ASTRONOMIA AFRO

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ASTRONOMIA AFRO-INDÍGENA
Germano B. Afonso
[email protected]
O conhecimento astronômico empírico dos
africanos trazidos como escravos para o Brasil
se misturou com o dos nativos do nosso país
constituindo novas formas de saber.
Apresentamos as semelhanças dos saberes
desses povos e de sua utilização no cotidiano,
principalmente em relação ao Sol, Lua, Vênus,
Via-Láctea, Plêiades e Constelações.
O Planetário Indígena Itinerante
A COSMOGÊNESE GUARANI
Léon Cadogan
Ayvu Rapita: Textos Míticos de los Mbyá-Guarani del
Guairá.
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Antes do verdadeiro Pai de Nhamandu, o Primeiro,
Criar a sua futura moradia, durante sua evolução;
antes de criar a primeira terra,
Ele existia entre os ventos originários.
Os ventos originários em que Nosso Pai existiu se alcança
novamente
toda vez que se alcança o tempo-espaço primitivo,
toda vez que se chega ao ressurgimento do tempo-espaço
primitivo.
Enquanto termina a época primitiva, durante a floração do ipê,
os ventos se mudam ao novo tempo-espaço:
já surgem os novos ventos, o novo espaço;
ocorre a ressurreição do tempo-espaço.
O Sol
Monólito Orientado
Pontos Cardeais
Estações do Ano
A Lua
As duas mulheres da Lua
Vê nus
Lua Mingua nte
Horizonte Leste
O Mito Africano e Indígena
da Lua e de suas duas Mulheres
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Muitos africanos e indígenas contavam que a Lua tinha duas
esposas: a estrela vespertina e a estrela matutina. Eles não
percebiam que eram, na realidade, o planeta Vênus, que era
chamado de “Mulher da Lua”.
Os bantos dão nomes para as duas esposas da Lua: A Estrela
Matutina é Puikani e localiza-se no lado leste. Quando a Lua fica
com Puikani, ela não alimenta seu marido deixando-o cada vez
mais magro até desaparecer, isto é, passa de lua-cheia para luanova. A Estrela Vespertina é Chekechani e localiza-se no lado
oeste. Quando a Lua fica com Chekechani, ela cuida de seu
esposo até que ele engorde, tornando-se totalmente redondo e
partindo novamente, para se encontrar com Puikani. A Lua está
sempre com uma de suas mulheres e nunca com as duas juntas.
Quando uma das mulheres é visível no céu, a outra não é,
independente das fases da Lua.
Um mito semelhante a esse mito africano é contado por
diversas etnias de indígenas que habitam o Brasil. O etnólogo
alemão Theodor Koch-Grünberg, no início do século XX,
recolheu com os Taurepang, de Roraima, também conhecidos
como Taulipang e Pemon, o seguinte relato da Lua e suas
duas mulheres: “Kapei, a Lua, tem duas mulheres, ambas
chamadas Kaiuanog, uma no leste, a outra no oeste. Sempre
está com uma delas. Primeiro ele vai com uma, que lhe dá
muita comida, de forma que se torna cada vez mais gordo.
Então a deixa e vai com a outra, que lhe dá pouca comida e
ele emagrece cada vez mais. Depois se encontra novamente
com a outra, que o faz engordar, e assim por diante. A mulher
do leste briga com a lua, por ciúme. Ela lhe diz: Vá para junto
da outra. Então ficas outra vez gordo. Comigo não podes
engordar. E ele vai para junto da outra. Por isso as duas
mulheres são inimigas e ficam sempre separadas uma da
outra”.
Referenciais Astronômicos
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O Zodíaco
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A Via-Láctea
O Zodíaco
A Via Láctea
A Via-Láctea
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A Via-Láctea, esse campo de estrelas visíveis no
cinturão de nossa Galáxia, ocupou uma importante
posição na mitologia dos povos antigos que a viam
como um lugar privilegiado para a morada de seus
deuses. Ela representou o Nilo Celeste para os
egípcios e o Caminho da Anta para os tupiguarani. Muitas etnias africanas chamam a ViaLáctea de “Caminho de Estrelas” e dizem que a
Via-Láctea organiza o céu e faz com que o Sol
retorne ao lado leste ao amanhecer.
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De acordo com um dos mais famosos mitos
africanos, a Via-Láctea foi criada por uma
menina da “raça antiga” que, há muitos e
muitos anos, jogou as cinzas de sua fogueira
para cima, fazendo uma estrada na
escuridão do céu, para guiar de volta para
casa um caçador que estava perdido.
Depois, a menina criou as estrelas brilhantes
lançando raízes no céu, sendo que as
estrelas brancas estão prontas para serem
comidas, mas as vermelhas são raízes
velhas, não comestíveis.
CAMINHO DE FUMAÇA DA FOGUEIRA
Rotas Afro - Indígenas
N
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a
e O
L b
d
c
S
a - Nascer do Sol no Inverno. Nascer de Aldebaran.
b - Nascer do Sol na Primavera e no Outono. Nascer das Três Marias.
c - Nascer do Sol no Verão. Nascer de Antares.
d - Pôr-do-Sol no Verão. Ocaso de Antares.
e - Pôr-do-Sol na Primavera e no Outono. Ocaso das Três Marias.
f - Pôr-do-Sol no Inverno. Ocaso de Aldebaran.
Terra dos Sonhos
(Versão: Yuri Berri)
Há uma terra da qual ouvi falar,
Tão longe, além do mar.
Há uma terra da qual ouvi falar,
Tão longe, além do mar.
Ter você, minha terra dos sonhos,
Seria como estar no paraíso para mim.
Ter você, minha terra dos sonhos,
Seria como estar no paraíso para mim.
Vamos pegar nosso café da manhã em uma árvore,
Vamos pegar nosso mel das abelhas,
Faremos um passeio pelas cachoeiras.
E todas as glórias serão nossas
E vamos viver juntos nessa terra dos sonhos
E ter muita diversão.
Vamos viver juntos nessa terra dos sonhos
E ter muita diversão.
Oh, quando será?
Oh, sim, nós vamos esperar, esperar, esperar e ver.
Contaremos todas as estrelas do céu.
E certamente nunca morreremos.
DREAM LAND
(Third World)
There's a land that I have heard about
So far across the sea
There's a land that I have heard about
So far across the sea
To have you there, my dreamland
Would be like heaven to me
To have you and all, my dreamland
Would be like heaven to me.
We'll get our breakfast from the tree
We'll get our honey from the bees
We'll take a ride on the waterfalls
And all the glories, we'll have them all
And we'll live together on that dreamland
And have so much fun
And we'll live together on that dreamland
And have so much fun
Oh, what a time that will be
Oh yes, we'll wait, wait, wait and see
We'll count the stars up in the sky
And surely we'll never die.
Estrelas e Constelações
SEMENTES - ESTRELAS
O Nascer Helíaco de Sírius
Plê iade s
Ald eba ra n
Três Ma ria s
Sirius
H oriz onte L este
Plêiades
A Constelação da Arapuca
Ma rka b
Alg e nib
Sc he a t
Alp hera tz
De lta And rô m e d a
Ra sa lm o tha lla h
41 Arie s
Plêia d e s
NAKA (CANOPUS)
Double Trouble
Mutxhini Ngwenya
(Moçambique)
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Quis vestir esta lua,
Meu fato mais bonito,
Engomado e arejado,
Flor vermelha na lapela,
Guitarra acesa na mão,
Minha arma de trova.
Quis brindar as estrelas,
Fazer oferendas à lua,
Dançar uma valsa,
Beber teus pomos,
Enxugar minha jornada,
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Arrasar a praça,
Teu abraço me vestindo.
Quis minha parra de barro,
Quebrá-la e branquear minha alma,
Lavá-la na enxurrada de beijos,
Saltar e atirar para ontem,
Rosas ressequidas de espera,
Lançar sementes estrelas.
Quis tantas, tantas vezes,
Fazer poema fresco,
Dizer às gaivotas e aos ventos,
z Que em suas asas levassem,
z Notícias flores ao mundo,
z Mas,
z Minha alma parra,
z Não sabe ainda
z A cor de tua alegria...
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Algumas Constelações
Africanas
CRUZEIRO DO SUL
(GIRAFA)
ISILIMELA (PLÊIADES)
ESCADA PARA O CÉU (Três Marias)
TARTARUGAS
ANTÍLOPE (TOURO)
CASTOR, POLLUX E PROCYON
(GAZELAS)
O CHACAL OU A SEMENTE ORIGINAL
(POLARIS)
A GRANDE CANECA
(ELEFANTE)
OSIRIS
ISIS
As Principais Constelações
Sazonais Indígenas
A Constelação da Ema
A Constelação da Ema
A Constelação da Ema
A Constelação da Anta
A Constelação da Anta
A Constelação da Anta
A Constelação do Homem Velho
A Constelação do Homem Velho
A Constelação do Homem Velho
A Constelação do Veado
A Constelação do Veado
A Constelação do Veado
Outras Constelações Indígenas
Cruzeiro do Sul
Cruzeiro do Sul
Cruzeiro do Sul
A Constelação da Canoa
A Constelação da Canoa
Phe c d a
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A Constelação do Barco
Co r Ca ro li
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A Constelação da Cobra
A Constelação da Cobra
A Constelação da Cobra Grande
A Constelação da Cobra Grande
A Constelação do Tinguaçu
A Constelação do Tinguaçu
A Constelação do Nhanderu
A Constelação do Nhanderu
O Mito de Vênus e das Plêiades
Os mitos indígenas dos eclipses
O Eclipse Lunar:
No início do tempo e do espaço, antes de se fixarem no
céu, o Sol e seu irmão mais novo, a Lua, habitavam a
Terra, vivendo juntos diversas aventuras.
Um dia, encontraram um espírito maléfico, geralmente
representado pela Onça, pescando em um rio.
Com o objetivo de importunar a Onça, que não havia
percebido os dois irmãos, o Sol mergulhou e mexeu o
anzol, imitando um peixe grande. A Onça puxou o anzol
vazio, caindo para trás.
O Sol repetiu o seu gesto por três vezes e em todas elas
a Onça caiu de costas. “Agora é a minha vez”, disse a
Lua sorrindo.
Os mitos indígenas dos eclipses
A Lua mergulhou e foi deslizando na direção do anzol. No
entanto, a Onça foi mais rápida: pescou a Lua e a matou
com um bastão de madeira. Depois, levou a Lua, como se
fosse um pescado, para comer com sua mulher.
Quando estavam cozinhando a Lua, o Sol chegou e foi
convidado pela Onça para também comer o peixe. Ele
agradeceu dizendo que aceitaria apenas um pouco de
caldo de milho e pediu que não jogassem fora os ossos
do peixe, pois gostaria de levá-los consigo.
Os mitos indígenas dos eclipses
Depois, recolhendo os ossos da Lua, o Sol levou-os para
longe e, utilizando a sua própria divindade, ressuscitou o
seu irmão mais novo.
Assim, um eclipse lunar representa a Lua sendo
devorada pela Onça. A cor avermelhada da Lua eclipsada
é o seu próprio sangue que a oculta.
A Lua só consegue ressurgir em toda a sua plenitude,
como lua cheia, porque o seu irmão mais velho, o Sol, a
ressuscita.
Os mitos indígenas dos eclipses
O Eclipse Solar:
Quando queria comer peixe, o Sol levava seu filho para
lavar os pés no rio. Dessa maneira, os peixes ficavam
atordoados e fáceis de pegar.
Certo dia, enquanto o Sol e seu filho pescavam, o espírito
do mal, representado pela Onça, apareceu e pediu
emprestado o menino, dizendo que ele também queria
pegar alguns peixes.
O Sol, sem nada desconfiar, emprestou seu filho. No
entanto, a Onça levou o filho do Sol para a floresta e
golpeou-lhe o corpo todo como se golpeia o cipó timbó,
jogou-o no rio e conseguiu pegar muito mais peixes.
Os mitos indígenas dos eclipses
Assim, a Onça mostrou como os indígenas deveriam
fazer com o timbó, para ser utilizado como veneno de
pescar.
Devido aos golpes, a Onça matou o filho do Sol que ficou
furioso, atacando o espírito maléfico.
Os dois lutaram muito, derrubando um ao outro. Quando
a Onça pensou que havia vencido a batalha, o Sol
levantou-se novamente afugentando a Onça.
As conseqüências dessa luta são, até hoje, os eclipses
solares, que para os indígenas representam uma Onça
que tenta devorar o Sol.
O Zodíaco
Constelação de Áries
Signo: de 21 de março a 20 de abril.
Constelação: 18 de abril a 12 de maio.
Constelação de Touro
Signo: de 21 de abril a 20 de maio.
Constelação: 13 de maio a 20 de junho.
Constelação de Gêmeos
Signo: de 21 de maio a 20 de junho.
Constelação: 21 de junho a 19 de julho.
Constelação de Câncer
Signo: de 21 de junho a 21 de julho.
Constelação: 20 de julho a 09 de agosto.
Constelação de Leão
Signo: de 22 de julho a 22 de agosto.
Constelação: 10 de agosto a 15 de setembro.
Constelação de Virgem
Signo: de 23 de agosto a 22 de setembro.
Constelação: 16 de setembro a 30 de outubro.
Constelação de Libra
Signo: de 23 de setembro a 22 de outubro.
Constelação: 31 de outubro a 22 de novembro.
Constelação de Escorpião
Signo: de 23 de outubro a 21 de novembro.
Constelação: 23 de novembro a 28 de novembro.
Constelação de Ofiúco
Signo: não existe
Constelação: 29 de novembro a 16 de dezembro.
Constelação de Sagitário
Signo: de 22 de novembro a 21 de dezembro.
Constelação: 17 de dezembro a 18 de janeiro.
Constelação de Capricórnio
Signo: de 22 de dezembro a 20 de janeiro.
Constelação: 19 de janeiro a 15 de fevereiro.
Constelação de Aquário
Signo: de 21 de janeiro a 19 de fevereiro.
Constelação: 16 de fevereiro a 11 de março.
Constelação de Peixes
Signo: de 20 de fevereiro a 20 de março.
Constelação: 12 de março a 17 de abril.
Referências Bibliográficas
ABBEVILLE, Claude d’, 1975, História da Missão dos Padres
Capuchinhos na Ilha do Maranhão e Terras Circunvizinhas. Editora da
Universidade de São Paulo, São Paulo.
AFONSO, Germano, 2004, Etnoastronomia dal Brasile. Le Stelle,19,
Roma, pp. 84-86.
AFONSO, Germano, 2006, Mitos e Estações no Céu Tupi-Guarani.
Scientific American Brasil, Ed. Especial: Etnoastronomia, pp. 46-55.
AFONSO, Germano, 2006, Relações Afro-Brasileiras. Scientific American
Brasil, Edição Especial: Etnoastronomia, pp. 72-79.
ALBISETTI, C. e VENTURELLI A., 1962, 1969, 1976, Enciclopédia
Bororo. 3 vols., Publicação do Museu Regional Dom Bosco.
CADOGAN, Léon, 1992, Ayvu Rapita: Textos Míticos de los MbyáGuarani del Guairá. Biblioteca Paraguaya de Antropologia.
KOCH-GRÜNBERG, Theodor, 1953, Mitos e Lendas dos Índios
Taulipáng e Arekuná. Rev. do Museu Paulista. Vol. VII, pp. 9-202.
SNEDEGAR, Keith, 1995, Stars and Seasons in Southern Africa. Vistas in
Astronomy,no 39, pp. 529-538.
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