamente o cuidado e a segurança do paciente”, observa a Gerente Institucional, Daniella Romano. “Mas em qualquer caso o foco é sempre o paciente”, diz ela, acrescentando que a metodologia e os indicadores são fixados pela JCI para que os Ela esclarece, no entanto, que os indicadores sofrem variações ao longo do tempo para que ocorram melhorias contínuas. “Tudo é feito de maneira transparente visando a uma constante evolução”, diz ela. ATENDIMENTO E CUIDADO AOS PACIENTES VULNERÁVEIS Abuso de medicamentos, comportamentos inadequados, tentativa de suicídio, fuga, violência e recusa às regras administrativas estão entre os atendimentos críticos considerados graves e que podem ser identificados em pacientes que sofrem de algum desequilíbrio psicológico. Segundo o Coordenador de Equipe de Retaguarda da Psiquiatria, Dr. Vladimir Bernik, eles podem representar uma ameaça à integridade física do próprio paciente, além de familiares e colaboradores do HAOC. Por isso, necessitam de uma identificação precoce, avaliação minuciosa e cuidado específico no sentido de evitar a ocorrência de incidentes ou mesmo possíveis acidentes durante a sua internação. “Nestes casos trata-se de detectar, a tempo e a hora, as tendências de comportamento que possam resultar em desdobramentos indesejáveis ao paciente”, observa ele. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 25 ARTIGO INTERNACIONAL COMENTÁRIOS SOBRE O ARTIGO: “EGFR AMPLIFIED AND OVEREXPRESSING GLIOBLASTOMAS AND ASSOCIATION WITH BETTER RESPONSE TO ADJUVANT METRONOMIC TEMOZOLOMIDE.” Thiago Jorge, Neuro-Oncologista, Hospital Alemão Oswaldo Cruz & Centro Paulista de Oncologia Maria Regina Vianna, Doutora em Patologia pela FMUSP, Sócia-Diretora do CICAP, Hospital Alemão Oswaldo Cruz Venancio Avancini Ferreira Alves, Professor Titular de Patologia, FMUSP, SócioDiretor Técnico do CICAP, Hospital Alemão Oswaldo Cruz A temozolomida tornou-se o melhor quimioterápico (1) é altamente relevante ao demonstrar o ganho de para uso em Glioblastoma Multiforme (GBM), a sobrevida pelo uso da temozolomida metronômica principal neoplasia maligna cerebral em adultos por ser (75mg/m2diariamente e ininterruptamente) comparado ministrada por via oral, com maior tolerância. Aplicada à administração habitual: Enquanto o tratamento diariamente concomitante à radioterapia depois por 6 habitual apresentou sobrevida global de 14,6 meses , o meses isoladamente, é coberta pelos planos de saúde relato de que o grupo de pacientes com hiperexpressão no Brasil. teve 20 meses a mais de sobrevida média apenas A investigação de mecanismos moleculares envolvidos na responsividade do uso metronômico da Temozolomida Alia-se a isto a identificação de testes anatomopatológicos é bastante instigante. Apesar de amplificação ou preditivos de resposta favorável, sendo as pesquisa de mutação no gene do EGFR ser detectada em 50% amplificação do EGFR por IHQ ( figuras 1 e 2) ou por FISH dos GBMs, ensaios clínicos usando os inibidores de já padronizadas entre nós. tirosinaquinase do EGFR erlotinib e gefitinib tiveram resultados negativos. Não houve, inclusive, relação entre amplificação ou mutação do EGFR com resposta àquelas formas de tratamento. 26 alterando a posologia! Estudos com o uso metronômico da temozolomida têm resultados conflitantes. Baseados em teorias de que seu uso contínuo poderia diminuir os níveis de MGMT (o-6-metilguanina-DNA metiltransferase), Por outro lado, em estudo recém-aprovado para enzima que retira a molécula da quimioterapia do DNA publicação no Journal of the National Cancer Institute, e consequentemente diminui seu efeito, estudos Cominelli e cols (1) investigaram a associação de menores tiveram sucesso pequeno. Sabe-se que a achados moleculares de casos de GBM recém- metilação do gene da MGMT e sua inibição é fator diagnosticados com a sobrevida total e tempo livre de bom prognóstico e de resposta ao emprego de de progressão, constatando forte benefício de terapia quimioterapia em gliomas em geral. Neste sentido, é baseada em uso metronômico de temozolomida em importante salientar que no estudo de Cominelli e cols GBM com a presença de expressão imuno-histoquímica (1) a resposta a temozolomida diária em pacientes e/ou amplificação de EGFR por hibridização molecular com EGFR hiperexpresso e/ou amplificado mostrou- fluorescente (FISH). se independente da metilação ou não da MGMT. É cada vez mais frequente o uso de testes moleculares É evidente que esses dados precisam ser confirmados como a codeleção 1p19q, metilação da MGMT ou em um trabalho randomizado de acordo com a presença da mutação do IDH em apoio à decisão de hiperexpressão e comparando o braço controle uso ou não de quimioterapia em gliomas de baixo de tratamento padrão ao uso metronômico da grau. Entretanto, em GBM, tais testes em nada temozolomida, mas fica difícil não pensar duas vezes alteravam a maneira em como fazer o tratamento. em utilizar esses recursos que já estão a mão em Assim, mesmo com os vieses decorrentes de um uma população de pacientes com poucas opções e trabalho retrospectivo, o estudo de Cominelli e cols prognóstico ainda sombrio. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ Cominelli M, Grisanti S, Mazzoleni S, Branca C, Buttolo 1A . O diagnóstico definitive de Glioblastoma Multiforme (GBM) continua baseado no achado histopatológico de neoplasia altamente celular de células gliais anaplásicas, por vezes multinucleadas, com neoformação de vasos e necrose tumoral. L, Furlan D, Liserre B, Bonetti MF, Medicina D, Pellegrini V, Buglione M, Liserre R, Pellegatta S,Finocchiaro G, Dalerba P, Facchetti F, Pizzi M, Galli R, Poliani PL. EGFR Amplified and Overexpressing Glioblastomas and Association with Better Response to Adjuvant Metronomic Temozolomide. J Natl Cancer Inst. 2015 Mar 3;107(5). pii: djv041. doi: 10.1093/jnci/djv041. Print 2015 May. 1B A hiperexpressao do EGFR, com forte reatividade imuno-histoquimica de membrana de alta proporção das células neoplásicas, mostrou-se biomarcador preditivo de melhor sobrevida com tratamento baseado no uso metronômico da temozolomida. QUAL A SUA OPINIÃO - RESPOSTA A Ultrassonografia (USG) demonstra nódulos estrógeno exógeno e deficiência androgênica hipoecogênicos sólidos no baço (fig 1). Ressonância por disfunção testicular. A avaliação inicial inclui Nuclear Magnética (RNM) com contraste IV mostra USG e mamografia, sendo reservados Tomografia múltiplos nódulos hipovascularizados no baço (fig Computadorizada (TC), RNM e PET/CT para casos 2). Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET/CT) de dúvidas relativas à presença de metástases mostra pequeno aumento da captação da glicose distantes, as quais são detectadas em 4% (sítios no parênquima esplênico (fig 3). Biópsia percutânea mais comuns – osso, pulmão, cérebro e fígado). do nódulo esplênico guiada por USG (fig 4). A presença de metástases esplênicas é raramente A biópsia percutânea guiada por ultrassonografia detectada, contudo está presente em cerca de confirmou metástase esplênica de carcinoma 7,1% dos pacientes com câncer à autópsia. Em mamário. geral, associa-se com doença disseminada por O câncer de mama masculino constitui uma entidade rara, sendo responsável por somente 0,7 % do total via hematogênica, sendo o câncer de mama responsável por 21% desses casos. de neoplasias mamárias malignas e menos de 1% As metástases esplênicas à USG usualmente do total de lesões mamárias encontradas neste se apresentam como nódulos hipoecogênicos, gênero. Porém, sua incidência nos últimos 25 anos por vezes com “aspecto em alvo”. Já à TC, é mais tem demonstrado um acréscimo de 26%. freqüente a caracterização de lesões hipodensas, A média de idade ao diagnóstico é de 67 anos, apresentando-se usualmente como massa palpável. Dentre os fatores de risco, incluem-se: idade avançada, história familiar de câncer de mama em parentes de primeiro grau, mutação BRCA2, com padrão de realce hipovascular, à semelhança da RNM, nesta última se verificando lesões com baixo sinal em T1 e alto sinal em T2, com restrição à difusão das moléculas de água. Normalmente, essas lesões são hipercaptantes ao PET/CT. Sd. de Klinefelter, doença hepática, radioterapia, VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 27 EVENTOS EM DESTAQUE AGENDA REUNIÕES CIENTÍFICAS DO ALMOÇO Gratuito Coordenação: Instituto de Educação e Ciências em Saúde e Diretoria Clínica Local: Bloco B – 5° andar – Restaurante dos Médicos Horário: 12h às 13h Data e Tema: 11 - Vírus Respiratórios Palestrante: Celso Granato Moderador: Ícaro Boszczowski Data e Tema: 18 – A dinâmica da Ultrassonografia Diagnóstica aplicada ao aparelho locomotor Palestrante: Carlos Homsi Moderador: Arnaldo Amado Ferreira Filho Data e Tema: 25 – Artroplastias do Ombro Palestrante: Arnaldo Amado Ferreira Neto Moderador: Roberto Attilio Lima Santin REUNIÕES CIENTÍFICAS Coordenação: Datas: Horário: Local: 28 Reunião de Oncologia Centro de Oncologia 03 – Oncologia Gastrointestinal 10 – Oncologia Mamária 17 – Oncologia Torácica 24 – Uro-oncologia 12h às 13h30 Sala 5 - Bloco D (Térreo Superior) Coordenação: Data: Horário: Local: Reunião Científica de Medicina Perioperatória - Anestesiologia Cássio Campello de Menezes 8 12h às 13h Sala 5 – Bloco D (Térreo Superior) Coordenação: Tema: Palestrante: Data: Horário: Local: Reunião Científica de Neurologia e Neurocirurgia Roberto de M. Carneiro de Oliveira Ataxias William Rezende do Carmo 9 11h30 às 12h30 Auditório – 14º andar (Bloco B) VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ Coordenação: Tema: Palestrante: Data: Horário: Local: Reunião Científica da Clínica Médica Pedro Renato Chocair Cirurgia suspender ou não Clopidogrel Vitor Sato 9 13h às 14h Auditório – 14º andar (Bloco B) Reunião Científica da Cardiologia Coordenação: Marco A. Magalhães Tema: Como escolher a terapia antitrombótica na Síndrome Coronariana Aguda Palestrante: Roberto Rocha Giraldez Data: 10 Horário: 11h às 13h Local: Auditório - Bloco B (14º Andar) Coordenação: Data: Horário: Local: Discussão de casos de Câncer Colorretal Angelita Habr-Gama e Rodrigo Perez 12 7h30 às 9h30 Sala 5 - Bloco D (Térreo Superior) Reunião Mensal do CDI Coordenação: Equipe Fleury Diagnóstico Datas: 22 - CDI 15 - Ortopedia Horário: 19h30 às 21h30 Local: Sala 5 - Bloco D (Térreo Superior) Coordenação: Palestrante: Tema: Data: Horário: Local: Reunião Científica Melhores Práticas em Terapia Intensiva Fernando Colombari, Amilton Silva Jr e Fabio M. Andrade Gilberto Turcato Tratamento das infecções por gram positivos na terapia intensiva 25 19h30 às 21h30 Sala 5 - Bloco D (Térreo Superior) III SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA É SUCESSO TOTAL Mais ao terapias enteral e parenteral, relatadas pela Equipe Nutrição Multidisciplinar de Terapia Nutricional – EMTN, Clínica Contemporânea, que já consolidou a responsável pela coordenação do evento. “Este já III de 200 Simpósio pessoas compareceram Internacional de sua importância dentro do calendário de eventos é um evento tradicional em nosso calendário”, científicos do HAOC. Realizado desde a década de afirma Andréa Aparecida Lopes Martinez, 90, o simpósio já teve vários formatos ao longo deste Supervisora de Nutrição Clínica do hospital. período, mas atualmente está na terceira edição da proposta de trazer um convidado internacional, e promover um debate com três mesas redondas. Desta vez, a palestrante internacional foi a Profa. Dra. Liana Melo-Thomas, do Departamento de Psicologia Experimental e Fisiológica – Neurociências e Comportamento, da Faculdade de Psicologia Philipps Universität Marburg, de Marburgo, na Alemanha. Ela falou sobre a Fisiologia do Comportamento Alimentar, temática que também contou com a participação da nutricionista clínica Juliana Lopez de Oliveira, da Unifesp, que enfocou como a ingestão alimentar pode ser influenciada por fatores ambientais, neurais e hormonais. O simpósio, além disso, deu destaque para os cuidados nutricionais do paciente oncológico, uma das áreas estratégicas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, e discutiu outros temas de relevância para a Nutrição Clínica, como a importância dos indicadores na qualidade dos serviços da instituição, e as últimas novidades sobre a gestão das VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 29 EVENTOS EM DESTAQUE V SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ENDOSCOPIA DIGESTIVA COM SOTAQUE ALEMÃO Resultante do intercâmbio científico entre os hospitais alemães de Santiago, no Chile, de Buenos Aires, na Argentina e o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo, a quinta edição do Simpósio Internacional de Endoscopia Digestiva reuniu cerca de 200 participantes em sua versão brasileira. O evento acontece anualmente nessas três cidades e visa, segundo o Dr. Paulo Sakai, Coordenador do Centro de Treinamento em Endoscopia Digestiva do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, trocar experiências entre esses representantes da instituição alemã, na América Latina. Existem vários problemas da especialidade e comuns no nosso continente, que nesses eventos as cooperações mútuas têm sido importantes na busca de soluções. Esse ano, os assuntos tratados foram referentes à qualidade e aos avanços do tratamento endoscópico, com ênfase na aplicação clínica diária. O evento que já se tornou um meio de integrar os três países, deve ganhar, num futuro próximo, uma versão digital, ou seja, a intenção é ampliar a sua abrangência permitindo que mais profissionais possam participar do simpósio, via internet. 30 VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ RESPONSABILIDADE JURÍDICA REMUNERAÇÃO MÉDICA Sergio Pittelli [email protected] O tema pode ser abordado sob dois aspectos: a normatização ética que regulamenta a ação dos profissionais em suas relações profissionais pessoais e a questão política relativa aos mecanismos de remuneração da classe médica pelas pessoas jurídicas compradoras de seu serviço. Iniciaremos por este último, que constitui uma das grandes preocupações da classe médica na atualidade. Diferentemente de tempos “históricos”, nos quais a relação entre médico e paciente era direta, a partir dos anos 1960 a relação passou a ser intermediada por terceiros, iniciando-se pelo que ulteriormente viria a ser chamado “operadora de saúde”. A esta primeira forma de intermediação, seguiu-se a interveniência das pessoas jurídicas (PJ) como a constituir câmara técnica para acompanhar prestadoras de serviço (clínicas, hospitais, laboratórios, o adequado cumprimento da lei. Em decorrência etc.) uma vez que boa parte da remuneração do médico desta lei, a ANS editou a RN 363/14 que funciona é paga pela operadora diretamente à PJ, que a repassa como uma espécie de “decreto regulamentador” do ao médico. Nesta situação, o médico sempre exerceu art. 17-A. Não resta a menor dúvida de que o papel de elo fraco da corrente, devido, sobretudo, a Lei 13003/14 significou enorme avanço à inexistência de regulamentação legal que definisse na consecução dos direitos da classe, pois obrigações tanto de valores de remuneração com constituiu-se em importante instrumento legal respectivas correções, como de obrigações das a dar suporte às reivindicações dos médicos e às clínicas quanto aos repasses. A Lei 9656/98, grande políticas das entidades representativas. Restam avanço na regulamentação da saúde suplementar, pontos importantes que complementariam as simplesmente ignorou os direitos dos profissionais. O medidas como, por exemplo, oficializar, mediante único artigo que “lembrava” da categoria era o 17 que lei, uma tabela de procedimentos que seria de uso se refere exclusivamente à obrigatoriedade da ope- obrigatório por todas as operadoras e constituiria a radora em manter o nível técnico dos prestadores. base da discussão sobre reajustes, tal como propõem Esta circunstância não mudou com a alteração deste as entidades médicas com a CBHPM. Outro ponto artigo promo-vida pela Lei 13003/14. O fato novo importante seria conseguir afastar, legalmente, se foi a introdução, por esta última lei, do art. 17-A que possível, a absurda postura de CADE de considerar obriga a operadora a estabelecer contrato por escrito como atividade de cartel qualquer medida das enti- com os profissionais (pessoas físicas ou jurídicas) dades médicas no sentido de boicotar determinadas especificando, obrigatoriamente, objeto do contrato operadoras, medida tão mais absurda quando se leva com sua descrição, definição dos valores contratados, em conta que são exatamente as operadoras que, forma e periodicidade de reajuste, vigência do pelas circunstâncias (poder econômico, organização, contrato e penalidades pelo descumprimentos por pequeno número) têm condições de atuar de modo ambas as partes. Autoriza a ANS a definir o índice cartelizado. Entendo que estes são os dois próximos de reajuste no caso de inércia da operadora, bem passos a serem alcançados pelos médicos. VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 31 RELATO DE CASO 1° TRANSPLANTE DE MICROBIOTA FECAL PARA TRATAMENTO DE COLITE POR CLOSTRIDIUM DIFICILLE REALIZADO NO HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ: RELATO DE CASO Leonardo V. B. Pereira¹, Ivan Leonardo França², Erico S. de Oliveira¹, Américo L. Cuvello Neto¹, Victor A. Hamamoto Sato¹, Sara Mohrbacher¹, Pedro R. Chocair¹. ¹ Serviço de Clínica Médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz ² Médico Infectologista do Corpo Clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz INTRODUÇÃO: Clostridium dificille é um bacilo gram positivo dias, obtendo melhora do quadro com alta hospitalar, após quatro dias de internação. comensal do trato gastrintestinal que, em condições Em outubro de 2014, após plena recuperação da 1° específicas, como após uso recente de antibióticos, recidiva, foi internada novamente com novo quadro quimioterapia e doença renal crônica, se torna de diarréia. Inicialmente a pesquisa de toxinas A/B patogênico e capaz de produzir uma colite chamada foi negativa e não foi possível a coleta de fezes para “Colite Pseudomembranosa”1, de gravidade variável. realização do PCR, pois a paciente não apresentou Relatamos a evolução de uma paciente com colite por Clostridium dificille que surgiu após uso de antibióticos e se tornou particularmente especial pelas múltiplas recorrências a despeito do tratamento convencional. mais episódios de evacuações logo após o reinício da Vancomicina, que tomou por mais quatro semanas após a alta. Em janeiro de 2014, a paciente retornou ao hospital novamente com diarréia aquosa, com muco, dor abdominal em cólica de forte intensidade com 10 RELATO DE CASO: dias de duração. Iniciamos novamente Vancomicina ACCM, 34 anos, sexo feminino, hígida, foi admitida com a hipótese da 3° recidiva de colite por Clostridium no Hospital Alemão Oswaldo Cruz em julho de 2014 que foi confirmada pela pesquisa positiva de devido à uma diarréia líquida, dor abdominal difusa, toxinas e PCR nas fezes. Paciente não apresentou tipo cólica, e febre com uma semana de evolução. melhora significativa com a Vancomicina por via oral, Fez uso de amoxicilina com clavulanato de potássio evoluindo com piora da dor abdominal e febre. Iniciado três semanas antes para tratamento de amigdalite. Metronidazol endovenoso e optado pela realização A pesquisa de toxinas A / B e por PCR pelo método de transplante de microbiota fecal utilizando-se GeneXpert foi positiva para Clostridium dificille. fezes do marido como doador. O transplante foi Recebeu Metronidazol por via oral e evoluiu com realizado oito dias após a internação. A paciente já melhora do quadro clínico. Teve alta hospitalar após apresentava melhora significativa da colite 48 hs três dias de internação. após o transplante fecal, recebendo alta hospitalar 3 A paciente retornou ao hospital em agosto de 2014 32 dias após o procedimento. com novo quadro de diarréia líquida e dor abdominal O transplante fecal foi realizado seguindo o protocolo difusa quando se confirmou a recidiva de colite por desenvolvido por Van Nood et al2 no qual o doador Clostridium por PCR nas fezes. A paciente, após é inicialmente submetido a um questionário para confirmação diagnóstica, foi inserida no estudo clínico pesquisa de doenças potencialmente transmissíveis. MK-3415A onde recebeu anticorpos monoclonais Nas fezes pesquisou-se a presença de Clostridium, contra toxinas A/B do Clostridium. Além dos bactérias enteropatogênicas, parasitas, protozoários e anticorpos, a paciente recebeu Vancomicina por 21 helmintos. No sangue foram coletadas sorologias para VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ HIV, HTLV 1-2, Sífilis, Hepatite A, B e C, Trypanossoma produzidas8. A primeira revisão sistemática sobre cruzi, Strongiloides, Entamoeba hystolitica, Epstein o transplante fecal foi publicada em 2011 e incluiu Barr e Citomegalovírus. Todas essas pesquisas 317 pacientes com colite por Clostridium dificille também foram realizadas na paciente antes do recorrente. Resposta clínica adequada, com cura dos transplante. Após avaliação, as fezes do doador foram pacientes tratados alcançou 92% dos casos, sendo preparadas e centrifugadas em laboratório. Cerca de que 87% deles receberam apenas uma infusão9. 50 ml da solução foram infundidas na paciente via Revisão mais recente de 2014, com 537 pacientes, sonda nasoenteral colocada em região pós-pilórica mostrou 87% de resposta clínica satisfatória, o que por via endoscópica. transformou o transplante fecal numa alternativa de baixo custo, segura e eficaz para tratamento de casos recidivantes de infecções por Clostridium10. DISCUSSÃO: O relato deste caso abre portas para que mais A partir do ano 2000, o número de infecções por pacientes possam se beneficiar dessa forma de Clostridium dificille aumentou consideravelmente tratamento. devido ao surgimento da cepa BI/NAP1/027, usualmente mais resistente ao tratamento3. No Brasil não temos dados epidemiológicos precisos sobre REFERÊNCIAS: incidência e prevalência da infecção por C. dificille na 1. Asha NJ, Tompkins D, Wilcox MH.Comparative analysis of prevalence, risk factors and molecular epidemiology of antibiotic associated diarrhea due to Clostridium dificille. J Clin Microbiol. 2006;44(8):2785-2791. população. Atualmente, o grande desafio com relação ao tratamento da infecção por Clostridium é a terapia efetiva dos pacientes com recidiva da doença, que se torna menos responsiva às drogas atuais e com grande impacto na qualidade de vida do paciente e nos custos relacionados ao tratamento4. Os principais Guidelines atuais recomendam o uso de Metronidazol para tratamento do primeiro episódio da infecção e para os casos mais brandos e de Vancomicina para os casos mais severos. Na recidiva pode-se repetir o mesmo esquema terapêutico do 1° episódio, a não ser que o paciente já tenha sido tratado com Vancomicina ou apresentar quadros mais graves. Pode-se utilizar também a Fidaxomicina, um antibiótico macrolídeo5. Além da terapia antibiótica, existem terapias com anticorpos monoclonais dirigidos contra as toxinas A e B do Clostridium dificille. Lowy et al6, descrevem um ensaio clínico randomizado no qual os pacientes com colite receberam anticorpos anti-toxina A e B juntamente com a terapia antibiótica. Houve redução das taxas de recorrência da colite quando comparada com o tratamento padrão (7% a 25%). Nossa paciente 2. Van Nood E, Vrieze A. Nieuwdorp M, et al. Duodenal infusion of donor feces for recurrent Clostridium dificille. N Engl J Med. 2013;368(5):407-415 3. Reveles KR, Lee GC, Boyd NK, Frei CR. The rise in Clostridium dificille infection incidence among hospitalized adults in the United States:2001-2010.Am J Infect Control. 2014;42910):1028-1032 4. Vardakalas KZ, Polyzos KA, Patouni K,Rafailidis PI. Treatament failure and recurrence of Clostridium dificille infection following treatment with Vancomicin or Metronidazole .Int J Antimicrob Agents. 2012;40(1):1-8. 5. Cohen SH, Gerding DN, Johnson S, et al. Clinical practice guidelines for Clostridium dificille infection in adults. Infect Control Hosp epidemiol.2010;31(5):431-455. 6. Lowy I, Molrine DC, Leav BA, et al. Treatment with monoclonal antibodies against Clostridium dificille toxins. N Engl J Med.2010;362(3):197-205. 7. MK-6072 and MK3415A http://clinicaltrials.gov/show/ NCT01241552.Acessed January 5,2015. 8. Kassam Z, Lee CH, Yuan Y, hunt RH. Fecal microbiota transplantation for treatment of Clostridium dificille infection. Am J Gastroenterol.2013;108(4):500-508. 9. Gough E, Shalik H, Manges AR, systematic review of intestinal microbiota transplantation(fecal bacterioscopy) for recurrent Clostridium dificille infection. Clin infect Dis. 2011;53(10):994-1002. participou do estudo MK3415A tendo recebido 10. Cammarota G, Ianiro G, Gasbarrini A. Fecal microbiota transplantation for treatment of Clostridium dificille anticorpos monoclonais para o tratamento da 2° infection. J Clin Gastrenterol.2014;48(8):693-702. recidiva7. O transplante fecal atua restabelecendo a microbiota do trato gastrintestinal, impossibilitando a proliferação do C. dificille e diminuindo a carga de toxinas VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 33