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CARACTERIZAÇÃO BROMATOLÓGICA E FITOQUÍMICA DA FLOR
JASMIM DO IMPERADOR (Osmanthus fragrans)
L. Laurindo1, M. Kretzschmar2
1- Departamento de Química –
CEP: 89012-900 – Blumenau
([email protected])
2- Departamento de Química –
CEP: 89012-900 – Blumenau
([email protected])
Universidade Regional de Blumenau, Centro de Ciências Exatas e Naturais –
– SC – Brasil, Telefone: (47) 3321-0276- Fax: (47) 3321-0150 – e-mail:
Universidade Regional de Blumenau, Centro de Ciências Exatas e Naturais –
– SC – Brasil, Telefone: (47) 3321-0276- Fax: (47) 3321-0150 – e-mail:
RESUMO – O presente estudo teve como objetivo realizar a caracterização bromatológica e
fitoquímica das flores da planta Osmanthus fragrans, conhecida com jasmim do imperador. Foram
determinadas a composição centesimal, acidez total e pH e análises fitoquímicas qualitativas
utilizando o extrato hidroalcoólico das flores in natura. As flores apresentaram teores de umidade de
85,26%, cinzas 0,71%, proteínas 2,93%, lipídios 0,59%, fibra alimentar 1,98% e carboidratos 8,52%.
A acidez total foi 5,73% e o pH 6,07. O valor calórico das flores foi de apenas 51,11 kcal/100g. As
análises fitoquímicas qualitativas indicaram a presença de alcalóides, esteróides, cumarinas e
flavonóides. A flor do jasmim do imperador apresenta propriedades funcionais devido à presença de
compostos bioativos e é uma opção para uso na gastronomia pela aparência e aroma agradáveis e
reduzido valor calórico.
PALAVRAS-CHAVE: Osmanthus fragrans; análise bromatológica; fitoquímica.
ABSTRACT – The present study aimed the bromatological analysis and phytochemical
characterization of flowers of Osmanthus fragrans, known as the emperor jasmine. Hydroalcoholic
extract from fresh flowers was used to determine its chemical composition, total acidity, pH and
qualitative phytochemistry. The moisture content was 85.26%, ash/0.71%, protein/2.93%,
lipids/0.59%, dietary fibers/1.98% and carbohydrates/8.52%. The total acidity was 5.73% and pH
6.07. The caloric value of the flowers was only 51.11 Kcal/100 g. Qualitative phytochemical analysis
indicated the presence of alkaloids, steroids, coumarins and flavonoids. The emperor jasmine flower
has functional properties due to the presence of secondary metabolites. Furthermore it shows a
pleasant appearance and aroma as well as low calorie, which make the flowers of jasmine a suitable
ingredient for food.
KEYWORDS: Osmanthus fragrans; bromatological analysis; phytochemical.
1. INTRODUÇÃO
Uma alimentação saudável está diretamente relacionada com a saúde e bem-estar dos
indivíduos. Desta forma, a associação de valor nutritivo com aparência visual agradável é um estímulo
para o consumo de alimentos não convencionais. A Osmanthus fragrans, também conhecida como
jasmim do imperador, é um arbusto de porte mediano, de folhas verdes grossas, flores pequenas e
brancas, variando até um tom alaranjado e de aroma frutado-floral de damasco (HUANG et al., 2010).
É uma planta que apresenta flores comestíveis de sabor levemente amargo, muito utilizado na alta
gastronomia, devido à sua aparência e adorável fragrância, e em infusões, proporcionando uma bebida
muito aromática. Além destes atributos, também apresenta propriedades medicinais. As flores
comestíveis se constituem em opção diferenciada na gastronomia especializada, destacando-se pelo
aspecto visual, aroma e sabor. Quanto ao aspecto psicológico, tem influência em função da aparência
das flores.
Apesar da grande variedade de espécies do gênero Osmanthus e da larga aplicação dos óleos
essenciais destas plantas na produção de fragrâncias para a indústria cosmética e produtos de higiene e
limpeza, há poucos estudos referentes às características fitoquímicas das suas flores. Pesquisas
mostraram que a Osmantus f. possui fenóis, carotenóides, melanina e constituentes voláteis, alguns
com atividade antioxidante, entre outros (HUNG, 2012; WANG, 2006).
Dados sobre a composição bromatológica, fitoquímica e a aceitação de alimentos são
importantes para verificar a adequação nutricional da dieta de indivíduos e de populações, identificar
alimentos funcionais, desenvolver pesquisas sobre as relações entre dieta e doença, promover o
consumo de alimentos não convencionais, entre outros. Desta forma, o objetivo principal deste estudo
foi determinar a composição bromatológica e fitoquímica das flores da planta Osmanthus fragrans,
conhecida como Jasmim do Imperador.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
As flores do jasmim do imperador foram colhidas no município de Blumenau, SC, entre
agosto e novembro de 2015.
2.1 Análises Físico-químicas
As determinações da composição centesimal, pH, acidez total e óleos essenciais, seguiram as
normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz (2005).
2.2 Valor Calórico
O valor calórico foi determinado usando o fator de conversão de “atwater” (4 para um grama
de carboidratos e proteínas e 9 para lipídios).
2.3 Ensaios fitoquímicos qualitativos
Para verificar a presença dos principais grupamentos químicos do extrato hidroalcoólico das
flores do jasmim do imperador, 15 g da planta seca foram maceradas em etanol a 80% e aquecidos, em
banho-maria, a 55ºC por 35 minutos. Em seguida, o extrato foi filtrado e transferido para um balão
volumétrico de 250 mL. Os ensaios fitoquímicos avaliaram a presença de alcaloides, heterosídeos
antraquinônicos, heterosídeos antociânicos, heterosídeos cianogênicos, saponinas, taninos, esteroides
e/ou triterpenos e aminogrupos, segundo a metodologia de Nakashima (1993).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A obtenção de dados referentes à composição de plantas alimentícias não convencionais tem
como objetivo reunir informações confiáveis e adequadas que auxiliem na promoção do consumo
destes alimentos.
Na tabela 1 estão apresentados as médias dos resultados das análises da composição
centesimal e valor calórico das flores do jasmim do imperador.
TABELA 1: Valores médios dos resultados da análise da composição centesimal, acidez total e pH das
flores do jasmim do imperador (Osmanthus fragrans).
Parâmetros avaliados (%)
Umidade
Cinzas
Proteína
Lipídios
Fibra Bruta
Carboidratos
Valor calórico (kcal/100 g)
Acidez total (%)
pH
Teores
85,26 ±0,35
0,71 ± 0,04
2,93 ±1,12 %
0,59 ±0,19 %
1,98 ±0,05 %
8,52 ±0,04 %
51,11 kcal/100 g
5,730,19 %
6,07
As flores do jasmim do imperador apresentaram elevado teor de umidade (85,26 %), fator
relevante quanto ao controle da qualidade de flores comestíveis e plantas medicinais, pois o alto teor
de água nas amostras permite a ação de enzimas que podem acarretar a degradação de substâncias
ativas, além de facilitar o aparecimento e desenvolvimento de fungos e bactérias (SILVA e
QUEIROZ, 2006). Os demais parâmetros analisados apresentaram valores baixos e semelhantes ao
encontrado em outras flores comestíveis como, a capuchinha, hibiscos, rosa, calêndula e crisântemo
(MARTINS e ROSA, 2002).
A partir dos valores encontrados na análise da composição centesimal, obteve-se o valor
calórico de 51,11 kcal em 100 gramas.
A análise fitoquímica tem como objetivo rastrear os possíveis grupos de compostos com
algum tipo de bioatividade, quer seja tóxica ou terapêutica, no extrato alcoólico da planta (tabela 2).
TABELA 2 - Resultados dos testes fitoquímicos do extrato hidroalcoólico das flores de jasmim do
imperador (Osmanthus fragrans).
Grupo
Alcalóides
Heterosídeos Flavônicos
Heterosídeos Antraquinônicos
Heterosídeos Cianogênicos
Heterosídeos Antociânicos
Heterosídeos Saponínicos
Cumarinas
Esteróides e/ou Triterpenos
Reação
Mayer
Dragendorff
Bouchardat
Schinoda
Taubock ou Oxalo-bórica
Zn em HCl
Bornträeger
Schoembein
Meio ácido
Meio básico
Meio neutro
Espuma
UV
Libermann Bouchard
Baljet
Resultado
+
+
+
+
+
+
+
Grupo
Taninos
Reação
Cloreto férrico
Gelatina
Dicromato de potássio
Resultado
+
-
Os teores dos metabólitos primários e, principalmente, os metabólitos secundários das plantas
não são fixos e são influenciados por fatores sazonais como, intensidade luminosa, excesso ou falta de
chuva, época de colheita, parte da planta usada e processamento usado na produção da droga vegetal.
Desta forma, a presença de algum composto bioativo pode não ser detectada em testes qualitativos
(MELLO, 2007; WANG, 2006).
A triagem fitoquímica realizada neste estudo é o primeiro passo para avaliar a possibilidade de
emprego da planta como planta medicinal e/ou alimento funcional, uma vez que dão uma noção dos
possíveis grupos químicos presentes. Porém, em testes qualitativos deve se levar em consideração a
polaridade do solvente extrator, a coloração do extrato obtido e dos reagentes usados nas análises, uma
vez que podem interferir nos resultados obtidos. Assim, qualquer alteração e/ou modificação na
coloração das soluções devem ser avaliadas com cuidado. Fatores como o tempo de reação, também
podem influenciar no resultado.
4. CONCLUSÃO
As flores do jasmim são uma ótima opção para uso na gastronomia pela aparência e aroma que
conferem aos pratos onde são usadas, além de possuírem reduzido valor calórico, apenas 51,11 kcal
em 100 g do produto.
A análise fitoquímica do extrato hidroalcoólico das flores do jasmim do imperador detectou a
presença dos seguintes metabólitos secundários: alcalóides, flavonas, cumarinas e esteróides e/ou
triterpenos e taninos, compostos com atividade farmacológica.
Diante dos resultados obtidos neste estudo, sugere-se a continuidade das pesquisas com os
compostos bioativos presentes nas flores do jasmim do imperador, utilizando solventes extratores com
diferentes polaridades, além da identificação e quantificação destes compostos.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Hung, C, ; Tsai, Y.; Li, K. (2012). Phenolic Antioxidants Isolated from the Flowers of Osmanthus
fragrans. Organic Chemistry Journal,. 17(9), 10724-10737.
Instituto Adolfo Lutz. (2005). Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: Métodos químicos e físicos
para análise de alimentos, 1a. ed. digital, São Paulo.
Martins, L.; Rosa, C.S. da. (2002). Composição química e valor calórico de rosas, hibiscus, crisântemo
e calêndula: uma opção alimentar. Rev. Tecnológica. Santa Cruz do Sul, 6(1), 61-70.
Melo,
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(2007)
Produção
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nastúrcio
em
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hidropônico com diferentes soluções nutritivas. (Tese de Doutorado). Universidade Federal de Santa
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Melo, J.G. (2007). Controle de qualidade e propriedade de conservação de plantas medicinais
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Nakashima, T. (1993). Étude phytochemique, évaluation des activités antifongiques at
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France.
Silva, D.J.; Queiroz, A.C. (2006). Análise de alimentos (métodos químicos e biológicos). 3.ed. Viçosa,
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Wang, H. S., Pan, Y. M., Tang, X. J., Huang, Z. Q. (2006). Isolation and characterization of melanin
from Osmanthus fragrans’ seeds. LWT- Food Science and Technology. 5(39), 496-502.
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