unidade - Aids.gov.br

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II
UNIDADE
INFECÇÃO PELO VÍRUS DA
IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV):
ASPECTOS GERAIS
COMPETÊNCIA
Capacidade para articular conhecimentos clínicos e laboratoriais da infecção pelo HIV e da aids,
necessários à formulação, execução, monitoramento e avaliação de ações de vigilância
epidemiológica, de prevenção e de controle.
HABILIDADES
•
Capacidade de produzir um conhecimento articulado por meio de saberes e práticas
biológicas, imunológicas, clínicas e laboratoriais, para subsidiar as ações de vigilância
epidemiológica, de prevenção e de controle da infecção pelo HIV e da aids.
•
Capacidade para diferenciar infecção pelo HIV e aids, bem como suas diferentes implicações,
tomando como referência a história natural da infecção na presença ou não de terapia antiretroviral.
•
Identificar os princípios básicos da terapia anti-retroviral e do desenvolvimento de resistência
do HIV aos anti-retrovirais.
•
Estabelecer correlação entre as características do agente etiológico e suas diferentes formas de
transmissão.
•
Identificar os modos de transmissão e as medidas de prevenção da infecção pelo HIV.
•
Identificar as estratégias de imunização em indivíduos infectados pelo HIV.
CONHECIMENTOS
•
Infecção pelo HIV - aspectos gerais e laboratoriais.
•
História natural da infecção pelo HIV nas eras pré e pós-terapia anti-retroviral de alta eficácia
(HAART).
•
Modalidades de transmissão do HIV.
•
Prevenção da transmissão do HIV.
•
Tratamento da infecção pelo HIV e da aids - princípios básicos.
•
Resistência do HIV aos anti-retrovirais - princípios e métodos.
•
Imunização para indivíduos infectados pelo HIV ou com aids.
2
INTRODUÇÃO AO TREINAMENTO
Os exercícios desenvolvidos neste curso serão realizados no Município fictício de Lua Azul na
Secretaria Municipal de Saúde, no Ambulatório Municipal, na Unidade Básica de Saúde e no
Laboratório. Os personagens são os seguintes:
Marcelo Torres Jornalista do Diário da Tarde
Elisa
Enfermeira do Programa Municipal de DST e Aids de Lua Azul
Ricardo
Coordenador Municipal de DST e Aids de Lua Azul
Maria José
Gestante em consulta de pré-natal – Unidade Básica de Saúde de Lua Azul
Dra. Camila
Médica do pré-natal – Unidade Básica de Saúde de Lua Azul
Clarice
Estagiária de medicina
Jonas
Chefe do Laboratório Municipal de Lua Azul
Álvaro
Residente de clínica médica do ambulatório de Lua Azul
Rosalvo
Técnico responsável pelos Sistemas de Informação da Secretaria de Saúde
Francisco
Coordenador do estudo de prevalência do HIV em parturientes no Município
de Lua Azul
Emília
Coordenadora do Núcleo de Epidemiologia do município de Lua Azul
3
Aproxima-se o dia 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a Aids. No município de Lua Azul está
ocorrendo uma grande mobilização dos profissionais da área da saúde e da imprensa, bem como da comunidade em
geral. Uma grande campanha será lançada. Marcelo Torres, jornalista do Diário da Tarde, procura a equipe da
secretaria municipal de saúde para obter algumas informações. Ele fará uma reportagem sobre as formas de
prevenção da aids.
Enquanto aguarda o coordenador do Programa Municipal de DST/Aids, o jornalista procura tirar algumas
dúvidas com uma técnica do programa, a enfermeira Elisa.
– Uma coisa eu não entendo, um amigo meu tem resultado positivo para o HIV e garante não estar com aids.
Como isto é possível?
Questão 1
Essa é uma dúvida muito comum, até entre pessoas do setor saúde. Você poderia explicar a
diferença entre uma pessoa infectada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH/HIV) e
outra com aids?
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Um indivíduo, mesmo apresentando resultado positivo para a infecção pelo HIV pode não estar
com a aids. A aids representa o estágio mais avançado da infecção pelo HIV, quando o sistema
imunológico já se encontra bastante comprometido. Nessa fase podem surgir doenças
oportunistas1 incluindo neoplasias.
O indivíduo após se infectar com o HIV, passa por diferentes estágios clínicos da infecção até
chegar ao estágio de aids. Pode apresentar sintomas leves durante um curto período, pode
permanecer por um longo período assintomático ou apresentar sinais, sintomas ou doenças ainda
não indicativos de aids. Dizemos, então, que o indivíduo é infectado pelo HIV, soropositivo para
o HIV, HIV positivo ou portador do HIV.
O jornalista Marcelo Torres, cada vez mais interessado, pergunta:
– E durante o período em que ele não estiver com a aids, o HIV pode ser transmitido para outra pessoa?
Questão 2
Discuta a dúvida de Marcelo Torres.
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Doenças oportunistas são aquelas que se desenvolvem em decorrência de uma deficiência imunológica do
indivíduo infectado pelo HIV. São geralmente de origem infecciosa, porém várias neoplasias também podem ser
consideradas oportunistas.
1
4
É importante entender que, em qualquer estágio da infecção, o vírus encontra-se presente e em
processo de multiplicação em determinadas células do ser humano, sendo possível a sua
transmissão caso não sejam adotadas medidas adequadas de prevenção. Já no estágio
assintomático, considerado como período de latência clínica, o HIV continua ativo e se
replicando nos linfonodos.
Para melhor compreender esta e outras questões referentes à infecção pelo HIV, é preciso que o
profissional de saúde conheça, antes de qualquer coisa, as características do HIV (agente
etiológico) e o seu ciclo vital na célula humana.
Agente Etiológico
Em 2003, o HIV completou 20 anos desde a sua descoberta oficial. Vários estudos
epidemiológicos e experimentais comprovam que o HIV é o causador da aids, um vírus
pertencente à subfamília dos lentivírus dos retrovírus humanos. À microscopia eletrônica
apresenta-se com um formato aproximadamente esférico, com um core (nucleocapsídeo)
cilíndrico, formado por uma capa de proteínas (p24 e p17)2, envolvendo o material genético: uma
fita dupla de ácido ribonucleico (ARN/RNA) que compõe o genoma viral3; e as enzimas
associadas ao RNA, entre elas a transcriptase reversa, a integrase e a protease. Possui ainda um
envelope lipoglicoproteico que envolve o nucleocapsídeo (ver Figura 1).
Figura 1 - Representação Esquemática do HIV
Ligação do HIV à Célula
Humana através de
Receptores Específicos
Observação: os números das proteínas (p) indicam os seus pesos moleculares.
Genoma: Informação genética total contida em uma célula ou organismo, representando o conjunto de
informações genéticas, codificado pelo ácido nucléico.
2
3
5
O HIV sofreu algumas modificações genéticas, constituindo diferentes tipos de vírus. Em todo o
mundo, foram isolados dois tipos de HIV: o HIV-1, isolado em 1983, que se encontra atualmente
disseminado em todos os continentes do planeta; e o HIV-2, isolado em 1985, mais restrito ao
continente africano. No Brasil, predomina o HIV-1, sendo pouco freqüentes os registros de
infecção pelo HIV-2. O HIV-1 tem se mostrado mais virulento4 e com período médio de
incubação5 menos prolongado do que o HIV-2. Apresentam semelhança genética de
aproximadamente 40 a 45%, o que justifica a possível reação cruzada nos testes sorológicos.
O HIV-1 pode ser dividido em três grupos (variantes genômicas): M (major), O (outlier) e N (new),
este último de pouca importância epidemiológica. O grupo M é o mais abundante no mundo e
evoluiu geneticamente para formar subtipos que vão de A a J. Geneticamente distintos, esses
subtipos são erraticamente distribuídos ao redor do mundo. No Brasil, predomina o subtipo B
(80% das infecções), seguido dos subtipos F e C (com maior freqüência na região Sul do Brasil).
O subtipo B do HIV-1 é responsável pela quase totalidade das infecções nos Estados Unidos da
América e na Europa. Em relação ao HIV-2, foram identificados 5 subtipos (A a E).
Além da variabilidade genômica acima, têm sido descritas ainda alterações genômicas entre
isolados de um mesmo indivíduo ao longo do tempo. Essa capacidade do HIV sofrer mutações
em um mesmo indivíduo explica, dentre outros fatores, a possibilidade de ocorrência durante o
tratamento, de resistência aos medicamentos anti-retrovirais.
Ciclo Vital do HIV na Célula Humana
O HIV necessita infectar células humanas para poder se multiplicar. Para que ocorra a infecção
destas células, após a exposição ao HIV, as glicoproteínas do envelope viral (gp120)6 interagem
com os receptores (moléculas CD4)7 encontrados nas membranas das células hospedeiras (ver
Figura 1). Desta forma, as células mais susceptíveis à invasão pelo HIV são aquelas que
apresentam, na superfície de sua membrana celular, moléculas CD4. Os linfócitos T auxiliares (Thelper), por apresentarem elevadas concentrações dessas moléculas, constituem as principais
células-alvo do HIV. Além dos linfócitos T outras células podem ser infectadas, como as da
linhagem monocítico-macrofágica, incluindo a micróglia do sistema nervoso central, as células
dendríticas foliculares dos linfonodos e as células de Langerhans da pele. Além da interação com
essas moléculas para mediar a invasão celular pelo HIV, em 1996 identificou-se a importância de
co-receptores de quimiocinas, presentes também na superfície de células humanas hospedeiras.
Existem dados que sugerem que indivíduos podem ser mais ou menos susceptíveis à infecção
pelo HIV, a depender da forma de expressão destes co-receptores em suas membranas celulares.
A seguir, encontram-se descritas as etapas do ciclo vital do HIV na célula humana, desde a sua
ligação à célula alvo até a liberação dos vírus recém-formados para o meio circundante da célula
hospedeira, podendo haver desestruturação da membrana celular e, até mesmo, destruição da
célula humana com o brotamento de partículas virais de forma intensa.
4 Virulência: capacidade de um bioagente produzir casos graves ou fatais.
5 Período de incubação da infecção pelo HIV: é o período que varia do momento de infecção com o HIV, até o
início dos sintomas da doença.
6 Observação: os números das glicoproteínas (gp) indicam os seus pesos moleculares.
7 CD: Cluster of Differentiation.
6
1. Ligação de glicoproteínas virais (gp 120) ao receptor específico da superfície da célula humana
(moléculas CD4) com a participação de receptores secundários (co-receptores) presentes na
célula.
2. Fusão do envelope do vírus com a membrana da célula humana hospedeira, induzida pela
gp41, uma glicoproteína trans-membrana.
3. Liberação do nucleocapsídeo do vírus, contendo o genoma viral, para o citoplasma da célula
humana hospedeira.
7
4. Transformação do RNA viral em DNA complementar (processo também chamado de
transcrição reversa uma vez que o fluxo normal da transformação genética seria de DNA para
RNA), dependente da enzima transcriptase reversa.
5. Transporte do DNA viral complementar para o núcleo da célula humana, onde pode haver
integração no genoma celular formando o pró-vírus, processo dependente da enzima
integrase, ou pode permanecer em forma circular isoladamente no citoplasma da célula
humana.
6. O pró-vírus é ativado havendo o processo normal de transformação do DNA viral para RNA
mensageiro viral (RNAm). Desta forma, as enzimas da célula humana passam a trabalhar no
processo de multiplicação do HIV.
8
7. O RNA mensageiro vai então para o citoplasma da célula, sendo transformado em grandes
cadeias de polipeptídios virais, precursores das proteínas do HIV que está se formando.
8. Os polipeptídios virais produzidos são quebrados em subunidades por meio das enzimas
proteases.
9. As subunidades protéicas regulam a síntese de novos genomas virais e formam a estrutura
externa das partículas virais que serão liberadas da célula hospedeira através de um processo
de gemulação.
9
10.O vírion8 recém-formado é totalmente liberado para o meio circundante da célula hospedeira,
podendo permanecer no fluído extracelular ou infectar novas células humanas.
Mesmo indivíduos assintomáticos e imunocompetentes produzem grande quantidade de vírus
(superior a 1010 partículas virais por dia) que têm uma meia-vida no plasma extremamente curta
(< 6 horas). Por sua vez, os linfócitos T CD4+ periféricos infectados pelo HIV, responsáveis pela
produção de até 99% dos vírus detectáveis no plasma, têm uma meia-vida de aproximadamente
dois dias. Desta forma, tem-se um processo extremamente dinâmico, com bilhões de vírus e um
determinado número de células sendo produzidos e destruídos diariamente. Assim, a
apresentação didática do ciclo do HIV na célula colocada acima não traduz o processo dinâmico
de replicação do HIV.
Para o tratamento da infecção pelo HIV, encontram-se disponíveis atualmente medicamentos,
chamados de anti-retrovirais, que atuam em três das etapas descritas: na etapa 2, inibindo a fusão;
na etapa 4, bloqueando a ação da transcriptase reversa e na etapa 8, inibindo a ação da enzima
protease. Vários estudos estão sendo desenvolvidos para a introdução de novos medicamentos
que poderão agir em outras etapas do ciclo vital do HIV, impedindo a sua replicação e/ou
liberação.
Neste momento, o jornalista interrompe e pergunta se esses medicamentos são os famosos “coquetéis”...
Questão 3
Como você explicaria esta questão do “coquetel” ao jornalista?
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Terapia Combinada
É o tratamento anti-retroviral com associação de dois ou mais medicamentos da mesma classe
farmacológica (exemplo: dois análogos nucleosídeos) ou de classes diferentes (exemplo: dois
análogos nucleosídeos e um inibidor de protease). A associação desses medicamentos é
popularmente chamada de “coquetel” e se difundiu a partir de 1996, com a introdução dos
inibidores da protease.
Existem até o momento três classes de drogas liberadas para o tratamento anti-HIV (inibidores
da transcriptase reversa análogos, não-análogos de nucleosídeos e análogos nucleotídeos; os
8 Vírion:
estrutura viral completa.
10
inibidores da protease e os inibidores de fusão), enquanto outras estão em diferentes estágios de
desenvolvimento (ver Anexo V).
O uso da terapia com a associação de medicamentos (terapia combinada) resultou no aumento da
atividade anti-retroviral (elevação da contagem de linfócitos T CD4+ e redução nos títulos
plasmáticos de RNA do HIV - carga viral). Outros estudos evidenciaram também a redução na
emergência de cepas resistentes quando da utilização da terapêutica combinada. Esses fatos
associados possibilitaram impacto na redução da gravidade e das mortes associadas à aids nas
populações com acesso ao tratamento em virtude da reversão da imunodeficiência, que pode
ocorrer mesmo naqueles pacientes com início do tratamento em fases mais avançadas da
infecção. Como conseqüência, a imagem da aids passou a ser a de uma doença crônica, com
maior preocupação quanto às questões da qualidade de vida frente à doença e ao seu manejo.
Apesar dos enormes avanços, as limitações dos medicamentos atualmente disponíveis são
evidenciadas pela incapacidade de se erradicar a infecção e pela freqüência com que falhas
virológicas ocorrem na prática clínica diária.
Marcelo ainda fica curioso quanto às possibilidades de combinação de medicamentos, e pergunta como os médicos
podem saber com certeza quais são as combinações possíveis e quando utilizá-las.
Questão 4
Como você explicaria a Marcelo estes detalhes quanto ao tratamento?
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A terapia anti-HIV é uma área complexa, sujeita a constantes mudanças frente aos inúmeros
avanços nas estratégias terapêuticas. Desta forma, as recomendações para o tratamento antiretroviral são revisadas periodicamente com o objetivo de incorporar novos conhecimentos e
tecnologias. Pelo exposto, torna-se difícil atualizar-se com a rapidez que o tema exige a fim de
promover o manejo adequado dos indivíduos infectados pelo HIV ou com aids. Definir o
momento de início da terapia anti-retroviral e qual a melhor combinação de medicamentos a ser
instituída deve ser atribuição de infectologistas ou clínicos treinados e com experiência no manejo
desses pacientes, e a terapia será sempre orientada pelas recomendações contidas no “Consenso
Nacional para o Uso de Anti-retrovirais”9.
É importante ressaltar que desde o primeiro Consenso Nacional para o Uso de Anti-Retrovirais
em Adultos em 1996, houve seis revisões até o consenso de 2004 e que os critérios para indicação
do início da terapia anti-retroviral são os mesmos estabelecidos para a definição de caso de aids
(para fins de vigilância epidemiológica, discutidos na Unidade III). Atualmente, tanto os critérios
para finalidade terapêutica quanto para definição de caso de aids baseiam-se em dados clínicos e
laboratoriais específicos.
9 Esse consenso é produto da reunião periódica de um comitê de peritos coordenada pelo Ministério da Saúde,
visando a incorporação de novos medicamentos e modificações nos esquemas de tratamento. Todos os
medicamentos definidos pelo comitê são fornecidos pelo Ministério da Saúde.
11
Adaptação do Boletim Terapêutico de HIV/Aids, DST e Hepatites Virais da Sociedade Brasileira de Infectologia maio de 2003.
Além da discussão técnica sobre a terapia anti-retroviral, a abordagem integral e efetiva do
paciente infectado pelo HIV ou com aids necessariamente deve incorporar a atuação de outros
profissionais que o acompanham. Esses profissionais devem contribuir para que seja:
estabelecido o diagnóstico inicial do paciente, encaminhando-o, quando necessário, a um
serviço de referência em aids;
estimulado o comparecimento periódico do paciente ao serviço de saúde;
realizada a profilaxia das infecções oportunistas, quando necessário;
buscada a satisfatória adesão ao tratamento anti-retroviral;
estruturada a abordagem integral do paciente, com vistas a manter uma boa qualidade de vida;
estimulada a adoção de práticas preventivas por parte do paciente, evitando sua re-infecção
com o HIV e a transmissão do vírus para outras pessoas.
Frente aos esclarecimentos recebidos, e ainda dispondo de tempo, o jornalista questiona:
– E por que o próprio organismo não combate a infecção, como em outras viroses, evitando a evolução para aids?
Questão 5
Como você prestaria este esclarecimento? Considere a resposta do sistema imunológico à
infecção pelo HIV.
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Para responder esta questão é essencial lembrar a especificidade do tipo de célula infectada pelo
HIV. As principais células alvo do HIV são justamente aquelas que constituem o sistema imune,
responsável pelo reconhecimento de estruturas estranhas ao organismo. Como foi discutido
anteriormente, à medida que a infecção avança, as células infectadas vão sendo progressivamente
destruídas e, conseqüentemente, ocorre progressiva e lenta desestruturação do sistema
imunológico, diminuindo sua capacidade de resposta.
Logo após haver a interação vírus-hospedeiro, na fase mais precoce da infecção, o sistema
imunológico apresenta capacidade de resposta imune satisfatória, tanto por meio de resposta
humoral (anticorpos anti-HIV) como celular (resposta das células T citotóxicas). No entanto, não
impede e nem controla a replicação do vírus nos tecidos linfóides. À medida que a infecção
evolui, esta capacidade de resposta diminui, em parte, pela característica própria do HIV de sofrer
mutação durante seu processo acelerado de replicação viral. A presença de vírus com
componentes antigênicos diferentes, resultado do processo de mutação, faz com que a resposta
imune torne-se ineficaz. Deste modo, a grave imunodeficiência instalada, com diminuição
acentuada de linfócitos T CD4+ devido ao expressivo aumento da carga viral do HIV, permite a
ocorrência de infecções oportunistas e/ou neoplasias, características da aids.
Ainda preocupado com a situação do amigo infectado pelo HIV, o jornalista pergunta:
– Por quanto tempo uma pessoa pode conviver com a infecção pelo HIV sem apresentar a doença aids?
Questão 6
Tente responder esta dúvida, considerando a evolução clínica e laboratorial da infecção pelo
HIV.
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Gráfico 1: História Natural da Infecção pelo HIV na Ausência de Terapia Anti-Retroviral.
Morte
Infecção Primária
Fase Aguda
Fase Assintomática
Doenças
Oportunistas
Sintomas
Constitucionais
Adaptado de Fauci et al, Ann Intern Med 124: 654-663, 1996
Na ausência de quaisquer medicamentos anti-retrovirais ou na presença de esquemas antiretrovirais não efetivos (monoterapia ou terapia combinada com cepas resistentes aos antiretrovirais utilizados), o tempo médio de progressão da fase aguda até a fase sintomática com aids
é de aproximadamente 10 a 11 anos, em países desenvolvidos.
Como foi explicado anteriormente, a infecção pelo HIV é um processo de longa duração que
passa por diferentes estágios. Entretanto, a evolução na história natural da infecção pelo HIV dos
estágios iniciais assintomáticos até fases avançadas (aids), caracteriza-se por uma contínua e
progressiva deficiência imunológica e pode variar entre os indivíduos. A duração e a gravidade de
cada estágio dependem de vários fatores relacionados tanto com o vírus quanto com o
hospedeiro. Dentre estes, destacam-se:
a carga viral plasmática do HIV;
o fenótipo biológico do HIV predominante nas amostras obtidas de indivíduos infectados;
a existência ou não de variantes genômicas virais resistentes aos medicarnentos,
o subtipo genômico do HIV;
a forma como ocorreu a transmissão do HIV;
a presença de outras DST;
a presença de tuberculose;
a existência ou não de infecção por outros patógenos, além dos já citados;
a competência do sistema imunológico do indivíduo exposto;
a resposta primária do hospedeiro na fase de infecção aguda;
fatores psicológicos e sociais, assim como adoção de medidas de prevenção de re-infecções
com o HIV.
14
Atualmente, com o diagnóstico precoce da infecção pelo HIV e os avanços nos esquemas
terapêuticos (medicamentos anti-retrovirais e quimioprofilaxia das infecções oportunistas), tem-se
conseguido melhorar a qualidade de vida em todos os estágios da infecção e ampliar a sobrevida
das pessoas portadoras do HIV.
No sentido de melhor compreender o processo evolutivo da infecção pelo HIV, encontram-se
descritas, a seguir, as principais características clínicas, laboratoriais e de duração dos estágios da
infecção. Para fins didáticos, a infecção pelo HIV pode ser dividida em três fases: a fase aguda, a
fase assintomática e a fase sintomática, precoce ou tardia.
15
Estágios
Características
Outras
denominações
Duração
Manifestações
clínicas
FASE AGUDA
- Síndrome da infecção retroviral aguda
- Síndrome de soroconversão
PRECOCE
- Infecção sintomática precoce
- Período de latência clínica
- Infecção primária ou aguda
- 50,0 a 90,0% dos indivíduos infectados pelo HIV
apresentam manifestações clínicas em número e
intensidade variáveis durante o pico da viremia e da
atividade imunológica
- Na grande maioria dos casos,
inexistem manifestações
- Essas manifestações podem variar desde um quadro
gripal até uma síndrome que se assemelha à síndrome
de mononucleose. Podem ainda apresentar candidose
oral transitória, neuropatia periférica,
meningoencefalite asséptica e síndrome semelhante à
de Guillain-Barré.
- Pode ocorrer linfadenopatia
generalizada persistente e indolor, em
mais de duas cadeias extra-inguinais,
> 1cm, com evolução superior a 3
meses, sem outros sinais ou sintomas
associados
- No início, a infecção aguda é acompanhada por
intensa multiplicação viral (carga viral alta) com rápida - Os exames sorológicos para o HIV
e transitória queda na contagem de linfócitos T CD4+ são necessariamente reagentes
- Em paralelo à regressão do quadro clínico, há grande - O vírus continua sua replicação nos
tecidos linfóides, que funcionam
redução da carga viral no plasma com elevação e
como seu reservatório
+
estabilização do número de linfócitos T CD4
- A contagem de linfócitos T CD4+
- O exame sorológico para o HIV pode ainda dar
pode se manter estável ou, com a
resultado não-reagente em alguns casos (janela
evolução da infecção, reduzir
imunológica)
gradualmente, com aumento da carga
- Após 6 a 12 semanas, mais de 95,0% dos indivíduos viral plasmática do HIV
infectados pelo HIV terão sorologia reativa
TARDIA (AIDS)
- Infecção avançada pelo HIV
- Complexo Relacionado à aids (ARC) - - Infecção sintomática tardia
termo pouco utilizado atualmente
- AIDS/SIDA
- Sem o uso de anti-retrovirais ou com
esquemas não efetivos, a sobrevida .é mais
curta e depende ainda de variáveis como nível
de linfócitos T CD4+, carga viral e exposição
a organismos patogênicos. Com a terapia
anti-retroviral efetiva a sobrevida é maior
- O tempo entre a exposição ao HIV e o início dos
sinais e sintomas varia de 5 dias a 3 meses (média de 2 - Pode durar de alguns meses a alguns
anos (10 a 15 anos) sem a utilização
a 4 semanas)
- Variável
de terapia anti-retroviral ou com
- O quadro clínico é autolimitado, regredindo
esquemas não efetivos
espontaneamente, em média, 1 a 4 semanas após
- Existe correlação entre gravidade do quadro da
infecção aguda e velocidade de progressão para aids
Aspectos
laboratoriais
(sorologia antiHIV, carga viral
plasmática do
HIV e contagem
de linfócitos T
CD4+)
FASE SINTOMÁTICA
FASE ASSINTOMÁTICA
- Presença de sinais e sintomas
inespecíficos e de intensidade variável,
além de processos oportunistas de
menor gravidade, associados à infecção
pelo HIV mas que por definição não
são definidores de aids (chamados de
ARC - Complexo Relacionado à aids)
- Incluem: perda de peso progressiva,
astenia, febre intermitente, mialgias,
sudorese noturna, diarréia, candidose
oral, leucoplasia pilosa, dentre outros.
- Com a evolução da infecção, ocorre
uma queda mais acentuada dos
linfócitos T CD4+ e elevação mais
evidente da carga viral plasmática do
HIV.
- Instalação de doenças oportunistas e
neoplasias associadas à aids
- As doenças oportunistas podem ser
causadas por vírus, bactérias, fungos e
protozoários; algumas são bastante graves
podendo levar o paciente ao óbito antes que
se tenha tempo de iniciar o tratamento antiretroviral
- Atualmente, para fins de vigilância
epidemiológica, um dos critérios de
definição de caso de aids, inclui a contagem
de linfócitos T CD4+ ≤ 350 células/mm3
- À medida que a infecção se agrava, a carga
viral se eleva e a contagem de linfócitos T
- Neste estágio a contagem dos
CD4+ diminui de forma significativa,
+
linfócitos T CD4 já se encontra abaixo
podendo,
no estágio mais avançado, chegar a
de 500 células/mm3.
valores abaixo de 50 células/mm3.
16
16
Neste momento, o jornalista foi comunicado que Ricardo, o coordenador do Programa, ainda demoraria um pouco
mais para recebê-lo devido à ocorrência de uma urgência no serviço. Dispondo ainda de tempo, Marcelo Torres
aproveitou a oportunidade para discutir com as pessoas da secretaria algumas perguntas que habitualmente
costumava escutar.
1.
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16.
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18.
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20.
É possível se infectar com o HIV pelo aperto de mão ou abraço? E se a pessoa estiver suada?
E na piscina ou no vaso sanitário, dá para se infectar com o HIV?
Beijo na boca pode transmitir o HIV? E outros contatos com a saliva?
Existe algum risco de se infectar com o HIV nos salões de beleza, através do alicate da manicure ou da
lâmina de barbear?
Picada de mosquito transmite o HIV? E o piolho transmite? E o barbeiro (transmissor do Trypanosoma
cruzi da doença de Chagas)?
O leite materno de lactante infectada pelo HIV protege o recém-nascido da infecção?
Mesmo que o casal envolvido numa relação sexual não faça parte de algum dos “grupos de risco”, eles
precisam se preocupar com o sexo seguro?
Um “aidético” vasectomizado pode transmitir a infecção?
A mulher histerectomizada não se infecta mais com o HIV através da relação vaginal?
É possível se infectar com o HIV através da prática do sexo oral?
O período de menstruação aumenta o risco de transmissão ou de infecção pelo HIV?
A relação sexual anal apresenta maior risco de infecção do que as demais práticas sexuais?
O doador de sangue corre o risco de se infectar durante a doação?
Qual o risco de infecção pelo HIV nos “drogados”?
É possível se infectar através dos instrumentos utilizados nos procedimentos odontológicos?
A presença de doenças sexualmente transmissíveis aumenta o risco da infecção?
Quem faz sexo com animais (prática da zoofilia) corre o risco de se infectar com o HIV?
Uma mulher infectada pelo HIV que faz sexo com outra mulher, esta não infectada, pode transmitir o
HIV?
O anticoncepcional protege a mulher da infecção pelo HIV?
É possível ocorrer a transmissão do HIV durante uma autópsia?
Questão 7
Discuta as perguntas acima.
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Existe ainda muito preconceito e discriminação em relação aos portadores do HIV, levando
muitas vezes à sua marginalização na sociedade. Esse comportamento deve-se, principalmente, à
falta de informação quanto às formas de transmissão do HIV e de sua prevenção. Hoje, com o
avanço dos estudos laboratoriais e epidemiológicos, já é possível conhecer melhor as formas de
transmissão do vírus e, conseqüentemente, adotar medidas de redução de riscos, contribuindo
para o controle da epidemia na população, favorecendo a plena convivência dos indivíduos
infectados na sociedade.
Para que ocorra a transmissão do HIV, três condições fundamentais devem necessariamente coexistir:
1- O HIV deve estar presente. O ser humano representa o único reservatório do vírus. Desta
forma, a infecção apenas ocorre caso uma das pessoas envolvidas esteja infectada pelo HIV. É
importante lembrar que qualquer indivíduo infectado pelo HIV é fonte potencial do vírus ao
longo de toda a sua vida.
2- O HIV deve estar presente em quantidade suficiente para que ocorra a sua
transmissão. A diferença de concentração do HIV nos fluidos orgânicos determina a
possibilidade de ocorrência da infecção. No sangue, por exemplo, a concentração do HIV é
muito alta. Uma pequena quantidade de sangue, com grande concentração de vírus, é suficiente
para infectar uma pessoa. Por outro lado, uma quantidade muito maior de outros líquidos é
necessária para haver a transmissão deste vírus em comparação com a situação anterior, a partir
de um mesmo indivíduo infectado.
3- O HIV deve estar presente em quantidade suficiente para que ocorra a sua
transmissão e deve entrar na circulação sangüínea. Não é suficiente ter tido contato com
fluidos orgânicos para se tornar infectado pelo HIV. A pele íntegra, saudável, não permite que o
HIV entre no corpo, representando uma excelente barreira para a infecção. O HIV apenas pode
entrar através da pele quando existem portas de entrada (por exemplo, lesões ou feridas). Além
disto, pode entrar através de um contato direto ou por meio de soluções de continuidade nas
membranas mucosas do ânus e reto, das genitálias, da boca e dos olhos.
Tomando como referência as duas primeiras condições, o HIV é reconhecidamente transmitido
de uma pessoa infectada para outra pelo sangue (incluindo sangue menstrual), sêmen, secreções
vaginais e leite materno. O sangue representa o fluido orgânico que contém a concentração mais
alta do vírus, seguida por sêmen e secreções vaginais. O leite materno também pode conter uma
alta concentração do vírus mas, nessa situação, a transmissibilidade depende de quem e como se
entra em contato com o leite contendo HIV.
Considerando-se a terceira condição para que a transmissão ocorra (entrar na circulação
sangüínea), há três modos principais em que este fato pode acontecer:
Contato sexual desprotegido
Contato direto com sangue, que inclui compartilhamento de agulhas para injeção de
drogas; transfusões de sangue e/ou hemoderivados; acidentes com materiais biológicos
(ocupacionais ou não) que gerem contato direto destes com mucosas, com pele não
íntegra e com tecidos profundos do corpo, permitindo o acesso à corrente sangüínea
Da mãe para o filho - transmissão vertical (durante a gestação ou parto, ou do leite
materno)
18
Contato Sexual
A principal forma de exposição em todo o mundo é a sexual, sendo que a transmissão
heterossexual, nas relações sem o uso de preservativo, é considerada, pela Organização Mundial
de Saúde (OMS), como a mais freqüente de forma global. A transmissão do HIV da mulher para
o homem parece ser menos eficiente, mas certamente ocorre, devendo necessariamente ser
considerada pela sua importância epidemiológica. Embora ainda menos provável, existem relatos
descrevendo a transmissão do HIV entre mulheres que fazem sexo exclusivamente com
mulheres, sendo um deles com comprovação científica10.
Os fatores que aumentam o risco de transmissão do HIV através de uma relação sexual são: alta
viremia (carga viral do HIV no plasma); imunodeficiência em fase avançada; relação anal; relação
sexual durante período menstrual; imaturidade do aparelho genital (mulheres pré-púberes e
adolescentes jovens) e presença de outra DST, principalmente as ulcerativas. Sabe-se hoje que
não só as úlceras resultantes de infecções sexualmente transmissíveis como cancro mole, sífilis e
herpes genital, aumentam o risco de transmissão do HIV, mas também outras DST como as que
causam corrimentos ou verrugas, pelo processo inflamatório associado. Nos órgãos genitais e no
reto, o HIV pode infectar as membranas mucosas diretamente ou através de cortes e feridas
causadas durante a relação sexual desprotegida (muitos dos quais, não percebidos). Admite-se que
outras práticas sexuais, como a penetração manual do reto (fistting) e duchas retais, poderiam
facilitar a transmissão do HIV pela maior probabilidade de provocar soluções de continuidade,
caso realizadas previamente a uma relação sexual anal receptiva não protegida. Também poderia
contribuir para aumentar o risco de transmissão por essa via a rica vascularização e a numerosa
população de células do sistema imune local, além da alta capacidade de absorção do intestino
terminal.
A prática de sexo protegido (uso correto e sistemático de preservativos masculinos e femininos) é
a única forma comprovadamente eficaz contra a transmissão do HIV e de outros agentes
adquiridos por essa via de transmissão. Estudo sobre a eficácia do preservativo masculino
mostrou que o seu uso regular reduz, em aproximadamente nove vezes, o risco em parceiros
freqüentes de indivíduos infectados pelo HIV.
Usuários constantes do preservativo masculino apontam como fatores de risco para ruptura ou
escape: lubrificação vaginal insuficiente; sexo anal; coito excessivamente vigoroso; tamanho
inadequado do preservativo em relação ao pênis; perda de ereção durante o ato sexual; contração
da musculatura vaginal durante a retirada do pênis sem que se segure firmemente a base do
preservativo; utilização inadequada por más condições de armazenamento; presença de ar e/ou
ausência de espaço para recolher o esperma; não observação do prazo de validade; uso de
lubrificantes oleosos; uso excessivo de lubrificantes adicionados no interior ou exterior do
preservativo, dentre outros. O uso de dois preservativos pode aumentar o risco de ruptura em
função da fricção entre eles, o que leva a alguns usuários empregarem lubrificante adicional entre
os dois preservativos visando a redução do atrito. Outras medidas adotadas para relativo controle
destes fatores de risco envolvem inspeção do preservativo antes do uso; adequada utilização de
lubrificante adicional se necessário; recusa de sexo excessivamente vigoroso; utilização de
preservativos de tamanho adequado e troca do preservativo durante coito prolongado.
A prática de sexo oral (boca-pênis, boca-vagina e boca-ânus) deve ser considerada como
modalidade de risco moderado de transmissão do HIV se praticado sem proteção e de baixo
risco com a proteção de preservativos de látex não-lubrificados. A boca é um ambiente pouco
propício para sobrevivência e desenvolvimento do HIV que se encontra no sêmen, no fluido
vaginal ou no sangue, levando ainda a uma baixa concentração de HIV na saliva, fato que pode
refletir não apenas baixa carga viral, mas possíveis propriedades antivirais ou presença de
10
Publicado em fevereiro de 2003 no Clinical Infectious Diseases (volume 36 número3).
19
substâncias inibidoras do vírus na saliva, tais como fibronectina e glicoproteínas. Como resultado,
o risco de transmissão de HIV através das membranas das estruturas da orofaringe é mais baixo
do que pelas membranas vaginais ou anais. Estudo espanhol, entre junho de 1990 a junho de
2000, avaliou o risco de transmissão do HIV pelo sexo oral desprotegido entre casais com
comportamento heterossexual e soro-discordantes em relação à infecção pelo HIV cujo único
fator de risco para a exposição ao HIV durante o estudo foi a prática de sexo orogenital
desprotegido (aproximadamente 19.000 exposições por sexo oral desprotegido). Segundo este
estudo, estimou-se o risco de transmissão do HIV: em homens não infectados pelo HIV por
contato orogenital com mulher infectada = 0 a 0,25 por 1.000 exposições desprotegidas; em
mulher não infectada pelo HIV por contato orogenital com homem infectado = 0 a 0,5 por 1.000
exposições desprotegidas; e a taxa de infecção por exposição orogenital (independente do tipo de
prática ou sexo) = 0 a 2,2 casos por 1.000 pessoas-ano. Como fatores relacionados a uma maior
risco por esta exposição identificaram-se: com carga viral plasmática do HIV elevada; ejaculação
na boca do parceiro(a); presença de DST e saúde oral precária.11
Ainda em relação aos casais soro-discordantes, uma das questões discutidas é a questão da
reprodução assistida frente àqueles casais em que a mulher não está infectada pelo HIV e o
homem está. Discute-se a possibilidade de se realizar, após a aplicação de técnicas para
purificação do sêmen, a inseminação artificial das mulheres. Isto se dá uma vez que o HIV
encontra-se presente apenas no líquido seminal e nas células não espermáticas (o sêmen é
constituído por espermatozóides, líquido seminal (provenientes da vesícula seminal e próstata) e
células não espermáticas (leucócitos)). No caso de casais discordantes em que a mulher está
infectada e o homem não está, recomenda-se evitar a gravidez, mesmo nas situações em que a
mulher encontra-se clinicamente bem, com baixa carga viral plasmática do HIV e boa contagem
de linfócitos T CD4+ em virtude do potencial risco de transmissão do HIV ao parceiro e à
criança.
Aproveitando a discussão acima, em relação à vasectomia, é um procedimento cirúrgico simples,
seguro e rápido que liga ambos os canais deferentes que transportam o esperma desde os
testículos. Desta forma, não representa castração, não afetando os testículos ou o desempenho
sexual. O homem mantém a ejaculação, apenas sem a presença de espermatozóides, mantendo,
desta forma, os riscos relacionados à transmissão do HIV.
Seguindo a análise da confusão entre a eficácia de métodos de anticoncepção para a prevenção da
transmissão do HIV, em relação às mulheres, a ligadura tubária (das trompas de Falópio) ou o
uso de anticoncepcionais (orais, injetáveis ou outras apresentações) não previne a transmissão ou
a aquisição do HIV.
Os doadores de sêmen, além da avaliação clínica e epidemiológica, devem necessariamente ser
avaliados quanto à presença de anticorpos anti-HIV quando o sêmen é coletado. O sêmen deve
ser então congelado e o doador deve retornar seis meses após para a realização de um segundo
teste anti-HIV, no sentido de confirmar ou não os resultados iniciais. O sêmen não é utilizado
enquanto não se excluir o risco do doador estar infectado com o HIV.
A prática de necrofilia (relações sexuais com cadáveres), implica também risco de infecção com o
HIV e/ou outros agentes infecciosos, uma vez que vários estudos comprovaram o isolamento do
HIV no plasma dos cadáveres de 6 a 20 horas até 2 semanas após o óbito.
11
Romero J et al. Evaluating the risk of HIV transmission through unprotected orogential sex. AIDS 16:9:1269-97, 2002.
20
Contato direto com sangue e outros fluidos
1- Uso compartilhado de seringas e agulhas
Agulhas e seringas compartilhadas para o uso de drogas injetáveis podem passar sangue
diretamente da circulação sangüínea de uma pessoa para outra, representando um meio muito
eficaz de transmissão do HIV. No Brasil, essa forma de transmissão tem importância crescente
nas áreas da rota do tráfico de drogas, sendo observada principalmente nas regiões Sul, Sudeste e
Centro-Oeste.
As medidas de prevenção para redução da transmissão sangüínea do HIV associada ao uso de
drogas injetáveis incluem: orientação educativa, disponibilidade de testes sorológicos, facilitação
de acesso aos serviços de tratamento da dependência de drogas, acesso a equipamento estéril de
injeção, capacitação e sensibilização dos profissionais de saúde, além de ações que se
desenvolvem no grupo de usuários de drogas, a partir de profissionais de saúde e/ou agentes
comunitários.
É importante lembrar que paralelamente ao risco por esta modalidade de exposição, o uso de
drogas, de uma forma geral, aumenta a possibilidade de exposição sexual de forma desprotegida.
2- Transfusões de sangue e/ou hemoderivados
A transfusão sangüínea é um processo que, mesmo realizado dentro das normas técnicas
atualmente preconizadas, envolve risco sanitário com a ocorrência potencial de incidentes
transfusionais, que podem ser classificados em imediatos ou tardios.
Do ponto de vista histórico, a identificação da aids e do HIV e suas marcantes conseqüências
produziram grande impacto na sociedade atual, tendo contribuído decisivamente para mudanças
na hemoterapia, procedendo-se à revisão completa dos critérios e das indicações para o uso
racional de sangue e de hemocomponentes.
Da mesma forma, foram desenvolvidas estratégias para regulamentar a atuação dos serviços de
hemoterapia com a adoção de diferentes medidas, incluindo a triagem epidemiológica, clínica e
laboratorial dos doadores. Como conseqüência, o risco de adquirir uma doença transmitida por
meio de transfusão de sangue vem sendo reduzido significativamente durante as últimas décadas,
nos países industrializados e naqueles que adotaram medidas de controle da qualidade do sangue
utilizado, como é o caso do Brasil.
Apesar da relevância, no Brasil, não se tem estabelecido o real perfil epidemiológico desses
incidentes, sejam eles relacionados à terapêutica e ao uso dos produtos sangüíneos ou às falhas no
processo durante o ciclo do sangue.
Nesse sentido, iniciou-se em 2000, uma discussão sobre um sistema de Hemovigilância na
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), com o estabelecimento de uma proposta
para a implantação de um Sistema Brasileiro. O objetivo é prevenir o aparecimento e/ou
recorrência desses incidentes, e para isso, torna-se fundamental o monitoramento e a vigilância de
todo o processo, da captação do doador à transfusão.
Do ponto de vista da avaliação de candidatos à doação, desde 1985, todo o sangue nos EUA
passa por triagem sorológica da infecção pelo HIV. No Brasil, desde 1986, por lei Federal,
estabeleceu-se a obrigatoriedade do teste anti-HIV. Leis e Portarias relacionadas:
Lei nº 7.649 de 25 de Janeiro de 1988 - Estabelece a obrigatoriedade do cadastramento dos
doadores de sangue, bem como a realização de exames laboratoriais no sangue coletado, visando
prevenir a propagação de doenças, incluindo a infecção pelo HIV.
21
Portaria no 721/GM, de 09 de agosto de 1989 - Aprova Normas Técnicas para coleta,
processamento e transfusão de sangue, componentes e derivados, com alterações posteriores
(Portaria nº 1.376, de 19 de novembro de 1993 - Portaria nº 2.135, de 22 de dezembro de
1994 - Portaria nº 2.009 MS/GM, de 4 de outubro de 1996).
Portaria nº 1.334, de 17 de novembro de 1999 - Dispõe sobre as transferências do Programa
Nacional de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde e demais atividades relativas a
sangue e hemoderivados, para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Lei nº 10.205, de 21 de março de 2001 - Regulamenta o § 4º do artigo 199 da Constituição
Federal, relativo à coleta, processamento, estocagem, distribuição e aplicação do sangue, seus
componentes e derivados, estabelece o ordenamento institucional indispensável à execução
adequada dessas atividades, e dá outras providências.
Portaria n.º 262, de 5 de fevereiro de 2002 - Tornou obrigatório, no âmbito da Hemorrede
Nacional a inclusão nos serviços de hemoterapia públicos, filantrópicos e/ou privados
contratados pelo SUS, e privados, os testes de amplificação e detecção de ácidos nucléicos NAT, para HIV e HCV, em todas as amostras de sangue de doadores.
Portaria n.º 263, de 5 de fevereiro de 2002 - Instituiu, no âmbito do SUS, o Programa Nacional
para a Prevenção e o Controle das Hepatites Virais, a ser desenvolvido de forma articulada pelo
Ministério da Saúde e pelas Secretarias de Saúde dos estados, Distrito Federal e municípios.
Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 343, de 13 de dezembro de 2002 - rege os
serviços de hemoterapia seguindo-se os princípios da moderna hemoterapia.
Portaria n° 79, de 31 de janeiro de 2003 - Determina a implantação, no âmbito da Hemorrede
Nacional, nos serviços de hemoterapia públicos, filantrópicos, privados contratados pelo SUS, e
exclusivamente privados, da realização dos testes de amplificação e de detecção de ácidos
nucléicos (NAT), para HIV e para HCV, nas amostras de sangue de doadores.
Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 153, de 4 de junho de 2004 - rege os serviços de
hemoterapia seguindo-se os princípios da moderna hemoterapia.
Essas condutas praticamente eliminaram o risco de se infectar com o HIV a partir de transfusões
de sangue e derivados. Entretanto, como não existem processos de triagem (epidemiológicos,
clínicos e sorológicos) 100% sensíveis e específicos, em raríssimas situações, ainda hoje, pode
haver casos de transmissão do HIV por esta modalidade: é o chamado risco residual.
Observações:
- No processo de doação de sangue, agulhas estéreis são sempre utilizadas quando se está
retirando o sangue de doadores; desta forma, não gerando risco de transmissão do HIV.
- A hemofilia é uma doença genética quase que exclusiva do sexo masculino cujas manifestações
são resultantes da incapacidade de coagulação do sangue. Para controlar essa condição, os
hemofílicos recebem doses de um fator de coagulação, o fator VIII. Cada dose desse fator é
obtida a partir do sangue de muitos doadores. Atualmente, além do processo de triagem dos
doadores, o fator VIII é tratado com o calor para inativar o vírus. Além disto, existem novos
produtos sintéticos que não apresentam nenhum risco para a transmissão do HIV e que possuem
a mesma função dos produtos clássicos.
- A gama-globulina ou a vacina para hepatite B não transmite o HIV. A gama-globulina obtida a
partir de um grupo de doadores é submetida a um rigoroso processamento para inativação do
HIV. Entretanto, pode haver a transmissão temporária de anticorpos específicos (proteínas) para
o HIV, mas não o próprio vírus, sendo que estes anticorpos desaparecerão em alguns meses.
22
3- Acidentes ocupacionais com materiais biológicos
A exposição a materiais biológicos que contêm o HIV pode ocorrer na prática diária dos
profissionais de saúde de uma forma geral e na de outros profissionais que podem,
eventualmente, entrar em contato com esses materiais (por exemplo, profissionais de limpeza de
um hospital).
A transmissão ocupacional pode ocorrer quando esses profissionais sofrem ferimentos com
instrumentos perfurocortantes com presença de sangue ou outros fluidos contaminados e/ou
quando ocorre exposição das mucosas a esses fluidos. Além da infecção pelo HIV, o profissional
acidentado pode se infectar com o vírus da hepatite B e da hepatite C. Estima-se que o risco
médio de se infectar com o HIV após uma exposição percutânea a sangue contaminado, seja de
aproximadamente 0,3%. Nos casos de exposição mucocutânea, esse risco é de aproximadamente
0,1%. Para o vírus da hepatite B o risco médio após exposição percutânea é de até 40% e para o
vírus da hepatite C, de 1,8% (podendo variar de 1 a 10%).
Os fatores de risco já identificados como favorecedores desse tipo de transmissão do HIV são:
a profundidade e extensão do ferimento;
a presença de sangue visível no instrumento perfurocortante que produziu o ferimento;
o procedimento que resultou na exposição e que envolveu a colocação da agulha
diretamente na veia ou artéria de paciente portador do HIV;
o paciente-fonte da infecção evidenciar imunodeficiência avançada e/ou apresentar carga
viral elevada;
ausência de utilização da quimioprofilaxia com anti-retrovirais.
Fatores como freqüência da infecção pelo HIV na população; grau de experiência dos
profissionais na sua área de atuação; freqüência de realização de procedimentos invasivos; uso de
equipamentos de proteção individual (EPI: luvas, óculos de proteção, gorros, máscaras, aventais,
etc.) nos procedimentos que requererem este uso; adoção de precauções padrão na manipulação
de sangue, secreções e excreções; adoção de equipamentos de proteção coletiva (EPC), como o
uso de recipientes adequados com paredes rígidas no descarte de materiais perfurocortantes,
entre outros, podem também influir no risco de transmissão. O meio mais eficiente de se reduzir
tanto a transmissão profissional-paciente quanto a paciente-profissional, baseia-se na utilização
sistemática das normas padrão de biossegurança; na determinação dos fatores de risco associados
e na sua eliminação, e na implantação de novas tecnologias da instrumentação utilizadas na rotina
de procedimentos invasivos.
É importante lembrar que todo o acidente com material biológico representa um risco potencial
de infecção pelo HIV, e por esta razão deve ser tratado como emergência. A profilaxia
medicamentosa é comprovadamente eficaz quando iniciada 1 a 2 horas após o acidente. Após as
primeiras 24 horas, sua eficácia é questionável.
Os cadáveres que serão autopsiados devem ser considerados a priori como sendo fonte potencial
de infecções, incluindo aquela pelo HIV. Estudos comprovaram o isolamento do HIV até duas
semanas da morte, em diferentes materiais. Desta forma, deverão ser adotados todos os
procedimentos padrão de biossegurança para evitar a transmissão do HIV e de outros agentes
infecciosos. Essas recomendações também são aplicáveis nos setores de anatomia em
Universidades onde cadáveres são utilizados no processo de ensino, mesmo que conservados e
fixados em formol. Assim, estudantes, técnicos e professores deverão adotar medidas padrão de
biossegurança.
23
4- Acidentes com materiais biológicos em outras situações
Qualquer procedimento no qual uma agulha ou outro instrumento potencialmente
perfurocortante for utilizado em mais de uma pessoa para tatuagem, perfuração (lóbulos de
orelha, piercing), acupuntura, eletrólise e ato de barbear, envolve um risco teórico de transmissão
do HIV tendo em vista a possibilidade de existência de sangue contaminado com o HIV no
instrumento. Entretanto, o risco pode ser reduzido ou até mesmo eliminado pela adoção de
procedimentos rotineiros. Todos os profissionais que realizam tatuagens e colocação de piercings
ou de outros materiais no corpo de outra pessoa, além de acupunturistas, barbeiros, cabeleireiros,
manicuros e pedicuros, dentre outros, devem adotar as precauções padrão em suas atividades
diárias para reduzir ou eliminar o risco de transmitir o HIV e outros agentes infecciosos (como
por exemplo o vírus da hepatite B) entre seus clientes, incluindo o uso de material descartável ou
esterilizado. Em situações em que não se tem a garantia dessas medidas, aconselha-se que os
clientes não se submetam a estes procedimentos ou tragam consigo o seu próprio material.
Da mãe para a criança - transmissão vertical (TV) do HIV
A TV é decorrente da exposição da criança à infecção pelo HIV, durante a gestação, parto ou
aleitamento materno/aleitamento cruzado12. Essa forma de transmissão vem crescendo devido ao
aumento da infecção pelo HIV em mulheres.
Na ausência de intervenção, a TV do HIV situava-se em torno de 20%, variando entre 15% a
40% em diferentes partes do mundo, sendo os maiores percentuais encontrados na África (30 a
40%), enquanto na América do Norte e Europa, ficavam em torno de 15 a 29%. Dois estudos no
Brasil em gestantes infectadas pelo HIV, um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro, mostraram
percentuais de transmissão de 16% e 39,8%, respectivamente. Em ambos estudos a transmissão
foi alta devido à doença avançada da mãe e pelo fato de as crianças terem sido amamentadas13.
A transmissão intra-uterina é possível em qualquer fase da gravidez; porém é menos freqüente no
primeiro trimestre. A maior parte dos casos de TV do HIV (cerca de 65%) ocorre durante o
trabalho de parto e no parto propriamente dito e os 35% restantes ocorrem intra-útero,
principalmente nas últimas semanas de gestação, e através do aleitamento materno. O aleitamento
materno representa risco adicional de transmissão que pode variar de 7% a 22%.
A patogênese da TV está relacionada a múltiplos fatores. Destacam-se:
a) fatores virais, tais como a carga viral, genótipo e fenótipo viral;
b) fatores maternos, incluindo estado clínico e imunológico, presença de DST e outras coinfecções e o estado nutricional da mulher;
c) fatores comportamentais, como o uso de drogas e prática sexual desprotegida;
d) fatores obstétricos, tais como a duração da ruptura das membranas amnióticas, a via de
parto e a presença de hemorragia intraparto;
e) fatores inerentes ao recém-nascido, tais como prematuridade, baixo peso ao nascer e,
f) fatores relacionados ao aleitamento materno.
A TV pode ser reduzida para cifras menores que 1% com o uso combinado de determinadas
intervenções. Em 1994, os resultados do Protocolo 076 do Aids Clinical Trial Group (ACTG 076)
evidenciaram uma redução de 67,5% na transmissão com o uso do AZT durante a gestação,
12
A amamentação cruzada é o tipo de amamentação em que a criança é amamentada por outra mulher que não sua
mãe (conhecida também como “mãe de leite”).
13 Rubini et al, 1996 / Tess et al, AIDS; 12:513-520,1998.
24
trabalho de parto e parto e quando os recém-nascidos expostos foram alimentados
exclusivamente com fórmula infantil.
Nos países desenvolvidos, a ampla implementação de intervenções para a redução da TV,
principalmente a administração de anti-retrovirais, cesariana eletiva e substituição do aleitamento
materno resultaram na redução significativa do número de casos de AIDS em crianças. A
transmissão do HIV pelo leite materno é evitada com o uso de leite artificial ou de leite humano
processado em bancos de leite (leite pasteurizado), que fazem aconselhamento e triagem das
doadoras. Nas mulheres infectadas pelo HIV que permanecem aleitando, tanto a ocorrência de
mastite, durante o aleitamento, como carga viral positiva no leite, podem aumentar o risco de
transmissão do HIV para o lactente.
No Brasil, embora essas intervenções estejam disponíveis para toda a população de gestantes
infectadas pelo HIV e seus filhos, as dificuldades da rede em prover diagnóstico laboratorial da
infecção pelo HIV, a cobertura insuficiente de mulheres testadas no pré-natal, principalmente nas
populações mais vulneráveis ao HIV, e a qualidade do pré-natal, ainda aquém do desejável,
resultam na administração de AZT injetável em menos de 50% dos partos do total estimado de
mulheres infectadas. No entanto, apesar de todas essas dificuldades, nos últimos anos, o número
de casos de aids em crianças vem decrescendo progressivamente em nosso País.
Em 2003, foi criado o “Projeto Nascer – Maternidades” (PNM) com o objetivo de reduzir a taxa
de transmissão vertical (TV) do HIV de 16 para 8% quando as mães são identificadas com teste
rápido no momento do parto e de 16 para menos de 3% quando as mães tiveram diagnóstico e
tratamento adequado durante o pré-natal. É objetivo intermediário do programa testar, no
momento do parto, 100% das parturientes atendidas pelo SUS não testadas no pré-natal para
HIV e sífilis, garantindo cobertura completa das medidas terapêuticas para HIV e sífilis no
binômio mãe-filho.
O PNM foi implantado em maternidades próprias e contratadas do Sistema Único de Saúde
(SUS), localizadas nos municípios considerados prioritários para o programa, segundo critérios de
epidemiológicos da TV.
A entrada do estabelecimento de saúde no rol das maternidades do programa implica capacitação
de equipes multiprofissionais em acolhimento, acompanhamento, utilização de testes rápidos,
manejo clínico das parturientes HIV positivas e crianças expostas, testagem e indicação
terapêutica para a sífilis e vigilância epidemiológica.
Vale a pena relembrar que a eliminação da sífilis congênita também representa uma prioridade do
PN de DST/AIDS e pode ser totalmente alcançada caso seja prevenida e/ou diagnosticada e
tratadas durante o pré-natal.
Em conclusão, as evidências descritas acima apontam como principais fatores contribuintes para
a redução da TV a promoção de intervenções que reduzam a carga viral materna e que propiciem
a rápida realização do parto com adequada assistência ao binômio mãe-filho, reforçando que
todos os encontros com a gestante, parturiente ou puérpera representam oportunidade para o
oferecimento do teste anti-HIV e início da profilaxia ou da terapia anti-retroviral.
25
Outras formas de transmissão
Até o momento, não foi possível evidenciar, com segurança, nenhum caso de infecção por HIV
adquirido por qualquer das seguintes vias: contato interpessoal não sexual e não percutâneo
(abraços; apertos de mãos); fontes ambientais (aerossóis, por exemplo); objetos inanimados
(fômites14), instalações sanitárias; dentre outras consideradas, erroneamente, como vias de
transmissão.
Apesar do HIV ter sido isolado a partir de fluidos como saliva, lágrimas, urina e líquor (líquido
cefalorraquidiano), o contato casual com esses fluidos não é implicado na transmissão do HIV,
uma vez que a concentração de vírus é extremamente baixa em condições habituais. O HIV não
foi isolado, em condições normais, a partir do suor ou das fezes.
O HIV é muito vulnerável às mudanças de temperatura e não sobrevive muito tempo no
ambiente externo. A duração da sobrevida do HIV fora do corpo depende da quantidade de vírus
presente no fluido do corpo e em que condições do ambiente esse fluido está sujeito. Em estudos
de laboratório, o HIV foi mantido viável (capaz de infectar) por até 15 dias, mesmo depois do
fluido corporal que o continha ter secado. Entretanto, essas experiências envolveram uma
concentração extremamente alta do vírus que foi mantido em temperatura e umidade estáveis.
Essas condições são muito improváveis de existirem fora de um ambiente controlado de
laboratório. O HIV é sensível a muitas substâncias comuns, incluindo água quente, sabões,
hipoclorito de sódio, glutaraldeído e álcool, dentre outras, tornando-se inviável com este contato.
Além disto, a exposição dos fluidos ao ar que contêm o vírus faz com que esses fluidos sequem,
tornam inviável a sobrevida do vírus do HIV após algumas horas em condições normais.
A afirmação de que a picada de insetos (mosquitos, moscas, carrapatos, pulgas, abelhas, vespas
ou triatomíneos (barbeiros), dentre outros) transmitem o HIV não tem nenhum suporte
científico, pois não atuam como vetores biológicos ou mecânicos. Esses insetos sugam o sangue
numa refeição e injetam saliva antes da próxima refeição, sendo que o sangue de uma pessoa não
é injetado na próxima vítima do mosquito. Além disto, se um desses insetos picar alguém
infectado pelo HIV, o vírus é inativado quase que imediatamente no estômago do inseto (pela
digestão do sangue). Essa situação é muito diferente de outras doenças transmitidas por vetores
como a malária, em que uma parte do ciclo evolutivo do agente etiológico ocorre no inseto. Por
fim, se realmente os mosquitos transmitissem o HIV, nós estaríamos observando um número
desproporcional de crianças e de idosos infectados.
Da mesma forma, não há evidência de animais como reservatório do HIV, pelo que não há
registro de transmissão através de relações sexuais (zoofilia) ou de outras formas de relações com
animais. Mesmo que alguns animais possam albergar vírus que produzem deficiências
imunológicas semelhantes à gerada pelo HIV (por exemplo: o FIV, Feline Immunodeficiency Virus,
em gatos e o SIV, Simian Immunodeficiency Virus, em alguns tipos de macacos), estes vírus não
podem ser transmitidos para o ser humano, nem o HIV pode ser transmitido de humanos para
outros animais. A exceção a esta situação é o caso de chimpanzés infectados pelo HIV que são
utilizados em laboratórios de pesquisa: o sangue desses animais apresenta um risco para os
pesquisadores. Além disto, houve dois casos informados de transmissão de SIV a investigadores,
mas não se sabe se este vírus causará doença nesses profissionais.
Outras formas de transmissão são altamente improváveis, não havendo qualquer justificativa para
restringir a participação de indivíduos infectados nos seus ambientes domésticos, escolares,
sociais ou profissionais. Considerando que o HIV não é transmitido pela saliva, é impossível
entrar em contato com ele compartilhando, por exemplo, copos, garfos, sanduíches ou frutas.
Além disto, a convivência habitual com pessoas infectadas pelo HIV não gera risco. Estudos
Fômites: objetos de uso pessoal do doente ou portador, que possam estar contaminados e transmitir agente
infeccioso e cujo controle é feito por meio da desinfecção.
14
26
mostram que contatos domésticos nos EUA, Europa e África, não geraram transmissão casual
pelas atividades normais, excluindo-se contato sexual. Em muitas das famílias estudadas havia
uma criança pequena com aids. Essas crianças continuaram brincando com os irmãos e amigos
da mesma maneira: lutando, tocando-se, cuspindo, compartilhando comida e roupas e muitas
outras atividades, como uso de piscinas (as substâncias químicas usadas em piscinas, além da
temperatura naquelas piscinas aquecidas, inativam o HIV imediatamente).
Como conclusão, nessas formas de transmissão, as chances de se infectar com o HIV ao entrar
em contato com fluidos corporais são extremamente pequenas, uma vez que raramente terá
acesso à circulação sangüínea de uma pessoa.
Finalmente, Ricardo, o coordenador do Programa pode atender o jornalista.
– Boa tarde! É um prazer recebê-lo. O envolvimento da imprensa na campanha é fundamental para o sucesso das
ações de controle e prevenção da epidemia da aids na nossa população. Soube que está interessado numa reportagem
sobre a epidemia da aids. Quais as informações que poderia lhe fornecer?
– Nós, do Diário da Tarde, estaremos publicando uma matéria sobre formas de prevenção da aids. Enquanto lhe
aguardava, tive a oportunidade de tirar muitas dúvidas a respeito da infecção pelo HIV. Elisa foi muito atenciosa.
Com certeza, agora será bem mais fácil eu fazer a reportagem sobre este assunto. Pensei em centralizar a matéria
expondo sobre as medidas ou estratégias de prevenção que a Coordenação do Programa de DST/Aids vem
adotando para o controle da epidemia no município.
Enquanto isso, numa Unidade Básica de Saúde...
Maria José, moradora do município de Lua Azul, está grávida e recebeu na consulta de pré-natal o resultado
positivo do seu teste de HIV. Embora tenha ficado muito transtornada, Maria já aguardava apreensiva por esse
resultado pois seu parceiro havia dito para ela, na semana anterior, que o resultado de seu teste anti-HIV foi
positivo.
Durante o seu aconselhamento, Maria perguntou para a Dra. Camila (médica do pré-natal), na presença da
Clarice (estagiária de medicina) se poderia tomar as vacinas recomendadas no pré-natal; se o seu parceiro também
poderia ser vacinado, bem como o seu filho que estava para nascer.
Dra. Camila e Clarice se deparam com uma situação que traz grandes dúvidas aos profissionais de saúde e ao
pessoal da vigilância epidemiológica que eventualmente se vê diante de perguntas como esta: como proceder à
imunização de pessoas infectadas pelo HIV?
Questão 8
Como você poderia ajudar a Dra. Clarice e Camila na abordagem geral da imunização de pessoas
infectadas pelo HIV?
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A utilização de vacinas como forma de prevenção das doenças infecciosas é considerada uma das
ações de melhor custo-efetividade em Saúde Pública, no último século. O seu uso sistemático, no
contexto de uma política de saúde, causou significativa redução dos coeficientes de mortalidade
infantil, e até mesmo a erradicação de certos agravos infecciosos em todo o mundo (varíola) e na
maior parte do planeta (poliomielite, com persistência de risco). O atual calendário básico de
imunizações (2004) definido pelo Ministério da Saúde inclui uma série de vacinas prioritárias
27
específicas para crianças, adolescentes e idosos, compondo na realidade três calendários (ver
Anexo IV).
Entretanto, se por um lado as pessoas infectadas pelo HIV precisam ter proteção especial contra
as doenças evitáveis por vacinas, por outro lado, as dúvidas são muitas sobre a eficácia e
segurança das vacinações nesses casos. As recomendações do Ministério da Saúde de 2002
buscam um consenso provisório que deverá ser revisto à medida que informações mais
consistentes estejam disponíveis.
Além disto, é também claro que, frente à infecção pelo HIV, há uma grande heterogeneidade de
situações, desde imunocompetência no início da infecção até grave imunodeficiência com a
progressão da doença, como discutido anteriormente. As crianças infectadas pelo HIV sem
alterações imunológicas e sem sinais e sintomas clínicos indicativos de imunodeficiência podem
receber todas as vacinas do calendário. À medida que a idade avança, aumenta o risco na
aplicação de vacinas com imunógenos vivos, bem como também aumenta a possibilidade de
resposta imunológica insuficiente ou inadequada. Isto significa que quanto mais cedo se
imunizarem as pessoas infectadas pelo HIV melhor, evitando a perda de oportunidades de
vacinação.
Não se deve dar vacinas com imunógenos vivos a pacientes com imunodeficiência clínica ou
laboratorial grave. Sempre que possível, deve-se adiar a administração de vacinas em pacientes
sintomáticos ou com imunodeficiência laboratorial grave, até que um grau satisfatório de
reconstrução imune seja obtido com o uso de terapia anti-retroviral combinada, no intuito de
melhorar o grau de resposta vacinal e reduzir o risco de complicações pós-vacinais.
Uma questão relevante e freqüentemente menosprezada é a vacinação das pessoas que convivem
com a pessoa infectada pelo HIV, principalmente contra influenza e varicela. O mesmo se aplica
aos profissionais de saúde e outros profissionais que cuidam de pessoas infectadas pelo HIV.
Há algumas diferenças entre as recomendações do Ministério da Saúde para a imunização de
pessoas infectadas pelo HIV e as do Manual dos Centros de Referência a Imunobiológicos
Especiais (CRIE), bem como outros documentos do Ministério da Saúde. A razão para as
mesmas reside no fato de que são textos redigidos em tempos diferentes. As recomendações
contidas no Anexo I, representam um aprofundamento da discussão e assimilam novas
aquisições no campo da imunologia, como a vacina pneumocócica conjugada.
De uma forma geral, é importante sempre considerar que a indicação de vacinas para as pessoas
infectadas pelo HIV deve ser feita sempre mediante a avaliação:
Do contexto epidemiológico de risco a que estas pessoas estão expostas, por meio da
análise do perfil de doenças imunopreviníveis que ocorrem nas áreas em que vivem;
Do quadro clínico indicativo ou não de imunossupressão avançada;
De exames laboratoriais (principalmente contagem de linfócitos T CD4+) para compor
com a avaliação clínica o grau de deficiência imunológica do indivíduo a ser vacinado;
Do tipo de imunobiológico a ser aplicado, se baseado em agentes biológicos vivos ou
atenuados ou não vivos.
O esquema vacinal a ser indicado para cada situação deverá seguir as recomendações do
Ministério da Saúde (ver Anexo I). Quando indicado o uso de imunobiológicos especiais (ver
Anexo II), o profissional de saúde deverá seguir o fluxo definido no seu
município/regional/estado, tendo como referência os CRIE, cujos endereços encontram-se no
Anexo III.
28
Independente do estado sorológico ou da competência imunológica da pessoa, é necessário o uso
de seringas e de agulhas descartáveis na aplicação de qualquer imunobiológico.
Dessa forma, a conduta a ser traçada tanto para Maria quanto para o seu marido e seu filho, necessariamente,
dependerá de outros dados além dos informados acima. Além disto, para Maria (gestante) deve-se proceder à
investigação sobre vacinas que foram administradas previamente. Dra. Camila orienta Maria a respeito da
necessidade de se realizar a avaliação mais minuciosa dos casos para se indicar, com segurança, o melhor esquema
de imunização para todos.
A médica pediu para que Maria não guardasse nenhuma dúvida. Caso ela fosse para casa e lembrasse de algo que
não perguntou, poderia perguntar na próxima consulta ou procurar um grupo de apoio de pessoas vivendo com
HIV/Aids mais próximo de sua casa.
Clarice, após a saída de Maria, dirige-se à Dra. Camila, ainda surpresa com o fato de que Maria, aparentemente
tão bem, esteja infectada pelo HIV. Questiona a confiabilidade do teste, ao que Dra. Camila sugere que ela
procure Jonas, o chefe do laboratório, para que obtenha dele as informações necessárias.
No laboratório, Jonas explica quais são os passos para se chegar a um resultado positivo ou negativo de um teste
anti-HIV, valendo-se do fluxograma afixado na parede do laboratório.
O método mais comum para a detecção da infecção pelo HIV, em indivíduos acima de 18 meses,
é baseado em testes sorológicos que não detectam diretamente o vírus, mas os anticorpos
específicos para o HIV. Em geral, o processo de produção de anticorpos inicia-se já com 2 a 3
semanas após o momento da infecção, pode se estender até 3 ou 6 meses após esse momento
sem que esses anticorpos sejam detectáveis. Este período é denominado faixa de soroconversão
ou “janela imunológica”. Dessa forma, janela imunológica é o tempo necessário para que o
organismo produza anticorpos em quantidade suficiente para que o teste anti-HIV detecte se a
pessoa está infectada ou não. Como discutido no início do módulo, embora esse período seja na
grande maioria dos casos (mais de 95% deles) de três meses, em média, um indivíduo não
infectado pelo HIV que se expôs a uma situação de risco, deve repetir o teste após 6 meses da
exposição, no sentido de se assegurar a sua situação sorológica real. O diagnóstico sorológico da
infecção pelo HIV em maiores de 18 meses de idade deverá seguir o Fluxograma 1.
29
Fluxograma 1:
Detecção de Anticorpos anti-HIV em Indivíduos com Idade Acima de 18 meses.
LEGENDA:
EIA
IFI
IB
IC
I
(-)
(+)
(*)
Ensaio imunoenzimático
Imunofluorescência indireta
Imunoblot
Inconclusivo
Indeterminado
Não reagente
Reagente
De acordo com o ensaio realizado (IFI ou IB)
Com o objetivo de realizar a detecção de anticorpos anti-HIV para o diagnóstico laboratorial da
infecção pelo HIV, é exigido o cumprimento rigoroso dos procedimentos seqüenciados,
agrupados em três etapas, como observado no fluxograma acima:
Etapa I - Triagem Sorológica
Etapa II - Confirmação Sorológica por meio da realização de um segundo Imunoensaio
em paralelo ao teste de Imunofluorescência Indireta para o HIV-1 (IFI/HIV-1) ou ao
teste de Imunoblot para HIV.
30
Etapa III - Confirmação Sorológica por meio da realização do teste de Western blot para
HIV-1 (WB/HIV-1).
Todos os conjuntos de diagnóstico utilizados deverão estar obrigatoriamente registrados no
Ministério da Saúde.
Etapa I - Triagem Sorológica
Todos os laboratórios que realizam testes para detecção de anticorpos anti-HIV para o
diagnóstico laboratorial deverão adotar, obrigatoriamente, a realização de um imunoensaio, nesta
primeira etapa de testes de qualquer amostra de soro ou plasma. O imunoensaio utilizado NÃO
poderá ser o de avaliação rápida (teste rápido) e deverá ser capaz de detectar anticorpos antiHIV-1 e anti-HIV-2.
A) as amostras não-reagentes, terão seu resultado definido como “Amostra Negativa para HIV”;
B) as amostras reagentes ou inconclusivas devem ser submetidas:
B.1) ao segundo imunoensaio em paralelo ao teste de Imunofluorescência Indireta para HIV-1
ou ao teste de Imunoblot para HIV. O segundo imunoensaio deverá ter princípio
metodológico e/ou antígenos distintos do primeiro imunoensaio utilizado.
B.2) diretamente ao teste de Western blot.
As etapas subseqüentes, II e III, destinam-se à confirmação do diagnóstico sorológico.
Etapa II - Confirmação Sorológica por meio de um segundo Imunoensaio em paralelo ao
teste de Imunofluorescência Indireta (IFI) para o HIV-1 ou ao teste de Imunoblot para
HIV.
O Ministério da Saúde colocará à disposição dos laboratórios públicos o ensaio confirmatório de
Imunofluorescência Indireta. Os laboratórios que não dispuserem deste teste deverão realizar o
teste de Imunoblot ou o teste de Western blot.
Para interpretação do teste de Imunoblot deverão ser observados os critérios adotados pelo
fabricante do conjunto de diagnóstico.
A) As amostras não-reagentes no segundo imunoensaio e negativas nos testes de
Imunofluorescência Indireta ou de Imunoblot terão seu resultado definido como “Amostra
Negativa para HIV-1”, ou “Amostra Negativa para HIV”, respectivamente, de acordo com o
ensaio realizado.
B) As amostras reagentes no segundo imunoensaio e positivas nos testes de Imunofluorescência
Indireta ou de Imunoblot terão seu resultado definido como “Amostra Positiva para HIV-1” ou
“Amostra Positiva para HIV”, respectivamente, de acordo com o ensaio realizado. É
OBRIGATÓRIA a coleta de uma segunda amostra para repetir a Etapa I visando a confirmação
da positividade da primeira amostra.
C) As amostras não-reagentes ou inconclusivas no segundo imunoensaio e positivas ou
indeterminadas nos testes de Imunofluorescência Indireta ou de Imunoblot deverão ser
submetidas ao teste Western blot (etapa III).
D) As amostras reagentes ou inconclusivas no segundo imunoensaio e negativas ou
indeterminadas nos testes de Imunofluorescência Indireta ou de Imunoblot, deverão ser
submetidas ao teste Western blot (etapa III).
Etapa III - Confirmação Sorológica pelo Teste Western blot (WB)
Para interpretação do teste Western blot, deverão ser observados os seguintes critérios:
31
Amostra não-reagente: ausência de bandas (que tornam evidente a presença de proteínas do
HIV)
Amostra reagente: presença de, no mínimo, 2 (duas) bandas dentre as: gp 160/120; gp 41;
p24.
Amostra indeterminada: qualquer outro padrão de bandas diferente dos descritos
anteriormente.
A) As amostras negativas terão seu resultado definido como “Amostra Negativa para HIV-1” e
poderão ser submetidas à investigação de soroconversão ou à pesquisa de anticorpos anti-HIV-2.
B) Amostras positivas no teste Western blot terão seu resultado definido como “Amostra Positiva
para HIV-1”. É obrigatória a coleta de uma segunda amostra para repetir a Etapa I visando a
confirmar a positividade da primeira amostra.
C) As amostras indeterminadas terão seu resultado definido como “Amostra Indeterminada para
HIV-1” e poderão ser submetidas à investigação de soroconversão ou à pesquisa de anticorpos
anti-HIV-2.
RECOMENDAÇÕES
Investigação de soroconversão
Para investigação de anticorpos, recomenda-se proceder à coleta de uma segunda amostra 30 dias
após a emissão do resultado da primeira amostra e repetir o conjunto de procedimentos
seqüenciados descritos nesta Portaria. Pode-se também utilizar outros testes baseados na
detecção de antígenos ou de ácido nucléico. O resultado definitivo da infecção deve ser baseado
na soroconversão completa.
Investigação da infecção pelo HIV-2
Após a realização de todas as etapas obrigatórias e também recomendadas para a detecção de
anticorpos anti-HIV-1, em amostras com resultado indeterminado, recomenda-se realizar a
investigação de HIV-2 quando os dados epidemiológicos forem sugestivos de infecção por este
vírus ou se os dados clínicos forem compatíveis com a infecção HIV/aids.
OBSERVAÇÕES
1) As amostras com resultado definido como positivo deverão ter o resultado da primeira
amostra liberado com a ressalva, por escrito, de que se trata de um resultado parcial e que
somente será considerado como definitivo após a análise da segunda amostra.
2) Para amostras com resultado definido como positivo será obrigatório proceder à coleta de uma
segunda amostra e repetir a etapa de triagem sorológica descrita acima, para confirmar a
positividade da primeira amostra, preferencialmente em um intervalo de até 30 dias após a
emissão do resultado referente à primeira amostra. Caso o resultado do teste dessa segunda
amostra seja não-reagente ou inconclusivo, deverão ser cumpridas todas as etapas do conjunto de
procedimentos seqüenciados. Em caso de resultados conclusivos discordantes na primeira e
segunda amostra, deverá ser coletada uma terceira amostra e realizados todos os testes para a
conclusão do diagnóstico.
3) Sempre que os resultados da segunda amostra forem diferentes dos obtidos com a primeira
amostra, será preciso considerar a possibilidade de ter havido troca de amostras ou algum erro
inerente aos procedimentos de realização dos testes.
A detecção de anticorpos anti-HIV em crianças com idade inferior a 18 meses, expostas ao HIV
por transmissão vertical, não caracteriza infecção devido à transferência dos anticorpos maternos
32
anti-HIV através da placenta. Desta forma, para caracterizar a infecção pelo HIV nesta
população, deve-se seguir o fluxograma abaixo.
Fluxograma 2:
Utilização de testes de quantificação de RNA visando a detecção da infecção pelo HIV
em crianças com idade entre 2 e 18 meses, nascidas de mães infectadas pelo HIV
1. Manter o acompanhamento clínico nas crianças consideradas como provavelmente não
infectadas, de acordo com as recomendações estabelecidas, e fazer sorologia anti-HIV a partir de
18 meses de idade. Caso a criança tenha sido amamentada, o presente algoritmo deve ser iniciado
2 meses após a suspensão do aleitamento materno, visando minimizar a ocorrência de resultados
falso-negativos.
2. Este fluxograma foi elaborado para o uso de testes de detecção quantitativa de RNA e o
resultado do exame deve expressar o valor de carga viral encontrado na amostra. Valores até
10.000 cópias/ml sugerem resultados falso-positivos e devem ser cuidadosamente analisados
dentro do contexto clínico, demandando nova determinação em um intervalo de 4 semanas.
3. Iniciar o tratamento, considerando os parâmetros clínicos e laboratoriais, de acordo com as
recomendações estabelecidas.
4. Para garantir a qualidade dos procedimentos e considerando a possibilidade de contaminação
e/ou troca de amostra, bem como a necessidade de confirmação do resultado obtido,
recomenda-se a coleta de nova amostra e a priorização da repetição do teste no menor espaço de
tempo possível.
33
Clarice, ainda não muito familiarizada com o fluxo, achou tudo um pouco complicado, mas o técnico tranqüilizoua afirmando que, com auxílio da visualização do fluxo, tudo fica mais fácil.
– Mas isso tudo não é muito demorado, principalmente se o resultado for reativo?
Jonas concordou e falou de uma situação especial:
– Exatamente, Clarice. No caso das gestantes, por exemplo, quanto mais cedo iniciarmos a profilaxia, mais
chances o bebê tem de nascer sem o vírus. Assim, para efeito de início da profilaxia, com esclarecimento da mãe
sobre a provisoriedade do resultado, que não é diagnóstico; e com o seu consentimento, podemos iniciar a profilaxia
em caso de resultado positivo na etapa I, ou seja, do teste de triagem, ou no caso do teste rápido, no momento do
parto. Claro que há uma pequena chance de um resultado positivo confirmar-se negativo mais adiante, mas a
realização da profilaxia desnecessariamente, nestes casos raros, justifica-se pelo benefício de sua realização na
grande maioria dos casos positivos.
– Por esse motivo, Jonas, é bem importante a realização de um bom aconselhamento, visando esclarecer a mãe sobre
as limitações dos resultados desses testes com relação ao diagnóstico e prognóstico.
De volta ao ambulatório, conversando com a Dra. Camila, Clarice ainda tem algumas dúvidas.
– E para que servem os exames de carga viral e de contagem de linfócitos T CD4+?
Questão 9
Como você prestaria esse esclarecimento a Clarice? Considere as bases desse teste e a sua
utilização.
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Contagem de linfócitos T CD4+ em sangue periférico
A contagem de linfócitos T CD4+ em sangue periférico representa uma medida da
imunocompetência do indivíduo, como discutido anteriormente. Tem a sua utilização indicada
nos seguintes casos:
1. Compondo o critério CDC Adaptado em Adultos e em Crianças para a notificação de casos de
aids (vigilância epidemiológica da aids, unidade 3);
2. Como principal parâmetro para a instituição de tratamento anti-retroviral e de profilaxia das
doenças oportunistas;
3. Para acompanhamento de pacientes infectados pelo HIV ou com aids já manifesta, com
implicações prognósticas, permitindo, inclusive, avaliar a adesão à terapia anti-retroviral ou o
desenvolvimento de falência terapêutica.
O esquema de monitorização da contagem de linfócitos T CD4+ em sangue periférico, dependerá
da situação clínica do paciente e de outros parâmetros laboratoriais. No caso dos adultos, os
valores normais desses linfócitos têm uma mediana de 880 células/mm3 (43%), variando de 507 a
1.496 células/mm3 (31 a 56%, intervalo de confiança de 95,0%). Em crianças, a contagem de
linfócitos T CD4+ tem diferentes níveis de interpretação, variando de acordo com a idade, como
observado no quadro a seguir:
34
IDADE DA CRIANÇA
< 12 meses
1 a 5 anos
6 a 12 anos
CONTAGEM DE LINFÓCTIOS T CD4+
< 1.500 células/mm3 < 1.000 células/mm3
< 500 células/mm3
(< 25,0%)
(< 25,0%)
(< 25,0%)
Carga Viral
A quantificação da carga viral tornou-se disponível para a prática clínica em todo o mundo a
partir de 1996, sendo validada amplamente para o subtipo B do HIV, o que poderia gerar,
segundo alguns estudos, uma sub-estimativa da carga viral em infecções por subtipos não-B do
HIV-1.
Acredita-se que a concentração do RNA do HIV no plasma seja inversamente proporcional ao
número de linfócitos T CD4+ infectados, presentes na corrente sangüínea, o que, por sua vez,
guarda relação com o número de células infectadas nos linfonodos e tecidos (aproximadamente
2% dos linfócitos encontram-se na circulação e 98% nos linfonodos e tecidos). É um exame
importante nas seguintes situações:
1. Compondo os critérios laboratoriais para definição de infecção pelo HIV em crianças com
idade entre 2 e 18 meses de idade, expostas ao HIV por transmissão vertical;
2. Para acompanhamento de pacientes infectados pelo HIV ou com aids já manifesta, sendo
um importante preditor da probabilidade e da velocidade da progressão da imunodeficiência
em um determinado período do tempo, permitindo ainda avaliar a adesão à terapia antiretroviral ou o desenvolvimento de falência terapêutica.
A mensuração da concentração plasmática do HIV pode ser feita com grande precisão e
reprodutibilidade através das técnicas baseadas na amplificação de ácidos nucléicos, tais como a
reação em cadeia da polimerase quantitativa (polimerase chain reaction ou RT-PCR); a amplificação
de DNA em cadeia ramificada (branched-chain DNA ou bDNA) e a amplificação seqüencial de
ácidos nucléicos (nucleic acid sequence-based amplification ou NASBA).
Embora cada uma das técnicas forneça resultados comparáveis e reprodutíveis, comparações
diretas entre os valores obtidos devem ser avaliadas com cautela, tendo em vista a ausência de
padrões de referência. Desta forma, no acompanhamento de um paciente, os exames devem ser
preferencialmente realizados pela mesma técnica e pelo mesmo laboratório no sentido de se
permitir uma avaliação mais fidedigna da carga viral plasmática do HIV.
Sugere-se que a carga viral não deva ser medida nos 30 dias após qualquer infecção aguda ou
vacinação, uma vez que a ativação do sistema imune pode aumentar transitoriamente a carga
viral. O esquema de avaliação inicial (estabelecimento da situação de base do paciente) e de
monitoramento da carga viral do HIV (após o tratamento ou não), dependerá da situação clínica
do paciente e de outros parâmetros laboratoriais.
Após as explicações da Dra. Camila, Clarice pergunta ainda:
– E esses novos testes para a avaliação da resistência do HIV aos anti-retrovirais, como eles funcionam?
35
Questão 10
Você conhece métodos para avaliação da resistência do HIV aos anti-retrovirais?
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O desenvolvimento de resistência do HIV aos anti-retrovirais vem se tornando uma realidade
cada vez mais freqüente, sendo um dos principais fatores responsáveis pela falha terapêutica.
Desta forma, o desenvolvimento de testes capazes de detectar a resistência aos anti-retrovirais
poderia, pelo menos em teoria, ajudar a otimizar a terapia, em especial o tratamento de pacientes
que já fizeram uso de múltiplos medicamentos.
Entretanto, com as técnicas atualmente disponíveis e devido às limitações existentes, os testes de
resistência têm, no momento, aplicação restrita, seja pelo alto custo, pela falta de padronização
das técnicas e dos critérios para controle de qualidade bem como pela inexistência de dados
clínicos conclusivos sobre a otimização de seu emprego e a interpretação dos resultados. De uma
forma geral, esses testes não deverão ser empregados em pessoas infectadas pelo HIV quando a
carga viral for inferior a 1.000 cópias/ml, quando o paciente for cronicamente infectado e virgem
de tratamento, bem como naqueles pacientes após a suspensão da terapia anti-retroviral há mais
de duas semanas.
Apesar das considerações acima, representam técnicas potencialmente úteis. Há dois testes
disponibilizados para avaliar a resistência do HIV aos anti-retrovirais: a análise genotípica e a
fenotípica:
1- Análise Genotípica: tem como objetivo determinar com segurança a presença de resistência
àqueles anti-retrovirais cuja atividade é bloqueada por uma ou poucas mutações. Em comparação
com a fenotípica, é um método mais barato e de realização mais rápida (ver item 2).
A Rede Nacional de Genotipagem (RENAGENO) no Brasil foi implantada no final do ano de
2001. Como o teste de genotipagem é um exame recente, que utiliza metodologia de alta
complexidade em sua execução e que requer profissionais bem qualificados para a sua
interpretação, os critérios para sua indicação devem ser precisos. O Ministério da Saúde
continuará subsidiando a realização de testes de genotipagem para os indivíduos que atendam aos
critérios de indicação do exame, definidos no Protocolo de Implantação da RENAGENO.
2- Análise Fenotípica: avaliação da capacidade do vírus replicar em presença de concentrações
conhecidas de anti-retrovirais, de forma semelhante a um antibiograma de bactérias ou fungos.
Tenta estabelecer a concentração do medicamento capaz de inibir em pelo menos 50% ou 90%
(dependendo do teste), a replicação viral e, dessa forma, estimar a diminuição da sensibilidade em
comparação com o vírus selvagem.
Clarice suspirou.
– “É muita coisa para aprender e só tenho mais um pouco de tempo de treinamento aqui no pré-natal para
praticar”...
– “Não seja por isso. Você vai utilizar muitos desses conhecimentos quando for realizar as ações para a vigilância
da aids e da infecção pelo HIV durante o estágio no Núcleo de Epidemiologia. A propósito, vamos fazer a
notificação de Maria?”
36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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M.C.; PARKER, R., Orgs.). Rio de Janeiro: ABIA.
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tratamento dos agravos resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescentes (com considerações
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da União, Edição Número 22, de 30 de Janeiro de 2003. Brasília: Imprensa Nacional.
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Exposição Ocupacional a Material Biológico: HIV e Hepatites B e C. Brasília: Programa Nacional
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BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004. A Resposta Brasileira ao HIV/Aids. Brasília:
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Adolescentes Infectados pelo HIV - 2004. Brasília: Programa Nacional de DST e Aids.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004. Recomendações para Terapia Anti-Retroviral em Crianças
Infectadas pelo HIV - 2004. Brasília: Programa Nacional de DST e Aids.
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Vertical do HIV e Terapia Anti-Retroviral em Gestantes - 2004. Brasília: Programa Nacional de
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37
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Epidemiológica de 2004 – Janeiro a Junho de 2004. Brasília: Programa Nacional de DST e
AIDS, 2004.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. MonitorAIDS: Sistema de Monitoramento de Indicadores do
Programa Nacional de DST e Aids (Versão 1.0). Brasília: Programa Nacional de DST e AIDS,
2004.
DEMIRYUREK, D.; BAYRAMOGLU, A.; USTACELEBI, S., 2002. Infective Agents in Fixed
Human Cadavers: A Brief Review and Suggested Guidelines. Anat Rec (New Anat) 269:
194-197.
LAMBERT, J.S.; NOGUEIRA, S.A.; ABREU, T.F., 2001. Manual de Acompanhamento da Criança
Infectada pelo HIV. Rio de Janeiro: Programa de Assistência Integral à Gestante HIV
Positiva.
LAMBERT, J.S.; NOGUEIRA, S.A., 2002. Manual para o Acompanhamento Clínico da Gestante
Infectada pelo HIV. Rio de Janeiro: Programa de Assistência Integral à Gestante HIV
Positiva.
RACHID, M. & SCHECHTER, M., 2005. Manual de HIV/AIDS. Rio de Janeiro: Revinter.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA, 2003. Boletim Terapêutico de HIV/Aids,
DST e Hepatites Virais da Sociedade Brasileira de Infectologia. São Paulo, maio de 2003.
FILMES SUGERIDOS
Adesão (Ministério da Saúde)
MAIORES INFORMAÇÕES
Sites Nacionais
http://www.saude.gov.br
http://www.aids.gov.br
http://www.aids.gov.br/monitoraids/
http://www.funasa.gov.br
http://www.riscobiologico.org.br
http://www.vivacazuza.org.br
http://www.abiaids.org.br
http://www.pelavidda.org.br
http://www.gapabahia.org.br
Sites Internacionais
http://www.unaids.org
http://www.who.int
http://www.cdc.gov
http://www.fda.gov
http://www.aidsinfo.nih.gov
http://www.johnshopkins.org
http://www.hopkins-aids.edu
http://www.eurohiv.org
http://www.paho.org
http://www.unesco.org
http://www.aidsmap.com
38
ANEXOS
39
40
ANEXO I
RECOMENDAÇÕES PARA IMUNIZAÇÃO DE PESSOAS INFECTADAS PELO HIV
Quadro 1 - Diferenças entre as recomendações do documento atual e as do manual dos
Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais
Quanto ao Manual de Normas de Vacinação, a única diferença relevante é em relação ao
BCG, deixando-se de indicar a revacinação de rotina em pessoas infectadas pelo HIV.
Quadro 1.1– Vacinações de rotina nas crianças expostas/infectadas pelo HIV sem
evidências clínicas e/ou laboratoriais de imunodeficiência (ver quadros 2 e 3)
Vacina contra influenza: aplicar anualmente, a partir dos seis meses de idade, de acordo
com as recomendações do Ministério da Saúde.
41
Observações
1. Esse calendário deve ser adaptado às circunstâncias operacionais ou epidemiológicas, sempre
que necessário, como por exemplo, na vacinação contra influenza.
2. Esse calendário se aplica em sua totalidade somente às crianças comprovadamente infectadas
pelo HIV.
3. BCG ID. Deve-se administrar ao nascer ou o mais precocemente possível após o nascimento.
Para as crianças que chegam aos serviços ainda não vacinadas, a vacina só deve ser indicada em
crianças assintomáticas e sem imunodepressão. Não se indica a revacinação de rotina.
4. Vacina contra hepatite B. Iniciar ao nascimento, preferencialmente nas primeiras 12 horas de
vida. Se a mãe for HBsAg positiva, aplicar simultaneamente, em outro local, IGHAHB. Se for
verificado que a criança infectou-se pelo HIV, aplicar a 4ª dose 6 a 12 meses após a 3ª, mesmo
que a mãe não seja HBsAg positiva. Crianças com evidência clínica ou laboratorial de
imunodeficiência: utilizar o esquema 0, 1, 2, 6-12 meses, com o dobro da dose recomendada na
rotina.
5. Vacina contra poliomielite. As doses da série primária (3 doses no 1º ano de vida e a 4ª dose
aos 15 meses) podem ser feitas com a vacina oral (VOP - Sabin). Em crianças maiores ou
naquelas que apresentarem sinais de imunodeficiência deve-se usar a vacina inativada (VIP Salk), completando-se quatro doses (Manual dos CRIE, p. 58). Pode-se também utilizar,
alternativamente, a vacina inativada para todas as doses. Esse último esquema (vacina inativada) é
o recomendado se a criança a ser vacinada convive com pessoa imunodeficiente. O esquema da
VIP é de duas doses com intervalos de dois meses, iniciando aos dois meses de idade, com
reforço aos 15 meses e entre quatro e cinco anos. No Brasil, não se indica rotineiramente vacina
oral ou inativada contra poliomielite após os cinco anos de idade.
6. DTP/Hib. Vacina combinada contra coqueluche, difteria, tétano e Haemophilus influenzae do
tipo b.
7. Vacina contra varicela. Deve ser aplicada em crianças nas categorias N1 e A1 (vide quadro 3).
O intervalo recomendado entre as doses é de três meses e no mínimo de quatro semanas.
8. Vacina contra Haemophilus influenzae do tipo b (Hib). Em maiores de 12 meses e com menos de
18 anos, nunca vacinados, aplicar duas doses, com intervalo de 2 meses.
9. Vacina contra influenza. Deve ser aplicada a partir dos seis meses de idade e repetida em dose
única anual, levando em conta a sazonalidade da infecção. Até 36 meses, meia dose (0,25 ml).
Após esta idade, 0,5 ml. As crianças com menos de nove anos, ao receberem a vacina pela
primeira vez, requerem duas doses com intervalo de quatro a seis semanas. Seguir orientação
anual de uso do Ministério da Saúde/Organização Mundial de Saúde.
10. Vacina contra o pneumococo. As crianças de 12 a 23 meses não vacinadas ou com esquema
vacinal incompleto no primeiro ano de vida deverão receber duas doses da vacina conjugada 7valente (VP7), com oito semanas de intervalo. Crianças entre dois e 10 anos de idade deverão
receber duas doses de vacina polissacarídica (23PS), com intervalo de três anos, mesmo que
tenham feito anteriormente a VP7. Para pessoas com mais de 10 anos, duas doses de vacina
23PS, a segunda cinco anos ou mais após a primeira. Não se deve aplicar mais de duas doses de
vacina 23PS.
11. Vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). Não deve ser aplicada em crianças com
imunodepressão grave (categoria imunológica 3). Se já fez duas doses, por campanhas de
seguimento (follow up) ou bloqueios, não há necessidade de dose adicional. Ver quadros 2 e 3.
12. Vacina contra febre amarela. Eficácia e segurança para os pacientes portadores do HIV não
foram estabelecidas. Pode ser recomendada levando-se em consideração a condição imunológica
do paciente (ver quadros 2, 3 e 6a) e a situação epidemiológica local.
42
13. Vacinar contra hepatite A. Vacinar os pacientes que tenham hepatopatia crônica e sejam
susceptíveis à hepatite A (doses: 0, 6 meses).
Quadro 2 - Categoria Imunológica da Classificação da infecção pelo HIV em menores de
13 anos de idade
Quadro 3 - Classificação da infecção pelo HIV em menores de 13 anos de idade
Quadro 4 - Recomendações para a imunização de adolescentes e adultos infectados pelo
HIV com vacinas vivas
43
Quadro 5 - Parâmetros imunológicos para a tomada de decisão em imunizações com
vacinas vivas em pessoas com 13 anos de idade ou mais infectadas pelo HIV
Quadro 6a - Recomendações para a vacinação contra a febre amarela em pessoas com
menos de 13 anos de idade, infectadas pelo HIV, de acordo com a contagem de linfócitos
T CD4+ e a região de risco
Quadro 6b - Recomendações para a vacinação contra a febre amarela em pessoas com 13
anos ou mais de idade, infectadas pelo HIV, de acordo com a contagem de linfócitos T
CD4+ e a região de risco
Observações aos quadros 6a e 6b:
1. Em relação à contagem de linfócitos T CD4+:
a) levar em consideração os dois últimos exames, de preferência os realizados no último ano,
sendo o último exame realizado no máximo há três meses, e que o paciente não tenha atualmente
manifestação clínica de imunodeficiência, com ou sem uso de terapia anti-retroviral;
b) valorizar preferencialmente o percentual de linfócitos T CD4+, pois o número absoluto é
passível de maiores variações;
c) para os pacientes com 13 anos ou mais de idade com linfócitos T CD4+ <200 células/mm3 que
desejarem ou necessitarem viajar para regiões de alto risco para febre amarela, aconselhá-los ou
aos seus responsáveis a não viajar; caso não seja possível convencê-los, orientá-los sobre os riscos
e métodos alternativos para diminuir os riscos de exposição ao mosquito; a mesma orientação
deve ser dada aos responsáveis no caso de crianças com alteração imunológica grave (ver quadro
2);
d) cumpre lembrar que além do risco de evento adverso grave, em pacientes imunossuprimidos a
resposta à vacina poderá não ser satisfatória.
44
2. Em relação ao risco de infecção pelo vírus amarílico:
a) esta definição é dinâmica e depende não só da disseminação de vetores infectados, mas
também da cobertura vacinal alcançada;
b) são consideradas áreas de alto risco as regiões onde já foram confirmados casos autóctones de
febre amarela silvestre.
3. Quando a opção for “Oferecer”: o profissional de saúde responsável pela decisão deverá
explicar ao paciente o risco/benefício levando em conta a não-resposta à vacina, possibilidade de
eventos adversos e o risco epidemiológico local da infecção pelo vírus da febre amarela. Toda
pessoa infectada pelo HIV e vacinada contra febre amarela deverá ser acompanhada,
preferencialmente em centros de referência, adotando-se protocolo específico.
Quadro 7 - Recomendações para a imunização de adolescentes e adultos infectados pelo
HIV com vacinas não-vivas
45
ANEXO II
IMUNOBIOLÓGICOS ESPECIAIS E SUAS INDICAÇÕES
Imunoglobulina humana anti-hepatite B
Indicação: Imunoprofilaxia pós-exposição; prevenção da infecção perinatal pelo vírus da hepatite B; Exposição
sangüínea acidental percutânea ou de mucosa; Comunicantes sexuais de casos agudos de hepatite B; Vítimas de
abuso sexual; Profilaxia pré-exposição.
Composição
Obtida de plasma de
doadores selecionados
com altos títulos de
anticorpos específicos.
Início da
aplicação
(idade)
Dose/Esquema básico
Reforço
Via de aplicação
Qualquer
idade.
Dose única de 0,06 ml/kg;
em lactentes aplicar 0,5 ml
(1 ml = 200 UI)
-
Intramuscular
Imunoglobulina humana anti-rábica
Indicação: Pessoas que devem receber o soro anti-rábico, cujo teste de sensibilidade ao soro foi positivo;
Alternativamente, pessoas que devem receber o soro anti-rábico, cujo teste de sensibilidade ao soro foi positivo e
que durante o processo de dessensibilização com o soro apresentaram reações de hipersensibilidade; Pessoas que já
tenham tido reação de hipersensibilidade após haverem recebido qualquer soro heterólogo.
Composição
Imunoglobulinas
específicas com altos
títulos de anticorpos
contra a raiva humana.
Início da
aplicação
(idade)
Dose/Esquema básico
Qualquer
idade.
Dose única de 20 UI/kg (1 ml =
150 UI)
Reforço
-
Via de aplicação
Intramuscular
Imunoglobulina humana antitetânica
Indicação: Pessoas que devem receber soro antitetânico (SAT) profilaticamente, cujo teste de sensibilidade ao SAT
foi positivo; pessoas que já tenham tido reação de hipersensibilidade após haverem recebido qualquer soro
heterólogo.
Composição
Constituída por
imunoglobulinas da classe
IgG que neutralizam a
toxina produzida pelo
Clostridium tetani, sendo
obtida do plasma de
doadores selecionados
com altos títulos de
anticorpos específicos.
Início da
aplicação
(idade)
Dose/Esquema básico
Qualquer
idade.
1 Dose
Profilaxia: 250 UI (1 frasco =
250 UI)
Reforço
-
Via de aplicação
Intramuscular
46
Imunoglobulina humana antivaricela-zóster
Indicada nos seguintes grupos de pessoas suscetíveis que tiveram contato significativo: Crianças ou
adultos imunocomprometidos; Grávidas;Recém-nascidos de mães nas quais a varicela apareceu nos cinco últimos
dia de gestação ou até 48 horas depois do parto;Recém-nascidos prematuros, com 28 ou mais semanas de
gestação, cuja mãe nunca teve varicela; Rrecém-nascidos prematuros, com menos de 28 semanas de gestação (ou
com menos de 1000g ao nascimento), independente de história materna de varicela.
Composição
Obtidas do plasma de
doadores selecionados
com altos títulos de
anticorpos específicos.
Início da
aplicação
(idade)
Dose/Esquema básico
Qualquer idade
< 96 hs após o
contato.
1 Dose
125 U/10 kg (dose máxima =
625 U)
1 amp = 1,25 ml = 125U
Reforço
-
Via de aplicação
Intramuscular
Vacina contra febre Tifóide
Indicação: Indicação restrita as pessoas sujeitas a exposição excepcional, em decorrência de sua ocupação
(profissionais de laboratório com contato habitual com Salmonella typhi), ou viajantes a áreas endêmicas.
Composição
Vacina parenteral
contendo 25 mg por dose
de polissacarídeo capsular
Vi purificado, extraído de
Salmonella typhi, em 0,5
ml de solução - tampão
isotônica com fenol.
Início da
aplicação
(idade)
Dose/Esquema básico
Reforço
Via de aplicação
Utilizada a
partir de 2
(dois) anos de
idade.
1 dose
Após 3 anos.
Intramuscular
Vacina meningocócica conjugada
Indicação: A partir dos 2 meses de idade, nos portadores de: Asplenia congênita ou adquirida, deficiências do
complemento, anemia falciforme e talessemia, esplenec tomizados.
Composição
Cada 0,5 ml de dose deve
conter: polissacarídeo
meningocócico do grupo C
10ug conjugado ao
toxóide tetânico (TT) 1020 ug; ADJUVANTE:
Hidróxido de alumínio 1,4
mg (equivalente a 0,5 mg
de alumínio);
EXCIPIENTES: Cloreto de
Sódio 4,1 mg e água para
injetáveis 0,5 ml.
Início da
aplicação
(idade)
Dose/Esquema básico
Reforço
Via de aplicação
-
Intramuscular
Dose individual recomendada
eqüivale a 0,5 ml da vacina.
De 7 a 11 meses = 3 doses, 2
doses com intervalo mínimo de
4 semanas; a terceira dose
2 (dois) meses
após completar um ano de
de idade.
idade administrada, no mínimo,
de 2 meses após a segunda
dose.
Maior de 1 ano aplicar dose
única.
47
Vacina contra hepatite A
Indicação: Nos CRIE, está indicada somente para as pessoas com hepatopatias crônicas suscetíveis para a hepatite
A.
Composição
Vírus da hepatite A
inativados por formaldeído
e com fenoxietanol como
preservativo (potência em
EL.U) ou vírus da hepatite
A inativados por
formaldeído e sem
preservativo (potência em
U).
Início da
aplicação
(idade)
Dose/Esquema básico
2 anos.
2 Doses
720 EL.U ou 25 U: 2 doses (0,5
ml) com intervalo de 6-12
meses.
19 anos.
2 Doses
1440 EL.U ou 50 EL.U: 2 doses
(1 ml) com intervalo de 6-12
meses.
Reforço
Via de aplicação
-
Intramuscular
(deltóide)
Vacina contra Haemophilus influenzae do tipo b conjugada
Indicação:
a) Crianças com mais de 12 meses de vida e < 5 anos com doença pulmonar ou cardíaca crônica, grave;
b) Crianças com 12 meses de vida ou mais e com menos de 18 anos, nas seguintes condições:
imunocomprometidas, inclusive as com infecção assintomática pelo HIV; asplenia anatômica ou funcional e
hemoglobinopatias; antes de esplenectomia eletiva;
c) Transplantados de medula óssea com qualquer idade.
Composição
Depende do tipo de
vacina.
Início da
aplicação
(idade)
Dose/Esquema básico
Reforço
Via de aplicação
No CRIE, a
partir de 12
meses.
1 ou 2 Doses
1 dose: (doença pulmonar ou
cardíaca crônica grave); 2
doses: com intervalo de 2
meses (imunocomprometidos)
-
Intramuscular
Vacina pentavalente
Indicação: A vacina pentavalente (DTP + HB +HIB) é administrada a partir de 2 meses de idade até 11 meses e 29
dias, em crianças com discrasias sangüíneas.
Composição
Início da
aplicação
(idade)
Dose/Esquema básico
Cada dose de vacina
Dose individual recomendada
reconstituída (0,5 ml)
equivale a 0,5 ml da vacina
contém: Vacina conjugada
reconstituída.
contra Haemophilus
infuenzae tipo b (Hib):
10mg de polissacarídeo
poliribosil-ribitol fosfato
capsular purificado (PRP)
de Haemophilus influenzae
tipo b (Hib). FORMA: pó
Administrada a
liofiliz· Vacina tetravalente
partir de 2
3 doses: aos 2, 4 e 6 meses de
(DTP +HB): 0,5 ml de
meses de
idade. O intervalo ideal entre
vacina contém não menos
idade até 11
as doses é de 60 dias
de 30 UI de toxóide
meses e 29
(sessenta) dias, podendo ser
diftérico absorvido, não
dias; .
utilizado um intervalo menor,
menos de 60 UI de toxóide
de até 30 dias (trinta) dias, em
tetânico adsorvido, não
situações muitíssimo especiais.
menos de 4 UI de
pertussis (coqueluche) e
10 microgramas de
proteína HbsAg
recombinante. FORMA:
suspensão injetável;
EXCIPIENTES: adsorvidos
em sais de alumínio.
Reforço
Via de aplicação
-
Subcutânea
48
Vacina pneumocócica 7 valente
Indicação: Crianças menores de 2 anos basicamente imunocompetentes, com doença pulmonar ou cardiovascular
Composição
Início da
Dose/Esquema básico
Reforço
Via de aplicação
Dose individual recomendada
Aos 2, 4 e 6 meses, intervalo
49
Vacina contra raiva (cultivo celular)
Indicação:
Eventos adversos à vacina Fuenzalida-Palacios: a pessoas que apresentarem ou que já tenham apresentado reações
alérgicas graves ou neurológicas associadas com o uso da vacina Fuenzalida-Palacios.
Recomenda-se: investigar história de vacinação anterior com a Fuenzalida-Palacios, para verificação da ocorrência
de reação adversa e qual o tipo; ocorrendo reações locais e alérgicas leves, recomenda-se o uso de anti-histamínicos
e analgésicos e continuar o esquema com a vacina Fuenzalida-Palacios; havendo reações alérgicas graves (anafilaxia
sistêmica), tratar com anti-histamínicos e continuar o esquema com a vacina de cultivo celular; na vigência de
sintomas sugestivos de comprometimento neurológico (cefaléia com dor muscular e articular, diminuição do tônus
muscular, parestesia plantar e outros sinais e sintomas neurológicos), completar o esquema com vacina de cultivo
celular.
Profissionais de saúde: profissionais com atividades de risco que receberam o esquema pré-exposição com a vacina
Fuenzalida-Palacios e que, mesmo após doses de reforço, não alcançaram o título de anticorpos necessário para
proteção.
Pacientes imunocomprometidos: Nos pacientes imunocomprometidos (inclusive nos doentes com aids), dá-se
preferência às vacinas de cultivo celular.
Composição
Depende do tipo de
vacina.
Início da
aplicação
(idade)
Qualquer
idade.
Dose/Esquema básico
Reforço
Via de aplicação
Pré-exposição.
Nos dias 0-7-21 ou 28.
Reforço
periódico, de
acordo com
teste
sorológico.
Intramuscular (não
aplicar no glúteo)
Pós-exposição.
Nos dias 0-3-7-14-28.
-
Vacina contra varicela
Indicação:
Imunocomprometidos, nas indicações da literatura: leucemia linfocítica aguda e tumores sólidos em remissão (pelo
menos 12 meses), desde que apresentem 1200 linfócitos/mm3, sem radioterapia; caso estejam em quimioterapia,
uspende-la sete dias antes e sete dias depois da vacinação; profissionais de saúde, pessoas e familiares
suscetíveis à doença e imunocompetentes que estejam em convívio domiciliar ou hospitalar com pacientes
imunocomprometidos; pessoas suscetíveis à doença que serão submetidas a transplante de órgãos (fígado, rins,
coração, pulmão e outros órgãos sólidos), pelo menos três semanas antes do ato cirúrgico; pessoas suscetíveis à
doença e imunocompetentes, no momento da internação em enfermaria onde haja caso de varicela; vacinação antes
da quimioterapia, em protocolos de pesquisa.
Composição
Início da
aplicação
(idade)
Vírus da varicela, cepa
Oka, arenuados.
12 meses.
Dose/Esquema básico
Reforço
Via de aplicação
-
Subcutânea
< 13 anos. 1 dose.
³ 13 anos.
2 doses com intervalo de 4-8
semanas.
50
Vacina contra influenza
Indicação:
O Comitê Técnico Assessor de Imunizações do Ministério da Saúde estabeleceu as seguintes prioridades para a
vacinação contra influenza nos CRIE: adultos e crianças com 6 meses de idade, com doença pulmonar ou
cardiovascular crônicas graves, insuficiência renal crônica, diabetes melito insulino-dependente, cirrose hepática e
hemoglobinopatias; adultos e crianças com 6 meses de idade, imunocomprometidos ou HIV+; pacientes submetidos
a transplantes; profissionais de saúde e familiares que estejam em contato com os pacientes mencionados
anteriormente.
Composição
Vírus da influenza
fracionados ou de
subunidades.
Início da
aplicação
(idade)
Dose/Esquema básico
6 -35 meses.
2 Doses
2 doses de 0,25ml no 1º ano
de aplicação com 4-6 semanas
de intervalo; nos anos
seguintes 1 dose.
3 – 8 anos.
2 Doses
Idem, mas com dose de 0,5ml.
> 9 anos e
adultos.
1 Dose
1 dose (0,5ml).
Reforço
Via de aplicação
Todos os
anos.
Intramuscular
DTP acelular
Indicação:
A vacina tríplice acelular é indicada em crianças até 6 anos completos, que após o recebimento de qualquer uma das
doses da vacina tríplice bacteriana de células inteiras (DTP) apresentem os seguintes eventos adversos:
- Convulsões nas primeiras 72 horas;
- Episódio Hipotônico Hiporresponsivo (EHH) nas primeiras 48 horas.
Composição
Associação dos toxóides
diftérico e tetânico com
imunógenos derivados da
Bordetella pertussis.
Início da
aplicação
(idade)
Dose/Esquema básico
Reforço
Via de aplicação
< 7 anos.
4 Doses
Completar o esquema vacinal
iniciado com a DTP, seguindo a
mesma orientação desta
(número de doses e intervalos)
Completar o
esquema
vacinal.
Intramuscular
Vacina dupla infantil
Indicação:
Indicada para crianças com menos de 7 anos de idade para as quais haja contra-indicação de receberem a vacina
contra a coqueluche (componente pertussis = P) da vacina tríplice (DTP).
Composição
A vacina dupla contém
toxóide diftérico, e toxóide
tetânico, tendo como
adjuvante hidróxido ou
fosfato de alumínio.
Início da
aplicação
(idade)
Dose/Esquema básico
Reforço
Via de aplicação
Crianças com
menos de 7
anos de idade.
Apresentada em frasco de 01
dose sob forma liquída, para
esquema vacinal com aplicação
de 3 doses com intervalo de 60
dias. O intervalo mínimo entre
as doses é de 30 dias.
De 10 em 10
anos, por
toda vida.
Intramuscular
51
ANEXO III
Os avanços do Programa Nacional de Imunizações (PNI) levaram à implantação dos Centros de
Referência no Brasil. Os CRIE começaram a ser instalados em 1993, inicialmente nos estados do
Ceará, São Paulo, Paraná e Distrito Federal. Atualmente são 36 CRIE.
Ao melhorar o acesso da população à vacinação e ao implantar o acompanhamento das reações
adversas pós-vacinais, começaram a ser identificadas pessoas que não se beneficiavam das
vacinas, por serem portadores de quadros clínicos especiais - doenças crônicas ou
imunodeficiência - ou por terem história anterior de reações graves a um dos componentes do
produto.
Os CRIE atendem, de forma personalizada, o público que necessita de produtos especiais, de alta
tecnologia e de altíssimo custo, que são adquiridos pela Secretaria de Vigilância em Saúde. Para
fazer uso dessa medicação, porém, é necessário que a pessoa apresente a indicação médica e um
relatório clínico sobre seu caso.
A boa receptividade, a necessidade e a grande demanda, o bom funcionamento e o apoio das
Sociedades Brasileira de Pediatria e de Infectologia foram fundamentais para a expansão dos
CRIE.
ENDEREÇOS DOS CRIEs
UF
RESPONSÁVEL
TELEFONE
AC
MATERNIDADE BARBARA
HELIODORO, AV. GETULIO
VARGAS 811 ,CENTRO
Dra Marianela V. Ortis
Estremadoyro
(68) 224-1290 R 49
[email protected]
Hozana Maria Pereira S.
Marques Luz
(82) 336-1633
AL
AV. SIQUEIRA CAMPOS S/N
Trapiche - Hospital escola José carneiro
/Pediatria
AM
INSTITUTO DE MEDICINA
TROPICAL, AV. PEDRO
TEIXEIRA, Nº 25
- BAIRRO D. PEDRO - MANAUS /
AM CEP. 69040-000
Dr. Marcos Cardoso
Fernandes
Dra Solange Dourado
de Andrade
(92) 238-1711
(92) 656-3937
[email protected]
[email protected]
Dr Clóvis Miranda
Enf Maria Aureliana
Sampaio dos Santos
(96) 212-6217
[email protected]
Claudionor E
Dr. Hagameno
Enf. Kátia Maria
Guimaraes
(71) 316-3084(71) 316-3467
[email protected]
Dr Jacy Andrade
Enf. Ana Conceição
Lisboa
(71) 339-6161 339-6108
[email protected]
AP
BA
LOCAL
CLINICA DE PNEUMOLOGIA ,
RUA JOVINO DINOÁ S/N.
HOSPITAL COUTO MAIA - RUA
RIO SÃO FRANCISCO S/N MONTE SERRAT SALVADOR / BA - CEP; 40425-100
HOSPITAL INFANTIL CENTRO
PEDIATRICO HOSANO OLIVEIRA
UFBA
52
(85) 3488-9662
(85) 3488- 9603
(85) 34889680
(85) 3488-9606
[email protected]
HOSPITAL INFANTIL ALBERT
SABIN, RUA TERTULIANO SALES
N 544 - VILA UNIÃO FORTALEZA / CE . CEP; 60410-790.
Dra. Angela Maria
Galeno Rodrigues Lima
HOSPITAL REGIONAL DE
TAGUATINGA, AREA ESPECIAL N
24 - TAGUATINGA NORTE BRASÍLIA
Enf. Rosilene Rodrigues
HOSPITAL REGIONAL DA
CEILÂNDIA, QMN 17 ÁREA
ESPECIALl 01
Dra Kelly Criatina B de
Mello
(61) 371-2889
HOSPITAL REGIONAL DA ASA
NORTE, SETOR MÉDICO
HOSPITALAR NORTE - ÁREA
ESPECIAL - BRASÍLIA
Dra Marisa Leite
Bechara Rodrigues
Lilliam Elizabeth Soares
Souza
(61) 325-4286
(61) 325- 4362
[email protected]
[email protected]
HOSPITAL MATERNO INFANTIL
DE BRASILIA - HMIB - AV. L 2 SUL
- Q 608/609 - BLOCO A - ASA SUL BRASÍLIA
Enf. Tereza Solange
Feitosa Ferrer
Enf Juçara Braga
(61) 443.2322 R. 307
(61) 445-7644
[email protected]
GO
HOSPITAL MATERNO INFANTIL RUA R 7 ESQUINA COM AVENIDA
PERIMETRAL, S/N SETOR
COIMBRA - CEP: 74510-210
Enfa Luzia Helena
Porfirio Berigo
(62) 291-4900 – R.228
fax: (62) 293-0324
Dra Diana Franchs
Josefa Correia Batista
(27) 3137-2401
ES
HOSPITAL INFANTIL NOSSA
SENHORA DA GLÓRIA , AV.
ALAMEDA MERI UBIRAJARA S/N
- BAIRRO PRAIA DO CANTO VITÓRIA
MA
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
MATERNO INFANTIL - RUA
SILVA JARDIN CENTRO
CEP: 65000-000
Enf Rita de Cássia do
Carmo Santos Carneiro
(98) 219-1115
[email protected]
MT
CENTRO REGIONAL DE SAÚDE RUA THOGO DA SILVA PEREIRA,
S/N - CUIABÁ - CEP: 78020-500
Dr Sandoval Carneiro
FilhoEnf. Dayse
Mazarelo Maiolino
(65) 613-2694
[email protected]
Dr. Antônio Graciliano
Arguelo Filho
(67) 378-2500
[email protected]
MS
AMBULATORIO DO HOSPITAL
REGIONAL, AVENIDA
ENGENHEIRO LUTERO LOPES,
S/N, BAIRRO AERO RANCHO,
CAMPO GRANDE.CEP: 79084-180
Dr Ajalirio Nunes de
Almeida Junior
MG
CENTRO DE SAÚDE CARLOS
CHAGAS - CENTRO GERAL DE
PEDIATRIA ALAMEDA
EZEQUIEL DIAS, N 345 - BELO
HORIZONTE - CEP: 30130-110
(31) 3277-4432
(31) 32774431
[email protected]
CE
DF
(61) 352-3320
(61) 353-1181
[email protected]
m
53
HOSPITAL OFIR DE LOYOLA , AV
MAGALHÃES BARATA, N 992
BELÉM - CEP: 66063-240
Dr.Orlando Luiz
Athayde Júnior
Dra Maria de Fatima
Cid Oliveira.
Enf. Odineia Maria da
Silva
(91) 229-4287
[email protected]
PB
HOSPITAL INFANTIL ARLINDO
MARQUES, RUA ALBERTO DE
BRITO, S/N - BAIRRO JAGUARIBE
- JOÃO PESSOA - CEP: 58015-320
Dra. Edina Lúcia Souto
Coutinho de Araújo.
Isabella Benevides
Martins
(83) 218-5778
[email protected]
[email protected]
Dra. Maria Angela
Wanderley Rocha
(81) 3413-1339/34131300
[email protected]
PE
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
OSWALDO CRUZ - HUOC ISOLAMENTO INFANTIL , RUA
ARNOBIO MARQUES, 310 RECIFE - CEP: 50100-130
Enf Jacira Maria
Rodrigues
PI
HOSPITAL INFANTIL LUCÍDIO
PORTELA, RUA GOV. RAIMUNDO
ARTUR DE VASCONCELOS, N 220
centro TERESINA / PI. CEP; 6401450
(86) 221-3435 R 224 e 260
(86) 216-3680
[email protected]
Dr. Celso Rogério
Andretta
(41) 322.2299 ramal 207
PR
CENTRO DE REFERÊNCIA DE
IMUNOBIOLÓGICOS,
RUA BARÃO DO RIO BRANCO, N
465 - CURITIBA
PA
HOSPITAL MUNICIPAL JESUS ,
RUA OITO DE DEZEMBRO, N 717
- VILA ISABEL - RIO DE JANEIRO
- CEP; 20550-200
RJ
RUA 10 DE MAIO N° 892, CENTRO,
ITAPERUNA
POSTO DE SAÚDE RAUL
TRAVASSOSCEP: 28300-000
Dra. Myrtes Amorelli
Gonzaga
José Gilberto de Sá
Enf Tania Crstina de
Matos Barros
Dr Sidney Luís Silva da
Veiga Cabral
Enf. Elizabeth Alves
Riqueza
(21) 2569-1088
2569-4088 R 205
[email protected]
(22) 3822-1950 e
24 horas (024) 3822-0192,
[email protected]
(84) 215.4400
RN
HOSPITAL DE PEDIATRIA DA
UFRN - AV. CORDEIRO DE
FARIAS, SN
- BAIRRO: PETRÓPOLIS - NATAL
RO
HOSPITAL DE BASE, AVENIDA
JORGE TEXEIRA, BAIRRO
INDUSTRIAL
Dra Elba Miranda
(69) [email protected]
RS
HOSPITAL SANATÓRIO
PARTENON - RUA BENTO
GONÇALVES, N 3722 - BAIRRO
PASTELON - PORTO ALEGRE
Enf Marlene Maria
Kuhn
(51) 3336-8802
(51) 3336-5200
RR
HOSPITAL MATERNO INFANTIL
NOSSA SENHORA DE NASARETH
- BAIRRO: SÃO FRANCISCO
Dra Marilza Bezerra
Martins
(95) 623-3300
[email protected]
[email protected]
54
SE
AV. TANCREDO NEVES S/N,
ANEXO AO HOSPITAL DR. JOÃO
ALVES FILHO
Angela Marinho
Barretos Fontes
Jucilene Pacheco
(79) 259-3656
[email protected]
[email protected]
CENTRO DE IMUNIZAÇÕESDO
HOSPITAL DAS CLÍNICAS FMUSP , AV. DR. ENEAS DE
CARVALHO AGUIAR, N 355 PRÉDIO DOS AMBULATÓRIOS PISO TÉRREO - SALA 8 - SÃO
PAULO - CEP: 05403-000
Dra. Marta Heloísa
Lopes
(011) 3069-6392
(11) 3069-6413
emergência (11) 3082-9727
[email protected]
HOSPITAL DAS CLÍNICAS FACULDADE DE MEDICINA DE
RIBERÃO PRETO - AV.
BANDEIRANTES 3900, CAMPOS
DA USP - CEP: 14048-900.
Dra Maria Célia Cervi
CENTRO DE REFERÊRENCIA
PARA IMUNOBIOLÓGICOS
ESPECIAIS UNIFESP, RUA
LOEFGREEN, N 1998 - VILA
CLEMENTINO - SÃO PAULO CEP: 04040-003
Dra. Lily Yin Weckx
Aneliese Alckimin
Hermann
(11) 5084-5005
[email protected]
[email protected]
Dra Mariângela Ribeiro
Resende
(19) 3788-7763/37887451
(19) 3788-7916
Plantã[email protected]
HOSPITAL JOANA DE GUSMÃO
(ATÉ 14 ANOS), RUA RUI
BARBOSA, S/N
- BAIRRO AGRONÔMIA FLORIANÓPOLIS
Dra. Sônia Maria de
Farias
Dr. Aroldo Carvalho
(48) 251-9066
[email protected]
HOSPITAL NEREU RAMOS
(ADULTOS), RUA RUI BARBOSA,
S/ N BAIRRO AGRONÔMICO FLORIANÓPOLIS
Magali Chaves Luiz
RUA 02 ESQUINA C/ RUA 03 S/N ,
SETOR RODOVIARIO.
ARAGUAINA - CEP: 77818-020
Sandra Maria Deotti
Carvalho
Marilene Basto
Guimarães Araújo
SP
CENTRO DE IMUNOBIOLÓGICOS
- UNICAMP - HOSPITAL DAS
CLÍNICAS CAMPUS
UNIVERSITÁRIO "ZEFERIN VAZ"
- BAIRRO BARÃO GERALDO CAMPINAS - CEP: 13083-220
SC
TO
(16) 602- 2841 602- 2335
602-2634/2625
emerVip adulto 7148,Vip Infantil
7152
[email protected]
(48) 216-9300
(63) 411-6000
(63) 411-6018
(63) 414-7070
[email protected]
Res. 414-4692 Sandra
Res. 414-0421 Marilene
OBS: No Brasil, existem 37 Centros de Referência para imunobiológicos especiais já implantados nas 27 unidades
federais.
55
ANEXO IV
Programa Nacional de Imunizações – Calendário Básico de Vacinação (2004)
A Secretaria de Vigilância em Saúde coordena o Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Define normas e parâmetros técnicos para as estratégias de utilização de imunobiológicos, com
base na vigilância epidemiológica de doenças imunopreveníveis e no conhecimento técnico e
científico da área. Também é papel da Secretaria de Vigilância em Saúde a coordenação das ações
de vacinação de caráter nacional, além da aquisição, conservação e distribuição dos
imunobiológicos que integram o PNI.
A partir de 2004 o Ministério da Saúde passa a adotar três calendários obrigatórios de vacinação
em todo o território nacional. Portaria do ministro da Saúde assinada em abril de 2004, estabelece
as vacinas, doses e períodos de vacinação do Calendário Básico de Vacinação da Criança, do
Calendário de Vacinação do Adolescente e do Calendário de Vacinação do Adulto e do Idoso.
Calendário Básico de Vacinação da Criança
IDADE
VACINAS
DOSES
dose
única
DOENÇAS EVITADAS
Ao
nascer
BCG - ID
Formas graves de tuberculose
Vacina contra hepatite B (1)
1ª dose
Hepatite B
1 mês
Vacina contra hepatite B
2ª dose
Hepatite B
VOP (vacina oral contra pólio)
1ª dose
Poliomielite ou paralisia infantil
Vacina tetravalente (DTP +
Hib) (2)
1ª dose
Difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções
causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b
VOP (vacina oral contra pólio)
2ª dose
Poliomielite ou paralisia infantil
Vacina tetravalente (DTP +
Hib)
2ª dose
Difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções
causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b
VOP (vacina oral contra pólio)
3ª dose
Poliomielite ou paralisia infantil
Vacina tetravalente (DTP +
Hib)
3ª dose
Difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções
causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b
Vacina contra hepatite B
3ª dose
Hepatite B
2 meses
4 meses
6 meses
9 meses
Vacina contra febre amarela (3)
12 meses SRC (tríplice viral)
15 meses VOP (vacina oral contra pólio)
4-6
anos
dose
única
Febre amarela
dose
única
Sarampo, rubéola e caxumba
reforço
Poliomielite ou paralisia infantil
DTP (tríplice bacteriana)
1º reforço Difteria, tétano e coqueluche
DTP (tríplice bacteriana
2º reforço Difteria, tétano e coqueluche
SRC (tríplice viral)
reforço
Sarampo, rubéola e caxumba
6 a 10
anos
BCG - ID (4)
reforço
Formas graves de tuberculose
10 anos
Vacina contra febre amarela
reforço
Febre amarela
56
(1) A primeira dose da vacina contra a hepatite B deve ser administrada na maternidade, nas
primeiras 12 horas de vida do recém-nascido. O esquema básico se constitui de 03 (três) doses,
com intervalos de 30 dias da primeira para a segunda dose e 180 dias da primeira para a terceira
dose.
(2) O esquema de vacinação atual é feito aos 2, 4 e 6 meses de idade com a vacina Tetravalente e
dois reforços com a Tríplice Bacteriana (DTP). O primeiro reforço aos 15 meses e o segundo
entre 4 e 6 anos.
(3) A vacina contra febre amarela está indicada para crianças a partir dos 09 meses de idade, que
residem ou que irão viajar para área endêmica (estados: AP, TO, MA MT, MS, RO, AC, RR, AM,
PA, GO e DF), área de transição (alguns municípios dos estados: PI, BA, MG, SP, PR, SC e RS)
e área de risco potencial (alguns municípios dos estados BA, ES e MG). Se viajar para áreas de
risco, vacinar contra febre amarela 10 (dez) dias antes da viagem.
(4) Em alguns estados, esta dose não foi implantada. Aguardando conclusão de estudos
referentes a efetividade da dose de reforço.
57
Calendário de Vacinação do Adolescente (1)
IDADE
De 11 a 19 anos (na primeira
visita ao serviço de saúde)
VACINAS
Hep B
dT (2)
FA (3)
SCR (4)
1 mês após a 1ª dose contra
Hepatite B
6 meses após a 1ª dose contra
Hepatite B
2 meses após a 1ª dose contra
Difteria e Tétano
4 meses após a 1ª dose contra
Difteria e Tétano
a cada 10 anos por toda a vida
DOSES
1ª dose
1ª dose
dose
inicial
dose
única
DOENÇAS EVITADAS
Contra Hepatite B
Contra Difetria e Tétano
Contra Febre Amarela
Contra Sarampo, Caxumba e Rubéola
Hep B
2ª dose contra Hepatite B
Hep B
3ª dose contra Hepatite B
dT
2ª dose Contra Difteria e Tétano
dT
3ª dose Contra Difteria e Tétano
dT (5)
FA
reforço Contra Difteria e Tétano
reforço Contra Febre Amarela
(1) Adolescente que não tiver comprovação de vacina anterior, seguir este esquema. Se apresentar
documentação com esquema incompleto, completar o esquema já iniciado.
(2) Adolescente que já recebeu anteriormente 03 (três) doses ou mais das vacinas DTP, DT ou
dT, aplicar uma dose de reforço. É necessário doses de reforço da vacina a cada 10 anos. Em
ferimentos graves, antecipar a dose de reforço para 5 anos após a última dose. O intervalo
mínimo entre as doses é de 30 dias.
(3) Adolescente que resida ou que irá viajar para área endêmica (estados: AP, TO, MA, MT, MS,
RO, AC, RR, AM, PA, GO e DF), área de transição (alguns municípios dos estados: PI, BA, MG,
SP, PR, SC e RS) e área de risco potencial (alguns municípios dos estados BA, ES e MG). Em
viagem para essas áreas, vacinar 10 (dez) dias antes da viagem.
(4) Adolescente que tiver duas doses da vacina Tríplice Viral (SCR) devidamente comprovada no
cartão de vacinação, não precisa receber esta dose.
(5) Adolescentes grávidas, que estejam com a vacina em dia, mas recebeu sua última dose há mais
de 5 (cinco) anos, precisa receber uma dose de reforço. Em caso de ferimentos graves, a dose de
reforço deve ser antecipada para cinco anos após a última dose.
58
Calendário de Vacinação do Adulto e do Idoso
IDADE
A partir de 20 anos
VACINAS
dT (1)
FA (2)
(3)
DOSES
DOENÇAS EVITADAS
1ª dose Contra Difteria e Tétano
dose Contra Febre Amarela
inicial
dose Contra Sarampo, Caxumba e Rubéola
única
dT
2ª dose Contra Difteria e Tétano
dT
3ª dose Contra Difteria e Tétano
SR e/ou SCR
2 meses após a 1ª dose contra
Difteria e Tétano
4 meses após a 1ª dose contra
Difteria e Tétano
a cada 10 anos por toda a vida
60 anos ou mais
dT (4)
FA
Influenza (5)
reforço
reforço
dose
anual
Pneumococo (6) dose
única
Contra Difteria e Tétano
Contra Febre Amarela
Contra Influenza ou Gripe
Contra Pneumonia causada pelo pneumococo
(1) A partir dos 20 (vinte) anos, gestante, não gestante, homens e idosos que não tiverem
comprovação de vacinação anterior, seguir o esquema acima de 3 doses. Apresentando
documentação com esquema incompleto, completar o esquema já iniciado. O intervalo
mínimo entre as doses é de 30 dias.
(2) Adulto/idoso que resida que irá viajar para área endêmica (estados: AP, TO, MA, MT,
MS, RO, AC, RR, AM, PA, GO e DF), área de transição (alguns municípios dos estados:
PI, BA, MG, SP, PR, SC e RS) e área de risco potencial (alguns municípios dos estados BA,
ES e MG). Em viagem para essas áreas, vacinar 10 (dez) dias antes da viagem.
(3) A vacina dupla viral - SR (Sarampo e Rubéola) e/ou a vacina tríplice viral - SCR
(Sarampo, Caxumba e Rubéola) deve ser administrada em mulheres de 12 a 49 anos que
não tiverem comprovação de vacinação anterior e em homens até 39 (trinta e nove) anos.
(4) Mulher grávida que esteja com a vacina em dia, mas recebeu sua última dose há mais de
05 (cinco) anos, precisa receber uma dose de reforço. Em caso de ferimentos graves em
adultos, a dose de reforço deverá ser antecipada para cinco anos após a última dose.
(5) As vacinas contra Influenza são oferecidas anualmente durante a Campanha Nacional
de Vacinação do Idoso.
(6) A vacina contra pneumococos é aplicada durante a Campanha Nacional de Vacinação
do Idoso nos indivíduos que convivem em instituições fechadas, tais como casas
geriátricas, hospitais, asilos e casas de repouso, com apenas um reforço cinco anos após a
dose inicial.
59
ANEXO V
CLASSES, MECANISMOS DE AÇÃO E NOMES DOS MEDICAMENTOS ANTIRETROVIRAIS.
* A aprovação corresponde à liberação pelo FDA.
1) Inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos e nucleotídeos (INTRs):
foram os primeiros medicamentos anti.HIV a surgirem. Bloqueiam a transcrição reversa (a
criação do ADN viral a partir do ARN) ao produzirem elos que interrompem esse processo. A
maioria é de análogos de nucleosídeos, exceto o tenofovir, que é análogo de nucleotídeos.
CONHECIDO
PATENTEADO
TAMBÉM
POR
COMO
1987
Zidovudina
Retrovir
AZT, ZDV
GlaxoSmithKline
1991
Didanosina
Videx
ddI
Bristol-Myers Squibb
1992
Zalcitabina
Hivid
ddC,
Roche
dideoxicitidina
1994
Estavudina
Zerit
d4T
Bristol-Myers Squibb
1995
Lamivudina
Epivir
3TC
GlaxoSmithKline
1997
Zidovudina/
Combivir
Combina AZT +
GlaxoSmithKline
Lamivudina
3TC
1998
Abacavir
Ziagen
1592U89, ABC
GlaxoSmithKline
2000
Zidovudina/
Trizivir
Combina AZT +
GlaxoSmithKline
Lamivudina/Abacavir
3TC + abacavir
2001
Tenofovir
Viread
Bis-poc PMPA
Gilead Sciences
Outros nucleosídeos que estão sendo estudados em humanos: Coviracil (FTC, emtricitabina) e
DAPD (amdoxovir), da Triangle Pharmaceuticals, e o MIV-130, de Medivir.
ANO DE
APROVAÇÃO
NOME
GENÉRICO
NOME
COMERCIAL
2) Inibidores da transcriptase reversa não-análogos de nucleosídeos (INNTRs): esses
também interrompem a transcrição reversa ao se unirem à enzima transcriptase, impossibilitando
a sua atividade.
CONHECIDO
ANO DE
NOME
NOME
PATENTEADO
TAMBÉM
APROVAÇÃO
GENÉRICO
COMERCIAL
POR
COMO
1996
Nevirapina
Viramune
NVP, BI-RG-587 Boehringer Ingelheim
1997
Delavirdina
Rescriptor
DLV
Agouron
Pharmaceuticals
1998
Efavirenz
Sustiva
DMP-266
Bristol-Myers Squibb
Outros INNTRs que estão sendo estudados em humanos: +/-Calanolida A, da Sarawak
MediChem Pharmaceuticals; Capravirina (AG1549), da Agouron Pharmaceuticals; DPC083, da
Bristol-Myers Squibb; MIV-150, da Medivir; TMC 120 e TMC 125, da Tibotec-Virco.
60
3) Inibidores da protease (IPs): bloqueiam a ação da protease, enzima que corta os elos de
proteínas do HIV em pedaços específicos de proteínas necessários para se fazer uma nova cópia
do vírus.
CONHECIDO
ANO DE
NOME
NOME
PATENTEADO
TAMBÉM
APROVAÇÃO
GENÉRICO
COMERCIAL
POR
COMO
1995
Saquinavir
Invirase
SQV
Roche
1996
Ritonavir
Norvir
RTV
Abbott
1996
Indinavir
Crixivan
IDV
Merck
1997
Nelfinavir
Viracept
NFV
Agouron
Pharmaceuticals
1997
Saquinavir
Fortovase
SQV
Roche
1999
Amprenavir
Agenerase
APV, 141W94
GlaxoSmithKline
2000
Lopinavir
Kaletra
ABT-378/r
Abbott
2003
Atazanavir
Reyataz
BMS-232632
Bristol-Myers Squibb
Outros IPs que estão sendo estudados em humanos: GW433908, da GlaxoSmithKline; L756,423, da Merck; Mozenavir (DMP-450), da Triangle Pharmaceuticals; Tipranavir, da
Boehringer Ingelheim; e TMC114, da Tibotec Virco.
4) Inibidores da fusão (IFs): impedem que o HIV se junte à célula.
CONHECIDO
ANO DE
NOME
NOME
PATENTEADO
TAMBÉM
APROVAÇÃO
GENÉRICO
COMERCIAL
POR
COMO
2003
Enfuvirtida
Fuzeon
T-20
Roche
Outros IFs que estão sendo estudados em humanos: FP21399, da Fuji Pharmaceuticals; PRO
452, da Progenics Pharmaceuticals, Inc. (em fase I/II de estudo); SCH-C, da Schering; T-1249, da
Trimeris e Roche (em fase I de estudo); e TNX-355, da Tanox.
5) Inibidores da integrase: bloqueiam a ação da integrase, enzima que insere o ADN do vírus
dentro da cadeia de ADN da célula infectada. Ainda não foi aprovado nenhum inibidor da
integrase. O S-1360, da Shionogi e GlaxoSmithKline, está atualmente em fase II de estudo.
6) Medicamentos anti-sentido: são como imagens em espelho de partes do código genético do
HIV. Esses remédios se unem ao vírus para impedir o seu funcionamento. Um medicamento
antisentido é o HGTV43, da Enzo Therapeutics, que está em fase II de estudo.
7) Estimuladores do sistema imune: esses medicamentos utilizam as mensagens químicas do
corpo para estimular a resposta imune. Interleucina-2 (IL-2, Aldesleukin, Proleukin, da Chiron
Corporation) encontra-se em fase III de estudo. Multikina, da Cel-Sci Corporation, encontra-se
em fase I de estudo e Reticulosa, da Advanced Viral Research Corporation, está em fase III de
estudo. O HRG214, da Virionyx, encontra-se em fase I de estudo, e o Resveratrol, que é um
químico vegetal, também está em fase I de estudo.
61
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