CPRM - Centro de Ecologia

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XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental
VI - 060 - ESTUDO GEOAMBIENTAL
DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRAVATAÍ
Ana Cláudia Viero(1)
Geóloga graduada na Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos, em 1993.
Realizou curso de aperfeiçoamento em Proteção Ambiental Urbano-Industrial na
Universidade Técnica de Berlim, em 1997. Atua profissionalmente, desde 1994, na CPRM
- Serviço Geológico do Brasil, SUREG/PA.
Douglas Roberto Trainini
Geólogo graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1967. Realizou
cursos de especialização em Sensoreamento Remoto, no Eros Data Center, em Sioux Falls
(Estados Unidos), em 1973, e em Gestão e Administração Territorial, em 1991. Atuou na
Texas Instruments, de 1968 a 1971, nos Estados Unidos, Argentina e Brasil. Atua, desde 1971, como
profissional da CPRM- Serviço Geológico do Brasil.
Carlos Alberto Giovannini
Geólogo graduado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos em 1985. Realizou curso de
Mestrado em Geociências, área de concentração Geologia Marinha, na UFRGS, em 1995, e curso de
especialização em Ciências da Terra e Meio Ambiente, na Unisinos, em 1996. Atua como profissional da
CPRM - Serviço Geológico do Brasil, desde 1991.
Endereço(1): Rua Banco da Província, 105 - Porto Alegre - RS - CEP: 90840-030 - Brasil - Tel. (51)
2337311 - Fax: (51) 233-7773 - e-mail: [email protected]
RESUMO
O Estudo Geoambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí foi realizado pela CPRM - Serviço Geológico
do Brasil, visando subsidiar o Plano da Bacia do Rio Gravataí, através da análise integrada do seu meio
físico, indicando suas potencialidades e fragilidades, informações fundamentais para o estabelecimento de
diretrizes de gestão dos recursos hídricos da Bacia. Este Estudo Geoambiental compreendeu a elaboração de
dois mapas na escala 1:100.000, o Mapa de Domínios Geoambientais/Zonas Homólogas e o Mapa
Geoambiental. Para a realização do Mapa de Domínios Geoambientais/Zonas Homólogas foram
individualizadas unidades de paisagem, a partir de Domínios Geoambientais, que, por sua vez, foram
enquadrados dentro dos grandes Domínios Morfoestruturais, de acordo com suas características específicas.
A partir dos dados obtidos com a confecção do Mapa de Domínios Geoambientais/Zonas Homólogas, foram
identificados alguns aspectos considerados como fragilidades e outros como potencialidades no meio físico da
bacia, os quais foram cartografados no Mapa Geoambiental. Entre as fragilidades, foram consideradas as
áreas críticas à erosão, as áreas de recarga dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos e as áreas
potencialmente difusoras de poluição. Adicionalmente, foram consideradas as extrações minerais, por
apresentarem forte impacto visual e paisagístico e representarem possíveis agentes desencadeadores de
erosão, bem como as áreas de inundação, alagamento e banhado. Por fim, foram feitas considerações a
respeito da potencialidade hídrica subterrânea da bacia.
PALAVRAS-CHAVE: Gestão de Bacias Hidrográficas, Estudo Geoambiental,
Potencialidades do Meio Físico, Unidades de Paisagem.
Fragilidades e
INTRODUÇÃO
A Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí está situada no leste do Estado do Rio Grande do Sul, extremo sul do
Brasil, e abrange parte da Região Metropolitana de Porto Alegre, capital do Estado (Figura 1). Ocupa uma
área de 2.020 km2, incluindo total ou parcialmente os municípios de Porto Alegre, Canoas, Alvorada,
Viamão, Cachoeirinha, Gravataí, Glorinha e Santo Antônio da Patrulha. Em sua área de nascente,
constituída em parte por vertentes íngremes com até 400 m de altitude, a ocupação é predominantemente
agropastoril, inserindo-se apenas as áreas urbanas de Santo Antônio da Patrulha e Glorinha. As nascentes
drenam para o Banhado Grande que apresenta grande importância ambiental, uma vez que atua como
regulador de vazões, possui grande produtividade biológica e constitui refúgio ecológico de diversas espécies,
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algumas ameaçadas de extinção, como o jacaré-do-papo-amarelo e o cervo-do-Pantanal. A área original deste
banhado, equivalente a 450 Km2, foi gradativamente reduzida pelo desenvolvimento da orizicultura,
perfazendo atualmente somente 50 Km2 . Ao longo dos trechos médio e inferior do rio, localizam-se parte das
áreas urbanas dos demais municípios integrantes da bacia, com altas densidades de ocupação e intensa
degradação dos seus recursos naturais.
A METROPLAN, através de atribuição do Conselho de Recursos Hídricos, está desenvolvendo o Plano da
Bacia do Rio Gravataí, atendendo às disposições da Lei 10.350 de 1994, que instituiu o Sistema Estadual de
Recursos Hídricos. O Plano objetiva definir diretrizes e organizar ações estruturais e não-estruturais no
espaço geográfico da bacia, necessárias à proteção dos seus recursos hídricos, atendendo qualitativa e
quantitativamente aos usos definidos pela sociedade em um horizonte temporal.
O Estudo Geoambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí foi realizado pela CPRM - Serviço Geológico
do Brasil, visando subsidiar esse Plano, através da análise integrada do seu meio físico, indicando suas
potencialidades e fragilidades, informações fundamentais para o estabelecimento de diretrizes de gestão dos
recursos hídricos da bacia. Este estudo compreendeu a elaboração de dois mapas na escala 1:100.000, o Mapa
de Domínios Geoambientais/Zonas Homólogas e o Mapa Geoambiental. A metodologia utilizada baseou-se
na análise integrada do meio físico da bacia hidrográfica, abordando aspectos da geomorfologia, geologia e
pedologia, que foram espacializados em unidades classificadas como Domínios / Subdomínios / Zonas
Homólogas no Mapa de Domínios Geoambientais/Zonas Homólogas. A partir destas informações, foi obtido
o produto final desse estudo, denominado Mapa Geoambiental, que indica as fragilidades do meio físico da
bacia, como a criticidade à erosão, e suas potencialidades, como a avaliação do potencial para água
subterrânea.
Figura 1- Mapa de Situação da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste estudo é uma adaptação do método lógico de análise do sistema de relevo e
drenagem de Guy (1966) e Riverau (1972), sistematizado por Soares & Fiori (1976) e modificada por
Theodorovicz (1999).
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Para a realização do Mapa de Domínios Geoambientais / Zonas Homólogas foram individualizadas unidades
de paisagem, a partir de Domínios Geoambientais, que, por sua vez, foram enquadrados dentro dos grandes
Domínios Morfoestruturais, de acordo com suas características específicas.
A bacia do rio Gravataí apresenta uma grande diversidade geomorfológica, abrangendo terrenos da planície
costeira interna, do embasamento cristalino e das bordas do planalto basáltico, que correspondem
respectivamente a três Domínios Morfoestruturais, segundo o Mapa Geomorfológico das folhas SH.21/22 e
SI.22, do Projeto RADAMBRASIL (1986).
O Domínio Morfoestrutural dos Depósitos Sedimentares, correspondente aos terrenos da planície costeira
interna, abrange sedimentos quaternários de origem continental e marinha, englobando depósitos
aluvionares, material detrítico-coluvial e depósitos eólicos subatuais. Nesta unidade encontram-se planícies e
terraços marinhos e lagunares junto às áreas planas resultantes da convergência de leques coluviais e
depósitos de enxurradas.
O Domínio Morfoestrutural dos Embasamentos em Estilos Complexos, denominado neste trabalho de
Domínio Morfoestrutural do Embasamento Cristalino, é composto, na bacia do rio Gravataí, por rochas
granitóides pré-cambrianas, com relevo intensamente dissecado.
O Domínio Morfoestrutural das Bacias e Coberturas Sedimentares, correspondente às bordas do planalto
basáltico, envolve as rochas sedimentares e vulcânicas da Bacia do Paraná. Nas rochas sedimentares, os
processos erosivos geraram depressões, nas quais encontram-se amplas formas alongadas, conhecidas
regionalmente como coxilhas, ao lado de superfícies planas, rampeadas, configurando relevo planar. As
rochas vulcânicas correspondem a uma vasta área planáltica, apresentando áreas com diferentes graus de
dissecação, com nítido controle estrutural nas áreas mais dissecadas. O contato entre a área planáltica e a
depressão formada pelas rochas sedimentares é geralmente escarpado.
Neste estudo, foi definido como Domínio Geoambiental uma área geograficamente delimitada com
características específicas no que se refere à sua geologia e/ou geomorfologia. Dentro de cada domínio, a
análise dos atributos densidades de relevo, drenagem e lineações, assim como tipo de encosta, permitiu a
caracterização de unidades de paisagem, denominadas Zonas Homólogas. A análise destes atributos foi
realizada a partir de fotografias aéreas, nas escalas 1:40.000 e 1:60.000, datadas respectivamente de 1990 e
1964/65, imagens do satélite LANDSAT - TM 5, bandas 3 e 7, na escala 1:100.000, de 1989, e
levantamentos de campo. As zonas homólogas foram representadas através de uma simbologia específica,
onde as letras “A”, “M” e “B” significam alta, moderada ou baixa Densidades de Drenagem, de Lineações ou
de Relevo. Para o atributo Tipo de Encosta, a letra “A” significa Retilínea; “M” Côncava; “B” Convexocôncava ou Convexa, e “N” Ausência de encosta. Verificações de campo em cada uma dessas zonas, com a
observação de novos atributos, tais como tipo de solo, comportamento do lençol freático, erosão,
profundidade do substrato rochoso, entre outros, permitiram a manutenção e, em alguns casos, o
agrupamento ou descarte de zonas, levando à delimitação dos Subdomínios Geoambientais. Esses
Subdomínios apresentam mesma resposta em relação à diferentes intervenções antrópicas. uma vez que
apresentam características físicas semelhantes.
A partir dos dados obtidos com a confecção do Mapa de Domínios Geoambientais/Zonas Homólogas, foram
identificados alguns aspectos considerados como fragilidades e outros como potencialidades no meio físico da
bacia, os quais foram cartografados no Mapa Geoambiental. Entre as fragilidades, foram consideradas as
áreas críticas à erosão, as áreas de recarga dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos e as áreas
potencialmente difusoras de poluição. Adicionalmente, foram consideradas as extrações minerais (Zanini &
Pimentel, 1998), por apresentarem forte impacto visual e paisagístico e representarem possíveis agentes
desencadeadores de erosão, bem como as áreas de inundação, alagamento e banhado (Risso & Giugno, 1996).
Por fim, foram feitas considerações a respeito da potencialidade hídrica subterrânea da bacia fundamentadas
em observações dos trabalhos de campo e informações da bibliografia.
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RESULTADOS OBTIDOS
O Mapa de Domínios Geoambientais/Zonas Homólogas apresenta uma individualização da bacia do rio
Gravataí, em função de uma análise integrada de diferentes aspectos do meio físico, em 7 domínios
geoambientais. Estes, por sua vez, subdividem-se em 22 subdomínios geoambientais, de acordo com
características específicas como substrato rochoso e situação geomorfológica. O Quadro 1 apresenta a
distribuição dos Subdomínios Geoambientais/Zonas Homólogas a partir dos Domínios Morfoestruturais e
Geoambientais,
Foram identificados quatro domínios geoambientais relacionados ao Domínio Morfoestrutural dos Depósitos
Sedimentares. O Domínio Geoambiental Planície Aluvionar compreende terrenos planos, permeáveis e com
declividades muito baixas, situados ao longo dos cursos d´água. Apresenta lençol freático muito próximo à
superfície e os processos geomorfológicos marcantes compreendem assoreamento, inundação e migração de
canais fluviais. O Domínio Geoambiental Planície Lagunar compreende uma área expressiva na porção
central da bacia, com relevo plano e lençol freático raso, sujeito à inundações sazonais. Neste domínio
inserem-se alguns depósitos de turfa e os banhados existentes na bacia. O Domínio Geoambiental Cobertura
Coluvionar está distribuído em toda área da bacia e apresenta um relevo suavemente ondulado, marcado por
rampas colúvio-aluvionares. Os depósitos possuem textura predominantemente argilo-silto-arenosa ou arenosilto-argilosa e os solos são geralmente espessos. Os depósitos coluvionares desenvolvidos sobre rochas
granito-gnáissicas caracterizam-se pela intensa atuação dos processos erosivos. O Domínio Geoambiental
Coxilha das Lombas compreende uma barreira arenosa de origem marinha e eólica, que constitui o divisor de
águas da bacia na sua porção sudeste. Apresenta relevo colinoso e solos arenosos com alta suscetibilidade à
erosão, especialmente nas áreas afetadas por um sistema de fraturas de direção leste-oeste.
O Domínio Morfoestrutural das Bacias e Coberturas Sedimentares está representado na bacia por dois
domínios geoambientais. O Domínio Geoambiental Bordas do Planalto é constituído pelos terrenos
montanhosos, com declividades acentuadas, formados pelas rochas vulcânicas da Formação Serra Geral e
pelos arenitos da Formação Botucatu. Compreende o divisor de águas da porção norte da bacia do rio
Gravataí. O Domínio Geoambiental Depressão Central está situado na porção centro-norte da bacia e
caracteriza-se por terrenos com relevo suavemente ondulado, originados a partir das rochas sedimentares da
Bacia do Paraná. As rochas sedimentares são de natureza arenítica e pelítica, ou seja, formada por grãos de
tamanho argila e silte, e sobre elas desenvolvem-se solos geralmente espessos, argilo-arenosos. Este domínio
apresenta alto potencial para extração mineral, em especial de arenito para pedra de talhe, argila para
cerâmica vermelha, além de carvão, presente em subsuperfície.
O Domínio Morfoestrutural Embasamento Cristalino está presente na bacia do rio Gravataí através do
Domínio Geoambiental Escudo Sul-Rio-Grandense. Compreende uma área relativamente expressiva no
sudoeste da bacia, formada por rochas granitóides e com relevo ondulado. Os solos, neste domínio, são
predominantemente areno-argilosos, geralmente rasos, com presença freqüente de blocos e matacões.
Uma vez que os domínios geoambientais apresentam respostas semelhantes em relação a intervenções
antrópicas específicas, a sua caracterização permitiu a definição de graus de fragilidade ou restrição frente a
diferentes formas de uso e ocupação do solo. O Quadro 2 mostra o grau de fragilidade, classificado em alto,
moderado e baixo, que os Domínios Geoambientais apresentam quanto a ocupação urbana, agropecuária,
obras viárias, equipamentos enterrados e disposição de rejeitos.
Como resultado de uma análise integrada do meio físico da bacia, o Mapa Geoambiental cartografa suas
fragilidades e potencialidades. Foram consideradas como fragilidades as áreas críticas à erosão, as áreas de
recarga dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, as áreas potencialmente difusoras de poluição, as
extrações minerais e as áreas de inundação, alagamento e banhados. Como potencialidade do meio físico,
considerou-se a potencialidade hídrica subterrânea da bacia, sobre a qual foram feitas algumas considerações
fundamentadas em observações dos trabalhos de campo e informações da bibliografia.
Através de observações de campo, foram identificadas quatro áreas com criticidade à erosão, a saber: as
microbacias dos arroios Grande e Venturosa, situadas na porção centro-norte; a região central da Coxilha das
Lombas, situada no sudeste da bacia, associada a alinhamentos estruturais; os colúvios que recobrem as
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cabeceiras dos arroios Feijó, Sarandi e da Areia e que situam-se na porção oeste; e os colúvios das cabeceiras
dos arroios Fiúza, Garcia e Pesqueiro, na porção sudoeste da bacia.
As principais áreas de recarga de água subterrânea na bacia abrangem os setores de afloramentos dos
aqüíferos porosos e as zonas afetadas por falhamentos. A maior facilidade à infiltração implica também na
maior vulnerabilidade à contaminação do aqüífero.
A bacia do rio Gravataí é alimentada tanto pela rede de drenagem superficial, que funciona como zona de
passagem das águas das chuvas, fontes e do aqüífero freático, como pelo solo permeável que libera
lentamente a água por ele absorvida. Sua principal área de recarga compreende a encosta situada na porção
norte-nordeste da bacia, que libera as águas através da rede de drenagem das microbacias dos arroios Grande,
Miraguaia, Venturosa e Veadinho. Os depósitos coluvionares, com textura arenosa, presentes na porção leste,
abrangendo as microbacias dos arroios Venturosa e Veadinho, constituem importantes fontes de recarga do
aqüífero subjacente (arenito Botucatu) e do próprio Banhado Grande.
As áreas potencialmente difusoras de poluição compreendem quatro altos topográficos situados no interior da
bacia do rio Gravataí, nas suas porções sul, central e norte, onde nascem cursos d´água que drenam para
diferentes microbacias. Estas áreas constituem possíveis focos dispersores de poluentes.
Foram cartografadas 73 extrações minerais, entre paralisadas, com área superior a 1 ha, e em atividade,
independente de suas dimensões por ser difícil a previsão do seu desenvolvimento. As substâncias minerais
explotadas compreendem água mineral, argila para cerâmica vermelha, basalto e granito para brita e saibro,
granito como rocha ornamental, arenito e granito para pedra de talhe, e colúvio como material de
empréstimo.
As áreas de inundação, alagamento e banhados foram extraídas do Mapa de Delimitação das Áreas de
Inundação, Alagamento e Banhados da Região Metropolitana de Porto Alegre (Risso & Giugno, 1996). Os
autores consideram como áreas inundáveis “as regiões em que a lâmina d´água formada sobre a superfície do
terreno é resultante do extravasamento do leito dos canais naturais de drenagem superficial” e por áreas
alagáveis “aquelas temporariamente encharcadas independentemente de estarem localizadas nas faixas de
inundação dos cursos d´água”. As áreas inundáveis na bacia do rio Gravataí estão localizadas ao longo de
praticamente todo o curso deste rio e ao longo de alguns de seus tributários. As áreas alagáveis ocupam uma
grande extensão da bacia, especialmente nas suas porções leste e sul. Também ocorre localmente junto ao
curso inferior do rio Gravataí. Os banhados estão situados na porção centro-leste da bacia, onde recebe o
nome de Banhado Grande, e na porção sul, onde denomina-se Banhado dos Pachecos.
A avaliação da potencialidade hídrica subterrânea da bacia indicou que os sedimentos arenosos da Coxilha
das Lombas constituem o melhor aqüífero da bacia, sendo conhecidos poços perfurados com ótimas vazões e
qualidade da água. Os demais aqüíferos, listados em ordem decrescente de importância, compreendem os
arenitos finos do Grupo Rosário do Sul; a área de encosta, formada principalmente por arenitos da Formação
Botucatu e pequenos platôs basálticos, e os níveis arenosos da Formação Rio Bonito. Os alinhamentos
estruturais EW, NE e NW, que cortam a bacia, são importantes aqüíferos fissurais.
Por fim, ressalta-se que a identificação dessas fragilidades e potencialidades do meio físico da bacia do rio
Gravataí, possível graças a aplicação dessa metodologia que avalia de uma forma integrada diversos aspectos
do seu meio físico, é fundamental para a definição do conjunto de ações que irá compor o Plano de Bacia.
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DOMÍNIOS
DOMÍNIOS
MORFOESTRUTURAIS GEOAMBIENTAIS
1 - PLANÍCIE
ALUVIONAR
2 - PLANÍCIE
LAGUNAR
DEPÓSITOS
SEDIMENTARES
3 - COBERTURA
COLUVIONAR
4 - COXILHA DAS
LOMBAS
5 - BORDAS DO
PLANALTO
SUBDOMÍNIOS
GEOAMBIENTAIS /
ZONAS HOMÓLOGAS
a - ALUVIÕES
DA PLANÍCIE
b - ALUVIÕES DAS TERRAS
ALTAS
c - TERRAÇOS
FLUVIAIS
a - DEPÓSITOS
LAGUNARES
b - TURFAS
a - COLÚVIOS DA
BARREIRA ARENOSA
b1 - COLÚVIOS DO EMBASAMENTO CRISTALINO
b2 - COLÚVIOS DAS CABECEIRAS DE DRENAGEM
c1 - COLÚVIOS DAS
BORDAS DO PLANALTO
c2-COLÚVIOS DA BORDA
ORIENTAL DO PLANALTO
a - BARREIRA ARENOSA
b - ZONAS COM FRAQUEZAS
ESTRUTURAIS
c - ZONAS COM RETRABALHAMENTO EÓLICO
a - PLATÔS
b - ENCOSTAS
BACIAS E
COBERTURAS
SEDIMENTARES
a - BOTUCATU
6 - DEPRESSÃO
CENTRAL
b - ROSÁRIO DO SUL
c - ESTRADA NOVA
SIMBOLOGIA
1a
NNNB
1b
BNNB
1c
NNNN
2a
BNNB
2b
NNNB
3a
MBNA
3b1
MBNM
3b2
MANA
3c1
MBBA
3C2
BBNB
4a
MABM
4b
MAAM
4c
BBBM
5a
BNBB
5b
ABMM
6a
MBBM
6b
MABA
6c
MAAM
6d
MBAA
7a1
MBMA
d - RIO BONITO
a1 - SIENOGRANITO TIPO
MORRINHOS / ARROIO
FIÚZA
EMBASAMENTO
7 - ESCUDO SULa2 - SIENOGRANITO TIPO
7a2
CRISTALINO
RIO-GRANDENSE
ABBM
MORRINHOS/MORRO
SANTANA
b - GRANITÓIDES
7b
PORFIRÍTICOS
MBMM
Quadro 1: Distribuição dos Subdomínios/Geoambientais/Zonas Homólogas a partir dos Domínios
Geoambientais e Morfoestruturais.
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Domínio
Ocupação
Equipamentos
Disposição
Agropecuária
Obras Viárias
Geoambiental
Urbana
Enterrados
de Rejeitos
1 - Planície
MODERADA
ALTA
ALTA
ALTA
ALTA
Aluvionar
2 - Planície
MODERADA /
ALTA
BAIXA
ALTA
ALTA
ALTA
Lagunar
3 - Cobertura
MODERADA
BAIXA
MODERADA
BAIXA
MODERADA
Coluvionar
4 - Coxilha das
ALTA /
MODERADA
MODERADA MODERADA
ALTA
MODERADA
Lombas
5 - Bordas do
MODERADA
MODERADA
ALTA
ALTA
ALTA
/ ALTA
Planalto
6 - Depressão
BAIXA
BAIXA
MODERADA
BAIXA
MODERADA
Central
7- Escudo SulMODERADA
MODERADA
MODERADA
ALTA
MODERADA
Rio-grandense
Quadro 2: Fragilidades apresentadas pelos Domínios Geoambientais frente a usos diversos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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