1 FICHA TÉCNICA 2 Portugueses no Golfo Pérsico Mapa do Golfo Pérsico 7 Apresentação 11 À Descoberta do Golfo Pérsico 17 Introdução 27 Para melhor conhecer o Golfo 33 Considerações históricas 43 Herança material e imaterial 55 Marcas portuguesas no Golfo 65 %LEOLRJUDÀD 123 5 Portugueses no Golfo Pérsico 6 Portugueses no Golfo Pérsico PA R A M E L H O R C O N H E C E R O GOLFO PÉRSICO 33 Portugueses no Golfo Pérsico 34 Portugueses no Golfo Pérsico O Golfo Pérsico, também chamado de Golfo da Arábia, localizado no Sudoeste Asiático, é uma extensão do oceano Índico situada entre a Península Arábica e o sudoeste do Irão (antiga Pérsia). Trata-se de um mar interior, com uma área de, aproximadamente, 239 600 km2, cujos limites são a foz dos rios Tigre e Eufrates, o estreito de Ormuz e o Golfo de Omã. O Golfo Pérsico possui um comprimento de 990 km, variando a sua largura entre os 340 e os 55 km no estreito de Ormuz. Esta extensão de mar (na realidade, trata-se de um braço de mar) do oceDQRÌQGLFREDQKDR,UmRRV(PLUDWRVÉUDEHV Unidos, Omã, a Arábia Saudita, Qatar, Kuwait e Iraque, bem como a ilha do Bahrein. A profundidade das águas do Golfo Pérsico raramente ultrapassa os 90 m, alcançando o ponto mais profundo à sua entrada e em localidades isoladas a sudeste, podendo atingir os 110 m. Por outro lado, as águas do golfo apresentam um elevado nível de salinidade devido ao facto de os rios Tigre, Eufrates e Karun seUHPIUDFRVDÁXHQWHV Com temperaturas elevadas na maior parte do ano, embora os invernos possam ser bastante frios, em especial a noroeste, predomina no 35 Portugueses no Golfo Pérsico Golfo Pérsico o clima desértico normal: com raras precipitações, grande evaporação, alta humidade e temperaturas médias anuais que variam entre 13 o C e 37 o C, ultrapassando os 49 o C durante a estação seca. As altas temperaturas e a elevada salinidade GDVVXDViJXDVOHYDPDXPDVLJQLÀFDWLYDGLPLQXLomRQDYDULHGDGHGDÁRUDHIDXQDWtSLFDVGR oceano Índico. Até à descoberta de petróleo no Irão, em 1908, a região do Golfo Pérsico era conhecida pela indústria da pesca de pérolas tradicionais, pelo cultivo e pelo pastoreio, para além da produção de 36 Portugueses no Golfo Pérsico outros produtos menores, como o ocre vermelho das ilhas do Sul. Com a descoberta do petróleo, o Golfo Pérsico e as suas zonas costeiras tornaram-se de JUDQGHUHOHYkQFLDHFRQyPLFDSDUDRPXQGRSRU UHSUHVHQWDUHPXPDiUHDGHVLJQLÀFDWLYDLPSRUWkQFLDQDSURGXomRGHSHWUyOHRPXQGLDOFRP aproximadamente dois terços da reserva estimada existente no mundo e um terço das reservas de gás natural. Para além disso, constituiu-se uma via de transporte por excelência para grandes petroleiros, sendo ainda estratégico para as 37 Portugueses no Golfo Pérsico 38 Portugueses no Golfo Pérsico LQG~VWULDVGHULYDGDVGDH[WUDomRHUHÀQDULDGH petróleo oriundas dos países vizinhos. A relação de Portugal com o Golfo Pérsico inicia-se no século XVI, no período das grandes navegações e expansão marítima portuguesa, seguindo a rota de exploração do navegador Vasco GD*DPD$DWLYLGDGHRXDSUHVHQoDVLJQLÀFDWLYD dos portugueses no Golfo Pérsico durou cerca de 150 anos, tendo como marcos principais a conquista do estreito de Ormuz, em 1507, e a sua perda, em 1622. *HRJUDÀFDPHQWH ORFDOL]DGD j HQWUDGD GR Golfo Pérsico, o controlo da zona de Ormuz permitia o domínio de algumas das rotas mais importantes do comércio asiático, que vinham desde o oceano Índico, atravessavam o golfo, e DOFDQoDYDPD(XURSDDWUDYpVGR0HGLWHUUkQHR Simultaneamente, impôs-se como um entreposto incontornável no cruzamento de algumas das rotas terrestres que ligavam a Europa, o Médio 2ULHQWHHDÉVLD&HQWUDO$IDPDGDVULTXH]DVGD Pérsia (atual Irão) corria mundo e Ormuz surgia, nas palavras de muitos autores, como a melhor maneira de alcançar tais preciosidades. É, por isso, natural que aqui os portugueses tivessem visto um mundo de oportunidades e, 39 Portugueses no Golfo Pérsico essencialmente, um porto vital para assegurar a manutenção do seu Império Asiático e, consequentemente, a posição hegemónica que ocupavam naqueles mares. Além disso, a presença portuguesa em Ormuz permitia a intervenção QRFRPpUFLRLQWUDDVLiWLFRHQRDQLPDGRÁX[R destas rotas, uma vez que, consolidada a Rota do Cabo, uma boa parte da valiosa mercadoria oriental passaria a chegar à Europa através de Lisboa. (QIUDTXHFHU D LQÁXrQFLD GRV SRUWXJXHVHV numa região com um potencial estratégico tão JUDQGH²DSUHVHQoDÀUPHQRHVWUHLWRGH2UPX] e no Golfo Pérsico assegurava vantagens políticas e económicas demasiado fortes – era um objetivo que convencia facilmente os europeus do Norte a juntarem-se à campanha persa contra o reino de Ormuz, dominado então pelos capitães portugueses. Assim, com a perda do reino de Ormuz para os ingleses e persas em 1622, há mais de quatro séculos, iniciou-se o declínio dos contactos profundos e regulares dos portugueses com as populações locais. Além disso, os ingleses não só expulsaram os portugueses da região, mas também se esforçaram por apagar a memória da sua 40 Portugueses no Golfo Pérsico passagem pelo Golfo, sempre no receio de que o capital cultural e histórico deixado na região pela presença portuguesa pudesse ser usado como forma de desestabilizar o seu próprio poder. $SHVDUGDGLVWkQFLDJHRJUiÀFDHWHPSRUDO DLQGD KRMH D LQÁXrQFLD SRUWXJXHVD QR *ROIR Pérsico constitui um fenómeno interessante de observar no contexto da lusofonia, abrangendo importantes vestígios da arquitetura portuguesa militar e religiosa, garantindo com isso a curiosidade e empatia que ainda aí podemos encontrar por Portugal. 41 Portugueses no Golfo Pérsico 42