UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA O IMPACTO FÍSICO-FUNCIONAL DO CÂNCER DE MAMA EM MULHERES SUBMETIDAS A TRATAMENTO CIRÚRGICO: UMA ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA CASCAVEL- PR 2004 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 113 CRISTIANE FÁTIMA GRANJA O IMPACTO FÍSICO-FUNCIONAL DO CÂNCER DE MAMA EM MULHERES SUBMETIDAS A TRATAMENTO CIRÚRGICO: UMA ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Cascavel, obtenção Oeste como do do Paraná requisito título de Campus parcial para Graduação em Fisioterapia. Orientadora: Juliana Cristina Frare CASCAVEL-PR Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 114 2004 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 115 TERMO DE APROVAÇÃO CRISTIANE FÁTIMA GRANJA O IMPACTO FÍSICO-FUNCIONAL DO CÂNCER DE MAMA EM MULHERES SUBMETIDAS A TRATAMENTO CIRÚRGICO: UMA ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do título de Graduado em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Profª. Joseane Rodrigues da Silva Coordenadora do Curso BANCA EXAMINADORA ........................................................................................ Orientadora: Profª. Juliana Cristina Frare Colegiado de Fisioterapia - UNIOESTE .......................................................................................... Profª. Joseane Rodrigues da Silva Colegiado de Fisioterapia - UNIOESTE .......................................................................................... Profª. Jordana Salmoria Colegiado de Fisioterapia - UNIOESTE Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 116 Cascavel, 12 novembro de 2004. Dedico este trabalho primeiramente à Deus, por ter guiado minha vida por caminhos iluminados, aos meus pais, que com muito esforço e dificuldade me ofereceram uma oportunidade de crescer e buscar as minhas realizações, a minha irmã, pela amizade e força nos momentos dificíes, e ao meu namorado, por todo amor, carinho e compreensão. Amo muito vocês. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 117 AGRADECIMENTOS Ao final desta etapa da minha vida, feita por momentos felizes e tristes, contei com o apoio de muitas pessoas que ajudaram a alcançar essa vitória, e por isso merecem meus agradecimentos, meu respeito e minha admiração... ...primeiro a Deus que me permitiu viver para que eu chegasse ao fim de mais uma jornada e, por ter atendido todas as minhas preces. ...a meus pais, Alfredo e Neiva, pelo amor e dedicação, que apesar da distância, souberam me incentivar e apoiar em todos os momentos. Mas acima de tudo por serem exemplos de vida. ...ao “Ric”, por todos os momentos de felicidade, pela compreensão, pelo animo para não desistir quando tudo parecia dar errado e forças para superar as dificuldades que se colocaram no meu caminho. ...os meus amigos mesmos distantes, Adriana, Fabiano, Jane Carla, Gisele, Ingrid, Lívia, Rosana, Rúbia e Weslei, e familiares que contribuíram com palavras, sorrisos e abraços para que meus dias fossem perfeitos. ...aos colegas da turma pela presença constante, por me agüentarem nos momentos de estresse e pelos bons momentos que compartilhamos. ...aos mestres que se dedicaram a me ensinar, em especial as professoras Carmem, Claúdia, Cristina, Francieli, Hérica, Janaina, Keila, Luciane, Maria Goretti e Mari. A orientadora Juliana Cristina Frare, por ter aceito meu convite, pelo incentivo, apoio e paciência. A coordenadora Joseane Rodigues, que antes de qualquer coisa foi uma grande amiga! Em especial a professora Jordana Salmoria, que se não fosse a sua ajuda valiosa este trabalho não teria sido realizado. ...e finalmente EU, por ter sido justa em todos os momentos da minha vida, por ter buscado o que desejava e acima de tudo, por ter acreditado na minha própria vitória. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 118 RESUMO O câncer de mama é a neoplasia de maior ocorrência entre as mulheres. O Brasil está entre os países com mais elevada taxa de incidência, sendo a principal causa de morte por neoplasia entre a população feminina. Atualmente, o câncer de mama é considerado um grave problema de saúde pública, conseqüentemente é uma das mais importantes causas de morbidade e mortalidade na mulher. As condutas terapêuticas para o tratamento são diversas; contudo, as cirurgias prevalecem e a técnica escolhida depende da gravidade do quadro. Com a evolução do tratamento, observou-se a necessidade de uma abordagem multidisciplinar, visando prevenir e minimizar complicações cirúrgicas que possam interferir no bem estar físico e psicológicos das pacientes submetidas ao tratamento cirúrgico. Este trabalho tem como objetivo principal propor um protocolo de tratamento fisioterapêutico e uma cartilha educativa baseado nas principais alterações físico-funcionais encontradas em mulheres que foram submetidas à tratamento cirúrgico. Para isto doze pacientes foram selecionadas e submetidas a uma avaliação fisioterapêutica previamente desenvolvida. Através da análise dos resultados, observou-se uma diminuição da ADM e perda de força muscular do ombro homolateral a cirurgia, sendo que todas as pacientes relataram dificuldades para realizar as atividades de vida diária. Baseado nestes resultados foi desenvolvido um protocolo fisioterapêutico e uma cartilha educativa, objetivando que as pacientes retornem o mais precoce possível as suas atividades funcionais, melhorando a qualidade de vida. Palavras-chave: Câncer de Mama, Qualidade de Vida, Fisioterapia. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 119 ABSTRACT Breast cancer is the neoplasia of highest incident among women. Brazil is among countries with the most elevated incident rate, being the main cause of death by neoplasia in woman population. At present breast cancer is considered a serious public health problem, consequently it is one of the most important causes of woman morbidity and mortality. Therapeutic conducts for the treatment are various; however, surgeries prevail and the chosen technique depends on how severe the case is. With the treatment development, it is observed the necessity of a multidisciplinary approach aiming to prevent and minimize surgical problems that may interfere in physical and psychological fitness of patients undergoing surgical treatment. This study has as main objective to propose a physicaltherapic treatment protocol and an educative book based on main physic-functional alterations found in the women submitted to surgical treatment. For that twelve patients have been selected and submitted to a physicaltherapic evaluation previously made. Through results analyses, a reduction of movement amplitude and loss of surgical homolateral shoulder muscular strength was observed, and all the patients mentioned to have difficulties to realize daily activities. Based on these information, it has been made a physicaltherapeutic protocol and an educative book, aiming that the patients return as early as possible to their functional activities, providing an improvement of their life quality. Key -Words: breast cancer, life quality, physicaltherapy Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 120 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 121 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS..................................................................................................................09 ...................................................................................................................................................... LISTA DE TABELAS .................................................................................................................10 LISTA DE GRÁFICOS............................................................................................................... 11 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................................14 2.1 A Mama .................................................................................................................................14 2.1.1 Arquitetura da Mama.............................................................................................................16 2.1.2 Inervação .............................................................................................................................. 18 2.1.3 Vascularização....................................................................................................................... 18 2.1.4 Tecido Muscular....................................................................................................................21 2.1.5 Cavidade Axilar.....................................................................................................................23 2.2 Câncer de Mama ...................................................................................................................24 2.2.1 Oncogênese...........................................................................................................................24 2.2.2 Epidemiologia e Estatística.....................................................................................................27 2.2.3 Patogenia e Fatores de Risco.................................................................................................30 2.2.4 Classificação..........................................................................................................................34 2.2.5 Estadiamento.........................................................................................................................39 2.2.6 Diagnóstico............................................................................................................................43 2.2.6.1 Auto-Exame das Mamas ....................................................................................................45 2.2.6.2 Mamografia ....................................................................................................................... 48 2.2.6.3 Biópsia ............................................................................................................................... 50 2.2.7 Tratamento Clínico................................................................................................................ 51 2.2.7.1 Tumorectomia ....................................................................................................................53 2.2.7.2 Quadrantectomia ............................................................................................................... 54 2.2.7.3 Mastectomia Radical ..........................................................................................................55 2.2.7.4 Mastectomia Radical Modificada ....................................................................................... 56 2.2.7.5 Radioterapia ....................................................................................................................... 57 2.2.7.6 Quimioterapia.....................................................................................................................59 2.2.7.7 Hormonioterapia.................................................................................................................61 2.2.8 Complicações Pós Operatórias.............................................................................................. 61 2.2.8.1 Infecção ............................................................................................................................63 2.2.8.2 Necrose Cutânea ............................................................................................................... 63 2.2.8.3 Complicações Linfáticas...................................................................................................... 63 2.2.8.4 Lesão Nervosa ..................................................................................................................65 2.2.8.5 Dor ....................................................................................................................................65 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 122 2.2.8.6 Fraqueza do Membro Superior...........................................................................................67 2.2.8.7 Complicações Cicatriciais ...................................................................................................67 2.2.8.8 Problemas Respiratórios ....................................................................................................68 2.2.8.9 Disfunção do Ombro .........................................................................................................69 2.2.8.10 Encarceramento Nervoso..................................................................................................70 2.2.8.11 Linfedema.........................................................................................................................71 2.2.8.12 Alterações Psicológicas.....................................................................................................74 2.2.8.13 Alterações Posturais ........................................................................................................ 78 2.3 Reabilitação ...........................................................................................................................79 3 METODOLOGIA ....................................................................................................................83 4 RESULTADOS .........................................................................................................................87 5 DISCUSSÃO.............................................................................................................................94 6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................................................... 10 5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................................................................................... 10 7 APÊNDICE A ...................................................................................................................................................... 11 2 APÊNDICE B ...................................................................................................................................................... 11 6 APÊNDICE C ...................................................................................................................................................... 11 8 APÊNDICE D ...................................................................................................................................................... 12 6 APÊNDICE E ...................................................................................................................................................... 12 9 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 123 LISTA DE FIGURAS Figura 01: Arquitetura da Mama ....................................................................................................16 Figura 02: Divisões da Mama em Quadrantes................................................................................ 35 Figura 03: Auto-exame Primeira Etapa ..........................................................................................46 Figura 04: Auto-exame Segunda Etapa..........................................................................................46 Figura 05: Auto-exame Terceira Etapa ..........................................................................................47 Figura 06: Exame de Mamografia ..................................................................................................49 Figura 07: Tumorectomia............................................................................................................... 53 Figura 08: Quadrantectomia ..........................................................................................................54 Figura 09: Mastectomia Radical.....................................................................................................55 Figura 10: Mastectomia Radical Modificada ..................................................................................57 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 124 LISTA DE TABELAS Tabela 01: Músculos Correlacionados com a Região da Mama...................................................... 22 Tabela 02: Principais Fatores de Risco Relacionados ao Câncer de Mama .....................................34 Tabela 03: Classificação Histológica do Câncer de Mama.............................................................. 35 Tabela 04: Sistema de Estadiamento TNM....................................................................................43 Tabela 05: Complicações Pós-Operatórias....................................................................................62 Tabela 06: Dados Cirúrgicos.........................................................................................................87 Tabela 07: Dados Demográficos....................................................................................................88 Tabela 08: Tratamentos Complementares ...................................................................................... 88 Tabela 09: Sintomatologia Relatada............................................................................................... 89 Tabela 10: Limitação de Movimentos ............................................................................................89 Tabela 11: Dificuldades Funcionais Relatadas................................................................................ 90 Tabela 12: Fatores Psicológicos ....................................................................................................92 Tabela 13: Auto-Avaliação da Saúde e Qualidade de Vida............................................................93 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 125 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01:Taxa bruta de mortalidade para o período de 1979 a 1998 e estimativas para o ano 2001, em mulheres, para algumas localizações primária (Brasil)........................................................ 28 Gráfico 02: Relatos de limitação no trabalho ou em outras atividades do dia entre as pacientes entrevistadas ..................................................................................................................................91 Gráfico 03: Presença de dor no período pós-operatório nas pacientes entrevistadas....................... 92 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 126 1 INTRODUÇÃO O câncer de mama é a neoplasia de maior ocorrência entre as mulheres, tanto de países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. Segundo o Ministério da Saúde (KLIGERMAN, 2002), o Brasil está entre os países com mais elevada taxa de incidência, tanto que o câncer de mama é dito como a principal causa de morte por neoplasia maligna na população feminina. Atualmente, o câncer de mama é considerado um grave problema de saúde pública, conseqüentemente é uma das mais importantes causas de morbidade e mortalidade na mulher por neoplasias em quase todo o mundo (LOPES, 1996 apud CENTOFANTI et al, 2003). A detecção precoce possibilita um tratamento conservador e não mutilante, mas infelizmente setenta por cento dos casos deste câncer são diagnosticados tardiamente, o que dificulta sua cura definitiva. Embora existam outros tratamentos, a cirurgia ainda é o processo mais comum para prevenir a disseminação da doença e a técnica escolhida dependerá da gravidade do quadro. Com a evolução do tratamento, observou-se a necessidade de uma abordagem multidisciplinar, visando prevenir e minimizar complicações (físicas e emocionais) que possam interferir no bem estar físico e psicológicos destas mulheres após o tratamento cirúrgico. Baseado nessas alterações pós-tratamento, que a reabilitação física desempenha um papel importante, visando a recuperação funcional da paciente e, conseqüente melhora da qualidade de vida. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 127 Este trabalho teve como objetivo propor um protocolo de tratamento fisioterapêutico baseado nas principais alterações físico-funcionais encontradas em mulheres portadoras de câncer de mama que foram submetidas à tratamento cirúrgico. Buscou-se também avaliar o impacto do câncer de mama sobre a qualidade de vida das portadoras e, o comprometimento físico-funcional pós-cirúrgico, além de desenvolver uma cartilha educativa com dicas de cuidados especiais com o membro afetado e orientações quanto a exercícios que devem ser realizados em casa no período pós-operatório. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 128 2 REFERÊNCIAL TEÓRICO 2.1 A Mama As mamas são estruturas complexas, consideradas como anexos cutâneos mamíferos. São órgãos glandulares pares, suscetíveis a estímulos neuro-hormonais e destinados primordialmente à secreção do leite (FERRARI et al, 2002). Como foi citada, a função primordial da mama é nutrir a prole, auxiliando assim na perpetuação das espécies. Por isso, deve ser considerada como um símbolo de vida. Além de desempenhar um papel relevante na sensualidade e na sexualidade feminina, retratando um símbolo de feminilidade, estética e de afeto. As primeiras manifestações deste tecido surgem por volta da sexta semana da vida embrionária (FERRARI et al, 2002). Durante este desenvolvimento embrionário a formação da mama inicia-se a partir do ectoderma ventral e do mesoderma subjacente. Sendo que o primeiro da origem ao sistema ductal, e o segundo aos tecidos adiposos e conjuntivos do local. Estas glândulas surgem ao longo de uma linha que se estende das futuras regiões inguinais até a axilar, conhecidas como “linha do leite” ou “linha láctea”. O número de glândulas pares que surgem varia conforme a espécie estudada, no casa da espécie humana surgem uma para cada hemitórax, ao nível de musculatura peitoral (CAMARGO e MARX, 2000). Tanto os homens quanto às mulheres possuem mamas, porém nos homens elas não se desenvolvem, enquanto que nas mulheres passam por várias modificações. Estas modificações estão relacionadas com a idade e ação hormonal. Pode-se afirmar que por volta dos 20 anos ela já Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 129 esta formada, porém somente após a gestação e lactação ela atingirá seu desenvolvimento completo, e que a partir dos 40 anos começa a apresentar regressão do componente glandular mamário. Ou seja, com a menopausa, ocorre atrofia deste tecido que é então substituído por tecido adiposo e conjuntivo. É fundamental lembrar que a cada ciclo menstrual, as estruturas mamárias sofrem alterações em função dos níveis hormonais (CAMARGO e MARX, 2000). A mama está localizada no interior da fáscia superficial da parede anterior do tórax, estendendo-se a face ântero-lateral do tórax, entre a segunda e a sexta costela, posicionando-se o mamilo à altura do quarto espaço intercostal. Este parênquima tem como limite à borda medial do esterno, lateralmente o músculo grande dorsal e a linha axilar anterior ou média, superiormente a clavícula, e inferiormente, o sulco submamário, podendo às vezes, atingir a parede abdominal superior. Na porção superior, a glândula se estende externamente até a axila, constituindo um prolongamento da axila ou o prolongamento axilar de Spencer (BIÁZUS et al, 2001). A superfície posterior da mama esta localizada sobre a fáscia profunda do tórax, revestida pelos músculos grande peitoral, serrátil maior, músculos oblíquos abdominais externos e a parte superior da bainha do reto abdominal. Diferente do que muitas pessoas pensam, o termo seio corresponde ao espaço compreendido entre as mamas, um sulco intermamário que é mais pronunciado quanto maior for o volume mamário, e não a mama propriamente dita (CAMARGO e MARX, 2000). Este anexo da pele é um órgão par, com variados pesos e formatos, de acordo com a constituição física, idade, paridade, lactação, entre outros fatores menos significantes. É comum ocorrer uma leve assimetria entre as mama, presente em cerca de 80% das mulheres. Apresentase de forma cônica, discóide, pendular, plana, entre outras formas; com espessura média de 5 a Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 130 7cm, de diâmetro em torno de 10 a 12 cm e peso que pode variar de 150 até 900g (CAMARGO e MARX, 2000). 2.1.1 Arquitetura da Mama A arquitetura da mama, ilustrada nA figura abaixo, é constituída de um parênquima (que é o tecido glandular propriamente dito), estroma (tecido conjuntivo que envolve o parênquima) e a pele, dotada de glândulas sebáceas e sudoríparas (DANGELO e FATTINI, 1998). Figura 01: Arquitetura da mama Fonte: http://www2.uol.com.Br/menopausa/mama O tecido glandular é um parênquima epitelial formado por dois sistemas: o lobular e o ductal, envolvidos pelo tecido conjuntivo fibroso e adiposo, vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. O sistema lobular é composto pelos lobos mamários que são a unidade anatomo-funcional da mama, em número de 10 a 20, que são constituídos pelo agrupamento inúmeros lóbulos, que por Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 131 sua vez é composto por pequenas formações saculares – alvéolos ou ácinos – reunidos em número de 10 a 100. Já o sistema ductal é constituído por um ducto principal e suas ramificações intra e extralobulares, também conhecido como ductos galactóforos. É comprovada a existência de prolongamentos do sistema ductal para diversas regiões, principalmente a axila, e mais raramente para a região epigástrica, esternal e clavicular (CAMARGO e MARX, 2000; BIÁZUS et al, 2001). O alvéolo mamário envolve o ducto galactóforo, e ao redor da luz do ducto encontramse as células lactóforas, que são verdadeiras usinas produtoras de leite. É no interior destas células que o leite é produzido, passando através da membrana para dentro do ducto. Também localizada aqui está à célula mioepitelial, que é uma célula muscular, cuja função é contrair-se e espremer a célula galactófora, fazendo com que a produção do leite aumente. O leite produzido acumula-se nas ampolas lactóforas, que nada mais é que uma dilatação dos ductos principais próximos ao mamilo (FILHO, [s.d.]). A superfície cutânea que reveste a mama é fina, elástica e mais clara, podendo ser dividida em região periférica, areolar e papilar. A aréola é centralizada, pouco rugosa, rósea ou acastanhada, devido à existência de células ricas em pigmentos melânicos com tamanho variável entre 3 a 6cm. Na aréola encontram-se glândulas sebáceas, sudoríparas e areolares acessórias; estas glândulas sebáceas produzem saliências na superfície, constituindo os tubérculos de Morgagni, já as glândulas areolares acessórias aumentam de volume durante a gestação e passam a ser conhecidas como tubérculos de Montgomery. A papila esta localizada no centro da aréola, de tamanho variável, revestida por um epitélio escamoso estratificado queratinizado, recoberta por um tecido cutâneo espesso e rugoso, onde desembocam os ductos principais. Já a região Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 132 periférica é constituída basicamente por tecido cutâneo, com anexos como pêlos, glândulas sebáceas e sudoríparas (FERRARI et al, 2002; MOORE, 1994). Enquanto a extremidade da papila contém inúmeras terminações nervosas sensoriais livres e corpúsculos de Meissner nas papilas dérmica, a aréola contém um pequeno número destas estruturas. Também são encontrados plexos neuronais ao redor dos folículos pilosos da pele que rodeia a aréola e corpúsculos de Pacini. Esta rica inervação sensorial, principalmente da aréola e da papila, constitui uma grande importância funcional, já que o ato de sucção desencadeia uma série de mecanismos nneuro-humorais e nervosos que levam a liberação de leite e é essencial para a continuidade da lactação (CAMARGO e MARX, 2000). A glândula mamária encontra-se envolvida por uma fáscia mamária, composta por uma cápsula superficial e outra profunda, sendo que dentre estas existem várias projeções de tecido fibroso orientadas perpendicularmente à pele, definidas como ligamentos suspensores da mama ou ligamentos de Cooper (FERRARI et al, 2002; MOORE, 1994). 2.1.2 Inervação A mama é inervada pelos ramos da porção anterior dos nervos intercostais (do segundo ao sexto), ramos do plexo cervical e do nervo intercostobraquial. A inervação deriva primariamente dos quarto, quinto e sexto nervos intercostais na região superior da mama. Parte da pele na metade superior da mama é inervada pelos terceiro e quarto ramos do plexo cervical, especificamente dos ramos anterior e medial do nervo supraclavicular. O ramo lateral do segundo nervo intercostal, que é o intercostobraquial, tem uma importância significativa para a anatomia Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 133 cirúrgica, já que passa através da fáscia do assoalho a axila e pode alcançar o nervo cutâneo medial do braço (FERRARI et al, 2002). 2.1.3 Vascularização A mama é extremamente irrigada, principalmente pelas artérias originadas da artéria torácica interna via ramos perfurantes intercostais, que atravessam do segundo ao quarto espaço intercostal, vascularizando o músculo grande peitoral e a parte medial da glândula. Também recebem vários ramos da artéria axilar, principalmente dos ramos torácico lateral e toracoacromial, e ramos cutâneos anteriores e laterais das artérias intercostais, do terceiro ao quinto espaço intercostal, irrigando a porção superior da mama (MOORE, 1994; BIÁZUS, 2001). As artérias intercostais, ramos da aorta e da subclávia também atravessam o grande peitoral e irrigam a face profunda da mama; por isso, durante processo cirúrgico a secção destas pode provocar importante hemorragia. A artéria torácica externa, com origem na região da axila, irriga a metade externa da mama. Como também irriga os linfonodos da axila, músculo serrátil maior, peitorais e subescapular (CAMARGO e MARX, 2000). O retorno venoso é representado por três grupos de veias profundas: ramos perfurantes que alcançam a veia mamária interna, ramos que chegam diretamente à veia axilar e ramos que alcançam as veias intercostais tributárias da veia áziga e do sistema das veias vertebrais. Em geral, o retorno venoso acompanha a arquitetura do sistema arterial. É essencial o conhecimento deste sistema, já que esta envolvida com o processo de transporte de células neoplásicas e conseqüentemente, a formação de metástase, principalmente as veias intercostais que podem Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 134 levar celulas neoplásicas para pulmões, ossos, cérebro, fígados, etc. (CAMARGO e MARX, 2000; MOORE, 1994). O sistema linfático é uma via secundária de acesso, por onde líquidos, proteínas e celulas pequenas são devolvidos ao sistema venoso. Desempenha um papel primordial de absorção e transporte do líquido em excesso, de grandes moléculas de proteínas e pequenas células, graças à altíssima permeabilidade da membrana dos capilares linfáticos, tendo importante função da manutenção da homeostase do corpo (CAMARGO e MARX, 2000). A extensa rede linfática inicia-se pelos capilares, prosseguindo através dos pré-coletores e coletores até chegar aos dois principais coletores: canal linfático direito e ducto torácico, que desembocam na junção das veias subclávia e jugular interna, onde encontram-se nódulos linfáticos. Estes nódulos possuem a função de defesa do organismo, e a de formação da memória imunológica (CAMARGO e MARX, 2000). A drenagem linfática da mama ocorre pelos plexos superficiais e profundos. O plexo superficial é composto pelo plexo areolar e o plexo subareolar. Já o plexo profundo é mais complexo, composto por linfáticos mamários externos, linfáticos mamários externos, linfáticos inferiores ou submamários, do tronco e do membro superior. Pode-se afirmar que a maior parte da drenagem linfática, cerca de 75%, faz-se para os linfonodos axilares, como também que a maioria dos linfáticos seguem um curso semelhante ao do sistema venoso. Os linfonodos axilares estão localizados ao longo da borda inferior do músculo peitoral menor, que fica situado profundamente ao peitoral maior. Estes linfonodos são divididos em relação ao músculo peitoral menor em três partes, conforme a classificação de Berg: a primeira esta localizada lateralmente a margem externa do peitoral menor, a segunda sob este mesmo Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 135 músculo e o terceiro medialmente à borda interna do peitoral menor (MOORE, 1994; FERRARI et al, 2002). Entretanto, a maioria dos anatomistas definem cinco grupos de linfonodos axilares: grupo braquial lateral ou da veia axilar, dispostos na face interna da veia axilar; grupo mamário externo ou torácico ou axilar anterior, localizado sobre a parede interna da axila acompanhando o trajeto da artéria mamária externa; grupo subescapular, situado sobre a parede posterior da axila, ao longo dos vasos escapulares inferiores e da borda externa da escápula; grupo central ou intermédio, imersos no tecido adiposo axilar, geralmente atrás dos músculo peitoral menor; e, grupo subclavicular ou apical, localizado por baixo da clavícula, sobre a primeira e segunda costelas, internamente à veia axilar (CAMARGO e MARX, 2000). As redes de vasos linfáticos intramamários seguem primariamente para o plexo retroareolar ou plexo subreolar, para então ir em direção aos linfonodos. Da região profunda da mama, os linfáticos atravessam o músculo peitoral maior e desembocam no grupo apical de linfonodos axilares, já a face medial é drenada para os linfonodos paraesternais, situados no interior do tórax ao longos dos vasos torácicos internos. A pele é drenada tanto para a parede abdominal quanto para a mama oposta (MOORE, 1994; FERRARI et al, 2002). O conhecimento da anatomia e funcionamento do sistema linfático e do sistema venoso é essencial por dois motivos, primeiro por ser uma via de disseminação das células neoplásica; segundo, por que a sua manipulação durante o tratamento cirúrgico pode gerar complicações como o linfedema (CAMARGO e MARX, 2000). 2.1.4 Tecido Muscular Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 136 A mama apresenta uma íntima relação com a parede torácica e com a cintura escapular. Os músculos e os elementos ósseos das cinturas escapulares e membros superiores recobrem grande parte da parede torácica anterior lateral e posterior. Conseqüentemente, qualquer abordagem na mama irá repercutir funcionalmente sobre a cintura escapular e no membro superior homolateral. A parede torácica é composta por 12 vértebras torácicas, 12 costelas com suas cartilagens costais e o esterno. Os espaços entre as costelas são preenchidos pelos músculos intercostais externos e internos. Tem-se ainda a clavícula que articula-se com o esterno e a primeira costela medialmente, o acrômio lateralmente, além de ser local de inserção dos músculos subclávio e grande peitoral. A escápula situa-se posteriormente, e é um ponto importante de fixação dos músculos subescapular na face anterior; na borda medial insere-se o músculo serrátil maior; na apófise coracobraquial, insere-se a porção curta do bíceps e o peitoral menor. A escápula articula-se com o úmero pela cavidade glenóide, recebendo a inserção de vários músculos (subescapular, bíceps, redondo maior, grande peitoral, grande do dorsal, supraespinhoso, infraespinhoso e redondo menor) (MOORE, 1994). De acordo com Moore (1994), a seguir encontra-se uma tabela com a lista dos músculos situados na região da mama e suas respectivas localizações e ação. Tabela 01: Músculos correlacionados com a Região da Mama Músculo Origem Inserção Peitoral Maior Clavícula, esterno, primeiras Canal bicipital do Atua na flexão, cartilagens costais e na bainha úmero adução e rotação do reto anterior abdominal interna do ombro Peitoral Menor Face externa da terceira, Processo coracóide Deprime o ombro e quarta e quinta costelas da escápula auxilia nas rotações Subclávio Primeira cartilagem costal Face interior clavícula Função da Abaixa e estabiliza a clavícula durante os movimentos da cintura escapular Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 137 cintura escapular Serrátil Maior Três feixes: primeira costela; segunda, terceira e quarta costela; quinta até a nona ou décima costela Espinha da Mantêm a escápula escápula, entre os junto ao tórax músculos rombóide e subescapular Redondo Maior Ângulo inferior e borda lateral Lábio posterior da Estabiliza e fixa a da escápula corredeira bicipital cintura escápula Subescapular Face anterior da escápula Colo do úmero Estabiliza e fixa a cintura escapular Deltóide Espinha da escápula, acrômio Terço médio e terço distal da clavícula úmero do Importante nos movimentos de elevação anterior e abdução Coracobraquial Ápice do processo coracóide Processo coracóide da escápula Oblíquo Externo do Abdomên Últimas costelas Reto Anterior do Sínfese púbica Abdômen Quinta, sexta e sétima cartilagens costais e processo xifóide Grande Dorsal Flexão e adução do ombro Processo espinho das cinco ou Corredeira bicipital seis últimas vértebras dorsais e do úmero cinco lombares, no sacro, na crista ilíaca e nas quatro últimas costelas Fonte: A autora, 2004. Outros músculos situados na região da mama são os músculos intercostais, que estão localizados aos pares, internos e externos, entre as costelas com função respiratória. Os últimos três músculos citados na tabela anterior (músculo oblíquo externo do abdômen, reto anterior do abdômen e o grande dorsal) são de grande importância nas cirurgias de reconstrução mamária (CAMARGO e MARX, 2000; GUIRRO e GUIRRO, 2002). 2.1.5 Cavidade Axilar Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 138 A cavidade axilar une a região cervical, região torácica e membro superior, tendo uma função importante sobre os movimentos da articulação do ombro. Uma outra função da cavidade axilar é a proteção do feixe vasculonervoso axilar que é limitado anteriormente pela parede musculoaponeurótica anterior (superficialmente esta em contato com o músculo peitoral maior, e profundamente com os músculos subclávio e peitoral menor, entre estas camadas forma-se um espaço de deslizamento ocupado por vasos e nervos), pelo gradil costal internamente (no qual fixa-se o músculo serrátil e sua aponeurose) e externamente pelo músculo subescapular, grande dorsal e redondo maior (CAMARGO e MARX, 2000). Na base da cavidade axilar encontra-se o ligamento suspensório da axila, formado pela aponeurose axilar que envolve o feixe vasculonervoso, os coletores linfáticos e nódulos, como também a lâmina celuloadiposa. Esta lâmina celuloadiposa, também conhecida como bolsa serosa, é a unidade funcional da articulação do ombro, pois permite o deslizamento interescapulotorácico. Consiste em uma simples bolsa gordurosa que faz com que todas as estruturas da axila deslizem entre sim permitindo os movimentos do ombro (CAMARGO e MARX, 2000). 2.2 Câncer de Mama Segundo estatísticas, o Câncer de mama é a neoplasia maligna mais freqüentemente encontrada na mulher brasileira, ocorrendo preferencialmente após os 40 anos de idade, embora Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 139 nos últimos anos tenha se observado um fenômeno inverso, ainda inexplicado e a nível mundial, que é um aumento sensível da incidência em mulheres mais jovens (BIÁZUS et al, 2001). O termo neoplasia, empregado para descrever o câncer de mama, segundo a literatura significa “crescimento novo”, que é sinônimo de tumor. As neoplasias ou tumores são estudadas em uma área médica específica denominada de oncologia. Dentro da oncologia, a palavra câncer é o termo comum utilizado para se referir a todos os tumores malignos (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000). O câncer é uma doença crônica degenerativa, que apresenta uma evolução prolongada e progressiva, que pode ser às vezes interrompida. É uma doença relacionada a debilidades e mutilações devido ao seu poder de propagação, o que ocasiona danos significativos quanto aos aspectos físicos, psicológicos e estéticos (GUIRRO e GUIRRO, 2002). 2.2.1 Oncogênese O comportamento de todas as células é controlado por genes, localizados no núcleo destas células. Cada núcleo celular contém aproximadamente 100 mil genes. Estes genes são pacotes minúsculos com alta concentração de informações e instruções estocadas em forma de códigos (código genético) em uma molécula química complexa conhecida como DNA (ALMEIDA et al, 2003; HEGG, 1998). Existem genes específicos conhecidos como oncogenes, presentes em células normais onde podem ser tanto dominantes quanto desempenhar uma função no controle do Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 140 comportamento e divisão celular. Danos no DNA, causados por fumo, luz ultravioleta e alguns vírus por exemplo, podem desencadear certas anormalidades ou mutações, resultando em atividade aumentada e anormal. Isto pode levar a célula comportar-se de maneira “anti-social” e tornar-se cancerosa. Além dos oncogenes, cada célula contém genes supressores de tumor, cuja função é frear a divisão, danos nestas células também podem levar a desenvolver o câncer (ALMEIDA et al, 2003; HEGG, 1998). Em termos mais científicos, o processo de oncogênese é conseqüência da mutação das células normais, incluindo componentes celulares como lisossomos, RNAm e DNA, determinada por fatores etiológicos, físicos, químicos e biológicos (RAMOS, 1974). As células normais de todo o organismo coexistem em um estado harmônico de função e de crescimento, ocorrendo uma modulação perfeita no seu estado reprodutivo e de crescimento, funções próprias e correlação funcional, sendo tudo determinado pelo próprio código genético. Portanto, todas as células apresentam uma modulação histológica e funcional (RAMOS, 1974). Essa modulação citológica, histológica e funcional é determinada para todas as células do organismo, cada uma com as suas próprias características morfológicas e funcionais prédeterminadas pelos seus próprios códigos genéticos, porém todas com uma função útil para a manutenção da vida normal do organismo. Substâncias intracitoplasmáticas controlam o contato entre uma célula e outra, evitando crescimento desproporcionado de uma ou outra célula com a mesma função. Estas células são renovadas constantemente, quando ocorre a remoção parcial de um tecido ou órgão, a velocidade desta remoção é muito grande até que a massa celular anatomicamente e fisiologicamente seja retornada ao normal (RAMOS, 1974). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 141 Na oncogênese a modulação da coexistência morfológica e funcional se altera, como também ocorrem nas infecções, inflamações e degenerações, porém, apresenta um caráter reprodutivo alterado permanente, e com uma ação antibiológica já que o código genético da célula normal se altera, sendo, portanto considerada uma célula neoplásica (RAMOS, 1974). Autores trazem que os agentes carcinogênicos aumentam a permeabilidade da membrana lisossômica, permitindo a liberação de enzimas que dará início as modificações do material genético da célula normal. Ao final deste processo, essas modificações tornam-se permanentes e as células possuem um novo código genético. Sendo que o crescimento dos cânceres é acompanhado de infiltração progressiva, invasão e destruição do tecido circundante. Estas células neoplásicas apresentam a capacidade de invadir o tecido normal e de se disseminar para outros tecidos distantes, sendo que os órgãos mais afetados por essas disseminações são os linfonodos regionais, pele, osso, fígado, pulmão e cérebro (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000). Essa disseminação de células neoplásicas do tumor primário para órgãos distantes e o desenvolvimento das metástases é um evento muito temido e devastador (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Segundo Camargo e Marx (2000), os tumores malignos disseminam-se por duas vias: - Por extensão direta: onde o tumor se desenvolve dentro da tecido de origem, podendo se estender além dos limites do órgão, envolvendo tecidos adjacentes. - Por disseminação metastática: onde o tumor se dissemina pela via linfática e por via venosa. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 142 2.2.2 Epidemiologia e Estatísticas A Organização Mundial da Saúde estima que, por ano, ocorram mais de 1.050.000 casos novos de câncer de mama em todo o mundo, sendo então considerado um grave problema de saúde pública em todo o mundo. No Brasil, não tem sido diferente, segundo o Consenso de Controle do Câncer de Mama do INCA (Instituto Nacional do Câncer de Mama) na década de 90, este foi o câncer mais freqüente no país. A incidência e a mortalidade variam significativamente entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Em geral, países mais ricos, como é o caso dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Holanda, Dinamarca e Noruega, tem incidências mais altas acompanhadas de uma redução da mortalidade. Ao contrário dos países em desenvolvimento, como o Brasil, que apresentam uma incidência mais baixa, porém uma mortalidade alta (MUSS, 2001). Segundo o consenso do INCA (2002), a diminuição dos índices de mortalidade em aproximadamente 30% nos países desenvolvidos está associado à detecção precoce do câncer, através da mamografia para o diagnóstico e à oferta de tratamento adequado. Já nos países em desenvolvimento, a situação seria atribuída, principalmente, a um retardamento no diagnóstico e na instituição de terapêutica adequada. Segundo dados epidemiológicos dos Estados Unidos, uma a cada oito mulheres que nascem, no decorrer da vida irá desenvolver câncer de mama. Ou seja, o risco estimado para o desenvolvimento de carcinoma de mama ao longo da vida de uma mulher é de aproximadamente 12% (ASSUNÇÃO et al, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 143 Conforme informações do Ministério da Saúde (2002), o câncer de mama constitui a primeira causa de morte, por câncer, entre as mulheres brasileiras. Dados estimados pelo Ministério para o ano de 2001, mostraram que o câncer de mama é o primeiro em incidência, antecedendo o câncer de pele, com uma taxa de 36,47 por 100.000 mulheres, ou 31.590 casos novos no mesmo ano, representando 20.4% de todos os tipos de cânceres em mulheres. A mortalidade é de 9.99 por 100.000 mulheres, ou 8.670 óbitos pela doença no ano de 2001, representando 16% de todos os óbitos por câncer em mulheres (ASSUNÇÃO et al, 2002; KLIGERMAN, 2002). Essa elevada taxa de mortalidade justifica-se principalmente pelo diagnóstico tardio, uma vez que na maioria das pacientes a doença é reconhecida nos estádios III e IV (HEGG, 1998). Gráfico 01: Taxa bruta de mortalidade para o período de 1979 a 1998 e estimativas para o ano 2001, em mulheres, para algumas localizações primária (Brasil). Fonte: SIM – Sistema de Informação sobre mortalidade/MS, INCA/MS; DPE/DEPIS/IBGE Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 144 O Ministério de Saúde brasileiro (1998) classifica o país entre os países com mais elevada incidência de câncer em todo o mundo. Refere também que a população feminina residente em Porto Alegre (RS) mostra as mais altas taxas brasileira, seguida pelas capitais Fortaleza (CE), Belém (PA), Goiânia (GO) e pela cidade de Campinas (SP). As regiões geográficas do Brasil, por sua heterogeneidade cultural, demográfica, sócio-econômica e política, têm suas populações submetidas a fatores de risco diferentes. Também são diferentes nas diversas regiões a qualidade da assistência prestada, a capacidade diagnóstica e a qualidade das informações fornecidas. Ainda trás que esta neoplasia apresenta alta morbidade e mortalidade, principalmente em mulheres acima dos 40 anos (KLIGERMAN, 2002). Consta na literatura médica que a incidência de câncer de mama em mulheres jovens (idade igual ou menor que 35 anos) varia de 2.2 a 17%, sendo que estas mulheres têm pior prognóstico quando comparadas com mulheres mais idosas (ASSUNÇÃO et al, 2002). Foi realizado um estudo no serviço de Mastologia do Hospital Central do Exército, no Rio de Janeiro, com o objetivo de analisar a incidência do câncer de mama em mulheres com idade igual ou inferior a 35 anos de idade. Para isto, foram analisados 198 prontuários médicos do arquivo geral e do arquivo do serviço de anatomia patológica de pacientes portadoras de câncer de mama, com comprovação histopatológica, submetidas a tratamento cirúrgico no período de janeiro de 1984 a dezembro de 1995 (CARNEIRO et al, 1999). Os autores deste artigo discutem que o câncer em mulheres jovens é considerado uma doença rara e muito progressiva, tendo seu valor baseando em fatores, dos quais destaca-se a elevada incidência, o difícil diagnóstico precoce, as poucas informações quanto ao comportamento biológico, e os altos índices de morbi-mortalidade. Concordando com os autores Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 145 que afirmam que estas mulheres apresentam uma incidência mais elevada de história familiar positiva, sendo mais agressivos e que apresentam um indicativo de péssimo prognóstico devido à alta incidência de positividade para o gene p53. Os pesquisadores concluíram então que a incidência de câncer de mama em mulheres jovens com idade menor ou igual há 35 anos foi relativamente baixa (5.5%), sugerindo mais estudos com uma amostragem maior desta faixa etária. 2.2.3 Patogenia e Fatores de Riscos Nas últimas décadas têm ocorrido em todo o mundo, significativo aumento da incidência do câncer de mama e conseqüentemente da mortalidade associada à neoplasia. Ao que tudo indica, o câncer de mama é o resultado da interação de fatores genéticos com estilo de vida, hábitos reprodutivos e o meio ambiente, conhecidos como fatores de risco (BARBOSA, BARROS e GEBRIN, 2001). A etiologia do câncer de mama ainda não foi definida, mas numerosos fatores que aumentam o risco para a doença já foram descritos. Porém, estes fatores de risco só serão considerados perigosos quando em conjunto. Estes pacientes de risco devem fazer um acompanhamento rigoroso, começando com a quantificação do risco e orientação adequada, exame clínico semestral, auto-exame mensal, mamografia anual e recomendações dietéticas (BIÁZUS et al, 2001). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 146 A incidência de câncer de mama aumenta significativamente com o envelhecimento. Autores trazem que menos de 1% de todos os cânceres de mama ocorre em mulheres com menos de 25 anos de idade, tendo maior risco a partir dos 40 anos de idade (BIÁZUS et al, 2001). Todos os cânceres de mama têm origem genética. Acredita-se que 90%-95% deles sejam esporádicos (não-familiares) e decorram de mutações somáticas que se verificam durante a vida, e que 5%-10% sejam hereditários (familiares) devido à herança de uma mutação germinativa ao nascimento, que confere a estas mulheres suscetibilidade ao câncer de mama (BARBOSA, BARROS E GEBRIN, 2001). Qualquer história familiar (parente de primeiro grau, como mãe e irmã) especialmente bilateral e na pré-menopausa aumenta o risco geral de ocorrência. Esse risco não é aumentado em mulheres cujas mães ou irmãs tiveram câncer de mama após a menopausa. Caso a história familiar de neoplasia na mama seja bilateral pré-menopausa o risco chega a 40-50%, se a mãe ou irmã teve câncer unilateral o risco é de aproximadamente 30% (MUSS, 2001; BIÁZUS et al, 2001; COLLINS, CONTRAN e KUMAR, 2000). Conforme descrito por Assunção et al em 2002, os genes BRCA1 e BRCA2 são genes supressores de tumor. Indivíduos com histórico familiar da doença herdam mutações nestes genes em todas as células do corpo, em um dos dois alelos do gene. Com o passar do tempo, uma outra alteração molecular ocorre no alelo funcionante, e o fenótipo neoplásico se estabelece no órgão que apresentou esta nova alteração. Ou seja, a predisposição genética ocorre devido a herança de um alelo alterado, enquanto que o câncer só se estabelece devido a alteração nos dois alelos do gene. As mulheres que nascem com mutações em BRCA1 apresenta um risco bastante Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 147 aumentado de desenvolver câncer de mama para cada idade. Já as mutações em BRCA2 estào associadas a um risco aumentado para o câncer de mama masculino. Em relação aos hábitos alimentares, revisões sistemáticas de estudos de cortes, seguidos de meta-análise, não encontraram evidências entre o consumo de gordura de origem animal e o risco de desenvolver a doença; como também não mostrou diferenças na mortalidade por câncer de mama entre vegetarianos e não-vegetarianos. Dados disponíveis sugerem que o risco não é afetado diretamente pela ingestão de gordura saturada na dieta ou pelo consumo das vitaminas A, C e E. Os estudos sobre o consumo de frutas e verduras e a relação com a diminuição do risco de ocorrência da doença são controversos, porém a maioria não encontrou uma relação significante (ASSUNÇÃO et al, 2002). Entretanto, a dieta nutricional é importante. Estudos mostram que populações com alto consumo de proteínas de soja, rica em fontes de compostos estrogêniossímiles, apresentam taxas menores de câncer relacionados a hormônios, como o câncer de mama e endometrial (MUSS, 2001; BIÁZUS, 2001). Quanto ao consumo de álcool, estudos observaram que o risco relativo cresce linearmente com o aumento do consumo de álcool. O risco atingiu 1.41 para a faixa de consumo entre 30 e 60 gramas de álcool por dia comparado com a ausência de consumo. Em uma revisão sistemática, seguida de meta-análise, avaliando o risco de ocorrência para seis tipos de câncer relacionado com o consumo de álcool, entrou uma associação estatisticamente significante entre o consumo de 25 gramas diárias, o que corresponde a apenas duas doses de bebida destilada ou copos de vinho, e o câncer de mama em 23 trabalhos específicos sobre a mama publicados entre 1966 e 1998 (ASSUNÇÃO et al, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 148 Fatores reprodutivos e hormonais são considerados importantes fatores de risco para o desenvolvimento da neoplasia mamária. Quanto maior a fase reprodutiva de uma mulher, maior será o risco de câncer de mama. Uma menarca precoce (menor que 11 anos) e uma menopausa tardia (maior que 55 anos) são medidas indiretas do número de ciclos menstruais que uma mulher tem durante a vida. O aumento do número de ciclos pode predispor as mulheres à lesão do DNA no tecido ductal em proliferação na mama, gerando um maior índice de mutações celulares. Vale ressaltar que não há nenhuma associação comprovada entre o risco de câncer de mama e a irregularidade menstrual ou a duração da menstruação (MUSS, 2001; GIULIANO, 1998). Mulheres com primeira gestação em idade avançada (maior que 30 anos) possuem uma maior incidência do que as mulheres primigrávidas mais jovens. Mulheres nulíparas ou que nunca engravidaram apresentam risco maior quando comparada com as multíparas (MUSS, 2001; GIULIANO, 1998). Já a lactação não aumenta o risco de incidência de câncer de mama, ao contrário, leva a uma redução significativa do risco. Uma revisão sistemática de estudos, seguida de meta-análise, comparando mulheres que amamentaram contra mulheres que não amamentaram e o tempo total de aleitamento materno, encontraram uma redução significativa do risco para as mulheres que haviam amamentado. Segundo uma outra meta-análise o aleitamento materno reduz o risco de câncer de mama em 4.3% a cada 12 meses de aleitamento, assim como a paridade, com redução de 7.0% a cada parto (ASSUNÇÃO et al, 2002). Segundo estudos realizados em centros para Controle e Prevenção de Doenças, o uso de contraceptivos orais não aumenta o risco, independente da duração do uso, histórico familiar ou coexistência de doença mamária benigna (MUSS, 2001; GIULIANO, 1998). Confirmado pelo Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 149 resultado de uma revisão sistemática, seguida de meta-análise, que não encontrou aumento do risco de câncer de mama para mulheres que já haviam utilizado alguma vez anticoncepcional hormonal oral. No entanto, uma outra análise encontrou risco significante e elevado na prémenopausa em mulheres que fizeram uso prolongado de contraceptivo por pelo menos quatro anos antes da primeira gestação a termo. Estudos mais recentes afirmam que este risco desaparece após 10 anos de interrupção (ASSUNÇÃO et al, 2002). A terapia de reposição hormonal por cinco ou mais anos após a menopausa aumenta em cerca de uma vez e meia o risco de câncer de mama, quando comparado em mulheres que não utilizam essa terapia (MUSS, 2001; GIULIANO, 1998). Em 1997 a Collaborative Group on Hormonal Factors in Breast Câncer publicou uma revisão sistemática, seguida de meta-análise, incluindo 51 estudos epidemiológicos, na qual encontrou aumento do risco para as mulheres que realizam terapia de reposição hormonal, com risco relativo de 1.02 por ano, atingindo 1.35 após cinco anos de uso (cinco anos após a interrupção da medicação o risco desaparece). Em um ensaio clínico com mulheres entre 50 a 79 anos, planejado para durar oito anos e meio e que foi interrompido após cinco anos devido aos resultados, encontrou-se um aumento de 26% no risco de câncer de mama para mulheres utilizando 0.625 mg de estrógenos conjugados com 2.5 mg de acetato de medroxiprogesterona ao dia por cinco anos, comparados ao grupo placebo (ASSUNÇÃO et al, 2002). A influência geográfica relacionada com o estilo de vida pode predispor ao desenvolvimento do câncer. O estilo de vida ocidental, como o norte-americano, pode predispor as mulheres devido ao aumento da freqüência de certos fatores de risco. Esta cultura caracterizase por apresentar uma menarca mais precoce e menopausa mais tardia, mulheres que tem filhos Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 150 em idade mais avançada ou são nulíparas, obesidade aumentada, sedentarismo e uso de terapia hormonal (MUSS, 2001; COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000). De todos os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de mama já citados anteriormente, sem dúvida o mais importante é a idade. Em segundo lugar fica a história familiar, demonstrando o marcante papel da predisposição genética na gênese desta neoplasia. A seguir, encontra-se uma tabela com o resumo dos fatores de riscos identificados e confirmados. Tabela 02: Principais Fatores de Risco Relacionados com o Câncer de Mama Fatores de Risco Risco Relativo Idade > 50 anos 6.5 Câncer de Mama em parente de 1ºgrau 1.4 – 13.6 Menarca antes dos 12 anos 1.2 – 1.5 Menopausa após os 55 anos 1.5 – 2.0 Primiparidade com mais de 30 anos 1.3 – 2.2 Fonte: ASSUNÇÃO, M.C. et al. Câncer de Mama: http://www.revistabrasileiradecancerologia.com.br, acesso em 20/08/2004. Prevenção Primária. Disponível em 2.2.4 Classificação As lesões cancerígenas na mama podem surgir em qualquer uma de suas estruturas: epiderme, mesênquima e epitélio glandular. Curiosamente, o carcinoma de mama é mais Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 151 freqüentemente encontrado na mama esquerda do que na direita, e aproximadamente 4% dos cânceres são bilaterais ou seqüências na mesma mama. Cerca de 50% surgem no quadrante superior externo da mama, 10% em cada outro quadrante (superior interno, inferior externo e inferior interno) e 20% na região central (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; BIÁZUS et al, 2001). Figura 02: Divisão da Mama em Quadrantes Fonte: http//www.cirurgist.com/revisoes Os carcinomas são classificados em carcinoma não invasivo ou in situ e carcinomas invasivos com suas variações, conforme a histologia. Tabela 03: Classificação Histológica do Câncer de Mama Tipos Histológicos de Câncer de Mama Cânceres Totais Carcinoma In Situ 15-30% - Ca ductal in situ 80% - Ca lobular in situ 20% Carcinoma Invasivo 70-85% - Ca ductal invasivo 79% - Ca lobular invasivo 10% Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 152 - Ca tubular/ cribiforme 6% - Ca mucinoso (Colóide) 2% - Ca medular 2% - Ca papilar 1% Fonte: CHANDRASOMA, P; TAYLOR, C.R. Patologia Básica. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil Ltda, 1993. Alguns autores trazem outras classificações, além das que constam na tabela acima, para os carcinomas invasivo: Ca adenóide cístico, Ca secretor, Ca apócrino, Ca com metaplasia, Doença de Paget, Ca inflamatório, Ca oculto com metástase axilar, Tu filóide maligno e Ca de mama no homem (CAMARGO e MARX 2000; BIÁZUS et al, 2001). O carcinoma ductal in situ é um achado pouco freqüente, mais comum na pósmenopausa, entretanto nos últimos anos o número de casos aumentou rapidamente. Em resumo, a lesão consiste de células malignas incapazes de produzir metástases distantes, porém pode se disseminar através de um sistema ductal e produzir lesões extensas por um setor da mama. Devido ao seu comportamento biológico pode ser dividido em dois grupos: tipo comendo e tipo não-comendo (micropapilar, cribiforme e misto). Baseados em estudos, atualmente acredita-se que muitos casos deste carcinoma podem progredir para o carcinoma invasivo, reforçando a importância do diagnóstico correto e da terapia apropriada (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; GIULIANO, 1998). O carcinoma lobular in situ manifesta-se pela proliferação em um ou mais ductos terminais ou ácinos. Para muitos autores, este carcinoma não possui caráter de malignidade e é um indicador biológico de risco. Já outros autores, contestam esse caráter de risco e atribuem Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 153 uma atividade precursora. A maioria das mulheres com neoplasias malignas lobulares estão na pré-menopausa (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; GIULIANO, 1998). Dentro da classificação dos carcinomas invasivos, o carcinoma ductal invasivo, conforme demonstrado na tabela, é o de maior ocorrência (cerca de 79% dos casos). Em geral, apresenta aumento de tecido fibroso denso no estroma, dando ao tumor uma consistência dura. Esse crescimento apresenta-se na forma de nódulos, que a palpação podem revelar uma aderência às estruturas adjacentes, com fixação à parede torácica, enrugamento da pele e retração de mamilo, o que distorce a estrutura glandular. As dimensões deste tumor são inversamente proporcionais ao prognóstico, e de relação linear com a probabilidade de metástase axilar (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; GIULIANO, 1998; BIÁZUS et al, 2001). O segundo de maior ocorrência (5 a 10%) é o carcinoma lobular invasivo que tendem a ser encontrado multicêntrico e bilateralmente, com maior freqüência do que os outros tipos. Facilmente é encontrado metástase para o líquido cefaloraquidiano, superfícies serosas, ovário, útero e medula óssea quando comparado com os outros cânceres de mama. Em relação ao prognóstico e ao comprometimento axilar apresenta um comportamento semelhante ao carcinoma ductal invasivo (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; BIÁZUS et al, 2001). Antes da triagem com a mamografia, os carcinomas tubulares representavam apenas 2% de todos os carcinomas de mama, porém sua freqüência aumentou. Em geral, são detectados através de mamografia como massas irregulares multifocais e às vezes bilaterais, sendo muitas vezes confundidos com uma lesão esclerosante benigna; mais comum em mulheres mais jovens do que a idade média, desenvolvendo-se a partir da quarta década de vida (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; BIÁZUS et al, 2001). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 154 O carcinoma colóide, também denominado de mucinoso, é bastante incomum e com uma maior incidência em mulheres com idade avançada, com um crescimento lento. O tumor em si apresenta uma consistência extremamente mole e aspecto de gelatina. A taxa de sobrevida é ligeiramente maior do que nos outros carcinomas, ocorrendo metástase para linfonodos em menos de 20% dos pacientes (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; BIÁZUS et al, 2001). Ao contrário do carcinoma colóide, o carcinoma medular ocorre em mulheres mais jovens do que a média, apresentando um prognóstico bom em comparação ao carcinoma ductal infiltrante. Este tumor é bem circunscrito, possuindo uma consistência mole e carnosa (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; BIÁZUS et al, 2001). O carcinoma papilífero, denominado por outros autores como carcinoma papilar invasivo, são raros e devido a sua histologia apresenta dificuldades diagnósticas. Atinge geralmente a região central da mama, e frequentemente é acompanhado de derrame papilar. Ocorre preferencialmente na pós-menopausa e apresenta um bom prognóstico conforme o estádio clínico (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; BIÁZUS et al, 2001). A doença de Paget ou carcinoma de Paget apresenta-se semelhante a uma lesão eczematóide no complexo aréolo-mamilar. As características mais evidentes dessa lesão comprometem a pele do mamilo e da aréola, freqüentemente fissurada, ulcerada e com exsudação; a pecularidade histológica deste câncer é o comprometimento da epiderme por células malignas. É sempre necessário realizar o diagnóstico diferencial com o eczema areolar, que é um processo atópico e/ou inflamatório de fácil resolução. É uma forma de carcinoma ductal invasivo. O prognóstico geral depende da neoplasia maligna subjacente, quando diagnosticado precocemente apresenta bom prognóstico, já que o prognóstico é dependente da extensão do Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 155 carcinoma. Após a infiltração do estroma e a formação do tumor, seu comportamento passa a ser igual ao carcinoma comum (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; BIÁZUS et al, 2001; GIULIANO, 1998). O carcinoma inflamatório inicialmente parece ser uma inflamação aguda com eritema e edema, raramente diagnosticado, apresentando um prognóstico obscuro, independentemente do tratamento realizado. A sobrevida pós diagnóstico dificilmente ultrapassa cinco anos. No momento do diagnóstico, todos os casos apresentam disseminação da doença. O tratamento passa então a ser paliativo e agressivo, combinando quimioterapia convencional ou em altas doses associadas à radioterapia e, eventualmente, cirurgia para controle local da doença. Este manifesta-se pela presença de sinais inflamatórios, como edema de pele com aspecto de casca de laranja, endurecimento da mama e eritema cutâneo. É fundamental não confundi-lo com mastite infecciosa ou traumática, já que os sinais sistêmicos do processo infeccioso estão ausentes e a incidência do carcinoma ocorre em uma faixa etária mais elevada (COLLINS, COTRAN e KUMAR, 2000; BIÁZUS et al, 2001; GIULIANO, 1998). 2.2.5 Estadiamento O estadiamento nada mais é que a avaliação da extensão anatômica da doença e dos órgãos acometidos pelo carcinoma. O estádio da doença na ocasião do diagnóstico pode refletir a taxa de crescimento e extensão da doença (envolvimento da mama, linfonodos axilares e metástases distantes), como também o tipo do tumor e a relação tumor-hospedeiro tão essencial (MUSS, 2001; CAMARGO e MARX, 2000). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 156 Entre os anos de 1943 e 1952, foi desenvolvido pelo American Joint Committe on Câncer um sistema de estadiamento denominado de TNM. A partir daí foi adotado um sistema único de padronização e regras de classificação para o estadiamento, o que permite alcançar precisamente o registro da extensão da doença para cada local anatômico, proporcionando um planejamento melhor do tratamento, prognóstico, avaliação dos resultados de tratamento, contribuição para pesquisas, entre outros (MUSS, 2001; CAMARGO e MARX, 2000). Segundo a União Internacional contra o Câncer (1998), no sistema TNM cada região anatômica é descrita de forma singular, conforme mostrado a seguir: - Regras para classificação, com procedimentos para avaliar as categorias T, N e M. - Sub-regiões anatômicas. - Definição dos linfonodos regionais. - TNM – Classificação Clínica. - pTNM – Classificação Patológica - G – Graduação Histopatológica - Classificação R - Grupamento por estádios - Resumo esquemático O sistema TNM baseia-se na pesquisa de três componentes, sendo que T é a extensão do tumor primário; N a ausência ou presença de metástase em linfonodos regionais e, M a ausência ou presença de metástase a distância. Para a avaliação destas categorias são utilizados os Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 157 procedimentos de exame físico e o diagnóstico por imagem (UNIÃO INTERNACIONAL CONTRA O CÂNCER, 1998; CAMARGO e MARX, 2000). Existem duas classificações para o local anatômico: uma classificação clínica e outra histopatológica. A classificação clínica é realizada pré-tratamento, sendo designada TNM ou cTNM, essencial para determinar a terapêutica, baseada em achados clínico, diagnóstico por imagem, biópsia, etc...Opostamente, a classificação histopatológica é realizada após a cirurgia sendo designada pTNM, essencial para definir o prognóstico, baseada nas informações pré tratamento complementadas por informações pós cirúrgicas e exame histopatológicos. Além disso, anatomicamente a mama é dividida em sub-regiões: mamilo (C50.0), porção central (C50.1), quadrante supero interno (C50.2), quadrante ínfero interno (C50.3), quadrante supero externo (C50.4), quadrante ínfero externo (C50.5) e, prolongamento axilar (C50.6) (UNIÃO INTERNACIONAL CONTRA O CÂNCER, 1998; CAMARGO e MARX, 2000). Os linfonodos regionais que serão avaliados são linfonodos axilares e os linfonodos mamários internos, conforme descrito por Camargo e Marx (2000): • Axilares homolaterais e interpeitorais – localizados ao longo da veia axilar e suas tributárias, divididos nos seguintes níveis: - Nível I ou axilares inferiores: linfonodos localizados externamente a borda lateral do músculo peitoral menor. - Nível II ou axilares médios: linfonodos situados entre as bordas medial e lateral do músculo peitoral menor e os linfonodos interpeitorias ou de Rotter. - Nível III ou axilares superiores: linfonodos localizados dentro da borda medial do músculo peitoral menor, incluindo os gânglios denominados subclaviculares, infraclaviculares ou apicais. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 158 • Mamários internos (homolaterais): são os linfonodos localizados nos espaços intercostais ao longo da borda do esterno na fáscia endotorácica. Lembrando que qualquer outra metástase em linfonodo é classificada como metástase à distância (M1), incluindo gânglios supraclaviculares, cervical ou linfonodos mamários internos contralaterias (CAMARGO e MARX, 2000). A avaliação dos glânglios linfáticos regionais é realizada da seguinte forma: - NX: linfonodos regionais não podem ser avaliados. - N0: ausência de metástase em linfonodos regionais. - N1: metástase em linfonodo axilar, homolateral, móvel. - N2: metástase em linfonodos axilares fixos uns aos outros ou a outras estruturas. - N3: metástase em linfonodo da cadeia mamária interna homolateral. De forma geral, para a classificação sistemática dos tumores da mama são utilizadas as seguintes definições: - TX: tumor primário não pode ser avaliado. - T0: não há evidências de tumor primário. - Tis: carcinoma in situ ( Ca intraductal ou Ca lobular in situ, ou doença de Paget do mamilo sem tumor). - T1: tumor maior ou igual a 2 cm em sua maior dimensão. - T1a: menor ou igual a 0.5cm em sua maior dimensão. - T1b: maior que 0.5cm e menor que 1cm em sua maior dimensão. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 159 - T1c: maior que 1cm e menor que 2cm em sua maior dimensão. - T2: tumor maior que 2cm e menor que 5cm em sua maior dimensão. - T3: tumor maior que 5cm em sua maior dimensão. - T4: tumor de qualquer tamanho com extensão direta à parede torácica ou à pele. - T4a: extensão à parede torácica. - T4b: edema, ou ulceração da pele da mama, ou presença de nódulos cutâneos satélites confinados à mesma mama. - T4c: T4a e T4b conjuntamente. - T4d: carcinoma inflamatório. Outra definição utilizada e fundamental para o sistema TNM é a notificação de metástase: - MX: presença de metástase à distância não pode ser avaliada. - M0: ausência de metástase à distância. - M1 metástase à distância. A categoria M1 pode ser adicionalmente especificada de acordo com as seguintes anotações: - Pulmonar: PUL. - Óssea: OSS. - Hepática: HEP. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 160 - Cerebral: CER. - Linfonodal: LIN. - Medula óssea: MO. - Pleural: PLE. - Peritoneal: PER. - Supra-renal: ADR. - Pele: CUT. - Outras: OUT. Por fim, os carcinomas estudados são agrupados em estádios, conforme descrito na tabela abaixo: Tabela 04: Sistema de Estadiamento TNM Grupos de Estádios Estádio 0 Tis N0 M0 Estádio I T1 N0 M0 Estádio IIa T0 N1 M0 T1 N1 M0 T2 N0 M0 T2 N1 M0 T3 N0 M0 Estádio Iib Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 161 Estádio IIIa Estádio IIIb Estádio IV T0 N2 M0 T2 N2 M0 T3 N1-N2 M0 T4 QUALQUER N M0 QUALQUER T N3 M0 QUALQUER T QUALQUER N M1 Fonte: UCCI, 2002 2.2.6 – Diagnóstico É de fundamental importância à realização do diagnóstico precoce de câncer de mama visando um melhor prognóstico. O câncer de mama é definido com precoce quando diagnosticado nos estádios clínico I e II, possibilitando a realização do tratamento conservador da mama e alcançando resultados de cura em 75% nas pacientes que não apresentam comprometimento dos linfonodos axilares. Para a detectação precoce é necessário realizar o autoexame das mamas, exame clínico das mamas e o rastreamento mamográfico. Todos estes métodos se complementam na etapa de diagnóstico, ou seja, nenhum isoladamente é capaz de identificar as mulheres acometidas por esta doença (ELIAS et al, 2002). O exame físico das mamas deve ser feito de forma cuidadosa e sistemática, por meio da inspeção e palpação, observando tamanho, forma, limites, consistência e mobilidade. Este exame deve ser estendido para as regiões areolar, supraclavicular e axilar. Geralmente, o câncer de mama, é detectado como uma massa palpável ou pela presença de anormalidades no exame da mamografia, mas também pode manifestar-se através de sintomas como secreção mamilar (segundo sinal mais comum), alterações na pele da mama ou dor localizada. Essas massas Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 162 mamárias continuam a ser a manifestação mais comum da doença e são descobertas com maior freqüência pela paciente do que pelo médico durante o exame de rotina e da mama. Lembrando que o câncer de mama origina-se com maior freqüência no quadrante supero externo da mama, já que é o local que possui maior quantidade de tecido mamário (GIULIANO, 1998; MUSS, 2001). A secreção mamilar é um importante indicativo diferenciado pela coloração do líquido expelido. Quando a secreção é sanguinolenta ou aquoso expelido espontaneamente pelo mamilo é associada a processo maligno na mama. Ao contrário, a secreção leitosa geralmente esta associada a etiologia benigna. Serão submetidas a exame da mama e a mamografia todas as mulheres que apresentarem secreção clara ou sanguinolenta. A dor na mama é também um sintoma bastante comum, aproximadamente 10% das pacientes com câncer de mama apresentam este sintoma (MUSS, 2001). 2.2.6.1 Auto-Exame das mamas O auto-exame da mama consiste em um método no qual a própria paciente estará realizando a inspeção e a palpação das mamas, na tentativa de encontrar qualquer anormalidade que seja um indicativo patológico. Este método deve ser incentivado devido ao seu custo Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 163 desprezível e sua abrangência, fazendo parte integrante do processo de conscientização feminina sobre a importância do câncer da mama. Vários métodos empregados para o diagnóstico precoce do câncer de mama, como a mamografia e ultra-sonografia, apresentam um alto custo. Dessa forma, o auto-exame da mama juntamente com o exame clínico passou a ser o método preferido. Isto justifica o número crescente de estudos científicos em torno deste assunto. Diversos estudos científicos já comprovaram os benefícios do auto-exame. Embora existam evidências de que o auto-exame gera excesso de condutas indevidas e preocupações descabidas em mulheres de países desenvolvidos em que o acesso aos serviços médicos está garantido a todas as mulheres, questiona-se se o auto-exame não deveria ser mais preconizado em termos de saúde pública,, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil, no qual o acesso aos serviços de saúde é precário (ELIAS et al, 2002). As pesquisas indicaram o impacto significativo do auto-exame da mama na detecção precoce do câncer, registrando-se tumores primários menores e menor número de linfonodos axilares invadidos por células neoplásicas nas mulheres que fazem o exame regularmente, além de haver também detecção de pequenas mudanças nas propriedades físicas das mamas, diminuindo assim a probabilidade de metástase e aumentando a sobrevida. Estudos demonstram que a sobrevida em cinco anos tem sido de 75% entre as praticantes do auto-exame contra 57% entre as não-praticantes (ELIAS et al, 2002). O auto-exame deve ser realizado mensalmente, a melhor época é após a menstruação ou para as mulheres que por algum motivo não menstruam, o auto-exame deve ser feito num mesmo Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 164 dia todos os meses. É indicado que a partir dos 20 anos de idade todas as mulheres realizem o auto-exame conforme descrito por Camargo & Marx (2000): - Diante do espelho, com os braços levantados, observar a presença de anormalidades como deformações ou alterações no formato e contorno das mamas; abaulamentos ou retrações; alterações na pele, etc. (figura 03). Figura 03: Auto-Exame Primeira Etapa Fonte: http://www.cancerdemama.com.br - Durante o banho com a pele ensaboada ou umedecida, deslizar suavemente uma das mãos sobre a mama oposta em direção à axila procurando sentir caroços ou nódulos. Sendo que o braço homolateral a mama palpada deve ser elevado (figura 04). Figura 04: Auto-Exame Segunda Etapa Fonte: http://www.cancerdemama.com.br - Em decúbito dorsal sobre a cama, com uma das mãos sob a cabeça, com os dedos da mão oposta, pressionar suavemente a mama contralateral com movimentos circulares que vão desde a periferia até o mamilo. Para terminar o auto-exame da mama, o mamilo deve ser pressionado Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 165 levemente, entre o polegar e o indicador, para a verificar se a extravasamento de líquido (figura 05). Figura 05: Auto-Exame Terceira Etapa Fonte: http://www.cancerdemama.com.br Em um estudo realizado com 505 mulheres atendidas no centro de saúde escola-Marco e no anexo Unidade Materno-Infantil por meio de questionários referente ao conhecimento e prática do auto-exame e possíveis fatores associados, tinha por objetivo estudar a freqüência do conhecimento e prática do auto-exame de mama, caracterizando alguns fatores que influenciam sua prática. Nos resultados encontrados 96% das mulheres entrevistadas conheciam o autoexame, sendo que apenas 21.8% das mulheres o realizavam mensalmente. Dentre as que conheciam o exame, 37.5% relataram que o meio que proporcionou a prática mais correta foi a orientação médica. Um resultado encontrado, bastante preocupante, é que em 58.7% dos casos, o ginecologista não incentivava a prática (ARRAES et al, 2003). Os autores do trabalho concluíram que o auto-exame é conhecido por praticamente todas as entrevistadas, embora algumas não o realizem. Sendo que o meio de comunicação mais eficaz para orientações e com melhor qualidade foi através dos médicos, apesar de atingir um pequeno número de pacientes. Foi constatado que o grau de escolaridade influencia na prática do autoexame, mulheres com melhor nível educacional são as que têm maior acesso ao conhecimento da técnica, e conseqüentemente as que mais praticam; também constataram que a faixa etária Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 166 interfere diretamente nos resultados: as mulheres que mais realizaram o exame de forma correta e sistematizada estão entre 35 a 49 anos, faixa etária em que há maior incidência da doença, o que proporciona um diagnóstico precoce e indispensável, já que estão em um período economicamente ativa e constituindo família (ARRAES et al, 2003). 2.2.6.2 Mamografia A mamografia é um tipo especial de radiografia realizado em um aparelho de alta resolução, que permite visualizar nódulos, densidades anormais no tecidos e microcalcificações. As microcalcificações são pequenos depósitos de cálcio que as células podem produzir, e de acordo com o seu tipo e sua distribuição na mama, pode levar à suspeita da presença de um câncer na fase inicial, quando ainda não é palpável, nem provoca nenhum sintomas. Nessa fase, só através da mamografia é possível visualizar o câncer (SOUEN, 2003). A mamografia é o melhor método para a detecção precoce do câncer de mama. A sensibilidade do método em relação à descoberta de cânceres situa-se entre 89% a 95%. É inquestionável a diminuição da mortalidade em mulheres acima de 50 anos que submetem-se ao exame rotineiramente (SOUEN, 2003). O uso da mamografia para a triagem nas mulheres com mais de 50 anos de idade diminui a probabilidade de morte por câncer de mama em aproximadamente 20 e 30% dos casos (MUSS, 2001). Camargo e Marx (2000), afirmam que a mamografia é o exame complementar por imagem que atualmente apresenta os melhores resultados, sendo, portanto, indicado a realização para todas as mulheres acima de 35 anos, sintomáticas ou não. Genericamente a mulher deve Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 167 fazer o primeiro exame por volta dos 35 anos, para saber como estão as mamas. Até os quarenta anos, ela só deve repetir o exame se houver indicação médica. A partir dos quarenta anos, é conveniente realizar o exame anualmente. Figura 06: Exame de mamografia Fonte: http://www.nlm.nih.gov/medlineplus O diagnóstico precoce dos cânceres graças à mamografia depende de uma boa qualidade de imagem, além da correta interpretação das mesmas (SOUEN, 2003). Os sinais que encontrados durante a realização do exame podem ser divididos em diretos (opacidade circunscrita, microcalcificações, densidade assimétrica focal ou difusa), que correspondem ao carcinoma propriamente dito, e indiretos (distorção parenquimatosa, dilatação ductal isolada, espessamento cutâneo que corresponde ao sinal clínico da pele em casca de laranja, retração da pele e/ou complexo areolopapilar, aumento unilateral da vascularização, linfadenopatia axilar), que são as reações provocadas pelo carcinoma (CAMARGO e MARX, 2000). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 168 Segundo Costa (2002), a realização deste exame, igualmente ao auto-exame da mama, sugere que não há uma diminuição no diagnóstico tardio. Relatam que em pacientes jovens, abaixo de 35 anos, a mamografia pode resultar em um falso-negativo. Souen (2003), concluiu em seu estudo que a mamografia permite uma maior sobrevida e melhor qualidade de vida às mulheres que se submetem rotineiramente a sua execução. A sua desvantagem, no que se refere ao número relativamente grande de falsos suspeitos, diminui à medida que adquire-se maior experiência. Novos métodos de imageamento estão sendo pesquisados, como a mamografia digital, ultrasom de alta resolução e ressonância magnética, porém nenhuma dos estudos alcançaram uma conclusão convincentemente que dispensasse a mamografia nas triagens de rotinas (SOUEN, 2003; MUSS, 2001). 2.2.6.3 Biópsia O diagnóstico definitivo do câncer de mama só é confirmado através da biópsia, que consiste na retirada de parte ou de todo o tecido alterado, para que o patologista possa examina-lo e classificá-lo. Antigamente, o único meio de obter o tecido para exame patológico era através de cirurgia. Atualmente, há vários meios de se obter esse material, sendo que cadê um desses métodos tem indicação específica (SOUEN, 2003). A biópsia é indicada nos casos de lesões palpáveis, sendo realizada por meio de um instrumento composto por uma cânula, mola e agulha, que tem por função a retirada do Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 169 fragmento da lesão, que será posteriormente submetido ao exame histopatológico. A vantagem é que se trata de um procedimento ambulatorial, requerendo apenas anestesia local e pequena incisão (CAMARGO e MARX, 2000). Existem diversos técnicas de biópsia: - Punção aspirativa por agulha fina: consiste na aspiração de células através de uma agulha, sendo considerado um método rápido e indolor. A limitação é a quantidade de material retirado, que muitas vezes é insuficiente. - Biópsia de Fragmento: retira-se em média cinco fragmentos do tecido estudado, sendo necessário uma anestesia local já que utiliza uma agulha mais grossa, porém não requer internação. - Mamotomia: é um método mais recente, no qual é retirado um fragmento maior, tornando o resultado ainda mais fidedigno. - Biópsia Cirúrgica: é um método mais tradicional que requer internação, anestesia geral, repouso e que resulta em uma cicatriz. Em casos de lesões impalpáveis que necessitam de um procedimento mais complicado, é indicado a realização da biópsia através da localização mamográfica, na qual o mamografista coloca uma agulha ou fio especializado no local de suspeita ou próximo, visando a localização perfeita da anormalidade para que o cirurgião realizar a incisão diretamente sobre a área (GIULIANO, 1998). 2.2.7 Tratamento Clínico Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 170 Desde o fim do século passado até a década de setenta, o tratamento para o câncer de mama se baseava simplesmente em submeter as pacientes, com condições cirúrgicas, a um tipo de intervenção: mastectomia radical (SOUZA, 1997; HEGG, 1998). Com a evolução da área médica, atualmente o tratamento clínico para o câncer de mama pode ser cirúrgico e/ou não cirúrgico. A cirurgia neste caso tem por objetivo promover o controle local, através da remoção de todas as células malignas, o que proporciona maior sobrevida, como também orientar a terapia complementar, definir o estadiamento cirúrgico e identificar grupo de maior risco de metástase. Neste caso também, inclui-se o esvaziamento axilar, que é feito visando o estadiamento cirúrgico da região, o controle da doença, a determinação do prognóstico e também a orientação da terapia complementar (CAMARGO e MARX, 2000). Somente no final da década de sessenta e início da década de setenta, estudos demonstraram que a opção pela cirurgia radical, na grande maioria dos casos, não tinha nenhum efeito sobre a sobrevida das pacientes. Desta forma, surgiram novas técnicas de cirurgias conservadoras, nas quais eram preservados os músculos peitorais (mastectomia radical modificada). A vantagem desta conservação muscular é tanto estética quanto funcional, além de permitir a reconstrução da mama. A cirurgia conservadora ficou consagrada mundialmente por apresentar os mesmos índices de cura do tratamento radical, conferindo no entanto, qualidade de vida bastante superior devido à preservação da mama (SOUZA, 1997; HEGG, 1998). Nos anos oitenta, com a publicação de alguns estudos nos Estados Unidos, os cirurgiões perceberam que em tumores iniciais, a conservação da mama não afetava as taxas de sobrevida e o intervalo da doença. Então o tratamento conservador passou a ser realizado mais freqüentemente através de diversas maneiras: quadrantectomia e tumorectomia. Técnicas que Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 171 diferem entre si na quantidade de tecido glandular retirado e também na margem de segurança em relação ao tumor (SOUZA, 1997; HEGG, 1998). A realização do exame físico individual e criterioso, e da mamografia fornecem dados suficientes para o estadiamento clínico e a opção entre o tratamento radical e o conservador. A opção entre os vários tipos de tratamentos cirúrgicos será determinada por características como o tipo histológico, o tamanho do tumor, a idade da paciente, a experiência e a preferência do cirurgião e o protocolo de tratamento escolhido pela instituição (CAMARGO e MARX, 2000). Segundo Souza, (1997), o tratamento do câncer de mama é multidisciplinar, e não mais exclusivo do cirurgião. Assim, o tratamento é dividido em uma abordagem cirúrgica e uma abordagem não cirúrgica, que incluem a radioterapia e um tratamento sistêmico (farmacoterapia com agentes citostáticos, citolíticos, hormonais ou imunoterápicos modificadores da resposta biológica que podem afetar células cancerosas por todo o corpo), que envolve a realização de sessões de quimioterapia e hormonioterapia. A combinação dessas abordagens mudou radicalmente os resultados dos tratamentos antigos, resultando em uma melhor sobrevida dessas mulheres. 2.2.7.1 Tumorectomia A cirurgia de tumorectomia consiste em um tratamento conservador, com a remoção do tumor sem margens de tecido circunjacente. Ou seja, não é necessário retirar aponeurose do grande peitoral ou da pele. É ni dicada para tumores com diâmetro máximo de 1.0cm. O indicado é realizar uma incisão curvilínea que esteja acompanhando as linhas de força da pele, desta forma Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 172 será obtida uma cicatriz cirúrgica estética. Geralmente, a tumorectomia é acompanhada de linfadenectomia axilar radical e radioterapia. (CAMARGO e MARX, 2000; FERRARI et al, 2002; BARBOSA, BARROS E GEBRIN, 2001). Figura 07: Tumorectomia Fonte: //www.anitaitalia.it/galleyei.asp A linfadenectomia axilar continua sendo procedimento útil e necessário para o estadiamento e tratamento do carcinoma de mama. Entretanto, segundo Cabello et al (2004) a manipulação da axila pode levar a complicações sensitivas e motoras nos membros superiores ipsilaterais, que acometem mais de 65% das mulheres tratadas com linfadenectomia. 2.2.7.2 Quadrantectomia Alguns autores também denominam a quadrantectomia de segmentectomia, que consiste na remoção de um quadrante ou segmento da mama, onde localiza-se o tumor, com margens cirúrgicas de tecido normal (aproximadamente 2 a 2.5cm), incluindo a aponeurose subjacente ao Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 173 tumor com ou sem segmento cutâneo. Em geral, os tumores retirados apresentam um diâmetro de 2 a 3cm, dependendo do tamanho da mama (CAMARGO e MARX, 2000; FERRARI et al, 2002). Também é um tratamento conservador (BARBOSA, BARROS E GEBRIN, 2001). Figura 08: Quadrantectomia Fonte: //www.anitaitalia.it/galleyei.asp O tipo de incisão irá variar conforme o quadrante a ser submetido ao procedimento. Nos quadrantes superiores, as incisões geralmente são curvilíneas e concêntricas à aréola. Já nas regiões mediais e laterais, usa-se as incisões radial, como também nos quadrantes inferiores. No caso do tumor de localizar no quadrante superior externo é comum utilizar uma incisão radial única que estará abordando não só a mama, como também a região axilar (FERRARI et al, 2002). Junto a esta técnica cirúrgica será realizado o esvaziamento axilar, que poderá ser feito junto com o tumor (Monobloco) ou separadamente (Dibloco), isto também dependerá da localização do tumor. Junto a isto é associado a radioterapia pós operatória (CAMARGO e MARX, 2000). 2.2.7.3 Mastectomia Radical Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 174 A mastectomia radical, descrita pela primeira vez em 1896, nada mais é que a retirada completa da mama e dos músculos peitoral maior e menor, associada ao completo esvaziamento axilar. Sua realização é indicada nos casos de câncer avançado, quando já ocorreu a infiltração extensa da musculatura peitoral (CAMARGO e MARX, 2000). Figura 09: Mastectomia Radical Fonte: //www.anitaitalia.it/galleyei.asp As complicações pós-cirúrgicas devem ser evitadas, devido à necessidade de iniciar precocemente ou continuar a quimioterapia e a radioterapia. Para isto a hemostasia deve ser rigorosa e seguida de drenagem, através do dreno de sucção contínua, para evitar complicações como infecção, hematoma e necrose. A incisão não segue os traços clássicos por ser de maior importância à delimitação cirúrgica que permita a extirpação do tumor com margem cutânea. É considerado um procedimento mutilante, que resulta em grande morbidade. (CAMARGO e MARX, 2000). 2.2.7.4 Mastectomia Radical Modificada Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 175 Também conhecida como cirurgia mioconservadora desenvolvida em 1948, a mastectomia radical modificada consiste da retirada da mama e no esvaziamento axilar radical preservando o músculo peitoral maior, com ou sem extirpação do peitoral menor. Sua realização é indicada nos casos de tumores com diâmetro maior que 3cm, mas que não estejam fixados a musculatura, como também em pacientes com recidiva após tratamento conservador, em pacientes que apresentem qualquer condição que impossibilitem o tratamento conservador e, em pacientes que não concordem com a conservação da mama ou que pretende realizar a reconstrução da mama imediatamente após a remoção do tumor. Sendo extremamente utilizada em pacientes que estejam nos estádios I, II e III da doença (FERRARI et al, 2002; CAMARGO e MARX, 2000). Atualmente, segundo Camargo e Marx (2000), existem várias técnicas para a realização da mastectomia radical modificada: - Mastectomia radic al modificada tipo Patey: são removidos a glândula mamária, o músculo peitoral menor (das inserções na apófise coracóide, terceiro, quarto e quinto espaço intercostal), linfonodos interpeitorais, aponeurose anterior e posterior do músculo peitoral maior, com esvaziamento axilar radical (Monobloco). - Mastectomia radical modificada tipo Madden: são removidos a glândula mamária, a aponeurose anterior e posterior do músculo peitoral maior, linfonodos interpeitorais, com esvaziamento axilar. Contrariamente a outra técnica, neste ocorre preservação dos músculos peitoral maior e menor; a preservação nestes músculos é necessária para que exista uma loja para o implante de uma prótese de silicone. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 176 - Mastectomia Total: inclui a remoção da glândula mamária, aponeurose anterior do músculo peitoral maior e segmento cutâneo, incluindo a cicatriz cirúrgica da biópsia, porém sem esvaziamento axilar. Esta variante é indicada para o tratamento do carcinoma ductal in situ. - Mastectomia subcutânea: é retirada a glândula mamária, conservando os músculos peitorais e suas aponeuroses, pele e complexo areolopapilar. É uma técnica bastante questionada, já que deixa resquícios teciduais passíveis de alterações hiperplásicas e malignidade. Figura 10: Mastectomia Radical Modificada Fonte: //www.anitaitalia.it/galleyei.asp 2.2.7.5 Radioterapia A radioterapia consiste na aplicação de irradiação sobre a área do tumor, com o objetivo de combate-lo (o princípio de ação é semelhante ao da quimiotrapia, interferre nas moléculas de DNA, bloqueiam a divisão celular ou determinam a sua destruição na tentativa de realizar esta Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 177 divisão). Para isto, a radiação utilizada pode partir de diferentes fontes: fonte de cobalto, aceleradores lineares (fótons e/ou elétrons) ou de um radioisótopo, como o irídio (HEGG, 1998). Associada ao tratamento cirúrgico conservador diminui significativamente o índice de recidiva. Sendo também indicada para pacientes submetidas a mastectomia, já que estas pacientes apresentam um prognóstico pior devido a presença de alguns fatores como tumores maiores que quatro centímetros e invasão de tecido adiposo (BIÁZUS et al, 2001; BARBOSA, BARROS E GEBRIN, 2001). Conforme descrito por Biázus et al (2001), a aplicação se faz por meio de campos tangenciais sobre a mama, com o objetivo de proteger os pulmões e a medula óssea. Caso seja necessário irradiar também a região axilar e/ou supraclavicular, a sobreposição de campos pode resultar em uma estética local ruim. A associação da cirurgia com a radioterapia aumenta os índices de surgimento de plexopatia braquial e linfedema de membro superior homolateral a cirurgia. Conforme descrito por Camargo e Marx (2000), a aplicação prática pode se dar de duas forma: - Braquiterapia: consiste na colocação de material radioativo junto ao tumor, o que permite administrar altas doses diretamente sobre às células malignas. - Teleterapia: na qual a irradiação é feita a distância. Os efeitos tóxicos aos órgãos saudáveis é evitado através da utilização de escudos, pelo fracionamento das doses (doses diárias) e pela administração dos raios de diversos ângulos. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 178 A radioterapia é uma grande aliada no tratamento paliativo do câncer de mama. Os resultados das aplicações sobre metástases são ótimos, tanto na regressão do tumor quanto na analgesia, por exemplo de dores ósseas (BIÁZUS et al, 2001). O tratamento em geral é bem tolerado, apresentando poucos ou nenhum efeito colateral. Os efeitos adversos comuns de serem observados são irritações ou leves queimaduras na pele, inflamação das mucosas, queda do cabelo nas áreas irradiadas, cansaço e dores locais. Dentre as complicações tardias das aplicações, podem ser citadas um leve desconforto e hipersensibilidade sobre a mama, como também um discreto endurecimento e edema local. É bastante incomum ocorrerem fraturas de costelas, radionecrose, fibrose e retração, mais raro ainda é a pneumonite, pericardite, desenvolvimento de sarcoma no local e a plexopatia braquial. Ao contrário da quimioterapia, náuseas e vômitos são raros de ocorrerem. Entretanto, é fundamental a avaliação da condição hematológica do indivíduo (número de leucócitos e plaquetas) devido à toxicidade da radioterapia sobre este tecido (BIÁZUS et al, 2001). A aplicação próxima ou conjunta com a quimioterapia pode resultar em uma acentuada reação tecidual, com o surgimento de descamação e eritema, o que resulta em um dano estético maior (BIÁZUS et al, 2001). 2.2.7.6 Quimioterapia Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 179 É um tratamento complementar através de medicamentos específicos para cada tipo de câncer, que agem destruindo as células cancerosas, impedindo sua multiplicação e seu crescimento. As células normais também são atingidas, por isso podem ocorrer alguns efeitos colaterais, como náuseas, vômito, queda de cabelos, desnutrição, febre, sensação de resfriado, cansaço e fadiga, sendo que o tipo e a intensidade dos efeitos é muito variável. Sem dúvidas, o efeito mais perigoso é a diminuição de leucócitos e plaquetas, resultando de uma intensa atuação na medula óssea (HEGG, 1998). As drogas utilizadas são conhecidas como quimioterápicos, que são ingeridos ou injetados geralmente utilizados de forma combinada, com o objetivo de danificar às células tumorais, atuando em diversas etapas do metabolismo celular. Interferem na síntese ou na transcrição do DNA, principalmente quando as células estão em divisão celular. Como as células neoplásicas estão constantemente se multiplicando, tornam-se alvos fáceis. Infelizmente, não encontram obstáculos anatômicos à sua ação, distribuindo-se pelo corpo todo durante o tratamento, são os tecidos com maiores índices de renovação (como o sangue) que acabam sendo mais agredidos pelo tratamento (CAMARGO e MARX, 2000). Segundo Biàzus et al (2001), é o tratamento contra o câncer que mais evoluiu nestas últimas décadas. A aplicação baseia-se no fato de que os pacientes, tratados cirurgicamente ou sem indícios de doença ativa, apresentem após a quimioterapia, uma melhora significativa e redução nas taxas de mortalidade. Também pode ser usado como tratamento primário, visando uma diminuição do tamanho do tumor antes de submeter o paciente ao tratamento cirúrgico e/ou Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 180 radioterápico. De forma geral, a quimioterapia como tratamento primário é aplicada em três ou quatro ciclos no pré-operatório, seguidos de dois ou três ciclos no pós-operatório imediato. Em casos mais graves, as aplicações das drogas antineoplásicas podem ser apenas um tratamento paliativo, indicado para pacientes portadores de metástase, a fim de eliminar ou diminuir a sintomatologia. Ressaltando que não há aumento de sobrevida destes pacientes. Porém, a melhora dos sintomas resulta diretamente em uma melhor qualidade de vida (BIÁZUS et al, 2001). 2.2.7.7 Hormonioterapia O desenvolvimento anatomofuncional da mama é dependente de hormônios, conseqüentemente qualquer tumor presente neste local apresenta uma relação e/ou dependência com esses hormônios. A especificidade destas substâncias por seus receptores permite o uso com uma toxicidade muito baixa. Além disso, os hormônios já estão sendo estudados como forma preventiva em populações de risco para o desenvolvimento da doença. Dentre essas substâncias, a mais usada tem sido o tamoxifeno. Essas mulheres fazem o tratamento por alguns anos após a retirada do tumor, em geral de dois a cinco anos, dependendo do tamanho do tumor (HEGG,1998; BIÁZUS et al,2001). Igualmente a quimioterapia e a radioterapia, a hormonioterapia pode ser utilizada como tratamento adjuvante ou paliativo. Por ser praticamente sem efeitos tóxicos, é a primeira escolha para tratamento paliativo sempre que as metástase não envolvam órgãos vitais (BIÁZUS et al,2001). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 181 2.2.8 Complicações Pós Operatórias Independente da abordagem cirúrgica utilizada (radical ou conservadora) as inúmeras complicações decorrentes do tratamento para o câncer são dolorosas, incapacitantes, desagradáveis e perturbam a recuperação da pacientes, sendo inquestionáveis as influências destas sobre a qualidade de vida das pacientes. Isto justifica a fundamental importância do estudo destas complicações já que podem intervir na reabilitação funcional. Onde a fisioterapia assume um papel importante na prevenção, diminuição e resolução dessas complicações (CAMARGO e MARX, 2000). Segundo Monteiro (2002), estas complicações ocorrem em aproximadamente 63.6% das mulheres submetidas ao tratamento de câncer de mama. Existem algumas complicações que podem ocorrer no pós-operatório imediato, como infecção, necrose cutânea, seroma, lesão nervosa, dor, fraqueza no membro superior envolvido, complicações cicatriciais, problemas respiratórios; e algumas complicações podem advir no pós-operatório tardio, como disfunção articular do ombro, encarceramento nervoso e linfedema. A maioria dos autores concorda que o linfedema do membro superior homolateral a cirurgia é uma das principais complicações. Em 2000, foi realizado um estudo em 400 mulheres submetidas a tratamento para o câncer de mama, em acompanhamento médico em um hospital público de referência ao Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 182 tratamento de câncer de mama no estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de verificar a prevalência de complicações decorrentes do tratamento, onde alcançou-se o seguinte resultado: Tabela 05: Complicações Pós-Operatórias Complicações Prevalência Seroma Linfedema Retardo de Cicatrização Infecção Escápula Alada Necrose Hematoma Alteração de Sensibilidade Algias no Membro Superior Algias na Cicatriz Diminuição dos Movimentos 54.3 47.3 17.0 3.3 6.8 3.5 1.0 55.3 40.5 27.0 18.5 Fonte: BERGMANN, A; KOIFMAN, R.J; KOIFMAN, S; MATTOS, I.E. Morbidade após o tratamento para Câncer de mama. Fisioterapia Brasil, vol.1, n.2, p.101-108, nov/dez, 2002. Complicações psicológicas e desvios posturais surgem tanto no pós-operatório imediato quanto no tardio, e também são complicações importantes que estarão influenciando no processo de reabilitação e por isso merecem ser estudadas. 2.2.8.1 Infecção A incidência de infecção nas pacientes varia entre 5.6 a 14.2%, sendo que uma incidência maior é notada após a irradiação pré-operatória e em cirurgias mais extensas. Em geral, os fatores que contribuem para o surgimento são o acúmulo de líquido, a deiscência da ferida, os retalhos cutâneos finos e o comprometimento da depuração do líquido linfático em Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 183 consequência da dissecção axilar. Outros fatores, como a idade, o estado nutricional e os mecanismos de defesa, quando comprometidos, também podem estar contribuindo negativamente para o desenvolvimento desta complicação. Os drenos de sucção utilizados no período pósoperatório agem como uma porta de entrada para as infecções (MONTEIRO, 2002). 2.2.8.2 Necrose Cutânea A necrose cutânea apresenta um índice de ocorrência bastante variado, entre 3 a 61% das pacientes. As feridas fechadas que estão sob tensão, devido a uma morbidez significativa (como uma restrição das funções do ombro), e com um déficit de suprimento sanguíneo estão mais suscetíveis à necrose. Na maioria das situações, o suprimento sanguíneo insuficiente é o fator etiológico principal (MONTEIRO, 2002). 2.2.8.3 Complicações Linfáticas O seroma consiste em uma coleção de líquidos formados após a retirada do dreno de sucção, com necessidade de aspiração, que ocorre em aproximadamente 35% das pacientes submetidas a tratamento cirúrgico. A ferida da cirurgia possui características que possibilitam o acúmulo de líquido neste local, como a dissecção geralmente é extensa resultando em um espaço morto que pode acumular linfa e sangue oriundo de lesões nos vasos sanguíneos e linfáticos Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 184 durante a cirurgia. Associado aos movimentos constantes da parede torácica, devido à respiração e a própria utilização incorreta do ombro, criam forças de cisalhamento que retardam a aderência dos tecidos locais proporcionando o acúmulo de líquidos (MONTEIRO, 2002). Fatores, como idade avançada, obesidade, hipertensão, heparinoterapia, tamanho da mama e mobilização precoce intensa e inadequada pode desencadear ou agravar a ocorrência do seroma. Muitas vezes, torna-se necessário realizar várias punções com agulha para exterminar o seroma (CAMARGO e MARX, 2000). EM 2002, Monteiro observou no serviço do Hospital Santa Casa de Belo Horizonte, que esta complicação está associada ao uso da articulação do ombro com amplitudes maiores que 90º em flexão e 75º em abdução no pós-operatório imediato. Durante a cirurgia, os troncos linfáticos seccionados deverão ser cuidadosamente ligados visando diminuir o acúmulo de linfa, principalmente na fossa axilar. Associado a isto, a drenagem por um sistema fechado irá remover o líquido formado no local, o que diminuirá a incidência de seroma. Aitken (1983, apud MONTEIRO, 2002) também afirma que a cicatrização completa da ferida produzirá um vazamento mínimo de linfa e de exsudação serosa, fazendo com que os retalhos cutâneos fixam-se firmemente nas estruturas profundas sem comprometer a circulação e prevenindo um acúmulo de líquido; isso possibilitará a paciente a iniciar a movimentação precoce do membro superior homolateral a cirurgia. 2.2.8.4 Lesão Nervosa Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 185 Freqüentemente no período pós-operatório são observados problemas sensitivos e/ou motores que podem ser secundários a compressão pelo tumor ou a lesões causadas pelo procedimento cirúrgico ou pela radioterapia. A técnica cirúrgica deve ser realizada cuidadosamente visando impedir o ano a estruturas adjacentes ao tumor, pois elas podem ser seccionadas ou traumatizadas. Os nervos que são freqüentemente mais lesados durante a cirurgia são o nervo peitoral lateral e peitoral medial, que podem estar desencadeando atrofia muscular e incapacidade no ombro; o nervo intercostobraquial, que quando lesado desencadeia parestesia cutânea na parte media superior do braço; o nervo toracodorsal, quando seccionado pode levar a fraqueza do grande dorsal, o que prejudica a adução e a rotação eterna do ombro; e, o nervo torácico longo, que ao ser seccionado permite que a escápula se torne alada (MONTEIRO, 2002). Os distúrbios sensitivos causados pela lesão do plexo braquial pela irradiação, com conseqüente parestesia na região inervada, também devem ser avaliados. Caso esses distúrbios não sejam tratados é possível o agravamento do quadro com o surgimento de dores e distúrbios motores, partindo da região distal do membro. Em muitos casos é comum o surgimento de edema e deformidade (CAMARGO e MARX, 2000). 2.2.8.5 Dor Dentro da oncologia, a dor pode ser origem secundária a própria evolução da doença, aos procedimentos terapêuticos e diagnóstico e aos aspectos psicoafetivos associados a uma doença debilitante, progressiva e muitas vezes terminal. Em um doente portador de câncer, a dor Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 186 é o principal motivo pela procura de atendimento médico. O mais indicado é o tratamento que reduz o quadro álgico ao eliminar a causa, porém isto nem sempre é possível. Freqüentemente, apesar da cura da doença, é comum o surgimento como uma seqüela do tratamento cirúrgico (CAMARGO e MARX, 2000). A presença de dor no período pós-operatório além de ser uma complicação do tratamento pode levar um grau maior de imobilidade, que estará prejudicando ainda mais a mobilidade e contribuindo para a instalação de linfedema. Diversas são as causas que podem estar levando ao surgimento da dor ao nível da incisão, como a própria incisão cirúrgica transversa que está sobre a musculatura torácica, o movimento do membro que estará tracionando a incisão e um processo de cicatrização retardada em pacientes submetidas à radioterapia ((GUIRRO e GUIRRO, 2002). No período pós operatório imediato é comum o aparecimento de dor do tipo nevrálgico associada a hipoestesia na base axilar e na face interna do braço, em consequência do próprio ato cirúrgico. Até mesmo o mau posicionamento do dreno aspirativo pode provocar dor do tipo queimação, pontada ou choque elétrico, podendo ser irradiada e exacerbada pelas mudanças de posição, pela mobilização escapular e pelos movimentos inspiratórios (CAMARGO e MARX, 2000). Também é comum o surgimento de dor em região cervical e cintura escapular, devido à proteção muscular reflexa, que produz dor e espasmo muscular na região cervical e ombro, a sensibilidade alterada da musculatura da cintura escapular que restringe a mobilidade ativa do ombro e, a diminuição no uso do membro superior, que predispõe ao desenvolvimento de ombro congelado crônico e aumenta a probabilidade de linfedema (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 187 No pós-operatório tardio é comum a persistência de dores que geram um grande desconforto na paciente. Estas dores são bem delimitadas em pontos dolorosos localizados em músculos, ligamentos, tendões, áreas pericapsulares e fáscias. Caracterizando as famosas síndromes dolorosas miofasciais. Esta dor é decorrente da imobilidade ocasionada pelas retrações musculoaponeuróticas (CAMARGO e MARX, 2000). 2.2.8.6 Fraqueza de Membro Superior Em cirurgias mais agressivas em que o músculo peitoral maior é removido, ocorre uma redução da força ativa do membro homolateral a cirurgia, essa redução de força e mobilidade ativa do ombro superior envolvido é permanente. Devido a esta diminuição da força muscular, a biomecânica do ombro fica comprometida devido ao uso de movimentos compensatórios com os músculos trapézio superior e levantador da escápula, isto pode causar compressão subacromial resultando em algias no ombro. A força em garra fica geralmente diminuída, principalmente como resultado de linfedema e conseqüentemente, surge rigidez secundária dos dedos (GUIRRO e GUIRRO, 2002; COLBY e KISNER, 1998). 2.2.8.7 Complicações Cicatriciais Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 188 Conforme descrito no livro de Camargo e Marx (2000), após a cirurgia, podem surgir complicações cicatriciais no local, como aderências, invaginações, infecções, deiscência, fibrose e hipertrofia. A aderência cicatricial é a complicação mais freqüente, tratando-se de um tecido fibroso que leva a uma fixação da superfície da pele ao tecido subcutâneo, às fáscias e músculos, que deveriam deslizar entre si. As reações inflamatórias devidas a cicatrização do tecido, são responsáveis pelas aderências. Isto leva a uma retração que atinge aponeuroses, tendões e músculos da região cervicotoracobraquiais e da cavidade axilar. A situação pode ser agravada se ocorre uma hiperatividade dos fibroblastos na reparação cicatricial, que originará a formação de uma bainha espessa e endurecida (CAMARGO e MARX, 2000). Além de surgir como resultado da cirurgia, também pode ser conseqüência da fibrose causada pela radiação ou infecção da ferida, fazendo com que surjam aderências teciduais no tecido subjacente à mama na parede torácica. Conseqüentemente, estas aderências poderão resultar em uma diminuição da amplitude máxima de movimento do ombro envolvido é alterações posturais (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Conseqüentemente, o prejuízo funcional e lastimável, cada tentativa de movimentação do membro provocará dores intensas, e caso não seja tratado, pode evoluir para uma capsulite adesiva (CAMARGO e MARX, 2000). Essas adesões na parede torácica podem aumentar o risco de complicações pulmonares pós-operatórias, desconforto no pescoço, cintur a escapular e coluna superior, além da perda de amplitude no ombro envolvido e disfunção postural como já citado (COLBY e KISNER, 1998). 2.2.8.8 Problemas Respiratórios Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 189 Após a cirurgia para a retirada do câncer de mama, a paciente apresentará importantes alterações na dinâmica ventilatória. Estas pacientes encontrarão dificuldades em elevar a caixa torácica, principalmente a porção superior; ocasionando uma diminuição dos volumes pulmonares e hipoventilação alveolar (GALVAN, MOREIRA e PONCE, 1996). Embora a cirurgia para a retirada do câncer de mama, não invada o tórax, as pacientes podem desenvolver problemas pulmonares secundários a imobilidade. A respiração profunda pode ser dolorosa, logo a mobilização precoce pode evitar a maioria das complicações pulmonares. Com a instrução dos pacientes quanto aos malefícios da imobilidade e a estimulação da mobilidade no leito, pode-se evitar as complicações causadas pela imobilidade (IRWIN e TECKLIN, 2002). Segundo Camargo e Marx (2000) também é possível ocorrer disfunções respiratórias em conseqüência ao medo, à fibrose e aderência cicatricial, e até mesmo a retrações musculares. As posturas antálgicas (adução, depressão, protusão de ombro e rotação interna do ombro) na tentativa de esconder a ausência da mama ou mesmo fraqueza muscular dos músculos da cintura escapular vão ocasionar problemas como hipoventilação em hemitórax comprometido e deformidade (a longo prazo) como cifose e escoliose (GALVAN, MOREIRA e POLCE, 1996). 2.2.8.9 Disfunção do Ombro Conforme descrito por Guirro e Guirro (2002), a disfunção do ombro ocorre ou pode ser agravada pela extensão da cirurgia e tipo de incisão utilizada, tempo de imobilização da articulação do ombro e pela radioterapia. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 190 A radioterapia leva a uma fibrose subcutânea com fixação na musculatura inferior, esta fibrose causa uma redução na mobilidade articular. Em relação a extensão da cirurgia, autores afirmam que quanto maior for a extensão maior será a secção de tecidos, em geral estas cirurgia extensas removem alguns músculos que são importantes para a estabilização e a mobilidade da articulação do ombro. O tipo de incisão utilizado também tem grande influencia sobre a mobilidade da axila e do braço, uma incisão errada pode limitar em vários graus a amplitude (GUIRRO e GUIRRO, 2002). A maioria dos autores da atualidade concordam que a mobilidade articular do ombro deve ser estimulada já no primeiro dia do pós-operatório, porém deve ser respeitados limites de amplitude de movimento e de dor. Estudos comprovam que a limitação dos movimentos dos ombros por sete dias é suficiente para diminuir o fluxo drenado em 40% e quando comparado aos pacientes que realizam exercícios (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Os movimentos de abdução e a flexão do ombro serão os mais afetados, juntos com a rotação externa associada à adução. Em geral, esta limitação é consequência da dor e até mesmo da cicatriz cirúrgica, pois muitas mulheres submetidas ao tratamento cirúrgico não movimento o membro superior por medo de “abrir” a cirurgia. Entretanto, o principal fator limitante é a modificação da cavidade axilar, que tem um importante desempenho na função articular; ao ser realizado o esvaziamento axilar, a serosidade local é retirada, o que pode levar ao desenvolvimento de aderências e dificuldades na movimentação desta articulação (CAMARGO e MARX, 2000). Em um estudo realizado na Universidade Federal de Uberlândia, com o propósito de avaliar quantitativamente a amplitude de movimento (ADM) do ombro (flexão, extensão, Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 191 abdução) em mulheres mastectomizadas, comparando-o com o lado contra-lateral à cirurgia, a fim de verificar se há limitação significativa dos movimentos da articulação do ombro, onde verificou-se diminuição significativa no movimento de flexão do ombro homolateral à mastectomia (BARNAÚBA et al, 2004). 2.2.8.10 Encarceramento Nervoso Geralmente, estão localizados ao nível da saída cervical ou do ombro, manifestando-se freqüentemente na forma de uma síndrome do túnel do carpo. As pacientes relatam sensação de peso no braço, tensão, dor e parestesia. Com freqüência essas sensações são percebidas ao longo do trajeto do nervo mediano ou cubital. A radioterapia e outros fatores mecânico aumentam a probabilidade de ocorrência de compressão no canal onde o plexo braquial localiza-se (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Neste caso, é importante realizar o diagnóstico diferencial para neuropatia induzida pela irradiação, das plexopatias, mielopatias metastáticas, da espondiloartrose cervical e de fatores metabólicos tipo diabetes e quimioterapia. O objetivo da fisioterapia para estes casos é a diminuição da dor e tentar uma liberação nervosa através de técnicas especificas (GUIRRO e GUIRRO, 2002). 2.2.8.11 Linfedema Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 192 O linfedema é uma patologia crônica e complexa que tem tratamento, mas exige uma constate manutenção e medidas preventivas, podendo ser definido como um acúmulo excessivo de fluido extravascular nos espaços tissulares. O seu surgimento é devido à obstrução, destruição, remoção cirúrgica ou ausência de alguma rede linfática (COLBY e KISNER, 1998). Segundo Colby e Kisner (1998), o sistema linfático e designado especificamente pra remover proteínas do plasma que se infiltram nos espaços tissulares. A obstrução ou remoção dos vasos linfáticos provoca retenção destas proteínas nos espaços tissulares. Conseqüentemente, este acúmulo de proteínas leva grandes quantidades de água para dentro do espaço intersticial, resultando no linfedema. Logo após a cirurgia, é normal o surgimento de edema em conseqüência do trauma cirúrgico e da imobilidade antálgica da paciente. No entanto, esse edema regride nos primeiros dias do pós-operatório, com o simples posicionamento do membro superior e com a realização dos exercícios orientados (CAMARGO e MARX, 2000). O linfedema é uma das principais complicações, podendo aparecer em qualquer época após a cirurgia na mama, tanto a curto como a longo prazo (anos depois). Pode ocorrer no pósoperatório imediato ou a qualquer momento do restante da sua vida, por isso é essencial manter atitudes preventivas com o membro homolateral a cirurgia o restante da vida (MONTEIRO, 2002). Em 2003, foi conduzido um estudo retrospectivo por Fernandes e seus colaboradores, com 109 pacientes portadoras de câncer de mama submetidas à mastectomia radical modificada pela técnica de Patey e Dyson ou Madden, que foram avaliadas quanto ao aparecimento de linfedema em membro superior. Observou-se o surgimento de linfedema em 14% das pacientes, Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 193 dessas 10 mulheres apresentavam linfedema leve, quatro moderado e apenas uma paciente apresentou linfedema severo. O linfedema surgiu precocemente na amostra, sendo que a maioria das pacientes notaram diferenças de volume dentro dos primeiros quatro meses após a cirurgia. Desta maneira, concluíram que a incidência de linfedema pós mastectomia foi de 14%, não sendo possível observar diferenças significativa entre as duas técnicas em pregadas. Estes resultados vão de acordo com o que freqüentemente encontra-se na literatura, que afirma que a freqüência de ocorrência de linfedema varia de 5.5% a 80%, diferença esta que depende de diversos fatores, como os critérios de diagnóstico, tipo de cirurgia, uso de radioterapia e fisioterapia pós-operatória (FERNANDES et al, 2003). Vários autores somente consideram linfedema aquele cujas diferenças de medidas, quando da realização da perimetria dos membros superiores, for igual ou maior que 3 cm. Para outros autores, a simples diferença de 1 a 1.5 cm pode ser sinal de linfedema, e uma diferença inferior a 3 cm o linfedema é considerado leve; de 3 a 5 cm, moderado; e o linfedema severo é o que apresenta uma diferença superior a 5 cm, quando comparado as medidas de ambos os membros (MAMEDE e PANOBIANCO, 2002). O linfedema é um incomodo físico e emocional para as mulheres, é comum observar que muitas delas experimentam depressão ansiedade, e chegam a necessitar de seguimento psicológico. O linfedema pós mastectomia causa para a paciente, não somente um dano estético, mas também um prejuízo funcional do membro afetado, e sérias conseqüências emocionais, levando ocasionalmente a condições que ameaçam a vida. É bastante comum como conseqüência do linfedema, a perda de interesse nas atividades sociais e a perda da auto-estima (MAMEDE e PANOBIANCO, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 194 A probabilidade de ocorrência do linfedema é maior quando se retira nodos linfáticos da cadeia axilar, esta retirada altera a circulaçào da linfa e provoca o aparecimento de edema no membro superior. Esta probabilidade se torna ainda maior, quando a paciente é submetida a radioterapia na região axilar e na fossa subclávia. A radioterapia leva à formação de tecido cicatricial na região, já a quimioterapia pode levar a ocorrência de esclerose dos vasos linfáticos, contribuindo ainda mais para o linfedema (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Associado aos fatores fisiológicos, a restrição da atividade funcional do braço e a manutenção do mesmo na posição pendente, pode contribuir para o desenvolvimento do linfedema. Segundo Guirro e Guirro (2002) este acúmulo de líquido pode acarretar em: - Aumento do volume do membro; - Tensionamento da pele e risco de rachaduras e infecções sistêmicas e locais; - Rigidez e diminuição da amplitude de movimento; - Alterações sensitivas; - Alterações das propriedades mecânicas da pele que gera dificuldades funcionais (elasticidade e viscosidade); - Diminuição da funcionabilidade; - Raramente encontrado, desenvolvimento de patologias malignas secundárias; - Redução da auto-estima, problemas com a imagem corporal e aceitabilidade social; Em um estudo realizado em um Hospital-escola em Ribeirão Preto, com o objetivo de identificar a presença de complicações pós cirurgia de câncer de mama; a partir do primeiro dia de pós operatório, a presença de níveis de edema de braços nessas mulheres, e a associação entre o aparecimento de linfedema e complicações. Observou-se que das 17 mulheres acompanhadas Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 195 durante três meses, todas apresentaram complicações e, em 11 mulheres (64.7%) houve o surgimento de edema, sendo que deste percentual 82.3% haviam sido submetidas a radioterapia ou a quimioterapia e 76.5% não realizavam exercícios com o braços do lado operado. Das onze mulheres, nove apresentaram limitação de amplitude do membro homolateral a cirurgia. Os autores puderam constatar que dentre as mulheres com edema, houve um predomínio daquelas que apresentavam limitação de amplitude de movimento, que não praticavam exercícios físicos regularmente para a reabilitação e que a maioria das mulheres eram donas de casa que iniciaram suas atividades precocemente e sem moderação (MAMEDE e PANOBIANCO, 2002). É importante ressaltar que o linfedema pode ser instalar tanto em membro superior homolateral a cirurgia, como também na mama e nos quadrantes. Como características, são mais difíceis de serem observados e menos freqüentes. Por outro lado, esse linfedema pode suprir o tecido que foi retirado no tratamento cirúrgico e estar mascarado (CAMARGO e MARX, 2000). 2.2.8.12 Alterações Psicológicas Apesar dos avanços da medicina no tratamento do câncer e do aumento de informações veiculadas pela mídia, o câncer ainda equivale, muitas vezes, a uma "sentença de morte", comumente associada a dor, sofrimento e degradação. A literatura mostra que o câncer sempre foi percebido como algo vergonhoso, sujo, contagioso e sem cura, sendo uma doença tradicionalmente rejeitada pela sociedade. Muitas fantasias e preocupações em relação à morte, mutilações, dor, feminilidade, maternidade e sexualidade encontram-se presentes, já que a mama é um órgão repleto de simbolismo para a mulher (VENÂNCIO, 2004). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 196 A partir do diagnóstico confirmado, a paciente vê sua vida tomar um rumo diferente do que poderia imaginar, já que o câncer pode acarretar alterações significativas nas diversas esferas da vida como trabalho, família e lazer. Dessa forma, acaba trazendo implicações em seu cotidiano e nas relações com as pessoas do seu contexto social (VENÂNCIO, 2004). O diagnóstico de câncer e todo o processo da doença são vividos pelo paciente e pela sua família como um momento de intensa angústia, sofrimento e ansiedade. Além do rótulo de uma doença dolorosa e mortal, o paciente comumente vivencia no tratamento, geralmente longo, perdas e sintomas adversos, acarretando prejuízos nas habilidades funcionais, vocacionais e incerteza quanto ao futuro (ANGELO e BERGAMASCO apud VENÂNCIO, 2004). Pollin (apud VENÂNCIO, 2004) em seu livro, descreve oito preocupações constantes na vida de pacientes que vivenciam doenças crônicas que ilustram claramente os maiores problemas trazidos também pelas mulheres com câncer de mama. As questões abordadas por ela são: perda do controle sobre a vida, mudanças na auto-imagem, medo da dependência, estigmas, medo do abandono, raiva, isolamento e morte. O medo da progressão da doença e da recidiva são outras preocupações constantes. Segundo Venâncio (2004), diversas pesquisas descrevem que ansiedade e depressão estão entre os problemas psicológicos mais freqüentes entre as pacientes com câncer. Alguns pesquisadores verificaram que 20% - 30% das pacientes com câncer de mama têm ansiedade, depressão e baixa auto-estima em algum momento após o diagnóstico. Outros autores reforçam que essas co-morbidades podem continuar após o conhecimento do diagnóstico e até mesmo depois do término do tratamento. Em muitas mulheres a primeira reação após receber um diagnóstico grave e comprometedor é a negação: quando a paciente ignora a situação, ela simplesmente esta se Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 197 poupando até recobrar as condições mínimas necessárias para enfrentar a realidade. Toda e qualquer pessoa precisa de um tempo para reestruturar-se psicologicamente, para então se colocar no eixo para enfrentar melhor as adversidades. Respeitar este momento, colaborar somente quando solicitado é a decisão mais recomendada a todas as pessoas envolvidas na situação, desde familiares até a equipe de saúde (CAMARGO e MARX, 2000). Uma outra reação presente em algumas situações é a revolta. Estas explosões emocionais dos sentimentos (frustração, raiva, ira, decepção, tristeza) através de atitudes e comportamentos, devem ser interpretados como sinais normais, contrariando a concepção da sociedade atual que interpretam estas atitudes como um sinal de anormalidade. Neste momento é fundamental a compreensão, a aceitação e a assistência a paciente (CAMARGO e MARX, 2000). Muitas pacientes preferem o isolamento, não querem passear e fogem do contato com as pessoas. É uma das fases mais importantes, já que é nesta fase que a paciente pode fazer um balanço da vida, uma avaliação dos conceitos, valores, credos, entre outros. Sendo portanto, fundamental não interferir neste momento. A própria paciente tem que saber que se precisar de ajuda poderá contar na hora que em desejar. Já os familiares e profissionais da saúde deverão estar de prontidão para quando isto ocorrer (CAMARGO e MARX, 2000). É muito comum as paciente após receberem o diagnóstico tornarem-se religiosas ou passarem a ter uma vida mais saudável, procurando com isso barganhar com o espírito ou com o corpo, buscando a cura. Em pesquisas realizadas nos estados Unidos, observou-se que nos tratamentos alternativos, procurados por um número considerado, os pacientes tinham mais espaços para conversar e serem ouvidos como pessoas e não como um portador de uma doença Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 198 apenas. Concluíram então que tratar uma pessoa é muito diferente de tratar uma doença, é saber respeitar as pessoas (CAMARGO e MARX, 2000). Nesta fase da doença a paciente perde sua identidade e passa a ser apenas a portadora da doença. A paciente passa a adotar como referencial a doença ou a condição, só observando a “falta do seio” ignorando o restante do seu corpo, sua sexualidade, estética, capacidade, simpatia, entre outras qualidades. É importante que todas as pessoas que estão em contato com a paciente, demonstrem a ela que é um ser único, envolvendo sua condição atual e seus adjetivos (CAMARGO e MARX, 2000). A motivação é a peça chave no processo de recuperação e reabilitação das pacientes. Condutas mais motivadoras devem ser preferidas sempre que possível, pois geram atitudes e comportamentos mais agradáveis e positivos. Camargo e Marx (2000), trazem alguns exemplos práticos: - Campanhas que visam a detectação precoce do câncer de mama podem mostrar que pacientes operadas também tem uma vida saudável e normal, e não simplesmente que o “câncer mata”. - Os médicos devem conversar, ouvir e terem atitudes mais positivas e amigáveis desde a revelação do diagnóstico. - Orientar quanto aos cuidados necessários e conversar com naturalidade sobre assuntos como estética, feminilidade, maternidade, sensualidade e sexualidade. - Estimular a prática de exercícios, ginástica e esportes. - A relevância das metas de vida. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 199 Percebe-se que mesmo com bons resultados do tratamento, a vivência do câncer freqüentemente deixa marcas na vida das mulheres. Muitas delas passam a temer a ameaça do retorno da doença e a ter dificuldade em lidar com as seqüelas deixadas pelos tratamentos. Todos esses fatores emocionais abordados, presentes na vida da mulher com câncer de mama, influenciam no sucesso do tratamento e da reabilitação, assim como em sua qualidade de vida (ANGELO e BERGAMASCO apud VENÂNCIO, 2004). A partir do levantamento da literatura especializada, aliado à experiência com atendimentos às pacientes com câncer de mama, os autores do trabalho constataram a relevância do trabalho do psicólogo junto a essas mulheres. A atuação desse profissional deve se adequar à demanda que lhe é feita, traçando intervenções que possam ter efeitos positivos no enfrentamento da doença e dos tratamentos. Sua prática visa possibilitar a mulher com câncer de mama uma melhor qualidade de vida (VENÂNCIO, 2004). 2.2.8.13 Alterações Posturais Ao receber a notícia da doença, inconscientemente a mulher adota uma postura incorreta como um mecanismo de defesa, surgem então contraturas da musculatura da região escapular (principalmente dos trapézios e dos adutores do ombro). Associado ao estado psicológico alterado, a mulher passa a apresentar dores miofasciais, mais freqüentes em região escapular, dorsal e escapular (CAMARGO e MARX, 2000). Após o tratamento cirúrgico a mulher passa a ter uma imagem corporal alterada, conseqüente do fator mecânico, aspecto psicológico, sensação de mutilação e medo da dor. Essas alterações posturais são mais graves em pacientes submetidas a mastectomia, principalmente se Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 200 tiver uma mama volumosa. Poderá ocorrer uma assimetria do tronco e um alinhamento anormal das escápulas, pois a falta da mama fará com que o ombro do mesmo lado se eleve e gira internamente, o que abduzirá a escápula provocando uma maior contratura muscular da região cervical e aumento da dor (CAMARGO e MARX, 2000; COLBY e KISNER, 1998). As pacientes poderão sentar-se ou ficar em pé com ombros rodados internamente e cifose, devido a vários fatores, como dor, retração na pele ou reação psicológica. Isso contribui para uma má biomecânica de ombro, e eventualmente restringe o uso ativo do membro superior envolvido (COLBY e KISNER, 1998). A longo prazo é comum o surgimento de cifose e escoliose, devido a postura antálgica adotada na tentativa de esconder a ausência da mama ou mesmo devido a fraqueza muscular da cintura escapular (GALVAN, MOREIRA e POLCE, 1996). 2.3 Reabilitação Existem muitos problemas complexos no tratamento do paciente com câncer (ordem física e emocional); os especializados no processo de reabilitação, através de uma abordagem multidisciplinar – médico, terapeuta ocupacional, psicólogo, fonoaudiólogo e fisioterapeuta, entre outros profissionais da área da saúde - devem unir forças e conhecimentos para alcançar sucesso no processo de reabilitação e conseqüente melhora da qualidade de vida destas pacientes. Qualquer procedimento cirúrgico seja curativo ou paliativo, está associado ao risco inerente de Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 201 complicações, que serão os alvos do processo de reabilitação (prevenção e/ou recuperação) (LABAN, 1994). O conceito de reabilitação esta relacionado diretamente à qualidade de vida. Considerando-se a alta incidência do câncer de mama, a grande possibilidade de uma longa sobrevida e a desestruturação que o diagnóstico e tratamento do câncer de mama acarretam na vida da mulher, tem ocorrido uma maior demanda para se investir na qualidade de vida da paciente. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a qualidade de vida é definida como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” a qual também é descrita como uma sensação de bem-estar na realização das atividades físicas, intelectuais e psiquícas, dentro da realidade particular de cada indivíduo (VENÂNCIO, 2004). A restauração completa da função deveria sempre ser o objetivo da reabilitação. Caso não for possível, a manutenção da capacidade funcional em sua extensão máxima permanece como objetivo. Os esforços da equipe de reabilitação muitas vezes podem retornar o paciente com câncer a uma vida ativa e produtiva. Estes objetivos da reabilitação devem ser adaptados a cada paciente e, se necessário, alterados de acordo com as mudanças das necessidades do paciente (LABAN, 1994 ). Através de uma abordagem positiva e de apoio na terapia, a equipe de reabilitação pode ajudar a vencer a sensação de desespero e desamparo, que acompanha o diagnóstico de câncer. O paciente pode estar menos temeroso da morte em si do que oprimido pelo processo da morte com suas concomitantes ansiedades, dependência progressiva e medo do abandono. Pacientes que não receberem apoio adequado podem afastar-se completamente e recusar todas as iniciativas Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 202 terapêuticas. Entretanto, a maioria das pacientes nunca perde a esperança e acolhe bem todo o apoio emocional e físico ofertado a ela (LABAN, 1994 ). O câncer tem se tornado uma enfermidade crônica e, para os pacientes que vem sofrendo o efeito incapacitante duradouro da doença ou do tratamento, a fisioterapia pode ser de fato um dos seus principais prestadores de assistência (GERBER e VARGO, 2001). Após o tratamento cirúrgico, a mulher passa a ter uma nova realidade do esquema corporal, devido a importantes alterações em nível anatômico, fisiológico e funcional. E é baseado nessas alterações que a fisioterapia desempenha um papel fundamental no processo de reabilitação. A fisioterapia irá atuar tanto no pré como no pós-operatório (enfermaria e ambulatório) baseado na avaliação motora e respiratória, com o objetivo de evitar complicações respiratórias, circulatórias e osteomusculares, além de restaurar o aspecto físico, orientar e treinar as atividades de vida diária (GALVAN, MOREIRA e POLCE, 1996). A intervenção fisioterapêutica deve iniciar o mais precoce possível, intervindo desde o pré-operatório, onde a paciente será orientada e treinada com medidas profiláticas, até a recuperação funcional do membro superior e cintura escapular e o tratamento, curativo e preventivo, de seqüelas como aderências e linfedema. Ao ser diagnosticada a doença, a mulher já desencadeia uma grande tensão reflexa na região cervical e ombros. Portanto, a avaliação pré-operatória é fundamental, pois estará ofertando ao terapeuta parâmetros para o acompanhamento no pós-operatório, além de conscientizar a paciente sobre a importância dos procedimentos fisioterapêuticos. Nesta etapa, o fisioterapeuta faz uma anamnese e busca toda a história clínica do paciente, para que possa ter uma maior compreensão do quadro clínico. Em seguida, realiza o exame físico: avaliação da Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 203 função pulmonar, avaliação funcional dos ombros e da cintura escapular e, respectivas amplitudes de movimentos e força muscular, como também mensura a perimetria e observa se existe alguma deformidade postural (MONTEIRO, 2002). Neste momento, o terapeuta estará esclarecendo todas as dúvidas da paciente, e explicando sobre os cuidados que deverá ter com o membro homolateral à cirurgia. É fundamental frisar que estes cuidados deverão ser mantidos para sempre, e não só no período de internamento ou do tratamento complementar (MONTEIRO, 2002). Durante o pós-operatório imediato, o objetivo principal da fisioterapia é evitar complicações próprias da inatividade e da imobilização da paciente, além de orienta-la novamente sobre os cuidados com o membro homolateral a cirurgia. É essencial, realizar uma boa inspeção e avaliação da função pulmonar. Conforme descrito por Monteiro (2002), nesta fase deve-se iniciar com os seguintes exercícios: exercícios de reeducação respiratória, visando manter a permeabilidade das vias aéreas; exercícios específicos para o membro superior, respeitando os limites de amplitude; exercícios metabólicos de membros superiores e inferiores; estímulos à deambulação; e, orientações sobre os exercícios que a pacientes deve realizar em casa até retornar ao ambulatório de fisioterapia; No pós-operatório tardio, o objetivo principal da fisioterapia é tentar reestabelecer as funções do membro e fazer com que a paciente retorne à sua vida normal o mais breve possível. Como também prevenir ou tratar complicações respiratórias e circulatórias, prevenir linfedema, aderências, fibroses e contraturas, ganhar amplitude de movimento, manter ou recuperar a força muscular, reeducar a postura e continuar enfatizando as orientações gerais sobre cuidados com o Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 204 membro superior. Em geral, a paciente retorna ao ambulatório em aproximadamente quinze dias após a cirurgia, coincidindo com a data de retirada do dreno (MONTEIRO, 2002). Esta fase da reabilitação é mais dinâmica, e o trabalho pode ser individual ou em pequenos grupos, desde que pontos principais sejam abordados, conforme citados por Monteiro (2002): mobilizar a cicatriz para evitar aderências; exercícios ativos de membros superiores para ganho de amplitude de movimentos e força muscular, porém com baixa resistência; exercícios respiratórios; auto-massagem; relaxamento da cintura escapular; e, reeducação postural; Foi realizado um estudo de caso por Braz e seus colaboradores (2003), a fim de analisar os efeitos da atuação da fisioterapia no acompanhamento pós-operatório de tumorectomia. Concluíram que a fisioterapia aborda vários aspectos nas pacientes operadas de câncer de mama, e que num contexto geral a fisioterapia facilita a integração do lado operado ao resto do corpo, diminui o tempo de recuperação, proporciono um retorno mais rápido as atividades de vida diária e, auxilia na prevenção de outras complicações comuns a estas pacientes. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 205 3 METODOLOGIA Para a realização deste trabalho foram selecionados 12 sujeitos, do sexo feminino que foram submetidas a tratamento cirúrgico para a retirada de câncer de mama. Tais pacientes foram selecionadas a partir de critérios de inclusão e exclusão, conforme descritos a seguir. Critérios de inclusão: - Mulheres, com idade entre 30 a 70 anos; - Submetidas a mastectomia radical modificada, tumorectomia ou quadrantectomia; Critérios de exclusão: - Presença de indícios de metástase; - Outra patologia severa, que cause tamanha morbidade e incapacidade para submeterse ao tratamento; - Residência em localidades de difícil acesso ou que impedissem o paciente de comparecer ao local da avaliação na data e hora estipulada; Para participarem do estudo, foi considerado ainda: a disponibilidade de tempo, aceitação do processo de avaliação fisioterapêutica, intenção de submeter-se à avaliação e fornecimento do consentimento informado (Apêndice A). Respeitando os critérios de inclusão e exclusão, as participantes selecionadas foram submetidas a uma avaliação fisioterapêutica rigorosa de acordo com protocolo previamente desenvolvido (Apêndice B), no momento em que retornavam as instalações hospitalares para a retirada do dreno colocado no local da cirúrgia (aproximadamente dez dias após o tratamento cirúrgico). A finalidade desta avaliação era verificar as condições físico-funcionais em que se Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 206 encontravam as pacientes, as limitações conseqüentes do tratamento cirúrgico e as repercussões destas sobre a sua qualidade de vida. A avaliação fisioterapêutica incluiu uma coleta de dados visando identificação pessoal e informações sobre o histórico da doença, tratamento e outros fatores relacionados; e, um exame físico envolvendo inspeção cuidadosa do local cirúrgico, goniometria de membros superiores, provas de função muscular, perimetria, escala analógica visual da dor e avaliação postural. A goniometria, definida como um método utilizado para medir os ângulos articulares (0º a 360º), foi escolhida devido às vantagens que apresenta de ser um instrumento barato, de fácil manuseio e cujas medidas são tomadas rapidamente. Neste trabalho foi utilizado o goniômetro de plástico flexível com dois braços, um fixo e um móvel, que acompanha o arco do movimento. Foram avaliados os movimentos de flexão, abdução, rotação interna e rotação externa da articulação do ombro; sendo que no início da goniometria a articulação avaliada estava na posição neutra (MARQUES, 1997). As provas de função muscular foram realizadas através de teste manual conforme descrito em Hislop e Montgomery (1996), onde as respostas foram registradas como escores numéricos que variavam de zero (0) representando ausência de atividade; um (1) seria atividade traço, o examinador conseguiria detectar visualmente ou por palpação alguma atividade contrátil, entretanto não existia movimento da parte avaliada; dois (2) um estado precário da musculatura avaliada, o qual conseguiria completar a amplitude plena de movimento em uma posição que minimiza a força da gravidade; três (3) função regular, o músculo conseguiria completar a amplitude plena de movimento contra apenas a resistência da gravidade; quatro (4) bom estado é capaz de completar a amplitude plena de movimento contra a gravidade e que conseguiria tolerar uma grande resistência sem romper a posição do teste, e cinco (5) resposta normal à prova, Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 207 apresentando capacidade de completar a amplitude plena de movimento a fim de manter. A amplitude do ponto terminal contra uma resistência máxima. A perimetria, que consiste na mensuração dos perímetros dos segmentos corporais (circunferências), foi realizada nos membros superiores direito e esquerdo. Utilizando-se uma fita métrica flexível, com precisão de 01 milímetro, 20 milímetros de largura, tendo 1.50m de comprimento e da marca Fiber-Glass. A mensuração foi realizada a partir da prega do cotovelo: 5 cm acima e abaixo, com mais duas mensurações em cada segmento com distância de 10 cm cada. A avaliação postural foi realizada de forma subjetiva, ou seja, a partir do momento que a paciente entrou no consultório de avaliação foi observada a postura adotada pela mesma e, possíveis desvios posturais. O quesito dor também foi abordado de forma subjetiva, através da aplicação da escala visual analógica da dor. Esta auto-avaliação consiste em uma linha reta com tamanho de10cm, sendo que em uma ponta encontra-se o número o zero (ausência de dor) e na outra o número 10 (máximo de dor presente). Durante a avaliação a paciente era estimulada a quantificar a dor presente naquele momento, e então marcar um X correspondente na linha reta. Neste instante era explicada a paciente que “quanto mais próximo do zero a marca estiver, menor seria a dor, e quanto mais próximo do dez, maior seria”. O último passo da avaliação foi um questionário que avaliava a qualidade de vida da paciente após o tratamento cirúrgico, em geral nas últimas duas semanas. Este questionário foi desenvolvido a partir de outros dois questionários que também tem por objetivo analisar o impacto do tratamento cirúrgico para o câncer de mama sobre a qualidade de vida: EORTC QLQC30 utilizado mundialmente, e o Questionário de Qualidade de Vida específico para Paciente Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 208 Mastectomizadas (CENTOFANTI et al, 2003), desenvolvido pelo curso de Fisioterapia da Universidade Estadual de Londrina – PR. Baseado nos resultados encontrados e, na literatura científica, foi proposto um protocolo de intervenção fisioterapêutica com o objetivo de recuperar estas pacientes o mais precocemente possível, reduzindo a morbidade resultante do tratamento escolhido, para que possam retornar as suas atividades de vida diária sem déficits funcionais. Junto a este protocolo de tratamento, foi montada uma cartilha educativa, que constará de orientações sobre cuidados especiais para com o membro operado e exercícios para realizar em casa. Toda a coleta de dados foi realizada nas dependências da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) e do Hospital Universitário do Oeste do Paraná; as demais atividades foram desenvolvidas na Clínica de Fisioterapia da mesma instituição. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 209 4 RESULTADOS Foram avaliadas 12 pacientes no período de Julho à Outubro de 2004, sendo que a média de idade encontrada foi de 53.33 anos completos, excluindo três pacientes com idade entre 35 e 36 anos. Todas as pacientes haviam sido submetidas a quadrantectomia associado ao esvaziamento axilar como tratamento de escolha para o câncer de mama, sendo que a mama direita foi a mais acometida entre as mulheres tratadas (sete pacientes). Desta doze cirurgias, dez foram do tipo dibloco, ou seja, com duas incisões cirúrgicas (uma na mama e outra na região axilar). A tabela a seguir, demonstra a relação entre as possíveis localizações dos tumores e o respectivo número de cirurgias realizadas no local. Através das avaliações realizadas observouse que o quadrante superoexterno foi o local de maior incidência de tumores na mama feminina. Tabela 06: Dados Cirúrgicos Local da Quadrantectomia Quadrante súpero-externo Quadrante súpero-interno Quadrante ínfero-externo Número de cirurgia realizadas 6 3 0 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 210 Quadrante ínfero-interno Linha mamilar 1 2 Fonte: A autora, 2004. Das doze pacientes avaliadas, 10 referiram conhecer e praticar o auto-exame rotineiramente. Sendo que destas, nove referiram terem palpado o nódulo durante a realização do mesmo, o que as levou a procura de atendimento médico. A única que não palpou o nódulo relata que este fato se deve a localização profunda do tumor demonstrada através de exames. Duas das pacientes avaliadas referiram a presença de sintomas como dor local e picos febris, o que as levou a procura de atendimento médico. E uma das pacientes referiu ter machucado a mama acometida pelo tumor. A tabela 07 mostra outros dados coletados na anamnese que também merecem destaque, igualmente aos já citados no texto. Tabela 07: Dados Demográficos Histórico Familiar de Câncer Submetidas a mamografia Submetidas a Biópsia Sedentarismo Ex-tabagistas Fumantes Passivas Incidência de relatos porcentagens) 33.33% 100% 83.33% 75% 16.67% 41.67% (em Fonte: A autora, 2004. Ainda caracterizando o sujeito, em média cada paciente apresentou 3.54 gestações, entretanto uma não teve filhos ainda. Sendo que, entre as que souberam relatar, a média de amamentação foi de aproximadamente 11.8 meses cada filho. Vale ressaltar que todas as pacientes estavam sendo acompanhadas pelo setor de fisioterapia do hospital desde o período pré-operatório, sendo que este fato influenciou os resultados desta pesquisa. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 211 Logo abaixo, encontra-se a descrição da ocorrência dos tratamentos complementares observados na pesquisa. Tabela 08: Tratamentos Complementares Prevalência Quimioterapia Radioterapia Hormonioterapia 100% 41.67% 0% Fonte: A autora, 2004. Durante a inspeção do local da cirurgia, observou-se que todas as pacientes apresentavam uma boa cicatrização, e apenas uma apresentava pequena aderência local. Os sintomas mais referidos estão descritos na tabela 09. Tabela 09: Sintomatologia Relatada Sintomas Referidos Dor em região tricipital Parestesia em região tricipital Dor em região axilar Parestesia em região axilar Hiperestesia em região cirúrgica Ocorrência (em porcentagem) 50% 91.67% 16.67% 33.33% 58.33% Fonte: A autora, 2004. Os resultados encontrados na mensuração da amplitude de movimento da articulação do ombro homolateral a cirurgia, tendo como parâmetro de referência da normalidade à amplitude de movimento do ombro contra-lateral, observou-se uma diminuição do arco de movimento durante a flexão e abdução do ombro em todas as pacientes avaliadas. Sendo que apenas 3 apresentaram diminuição na rotação interna e 5 na rotação externa (destas últimas, 2 apresentavam dor associada com a redução do arco de movimento). Na tabela abaixo observa-se os déficits encontrados. Tabela 10: Limitação de Movimentos Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 212 Movimento Mensurado Média dos graus reduzidos Flexão Abdução Rotação interna Rotação externa 60.42º 67.50º 30º 24º Fonte: A autora, 2004. Na avaliação da força de grupos musculares responsáveis por movimentos específicos do ombro (flexão, abdução e extensão), observou-se uma perda maior de força nos músculos abdutores do ombro: 5 pacientes apresentaram redução e 4 relataram dor durante a mensuração de força, sendo que destas duas tinham a força abdutora preservada. Apenas uma paciente apresentou diminuição de força dos músculos flexores do ombro; entretanto, 5 referiram dor durante o movimento de flexão (todas estavam com a força preservada). Já no movimento de extensão 2 estavam com diminuição de força, e 3 descreveram dor durante o movimento (porém, com força preservada). Nos resultados computados na escala analógica visual da dor constatou-se uma média de 1.83 cm entre todas as pacientes, ou seja, mais próximo do zero que representa uma reduzida presença de dor relatada subjetivamente pela paciente. Os resultados encontrados na perimetria e na avaliação postural não foram suficientemente fidedignos para serem considerados relevantes nesta pesquisa. Necessitando-se de métodos mais precisos para a avaliação dos mesmos. Quando questionadas sobre as dificuldades sentidas para realizar atividades na vida diária nas últimas duas semanas, a resposta mais indicada foi à dificuldade para tomar banho, relatada em 91.67% dos casos (Tabela 11). Tabela 11: Dificuldades Funcionais Relatadas Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 213 Pentear o cabelo ou prende-lo Pegar um objeto no alto Passar esmalte ou depilação Preparar suas refeições Varrer a casa Lavar ou passar roupa Carregar peso, como compra de mercado. Vestir uma calça ou blusa Amarrar o sapato Tomar banho Almoçar e jantar Estender roupas Arrumar a cama Brincar com netos e filhos Relataram Dificuldades (em porcentagem) 50% 41.67% 8.33% 8.33% 25% 16.67% 16.67% 83.33% 41.67% 91.67% 25% 16.67% 50% 25% Fonte: A autora, 2004. Em relação a atividades esportivas, apenas uma paciente que praticava atividade física regularmente relatou dificuldade para realizá-la após o tratamento cirúrgico. Segundo a paciente este fato ocorreu em conseqüência dos efeitos colaterais da quimioterapia, tais como náuseas, vômitos, cansaço e fadiga. Aproximadamente 25% das pacientes referiram estar muito limitadas em fazer os seus trabalhos ou atividade do dia; outros 25% relataram uma dificuldade moderada; em contrapartida, 41.67% responderam estar um pouco limitada, contra 8.33% que afirma de modo algum estarem limitadas nas suas atividades diárias (Gráfico 02). Gráfico 02: Relatos de limitação no trabalho ou em outras atividades do dia entre as pacientes entrevistadas. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 214 Relatos de limitação no trabalho ou em outras atividades do dia entre as pacientes entrevistadas 8,33% 25% 41,67% 25% Muito Moderadamente Pouco De modo algum Fonte: A autora, 2004. Pouco menos da metade das pacientes entrevistadas (41.67%) relataram sentirem pouca ou moderada dificuldade para respirar. Opostamente a isto, 91.67% das entrevistaram relataram a presença de problemas para dormir, sendo que deste percentual, 25% relataram grande dificuldade. Em relação à presença de fraqueza muscular no membro superior do lado da cirurgia, 58.33% referiram não ter fraqueza, 33.34% referiram uma sensação de pequena à moderada de fraqueza, e 8.33% afirmaram sentir muita fraqueza no membro homolateral à cirurgia. Quando questionadas sobre a presença de dor no período pós-operatório, apenas 16.67% relataram de modo algum a presença de dor; do restante, 41.67% afirmaram terem sentido pouca dor, 25% dor moderada e, 16.67% responderam sentir muita dor, conforme descrito no gráfico abaixo. Gráfico 03: Presença de dor no período pós-operatório nas pacientes entrevistadas. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 215 Presença de dor no período pós-operatório nas pacientes entrevistadas 16,67% 16,67% Muito Moderadamente Pouco 25% De modo algum 41,67% Fonte: A autora, 2004. Os dados encontrados em perguntas relacionadas com o fator psicológico encontram-se descritos na tabela 12. Tabela 12: Fatores Psicológicos De modo algum Sentiu-se envergonhada em relação à sua 66.67% aparência física? Sua condição física interferiu com suas 91.67% atividades em família ou socialmente? Você teve algum problema nos seus 91.67% relacionamentos pessoais: marido/namorado/companheiro? Pouco Moderadamente Muito 16.67% - 16.67% - - 8.33% - 8.33% - Fonte: A autora, 2004. Conforme descrito na avaliação, as pacientes foram induzidas à auto -avaliarem a própria saúde e sua qualidade de vida nas últimas duas semanas que haviam passado (Tabela 13). Tabela 13: Auto-avaliação da Saúde e Qualidade de Vida Como você avaliaria a sua saúde durante estas duas semanas passadas? Como você avaliaria a sua qualidade de vida durante estas duas semanas passadas? Muito ruim Ruim Boa Excelente - 8.33% 50% 41.67% - 16.67% 50% 33.33% Fonte: A autora, 2004. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 216 Baseado nos resultados encontrados e considerados relevantes para a pesquisa foram propostos um protocolo de tratamento fisioterapêutico (Apêndice C) e uma cartilha educativa (Apêndice D), contendo orientações importantes sobre os cuidados com o membro operado e sobre exercícios a serem praticados em casa. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 217 5 DISCUSSÃO Podemos observar que as pacientes submetidas a este estudo possuíam vários fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de mama, como multiparidade, faixa etária, sedentarismo, tabagismo, e alguns históricos de câncer na família, conforme descrito por vários autores (ASSUNÇÃO et al, 2002; BIÁZUS, 2001; GIULIANO, 1998; MUSS, 2001). Uma situação observada na maioria das mulheres avaliadas é a prática do auto-exame da mama. Acredita-se que esta prática tenha favorecido o diagnóstico precoce da doença o que possibilitou um tratamento mais conservador (quadrantectomia associada a esvaziamento axilar), tendo um impacto significativo no aumento da sobrevida destas pacientes (ELIAS et al, 2002). Outro fator importante observado é que todas as pacientes foram submetidas a mamografia, e mais de 80% souberam relatar que foram submetidas à biópsia. A realização destes exames sugere uma diminuição no diagnóstico tardio e a probabilidade destas mulheres morrerem por câncer (MUSS, 2001). Ou seja, quanto mais precoce o diagnóstico, melhores serão condições de tratamento (conservador e não mutilante) e maior a sobrevida das mulheres acometidas. Dentre a sintomatologia relatada, observou-se que a parestesia em região tricipital foi a mais referida, sendo encontrada em 91.67% dos casos. Esta parestesia em região tricipital, como Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 218 também em região axilar (33,33%) e a dor em região tricipital (50%) são problemas sensitivos e/ou motores secundários a lesões causadas pelo procedimento cirúrgico. Um dos nervos mais freqüentemente traumatizado é o nervo intercostobraquial, que quando lesionado desencadeia parestesia cutânea na parte média superior do braço (MONTEIRO, 2002). Já a hiperestesia em região cirúrgica e a dor em região axilar, são conseqüência da própria incisão cirúrgica (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Segundo Colby e Kisner (1998), a pele suturada, tanto sobre a área mamária como também na região axilar, parecem tensas ao longo da incisão, assim qualquer movimento do braço homolateral tracionam as incisões desencadeando um sinal de desconforto. Conforme descrito por Camargo e Marx (2000), no período pósoperatório imediato é comum o aparecimento de dor do tipo nevrálgico associada a hipoestesia na base axilar e na face interna do braço, em conseqüência do próprio ato cirúrgico; estudos trazem uma prevalência de 27% de algias na cicatriz cirúrgica dentre as mulheres avaliadas (BERGAMANN et al, 2000). Em um estudo realizado na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/SP, com o objetivo de identificar a morbidade em mulheres com câncer de mama, que freqüentavam um grupo de apoio, observou-se que a dor foi um importante sintoma referido por 32.3% das mulheres entrevistadas (ALMEIDA, GUIDORIZZI, PRADO e ROSSINI, 2003). No presente estudo observou-se que houve uma redução significativa do arco de movimento do ombro, principalmente na abdução e flexão. Baraúna e seus colaboradores (2004), avaliaram a amplitude de movimento do ombro em mulheres mastectomizadas através da biofotogrametria computadorizada, onde observaram uma redução significativa na flexão do ombro homolateral a cirurgia. Já Camargo e Marx (2000), relatam que os movimentos de Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 219 abdução e a flexão do ombro são os mais afetados, juntos com a rotação externa associada à adução. Estes autores afirmam que em geral esta limitação é conseqüência da dor e até mesmo da cicatriz cirúrgica. Em outro estudo realizado com o objetivo de identificar a morbidade em mulheres com câncer de mama, observou-se uma prevalência de 34.3% de mulheres que apresentavam uma diminuição da mobilidade do braço, segundo os autores esta importante complicação do tratamento do câncer é influenciada pelo tipo de cirurgia realizada (ALMEIDA et al, 2003). Entretanto, o principal fator limitante é a modificação da cavidade axilar, que tem um importante desempenho na função articular. Sugden et al (apud Cabello et al, 2004), relatam que metade das mulheres submetidas à linfadenectomia associada a mastectomia ou quadrantectomia por carcinoma de mama apresentam limitação de pelo menos um movimento do ombro 18 meses após a cirurgia. Por outro lado, Nagel et al. (apud Cabelo, et al. 2004), descrevem uma restrição do movimento do ombro em apenas 24% das mulheres submetidas à linfadenectomia axilar. No estudo referente à morbidez física e psicológica após dissecção de nódulo linfático axilar decorrente de câncer de mama, a amplitude de movimento de ombro foi comprometida em 73% das mulheres, sendo um dos fatores prejudiciais associados significativamente à qualidade de vida e saúde mental (BARAÚNA et al, 2004). Atualmente a literatura discute o tipo de movimentação ideal, ou seja, o melhor momento para que os exercícios com o ombro sejam realizados e a necessidade ou não de serem supervisionados. A fisioterapia iniciada nos primeiros dias após a cirurgia poderia trazer inúmeras vantagens, como prevenção de linfedema, retrações e disfunção do ombro. Porém, alguns estudos randomizados mostraram que o início muito precoce dos exercícios poderia Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 220 aumentar a freqüência de seromas e isto poderia retardar o retorno na mobilidade normal do ombro (CABELLO et al, 2004). Devido a isto, Cabello e seus colaboradores (2004), realizaram um estudo para avaliar a eficácia de um protocolo de exercícios pré-estabelecidos na recuperação da amplitude de movimento do ombro em mulheres submetidas a esvaziamento axilar associado a quadrantectomia ou mastectomia. Avaliaram a recuperação do movimento, assim como a presença de deiscência e seroma, seis semanas após a cirurgia, comparando um grupo de mulheres que praticaram os exercícios com amplitude livre com um grupo que praticaram os mesmos exercícios, porém com amplitude restrita a 90º. Concluíram que, as mulheres que realizaram os exercícios ativos e de alongamento, com amplitude livre desde o primeiro dia de pós-operatório, alcançaram uma boa recuperação da capacidade funcional do ombro sem aumentar a incidência de seroma e deiscência. Baseado nisto, os exercícios propostos neste trabalho foram limitados até 90º apenas na fase hospitalar. Isto se deve ao fato do risco de descolamento das bordas cirúrgicas caso a amplitude seja forçada. Como as pacientes foram orientadas a repetir os exercícios durante o dia sem a supervisão da fisioterapeuta, a limitação tornou-se necessária. A partir do momento em que as pacientes receberem alta hospitalar, e retornarem ao ambulatório da fisioterapia, será exigido amplitude máxima do movimento nos exercícios. Para alguns autores, quanto mais agressiva à cirurgia for, maior será a redução da força ativa do membro homolateral à cirurgia. Nesta pesquisa verificou-se uma perda maior de força nos músculos abdutores do ombro. Conseqüentemente, acredita-se que esta diminuição da força muscular, freqüentemente encontrada, comprometa ainda mais a biomecânica do ombro devido Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 221 ao uso de movimentos compensatórios (GUIRRO e GUIRRO, 2002; COLBY e KISNER, 1998; GALVAN, MOREIRA e POLCE, 1996). Na avaliação subjetiva em relação à presença de fraqueza muscular no membro superior acometido pela cirurgia, pouco menos da metade das pacientes (41.67%) responderam apresentar uma sensação de fraqueza. Vale ressaltar que os resultados obtidos através da avaliação subjetiva são muito importantes, visto que refletem também o aspecto psicossocial da paciente. Estes dados evidenciam que no momento da avaliação todas as pacientes relataram algias no membro superior, cintura escapular e/ou no local da cirurgia. Durante a avaliação subjetiva da dor, onde era questionada a presença de algias durante o período pós-operatório até o momento da avaliação, 83.34% relataram a presença de dor. No trabalho de Bergmann e seus colaboradores (2000), observoram uma prevalência de algias no membro superior de 40.5% das pacientes avaliadas. Esta presença de dor no período pós-operatório, além de ser uma complicação do tratamento, pode ter levado a um grau maior de imobilidade, que prejudicou ainda mais a biomecânica do ombro. Constatou-se que as restrições funcionais ocorreram em todas as pacientes do estudo. Quando questionadas sobre atividades funcionais, observou-se uma acentuada perda funcional do membro superior após o tratamento cirúrgico. As pacientes referiram grandes dificuldades para realizar atividades diárias como tomar banho (91.67%), vestir uma calça ou uma blusa (83.33%), pentear ou prender o cabelo (50%), arrumar a cama (50%), amarrar o sapato (41.67%), pegar um objeto no alto (41.67%), entre outras dificuldades menos relatadas. Rietman et al (apud CABELLO et al, 2004), em um artigo de revisão sistemática da literatura, observaram que após cirurgia por câncer da mama as mulheres apresentavam dificuldade em realizar suas atividades da Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 222 vida diária. Um quinto das mulheres referiam dificuldade em vestir roupa pela cabeça, 18% não conseguiam amarrar o sutiã, 72% não eram capazes de fechar um zipper quando nas costas de sua roupa, 16% não conseguiam colocar as mãos sobre a cabeça e 29% tinham dificuldade em levantar peso. Este déficit funcional esta diretamente associado com a alteração biomecânica do ombro observado nas mulheres avaliadas, devido à limitação do arco de movimento do ombro. Cabello et al (2004), afirmam que qualquer limitação acima de 30º tanto na flexão como na abdução do ombro é incompatível com as tarefas diárias e básicas a serem realizadas por uma mulher, como pentear os cabelos e abotoar o sutiã. Este resultado foi semelhante ao encontrado no estudo que comparou os efeitos colaterais e interferência na vida diária de mulheres mastectomizadas, onde a limitação da amplitude de movimento de ombro interferiu significativamente na qualidade de vida apenas após um mês de cirurgia, sendo que a amplitude de movimento normal foi alcançada no período de 6 a 12 meses pós-mastectomia. (BARAÚNA, 2004). Através do presente estudo observou-se que as pacientes sofrem uma variedade de déficits funcionais que impedem de realizar suas atividades de vida diária. Das mulheres avaliadas 91.67% relataram estar, de alguma forma, limitadas em fazer os seus trabalhos ou atividades do dia. Alguns autores constataram em seus estudos que as restrições funcionais ocorreram em todas as pacientes, mas com a intervenção fisioterapêutica precoce, elas retornaram mais rapidamente às atividades cotidianas e ocupacionais (BOTTARRO et al, 2003; BRAZ, COSTA e MARCELINO, 2003). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 223 Das pacientes entrevistadas, 41.67% relataram sentirem pouca ou moderada dificuldade para respirar, referindo que esta dificuldade era conseqüência da presença do dreno aspirativo e do medo de que surgissem dores. Por outro lado, a presença do dreno aspirativo, além de desencadear dor, pode ter levado a adoção de uma postura antálgica e conseqüente diminuição da expansibilidade pulmonar. Como o tórax fica dolorido após a cirurgia, a paciente pode adotar uma respiração superficial e relutar a tossir, aumentando a probabilidade de desenvolver complicações, que pode ser agravada caso a paciente seja tabagista ou fumante passiva (PIERCY, SKINNER e THOMSON, 1994). Este fato é agravado já que a paciente encontra dificuldade para elevar a caixa torácica, principalmente a porção superior, associado a postura antálgica adotada, ocorre uma hipoventilação, principalmente no hemitórax comprometido (GALVAN, MOREIRA e POLCE, 1996). Cerca de 91.67% das entrevistadas relataram a presença de problemas para dormir, sendo que 25% destas relataram muita dificuldade. Em geral, as pacientes referiam que a dificuldade para dormir era conseqüência da presença do dreno que “incomodava” durante a noite e, do fator psicológico (ansiedade e depressão). Segundo Venâncio (2004), diversas pesquisas descrevem que ansiedade e depressão estão entre os problemas psicológicos mais freqüentes entre as pacientes com câncer. Alguns pesquisadores verificaram que 20% a 30% das pacientes com câncer de mama têm ansiedade, depressão e baixa auto-estima em algum momento após o diagnóstico. Ao se estudar as conseqüências psicológicas causadas pelo câncer de mama é importante ressaltar que quanto maior a mutilação, mais traumático será o seu efeito. Venâncio (2004) descreve que a mulher mastectomizadas sofre seqüelas maiores, já que vivencia alterações significativas em sua imagem corporal. Conforme descrito no estudo um medo muito freqüente Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 224 entre as pacientes mastectomizadas é o de não ser mais atraente sexualmente. Todas as pacientes desta pesquisa foram submetidas a quadrantectomia, uma opção conservadora. Conseqüentemente quando questionada sobre sentirem-se envergonhada em relação a sua aparência física, 66.67% responderam que de modo algum, já o restante das entrevistadas demonstraram uma pequena preocupação com a estética. Essa nova realidade que impera faz com que a paciente em seus familiares assumam papéis que não foram escolhidos e sim impostos pela fatalidade do adoecimento, interrompendo planos, ideais e perspectivas futuras. Tornado-se necessárias constantes adaptações às mudanças ocorridas (VENÂNCIO, 2004). Todas as pacientes relataram ter uma estrutura familiar bastante sólida e adaptada a nova realidade, podendo contar com o apoio indispensável de todos os familiares e amigos. Exceto uma entrevistada que confessou que a sua condição física interferiu em suas atividades em família e/ou sociais, como também surgiram alguns problemas em seus relacionamentos pessoais. Os dados demonstraram ainda que a presença do companheiro na reestruturação da integridade é fundamental. Porém, percebe-se que certas mulheres se afastam dos seus parceiros nesse momento, passando até a evitar contatos sexuais. Em um único caso deste estudo, o câncer de mama passou a ser um desafio para a relação homem-mulher. Para Venâncio (2004), não apenas as mulheres que realizam o tratamento cirúrgico vivenciam a baixa da auto-estima. O próprio fato de estar com câncer, uma doença repleta de estigmas, já altera a percepção de si mesma, como mulher. Quando solicitado que as pacientes auto-avaliassem a sua saúde durante as duas semanas que antecederam a avaliação, apenas uma paciente classificou a saúde como ruim. Neste momento da entrevista, evidenciamos vários relatos de fé e crença na religião, que eram vistas Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 225 como um ponto de apoio e salvação. Isto demonstra a esperança que existe em cada paciente, à vontade de vencer a doença e a fé em sua religião. Concordando com Laban (1994), que afirma em seu trabalho que a maioria destas pacientes nunca perdem a esperança. Durante a auto-avaliação da qualidade de vida, observou-se um fenômeno semelhante: dez pacientes entrevistadas qualificaram a sua qualidade de vida em boa ou excelente. A justificativa mais referida foi à crença em Deus. De acordo com o que Sales et al (apud Venâncio (2004), afirmam ao pesquisar a qualidade de vida das mulheres tratadas de câncer de mama à luz do funcionamento social, onde evidenciam que as mudanças no trabalho, lazer, relações familiares e sociais dessas mulheres são provocadas mais por problemas psicológicos do que físicos. Entretanto, acredita-se que este resultado seja também conseqüente da falta de entendimento sobre o que é qualidade de vida. Em um estudo sobre a morbidade em mulheres com câncer de mama, os autores concluíram que o quadro de morbidade tem sido pouco valorizado, mas que compromete a qualidade de vida das mulheres. Os autores corrobam ainda que pouca ênfase tem sido dada a esses sinais e sintomas e poucas mulheres são orientadas sobre possíveis complicações do tratamento proposto e, principalmente, na orientação para a reabilitação no momento adequado e apropriado para a prevenção de incapacidades. Nesse sentido, este estudo aponta para uma maior valorização da reabilitação física e psicossocial, que irão garantir uma melhor qualidade de vida, independente do estágio de evolução da doença (ALMEIDA et al, 2003). Diante do relatado, as complicações pós-cirúrgicas supracitadas e constatadas nas pesquisas vêm salientar a relevância do fisioterapeuta junto à equipe multidisciplinar para elaboração de um programa de reabilitação relacionado aos achados pré e pós-operatórios, Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 226 objetivando a melhora da amplitude articular e manutenção da força das mulheres submetidas ao tratamento cirúrgico, visando um retorno breve as suas atividades funcionais. A fisioterapia torna-se, então, uma grande aliada na busca pela qualidade de vida após o tratamento para câncer de mama. É consenso que a fisioterapia deve ser incluída no planejamento de assistência para reabilitação física da mulher no período pós-operatório do câncer da mama, prevenindo complicações e promovendo adequada recuperação funcional destas pacientes. Em um estud o realizado no período de setembro/2002 a janeiro/2003 no serviço de Ginecologia e Mama do Hospital Araújo Jorge, Goiânia, com o objetivo de mostrar a importância da fisioterapia na reabilitação pós-operatória através do retorno precoce às atividades de vida diárias. Foi comprovado a relevante contribuição física e psicológica para as “mastectomizadas” (BOTTARO et al, 2003). A paciente que sobrevive ao câncer de mama não luta somente pela vida, sua expectativa é de que a vida seja o mínimo possível alterada pela doença e pelo tratamento. Sabe-se que as pacientes sofrem uma variedade de déficits funcionais que a impedem de realizar atividades de vida diária. Estas expectativas muitas vezes se voltam para o fisioterapeuta devido as proximidade terapeuta-paciente (BOTARRO et al, 2003). O tratamento fisioterapêutico deve ser iniciado nos primeiros dias após a cirurgia, devido às inúmeras vantagens que proporciona, como prevenção de linfedema, retrações e disfunção do ombro, e do próprio encorajamento da paciente em reassumir as atividades normais, de uma forma controlada para evitar maiores complicações. Dentro do protocolo de reabilitação fisioterapêutico deve ser enfatizado a recuperação da amplitude de movimento, força muscular e a dessensibilização da área, visando que a paciente retorne o mais breve possível as suas Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 227 atividades funcionais. Deverá constar também de exercícios que promovam um bem estar geral e um relaxamento global da paciente. Cabello et al (2004), referem que a mulher submetida ao exercício supervisionado do ombro tem recuperação significativamente maior da amplitude do movimento quando comparada com mulheres que não se submetem a um programa de fisioterapia. Observou-se que as médias de flexão e abdução do ombro foram próximas de 150º após seis semanas de exercícios. Estes autores acreditam que permitir a movimentação livre após a cirurgia de câncer de mama poderá possibilitar maior bem estar à mulher operada, menos medo de movimentar o ombro espontaneamente, promoção do retorno mais rápido às atividades funcionais, respeitando seus limites de dor, e maior rapidez na sua integração social. Os programas de reabilitação que utilizam exercícios têm mudado ao longo dos anos e deixaram de ter apenas uma postura "curativa/reabilitativa", para se preocupar principalmente com a prevenção de complicações. Baseado nos resultados obtidos com a pesquisa foi desenvolvido uma cartilha educativa para as pacientes, com orientações para o dia-a-dia e exercícios domiciliares que devem ser realizados diariamente. Mamede e Panabianco (2002), observaram que as mulheres com câncer de mama relatam um limitado apoio ao exercício fisco, por parte dos médicos e do pessoal da enfermagem. Alegam ainda, que os profissionais da área da saúde não são bem informados no que diz respeito aos benefícios e exercícios adequados à mulher com câncer de mama. Este fato também estimulou e influenciou o desenvolvimento da cartilha. Sugere-se ainda que quando o serviço de fisioterapia for implantado nas instituições que tratam o câncer de mama, os funcionários devem ser submetidos a aulas ministradas pelo serviço de fisioterapia, com o objetivo de esclarecer e orientar os funcionários quanto ao processo de reabilitação destas pacientes. Assim, estará Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 228 montada uma equipe multidisciplinar que atuará constantemente na reabilitação das pacientes submetidas a tratamento cirúrgico para a retirada do câncer de mama. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 229 6 CONCLUSÃO O câncer de mama é a neoplasia de maior ocorrência entre as mulheres, inclusive no Brasil que esta entre os países com maiores taxas de incidência, sendo a principal causa de morte por neoplasia entre a população feminina. Atualmente, o câncer de mama pode ser considerado um grave problema de saúde pública. As condutas terapêuticas adotadas para o tratamento do câncer são diversas; contudo, as cirurgias prevalecem e a técnica escolhida depende da gravidade do quadro. Com a evolução do tratamento, observou-se um declínio da mortalidade e a necessidade de uma abordagem multidisciplinar, visando prevenir e minimizar complicações (físicas e emocionais) que possam interferir no bem estar físico e psicológicos destas mulheres. A fisioterapia dispõem de diversos recursos para prevenir ou minimizar essas complicações pós-cirúrgicas, e tem demonstrado ótimos resultados em diversas pesquisas na área. Segundo a literatura, a eficácia da fisioterapia ultrapassa os limites fisiológicos e traz benefícios também no campo sócio-psicológico, influenciando no bem-estar, na auto-estima e na qualidade de vida destas pacientes. Os resultados desta pesquisa demonstraram que as complicações mais freqüentemente encontradas decorrentes do tratamento cirúrgico foram à diminuição do arco de movimento do ombro e a perda de força muscular no membro homolateral a cirurgia. Sendo que a sintomatologia mais relatada pelas mulheres entrevistadas foi a parestesia e/ou dor em região Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 230 tricipital, axilar e incisão cirúrgica. Conseqüentemente, todas as pacientes apresentaram déficits funcionais que influenciaram negativamente suas atividades de vida diária, impedindo até que muitas fossem realizadas, ocorrendo assim um decrécimo na qualidade de suas vida. Baseado nestas informações foi proposto um protocolo fisioterapêutico e uma cartilha educativa, tendo como objetivo a recuperação funcional da paciente, possibilitando-as de retornar o mais precocemente possível as suas atividades de vida diária. Entretanto, é importante salientar que muitos estudos ainda são necessários, a fim de comprovar a eficácia do protocolo de tratamento e da cartilha educativa, como também para melhor compreender esta patologia e encontrar formas cada vez menos traumáticas e mais eficazes de tratá-la. Para isto, é preciso que sejam realizadas pesquisas sérias, com metodologia adequada e resultados comprovados, a fim de que estas dúvidas sejam sanadas. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 231 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, A.M; GUIDORIZZI, L.L.F; PRADO, M.A.S; ROSSINI, F.P. Mulheres com Câncer de Mama: Um Estudo de Morbidade. Disponível em http://www.hcanc.org.br/acta/acta02_8.html, acesso em 11/06/2003. 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Identificação Nome:___________________________________________________Idade:_____________ Data de nascimento:_________________________Cor:______________________________ Nacionalidade:__________________________Estado Civil:__________________________ Profissão:_____________________________Fone:_________________________________ Endereço:___________________________________________________________________ Médico Responsável:__________________________________________________________ 2. Tipo de Cirurgia:__________________________________________________________ 3. Anamnese: _______________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 239 ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 4. História Pregressa:__________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 5. Exames Complementares:____________________________________________________ 6. Radioterapia – ( )sim ( )não. Sessões? ________ Quimioterapia – ( ) sim ( ) não. Sessões? _______ Hormonioterapia – ( ) sim ( ) não. Sessões? ________ 7. Inspeção: _________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 8. Goniometria de MMSS Flexão Adução Abdução Rot. Int. Rot. Ext. MSD MDE 9. Perimetria + 25 + 15 +5 0 -5 - 15 - 25 MSD MSE Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 240 10. Força Muscular 11. Avaliação Postural Cabeça Ombro CI Quadril Joelho Cervical Torácica Lombar Anteriorizada Inclinada Rodada Anteriorizada Elevado Rodado Elevada Anteriorizada Anteversão Retroversão Varo Valgo Hiperext Flx Hiperlordose Retificada Hipercifose Retificada Escoliose Hiperlordose Retificada Escoliose Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 12. Escala Analógica Visual da dor 0_______________________________________________10 13. Para responder estas perguntas, é necessário que a paciente pense na sua vida diária e nas atividades realizadas nas últimas duas semanas. Na primeira questão, basta assinalar as respostas indicadas pela entrevistada. As perguntas seguintes devem ser respondidas circulando o número que se aplica melhor: 1 – De modo algum 2 – Pouco 3 – Moderadamente 4 – Muito a- Você tem sentido dificuldades para realizar algumas destas atividades durante as últimas duas semanas? Caso alguma atividade não precisou ser feita durante as duas últimas semanas responda apenas não.As atividades são: Pentear a cabelo ou prende-lo ( ) Vestir uma calça ou blusa ( ) Pegar um objeto no alto ( ) Amarrar o sapato ( ) Passar esmalte ou depilação ( ) Tomar banho ( ) Preparar suas refeições ( ) Almoçar ou jantar ( ) Varrer a casa ( ) Estender roupas ( ) Lavar ou passar roupas ( ) Arrumar a cama ( ) Carregar peso, como compra de mercado ( ) Brincar com netos ou filhos ( ) b- Você teve algum problema em fazer atividades esportivas? 1 2 3 4 c- Você esteve limitada em fazer seu trabalho ou outras atividades do dia? 1 2 3 4 d- Você teve dificuldades para respirar? 1 2 3 4 e- Você sentiu dor? 1 2 3 f- Você teve problemas para dormir? 1 2 3 4 4 g- Você sentiu fraqueza muscular no membro superior do lado da cirurgia? 1 2 3 4 h- Sentiu-se envergonhada em relação à sua aparência física? 1 2 3 4 i- Sua condição física interferiu com suas atividades em família ou socialmente? 1 2 3 4 j- Você teve algum problema nos seus relacionamentos pessoais: marido / namorado / companheiro? 1 2 3 4 k- Como você avaliaria a sua saúde durante estas duas semanas passadas? 1 - Muito ruim 2 – Ruim 3 – Boa 4 – Excelente Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 l- Como você avaliaria a sua qualidade de vida durante estas duas semanas passadas? 1 - Muito ruim 2 – Ruim 3 – Boa 4 – Excelente APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Nome da pesquisa: O Impacto Físico-Funcional do Câncer de Mama em Mulheres Submetidas a Tratamento Cirúrgico: uma abordagem fisioterapêutica. Pesquisador responsável: Juliana Cristina Frare Este trabalho tem por objetivo identificar, através de uma avaliação fisioterapêutica previamente desenvolvida, embasada em contidas na literatura científica, as principais alterações fisico-funcionais decorrentes do tratamento cirúrgico realizado em mulheres portadoras de câncer de mama. Baseado nas informações colhidas, desenvolver uma proposta de protocolo de atendimento fisioterapêutico e uma cartilha educativa, visando diminuir a morbidade destas pacientes melhorando assim a qualidade de suas vidas. Ao término deste trabalho, as voluntárias serão informadas sobre os resultados obtidos. Sua participação será muito importante para o sucesso desta pesquisa. Assinatura do pesquisador:________________________________________ Tendo recebido as informações anteriores e, esclarecido dos meus direitos relacionados a seguir, declaro estar ciente do exposto e desejar participar da pesquisa. A garantia de receber a resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento a dúvidas sobre os procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados com a pesquisa; A liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo; A segurança de que não serei identificado e que será mantido o caráter confidencial das informações relacionadas com a minha privacidade; Compromisso de me proporcionar informação atualizada durante o estudo, ainda que possa afetar minha vontade de continuar participando. Em seguida, assino meu consentimento. Cascavel, _____de __________ de 2004. Nome: ___________________________________________RG___________________ Assinatura: ______________________________ Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 Caso haja necessidade de maiores esclarecimentos, pode-se contactar com o pesquisador responsável pelo no telefone (45) 30372906. APÊNDICE C – PROTOCOLO FISIOTERAPÊUTICO Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 PROTOCOLO DE ATENDIMENTO FASE PRÉ-OPERATÓRIA Exercícios Respiratórios Preventivos - Padrões respiratórios para reexpansão: inspiração profunda e expiração lenta e prolongada com freno labial; inspiração profunda fracionada em dois ou três tempos, associada com movimento de flexão e abdução de ombro; inspiração profunda com apnéia pós-inspiratória (10 repetições cada exercício). - Reeducação diafragmática: traços diafragmáticos e apoio abdominal inferior. - Ensinar o Huffing. Exercícios metabólicos para Membros Superiores e Membros Inferiores (duas séries de 20 repetições cada). Deambulação pela Ala do Hospital - Conscientizar a importância de saída precoce do leito. Alongamentos para região cervical e membros superiores: nesta etapa os alongamentos visam promover um relaxamento da paciente, já que elas geralmente estão tensas e apreensivas como momento (três séries de cada alongamento, mantendo a posição durante 20 segundos). Ciclos de inspiração profunda e expiração lenta e prolongada devem ser associados em todos os alongamentos. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 - Com os membros inferiores flexionados e com os glúteos apoiados sobre os calcâneos, flexionar o tronco anteriormente, com os braços estendidos e a cabeça direcionada para baixo. Forçar o máximo de extensão dos membros superiores sem perder o contato entre os glúteos e os calcâneos. - Paciente sentada com o dorso bem apoiado, aduzir os ombros até unir as palmas da mão. - Paciente sentada com o dorso bem apoiado, aduzir o ombro em direção ao ombro oposto, mantendo o cotovelo e ombro flexionado a 90º. - Paciente sentada com o dorso bem apoiado, com os braços estendidos acima da cabeça e cotovelos flexionado, tracionar delicadamente o cotovelo para trás da cabeça. - Paciente sentada com o dorso bem apoiado, entrelaçar os dedos à frente, na altura dos ombros, com as palmas das mãos voltadas para fora e estender os braços como se estivesse empurrando uma parede. Em seguida, flexionar os ombros até 180º e estender os braços como se estivesse empurrando o teto. - Paciente em pé, com as pernas levemente afastadas e joelhos semi-flexionados, inclinar a cabeça lateralmente, enquanto a mão oposta é tracionada pela outra mão pra baixo e para o lado oposto. - Paciente em pé, com as pernas levemente afastadas e joelhos semi-flexionados, entrelaçar os dedos com os membros superiores e realizar a extensão do ombro, mantendo os cotovelos bem estendidos. Orientações Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 - Posicionamento do membro após a cirurgia: a paciente deve ser orientada a manter o membro homolateral a cirurgia, apoiado sobre travesseiros, com uma pequena elevação e levemente abduzido (aproximadamente 30º de flexão e 45º de abdução) - Entrega da cartilha educativa e esclarecimentos de dúvidas. - Outras orientações gerais: hábitos de vida saúde, a importância da fisioterapia, a cirurgia, entre outras dúvidas da paciente. FASE PÓS-OPERATÓRIA IMEDIATA (Fase Hospitalar) Exercícios Respiratórios para: reexpansão pulmonar, reeducação diafragmática e huffing. Caso haja incentivadores respiratórios (Respiron e Voldyne) e exercitadores musculares (Thrushould) a disposição do terapeuta, esses recursos podem ser utilizados (vinte repetições para cada exercício). Mobilização Passiva de cintura escapular no membro homolateral a cirurgia. Exercícios dinâmicos de membro superior: amplitude desses movimentos deverá ser limitada a 90º para não provocar o deslocamento das bordas cirúrgicas. Exercícios de inspiração profunda e expiração lenta e prolongada com freno labial devem ser associados a todos os exercícios para membro superior (Número de repetição: duas séries de dez repetições em cada exercício). - Elevação e depressão simultânea dos ombros: paciente sentada no leito, realizar o movimento de elevação e depressão dos ombros simultaneamente. - Rotação interna e externa do ombro: paciente sentada e com as mãos apoiadas sobre as pernas, realizar os movimentos de rotação interna e externa dos ombros simultaneamente. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 - Inclinações laterais do pescoço: paciente sentada e com as mãos apoiadas sobre as pernas, flexionar lateralmente a cabeça, como se a paciente pretendesse tocar a orelha no ombro. - Rotações da cabeça: mantendo a posição anterior, realizar o movimento de rotação da cabeça. - Flexão do ombro até 90º (com bastão): paciente sentada com o dorso bem apoiado para evitar compensações, realizar o movimento de flexão anterior dos ombros segurando um bastão com as mãos até uma amplitude máxima de 90º ou onde a dor permitir. - Abdução do ombro até 90 (mão oposta na cintura): mantendo a posição de sentada, com a mão oposta encaixada na cintura, realizar o movimento de abdução do ombro até uma amplitude máxima de 90º ou onde a dor permitir. Dessensibilização: utilizando recursos como diversas texturas, temperaturas, matérias, entre outros. Exercícios Metabólicos para Membros Superiores e Membros Inferiores Deambulação pela Ala do Hospital Orientações - Enfatizar as orientações da cartilha educativa e o posicionamento do membro após a cirurgia. - Estimular a repetição dos exercícios dinâmicos de membro superior diariamente, mesmo após alta hospitalar. - Ensinar as técnicas de dessensibilização para serem realizadas em casa. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 FASE PÓS-OPERATÓRIA IMEDIATA (Ambulatório de Fisioterapia – após a retirada do dreno) Mobilização Passiva de Cintura Escapular (durante cinco minutos). Exercícios dinâmicos de membro superior: a amplitude de movimento deve ultrapassar os 90º. Quando a paciente atingir a amplitude máxima do movimento, a posição deverá ser mantida por cinco segundos. Exercícios de inspiração profunda e expiração lenta e prolongada com freno labial devem ser associados a todos os exercícios (Número de repetição: duas séries de dez repetições em cada exercício). Os exercícios devem ser realizados na frente de um espelho, para que a paciente consiga auto-corrigir a sua postura. - Elevação simultânea e relaxamento dos ombros (descrito anteriormente). - Rotação interna e externa do ombro (descrito anteriormente). - Inclinações laterais do pescoço (descrito anteriormente). - Rotações da cabeça (descrito anteriormente). - Adução e abdução das escápulas e dos ombros: paciente sentada, e com os braços em leve extensão irá realizar o movimento de adução e abdução das escápulas. - Flexão anterior do braço (com bastão) (descrito anteriormente). - Abdução do braço (mão oposta na cintura) (descrito anteriormente). - Exercício ativo para membro superior dentro da primeira diagonal do Kabat: paciente aduzirá o braço em aproximadamente 45º, em seguida irá abduzir a 45º e flexionar o ombro o máximo de amplitude possível. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 - Abdução e adução horizontal: paciente sentado com o dorso bem apoiado e com as mãos apoiadas na região cervical posterior, cotovelos flexionados, realizar o movimento de abdução e adução horizontal. Caso a paciente apresenta grande dificuldade em manter uma postura ereta ao realizar os exercícios, alguns podem ser realizados com a paciente deitada: - Flexão anterior do ombro na posição deitada: paciente deitada, com os joelhos fletidos e com os dedos das mãos entrelaçados, irá flexionar anterior os ombros mantendo os cotovelos estendidos. - Abdução e adução horizontal na posição deitada: paciente deitada, com os joelhos flexionados e com as mãos apoiadas na região cervical posterior, cotovelos flexionados, realizar o movimento de abdução e adução horizontal. - Abdução de ombro na posição deitada: paciente deitada, com os joelhos fletidos e com as mãos apoiadas ao longo do corpo, abduzi-las até a amplitude máxima. Auto Massagem de Drenagem linfática: deverá ser realizada várias vezes durante o dia. Massagem cicatricial: realizar movimentos suaves e circulares sobre a região cirúrgica. Orientações - A cartilha deve ser novamente enfatizada, como também a repetição dos exercícios dinâmicos de membro superior em casa e as técnicas de dessensibilização e massagem cicatricial. - Conforme a evolução da paciente, os exercícios para casa deverão ser modificados para um grau maior de dificuldade. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 FASE PÓS-OPERATÓRIA TARDIA (Ambulatório de Fisioterapia) Nesta fase a paciente deverá ter recuperado toda a amplitude de movimento, quando então serão adicionados exercícios de fortalecimento para o membro superior. Aos exercícios dinâmicos de membro superior será adicionado um peso visando fortalecer a musculatura local. O peso utilizado, específico para cada paciente, será determinado através da avaliação inicial e evolução clínica da paciente. Alongamentos para região cervical e membros superiores Dissociação de Cintura Escapular com Bola Suíça (durante cinco minutos). Exercícios dinâmicos de membro superior: os exercícios realizados durante a fase pós-operatório imediato no ambulatório devem ser realizados na amplitude de movimento máxima, sendo que posição final do arco de movimento deverá ser mantida por cinco segundos. Exercícios de inspiração profunda e expiração lenta e prolongada com freno labial devem ser associados a todos os exercícios (Número de repetição: duas séries de dez repetições em cada exercício). Orientações - A paciente deverá ser preparada para receber alta da fisioterapia, por isso é fundamental orientá-la (sobre a cartilha, a repetição dos exercícios dinâmicos de membro superior em casa, técnicas de dessensibilização e de massagem cicatricial). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 APÊNDICE D – CARTILHA EDUCATIVA: ORIENTAÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 APÊNDICE E – APROVAÇÀO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02-2004 ISSN 1678-8265 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02- 2004 ISSN 1678- 8265 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02- 2004 ISSN 1678- 8265