FUVEST - 2a Fase (09/01/2001) Biologia BIOLOGIA 01. “Humilhação dessas lombrigas / humilhação de confessá-las (...) / o que é pior: mínimo verme / quinze centímetros modestos (...) / enquanto Zé, rival na escola (...), / ele expeliu entre ohs! e ahs! (...) / formidável tênia porcina: / a solitária de três metros.” (C.D. Andrade, “Dupla Humilhação”) Lombrigas e solitárias (tênias) pertencem a grupos animais distintos e, apesar da ‘humilhação’ do protagonista, ele teria argumentos biológicos para afirmar que as lombrigas apresentam maior complexidade que as tênias. a) A quais filos animais pertencem a lombriga e a tênia respectivamente? b) Cite duas novidades evolutivas do filo da lombriga em relação ao filo da tênia. Resolução: a) A lombriga pertence ao filo dos nematelmintos, enquanto a tênia ao filo dos platelmintos. b) Os nematelmintos já apresentam tubo digestivo completo (boca e ânus) enquanto os platelmintos quando possuem o tubo digestivo é incompleto. Os nematelmintos possuem uma cavidade para abrigar os órgãos (pseudocelomados) enquanto os platelmintos não possuem (acelomados). 02. Um grupo indígena do sudoeste dos Estados Unidos, denominado Anasazi, tinha um animal vertebrado entre as divindades que cultuava. O desenho ao lado baseia-se na figura encontrada em seus objetos sagrados. Um estudante, desejando identificar esse animal, ficou em dúvida entre duas classes de vertebrados e por isso solicitou, ao professor, informações quanto ao tipo de revestimento corporal ou quanto ao desenvolvimento embrionário do animal desenhado. a) Como a informação sobre o revestimento corporal permite distinguir entre as duas classes? b) Como a informação sobre o desenvolvimento embrionário permite distinguir entre as duas classes? Resolução: Pelo desenho provavelmente trata-se de um anfíbio ou um réptil. a) O revestimento externo dos anfíbios é de baixa espessura, pobre em queratina, e portanto, permeável; adaptados à respiração cutânea. Os répteis apresentam o tegumento mais espesso, rico em queratina, e, portanto, impermeável, o que os torna melhor adaptados ao ambiente terrestre. b) Os anfíbios apresentam estágio larval (desenvolvimento indireto) enquanto os répteis tem desenvolvimento direto, além disso o embrião de réptil possui os anexos amniôm, córiom e alantóide tornando possível seu desenvolvimento no meio terrestre. FUV20012F 1 2 FUVEST/2001 2a FASE 03. Certas substâncias inibem a formação do tubo polínico em angiospermas. Explique como essa inibição afeta a formação do embrião e do endosperma. Resolução: O tubo polírico (gametófito masculino) tem a função de levar os gametas (núcleos espermáticos) até o óvulo, onde encontram a oosfera (gameta feminino) e os núcleos polares. Um núcleo espermático fecunda a oosfera originando o zigoto, e posteriormente o embrião, e o outro se funde aos dois núcleos polares originando o endosperma triplóide. Portanto na ausência do tubo polínico não hevará formação do embrião e tão pouco do endosperma. 04. O esquema representa um experimento em que plantas semelhantes foram colocadas em tubos, com igual quantidade de água, devidamente vedados para evitar a evaporação. A planta do tubo A foi mantida intacta; a do tubo B teve suas folhas totalmente cobertas por uma camada de vaselina. Cada tubo mostra o nível da água no início do experimento (Ni) e no final (Nf). a) Por que os níveis da água ficaram diferentes nos tubos A e B? b) Que estruturas da epiderme foliar tiveram seu funcionamento afetado pela vaselina? c) Qual o papel dessas estruturas da epiderme para que a planta realize fotossíntese? Folhas cobertas por vaselina Vedação Ni Nf Ni Nf Água Resolução: A B a) Com a utilização da vaselina (gel impermeabilizante) na planta do tubo B, haverá uma redução da transpiração e conseqüentemente na absorção e perda de H 2O (Teoria de Dixon – Sucção Foliar). b) Os estômatos. c) Os estômatos controlam as trocas gasosas entre o ambiente e o meio interno (mesófilo), permitindo a captação de CO2, gás essencial à fotossíntese. 05. O esquema representa o ciclo do elemento nitrogênio. a) Explique de que maneira os animais obtêm nitrogênio para a fabricação de suas substâncias orgânicas. b) Em quais dos processos indicados por letras (A, B, C, D e E) participam bactérias? c) Qual a importância do processo E para a continuidade da vida? Resolução: Amônia (NH 3 ) Processo A Processo B Processo E Gás nitrogênio (N2) Nitrito (NO–2) ANIMAIS PLANTAS a) Os animais obtêm o nitrogênio através da alimentação, isto é, consumindo substâncias orgânicas nitrogenadas através das Processo D Processo C relações nas cadeias alimentares. Nitrato b) As bactérias participam de todos os processos indicados no (NO–3) ciclo. O processo A corresponde à fixação e é realizado por bactérias fixadoras e cianobactérias na terra e na água respectivamente. O processo B é a nitrosação, o processo C é a nitratação realizados por bactérias nitrificantes. O processo D é chamado de desnitrificação e é realizado pelas bactérias desnitrificantes. O processo E representa a decomposição que é realizado também por bactérias, as decompositoras. c) Na decomposição, as substâncias nitrogenadas provenientes das sobras animais e vegetais são convertidas em amônia. Isto é muito importante para a continuidade da vida porque o nitrogênio presente na amônia pode ser aproveitado pelos vegetais; de forma direta e indireta. FUV20012F 2a FASE FUVEST/2001 3 06. A tabela a seguir mostra medidas, em massa seca por metro quadrado (g/m2), dos componentes de diversos níveis tróficos em um dado ecossistema. Níveis tróficos Produtores Consumidores primários Consumidores secundários Consumidores terciários Massa seca (g/m2) 809 37 11 1,5 a) Por que se usa a massa seca por unidade de área (g/m2), e não a massa fresca, para comparar os organismos encontrados nos diversos níveis tróficos? b) Explique por que a massa seca diminui progressivamente em cada nível trófico. c) Nesse ecossistema, identifique os níveis tróficos ocupados por cobras, gafanhotos, musgos e sapos. Resolução: a) Para a avaliação das biomassas nos níveis tróficos utiliza-se a massa seca por unidade de área ao invés da massa fresca, pois esta última considera o conteúdo hídrico dos organismos que pode sofrer alterações ao longo do tempo. b) A massa seca diminui progressivamente ao longo dos níveis tróficos pois apenas cerca de 10% da matéria orgânica assimilada por um nível trófico é transferido para o nível seguinte. c) Os musgos ocupam o nível dos produtos, os gafanhotos, os sapos e as cobras representam respectivamente os níveis de consumidores primários, secundários e terciários. 07. O esquema representa uma célula secretora de enzimas em que duas estruturas citoplasmáticas estão indicadas por letras (A e B). Aminoácidos radioativos incorporados por essa célula concentram-se inicialmente na região A. Após algum tempo, a radioatividade passa a se concentrar na região B e, pouco mais tarde, pode ser detectada fora da célula. B Núcleo A a) Explique, em termos funcionais, a concentração inicial de aminoácidos radioativos na estrutura celular A. b) Como se explica a detecção da radioatividade na estrutura B e, em seguida, fora da célula? Resolução: a) Os aminoácidos assimilados pela célula serão encadeados em proteínas no retículo endoplasmático rugoso, estrutura identificada pela letra A. Essa organela citoplasmática contém ribossomos que sintetizam as proteínas que serão secretadas para o meio externo. b) As proteínas sintetizadas em A serão transportadas para o complexo de Golgi, letra B, onde serão concentradas em vesículas membranosas que brotam das suas bordas. Nessas vesículas, chamadas de grânulos de secreção, porções de proteínas chegam a membrana plasmática e são eliminadas para o meio externo. FUV20012F 4 FUVEST/2001 2a FASE 08. a) A célula de um animal, esquematizada a seguir, encontra-se na anáfase da primeira divisão da meiose. O que permite essa conclusão? b) Utilize os contornos ao lado para representar duas células desse animal: uma, em anáfase II da meiose e a outra, em anáfase da mitose. Resolução: a) Pode-se primeiramente concluir que se trata de uma célula animal pela presença de centríolos, organelas que não são habitualmente encontradas em células de vegetais superiores. O esquema ainda indica a separação de cromossomos homólogos, fenômeno que caracteriza uma divisão reducional, ou seja, a primeira divisão da meiose. b) Célula em anáfase II da meiose 09. O heredograma a seguir representa uma família com pessoas afetadas por uma doença hereditária. a) A doença tem herança dominante ou recessiva? Por quê? b) A doença tem herança autossômica ou ligada ao cromossomo X? Por quê? Célula em anáfase da mitose I LEGENDA 1 2 Homem normal II 1 2 3 4 5 Mulher normal Homem afetado Mulher III Resolução: afetada 1 2 3 a) Tem herança dominante, pois o casal I-1 e I-2, ambos afetados, possuem uma filha normal. b) A herança é autossômica, pois se fosse ligada ao cromossomo X, todas filhas de um indivíduo portador de doença dominante seriam afetadas 10. Um determinado gene de herança autossômica recessiva causa a morte das pessoas homozigóticas aa ainda na infância. As pessoas heterozigóticas Aa são resistentes a uma doença infecciosa causada por um protozoário, a qual é letal para as pessoas homozigóticas AA. Considere regiões geográficas em que a doença infecciosa é edêmica e regiões livres dessa infecção. Espera-se encontrar diferença na freqüência de nascimento de crianças aa entre essas regiões? Por quê? Resolução: Sim, espera-se encontrar uma diferença, pois, em regiões geográficas em que a doença infecciosa é endêmica deve ocorrer seleção de indivíduos heterozigotos Aa. Tem nas regiões livres dessa doença, a freqüência de indivíduos com genótipo AA deverá ser comparativamente maior, pois não há fator seletivo para elimina-los. Conseqüentemente em regiões com a endemia, a freqüência de cruzamentos entre heterozigotos será maior, propiciando maior proporção de nascimentos aa. FUV20012F